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domingo, 15 de março de 2020

BOTAFOGO F.C. FUTEBOL DECADA DE 30



Atletas da 1ª escolinha de futebo do Botafogo em 1905

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
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De Eletro a Botafogo


                                      Jogadores fundadores

O futebol não seria o que é hoje se não existisse o Botafogo. Nos anos seguintes à sua chegada ao País, em 1894, o esporte conquistou adeptos, mas ainda não fazia páreo ao remo, por exemplo. Certamente faltariam alguns ingredientes, como a rivalidade e a paixão, e o mérito de ter introduzido isso na "receita do futebol" cabe ao Glorioso.
Corria o ano de 1904 quando um grupo de jovens estudantes do Colégio Alfredo Gomes decidiu montar um clube de futebol para fazer frente ao Fluminense. Parece até uma história normal, não fosse a idade média desses garotos: 14 anos.
Sonhando em formar um time à altura dos presunçosos jogadores tricolores, Flávio Ramos teve a idéia durante uma aula de matemática e passou um bilhete para seu colega Emanoel Sodré. Estava escrito o seguinte: "O Itamar Taváres tem um clubinho de futebol ali na Rua Martins Ferreira. Por que não fazemos também o nosso no Largo dos Leões".
O futuro do Glorioso quase acaba por aí, quando o bilhete é interceptado pelo professor, o general Júlio Noronha. Mas, para sorte da nação alvinegra, o general passou um sermão nos garotos e, no final da aula, até deu força à iniciativa: "Eu apóio a idéia de vocês, contanto que seja discutida fora da sala."
Cerca de um mês depois, no dia 12 de agosto, os fundadores se reuniram na casa do conselheiro Gonzaga, na esquina do Largo dos Leõs (uma estação de bondes puxados por burros) com a Rua Humaitá. Eram eles: Flávio Ramos, Emanoel Sodré, Arthur César de Andrade, Jacques Raimundo, Carlo s Bastos Neto , Itamar Tavares, Basílio Viana Junior, Vicente Licídío de Cardoso, Eurico Viveiros de Castro, Augusto Fontinelli , e os irmãos Octávio e Álvaro Werneck.
Nessa primeira  reunião , um dos presentes a idéia de levar um talão de cobranças do já extinto clube Electro para que os associados pagassem a primeira mensalidade: dois mil-réis.
De posse do talão, Itamar Tavares fez duas sugestões: aproveitar o nome Electra para o novo clube e utilizar uniforme semelhante ao da Juventus de Turim, sua paixão quando de  um viagem à Itália.
Aceitas as sugestões de nome e uniforme branco com listras verticais pretas e calções branco , trataram de eleger a primeira diretoria. Foram escolhidos: Alfredo Guedes de Mello, presidente; Itamar Tavares, vice­presidente; Mário Figueiredo, primeiro­ secretário e Alfredo Chaves, tesoureiro.
Pouco antes de uma nova reunião, marcada para o dia 18 de setembro, a avó de Flávio Ramo, Francisca de Oliveira, mais conhecida como dona Chiquitota, perguntou a razão dos garotos se reunirem. Flávio respondeu: - É que nós estamos montando um clube, o Electro. Dona Chiquitota se indignou, não com o objetivo dos garotos, mas com o nome:
- Electra? Mas que falta de imaginação, menino! Aqui, neste bairro, o clube só pode se chamar Botafogo.
Posta em pauta a sugestão, foi aprovada por unanimidade. Os garotos homenageariam, assim, o bairro, batizado por João Pereira de Souza Botafogo, lugar­ tenente do governador Antônio Salema.
Logo a seguir, trataram de marcar o primeiro jogo. O adversário seria o Football and Athletic Club, dono de um campo na Tijuca, na Rua Campos Sales.
O resultado não foi dos melhores: perderam de 3 a 0. Mas trataram de não desanimar e botaram a culpa no uniforme: haviam jogado com camisa de malha branca e calções brancos. O clube foi representado nesse jogo por Flávio Ramos; Victor Faria e João Leal; Basílio Viana, Octávio Werneck e Adhemaro Delamare, Norman Hime, Itamar Tavares, Álvaro Soares, Ricardo Rego e Carlos Bittencourt.
Garotos que eram, logo aparecem as primeiras brigas, o que resulta em uma cisão originando outro clube, o Internacional. O motivo havia sido uma discussão entre o capitão do time, Victor Faria, e Flávio Ramos. Elege-se a nova diretoria e muda-se a sede do Largo dos Leões para a Rua Conde de !rajá. Mas logo a nova sede não serviria mais por falta de espaço para que se montasse uma arquibancada.
Tentaram o aluguel de um terreno na Rua Humaitá, só que este já estava alugado para um comerciante que possuía mais de 20 burros. A solução foi o retorno para a Rua Conde de Irajá, em 1906, na mesma época que o clube disputava sua primeira competição oficial. 
Campeão desde 1907
1906, neste primeiro ano de disputa do Campeonato Carioca, o Botafogo amargou seu grande rival levando o título, o Fluminense. Conquistada a experiência, no ano seguinte o Fogão entra na disputa para ganhar. Formado por Alvaro, Raul e Octávio, Norman , Ataliba e Lulu Rocha, Rolando, Flávio Ramos, Canto, Gilbert e Emanoel Sodré, o time vence cinco partidas e perde apenas uma. Fica na liderança com o Fluminense e o campeonato seria decidido em uma partida extra, que o Flu não aceita. Injustamente, o título não é concedido ao Botafogo. A justiça só foi feita em 1991, quando o clube ganhou os direitos ao campeonato. Fato este que obrigou até a mudança no hino que antes era: "...campeão desde 1910...", e teve que ser reformado para "...campeão desde 1907...".
Nos dois anos seguintes, o clube consegue um bi-vice-campeonato. Apenas uma amostra do que viria em 1910.
Neste ano, o time entra com força total. Nas dez partidas do torneio, vence nove, e  o que é melhor , todas de goleada. Os resultados menos expressivos conquistados foram dois 3 a 1, sobre o América e o Fluminense. Agora não tinha como negar, o Botafogo era, realmente, o campeão.
Campeão, mas sem campo. O dono do terreno onde o clube montava sua primeira arquibancada não renovou o contrato de aluguel. Cinco sócios- Luís Rebelo, Antônio Mota Júnior, Alfredo Couto, Eduardo Alexandre e Paulo Martins - não se conformam e encontram um novo terreno em uma área   abandonada    onde   seria construída  a  Universidade   do  Brasil.  Os o familiares influentes dos jogadores interferem junto ao Ministério da Justiça e conseguem permissão para que o clube alugasse o terreno por 300 mil-réis mensais. O Botafogo instala- se em General Severiano.
O novo  local anima  o time  que conquista o campeonato de 1912. Só que existe uma divergência em torno desta questão: o Botafogo foi campeão pela Associação de Futebol do Rio de Janeiro (AFRJ), enquanto o Paissandu conquistou o título pela Liga Metropolitana de Sports Atléticos  (LMSA). O que importa mesmo é que a campanha havia se repetido: dez jogos, nove vitórias e uma derrota.
Nos anos seguintes, as conquistas não se repetem. O clube passa um longo período sem ganhar torneios mas, apesar disso, consegue montar o Palácio de General Severiano,  entre 1925 e 1928,  e dá início à construção do estádio próprio.
Animado com a sede nova, o clube retoma que a trajetória de conquistas em 1930. Sob a presidência de Paulo Azeredo, o time disputa 20 jogos, ganha 15 e perde três. Retomar o caminho das vitórias é apenas modo de falar era, pois o que se viu nos anos seguintes foi a hegemonia do Glorioso no futebol carioca.
Tri, todos são; tetra, só o Botafogo
O clube vence quatro campeonatos seguidos, entre 1932 e 1935, alcançando o tetracampeonato, marca que os outros times cariocas tentam igualar até hoje.
 Além disso, o time mostra ao País um elenco de craques inesquecíveis. Entre eles: Carvalho Leite, Patesko e Leônidas da Silva, o Diamante Negro.
Leônidas pode não ter jogado muito tempo com a camisa do Fogão, mas mostrou neste curto período, futebol suficiente para     integrar   a   lista   de  seus maiores jogadores em todos os tempos .
Participou da campanha de 1935, o ano do tetra.
Depois destes , o Botafogo ficou outros 14 anos sem títulos. Fora a falta de conquistas, uma das maiores injustiças desse período foi o fato de que nele apareceu Heleno de Freitas, o craque-galã que não teve a honra de ser campeão com a camisa alvinegra.
Nascido em São João Nepomuceno, no estado de Minas Gerais, em 1920. Heleno mudou-se aos 13 anos para o Rio e logo entrou de sócio no Botafogo. Quando já se destacava nos juvenis, este departamento foi extinto, o que obrigou-o  a  transferir-se para o Fluminense. De volta ao Glorioso, marcou época como um dos maiores craques e goleadores do futebol brasileiro em todos os tempos. Tinha um defeito grave: o espírito altamente rebelde  e o temperamento explosivo, o que faziam-no arrumar brigas onde  quer  que fosse. O que não imaginavam é que por trás dessa   irritação toda estava a sífilis cerebral, doença que levou-o à loucura e acabou matando-o, aos 39 anos, em um hospício mineiro.
Além disso, esses anos também marcaram a união entre o Botafogo Football Club e o Clube de Regatas Botafogo, em 1942. Até aí, apesar do nome, eram dois clubes independentes. Dessa associação, no dia 8 de dezembro, ocorrem duas mudanças: o time passa a jogar com calções negros e surge o novo escudo, a Estrela Solitária, já que antes era usado um monograma das letras B.F.C. entrelaçadas no peito dos jogadores.
O clube passa a ter, com isso, três datas para festejar: dia 1º de julho, fundação do Clube de Regatas e comemoração dos esportes aquáticos; dia 12 de agosto, fundação do Football Club e festa dos esportes terrestres; e dia 8 de dezembro, data da fusão. Mas o que interessava mesmo era o título, e ele só veio em 1948.
 A semana da decisão contra o Vasco foi marcada pelo jogo de nervos. Diz-se até que o saudoso presidente Carlito Rocha obrigou o mascote do time, o cachorro Biriba, e seu dono a ficarem trancados na torre da sede do clube, no Mourisco, por alguns dias, com medo de seqüestro.
Valia tudo para ficar com a taça. O vestiário que seria usado pelo Vasco, em General Severiano, foi pintado no dia da decisão com cal virgem para irritar os olhos dos jogadores. A água foi cortada e os vasos sanitários, entupidos. Mas é só começar o jogo que os dirigentes percebem que tudo aquilo havia sido feito à toa.
 Logo a dois minutos, Braguinha faz, de cabeça, o primeiro gol do Fogão. Antes de terminar o primeiro tempo, o mesmo Braguinha amplia para 2 a 0.
O "Expresso da Vitória" vascaíno vinha tomando um show do Botafogo de Osvaldo Baliza; Gérson dos Santos e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo, Otávio e Braguinha. E é só começar o segundo tempo para o Glorioso acabar de vez com as esperanças vascaínas. Logo aos cinco minutos, Otávio chuta  de fora da área e faz 3 a 0. Ávila ainda faz um gol contra, descontando  para  o  Vasco,  mas o campeão já era o Botafogo.
Depois disso, o Botafogo retoma um tendência que é a de ficar por períodos sem conquistar títulos. Após levar a taça de 1948, outra, só nove anos depois, em 1957, época em que o Botafogo começou a montar uma das maiores equipes que o mundo já viu jogar.
Sob a presidência  de Paulo Azeredo e o comando do técnico João Saldanha, o Fogão vence 16 de seus 22 jogos, perdendo apenas dois; marca 64 gols e sofre 21. Em campo, alguns craques insuperáveis: Nílton Santos, Didi, Quarentinha e Garrincha, entre outros. Nílton Santos já não era um novato. Havia sido revelado nove anos antes. Mesmo assim, era indispensável que fizesse parte deste esquadrão. Considerado o maior lateral-esquerdo da história do futebol brasileiro, foi também inovador ao subir  ao ataque e tentar os gols em uma época na qual a única função do lateral era marcar o ponta adversário. Ficou conhecido como a Enciclopédia do Futebol.
Armador clássico, com ótima visão de jogo e toque de bola perfeito, Didi foi comprado,  em 1956,  junto ao Fluminense, por  1,85  milhão  de  cruzeiros, na maior transação  do futebol  brasileiro até então.
Valeu  cada centavo.  Além  de inventor da "folha seca" - chute no qual a bola sobe bastante e cai de repente no gol - ficou famoso pelas suas desculpas: às vezes, quando não queria nada com o treino, colocava as mãos na cintura e permanecia estático no meio-campo. "Os fluidos não estão bons. Não adianta correr", tentava explicar.
Já Quarentinha foi o maior artilheiro da história do clube: marcou 302 gols em 423 jogos. Só isso já lhe valeria a citação, não fosse tão bom jogador. Só tinha um defeito,  se é que isso pode ser considerado defeito: era extremamente frio, como o foi recentemente Sócrates, por exemplo. Pouco vibrava com os gols que fazia; o que não agradava a torcida. "Eu era pago para marcar gols e não fazia mais que minha obrigação", respondia.
Entre os craques que merecem uma análise especial , falamos também de Garrincha. Só que este merece um capítulo especial mais à frente.
Voltando à decisão de 1957, para tentar barrar o timaço do Fogão, chega à final o Fluminense, que leva a vantagem do empate. Com isso, o otimismo toma conta dos tricolores e o dirigente Aílton Machado manda avisar que é melhor o Botafogo esperar outra oportunidade. Os alvinegros só esperam para dar a resposta em campo. E que resposta! Quase 100 mil pessoas vão ao Maracanã, naquele dia 23 de dezembro. Logo aos três minutos, Paulo Valentim abre o  placar: 1 a 0 p ara o Botafogo. Antes de terminar o primeiro tempo, mesmo com o jogo disputado, Paulo Valentim faz mais dois: um de joelho, após cruzamento de Garrincha, e o outro lindo, uma bicicleta no ângulo direito de Castilho.
A segunda etapa começa e o Fluminense desconta através de Escurinho. Mas a tarde era mesmo de Paulo Valentim que, antes de marcar o quarto gol, deixa o beque Pinheiro sentado com dois dribles. Garrincha amplia para 5 a 1 e, mesmo com um resultado inabalável, os jogadores, mordidos com a provocação tricolor, ainda querem mais.
Aos 23  minutos,  Garrincha dribla  Altair e Clóvis antes de cruzar para Paulo Valentim. O artilheiro da tarde, livre diante do goleiro, só empurra a bola no canto: Botafogo 6  a 1. O Maracanã explode e o segundo gol do Fluminense, marcado por Valdo, só serve para os alvinegros começarem a gozação com uma rima: "E 6 a 2, no pó-de-arroz".
Paulo Valentim, grande jogador, é o craque da decisão, e Garrincha, o craque inesquecível.
Só dá Fogão!!!
Como craque atrai craque, nos anos seguintes o Botafogo ainda contaria com a segurança de Manga no gol, a forte marcação de Rildo, o inovador ponta Zagalo que, além de cumprir as funções normais de sua posição, ainda recuava para ajudar na marcação, e o oportunismo e talento de Amarildo, o Possesso. Com tantos craques em um time só, o bicampeonato, conquistado em 1961 e 1962, foi só uma conseqüência natural.
Em 1961, o  time  disputa 25 jogos,  vence 18 e  perde apenas um; marca 54 gols  e  sofre 18. E no ano seguinte, o campeonato foi ganho com a marca do talento de Garrincha. Era o ano de outro bicampeonato: o mundial pela Seleção. Nela, a presença, entre os titulares, de cinco craques alvinegros: Nílton Santos, Didi, Zagalo e os destaques Garrincha e Amarildo. Na decisão do estadual, uma partida inesquecível contra o Flamengo.
O Fogão entra em campo como favorito, mas é o Flamengo que assusta primeiro através de Dida. O empate favorecia o Flamengo mas a pressão rubro-negra continuou até que Garrincha dispara pela direita e chuta cruzado, sem chances para o goleiro Fernando: Botafogo 1 a 0.
Ainda no primeiro tempo, Garrincha dribla Jordan, Gérson e cruza para Quarentinha completar de perna esquerda.
Dando números finais ao placar, aos dois minutos do segundo tempo, Amarildo toca para Zagalo que cruza para a área. Quarentinha pega de primeira, a bola bate no peito do goleiro Fernando e sobra para Garrincha completar: 3 a 0 e festa do Glorioso.
Ainda nessa década, o Fogão consegue mais um bi, só que com outros craques. Chegam, para ocupar os lugares dos craques inesquecíveis, Leônidas, para a zaga; Gérson, o Canhotinha de Ouro, para o meio-campo; além de Paulo César Caju e Jairzinho para o ataque.
Em 1967, o alvinegro leva a taça após vencer, de virada - 3 a 2 - o América na final. Já em 1968, conquista o estadual e a Taça Brasil, uma competição que já havia vencido em duas oportunidades, só que nenhuma sozinho: em 1964, ao dividir o título com o Santos, e em 1966, dividindo o título com Corinthians, Santos e Vasco; as duas vezes por não haver datas para a disputa das partidas finais. Só que, a partir daí, viria o jejum de 21 anos sem títulos.
O Botafogo ainda consegue dar algumas alegrias à torcida: derrota, em 1972, o Flamengo por 6 a 0, no dia do aniversário do rival; conquista alguns títulos de menor expressão como o Triangular de Caracas, em 1970; os Internacionais de Genebra e Berna, em 1984 e 1985; o Pentagonal da Costa Rica, em 1986; o Palma de Mallorca, em 1988, e outros. Mas, título de maior expressão, só em 1989.
O título, 21 anos depois
- Pouco antes do time entrar em campo, naquele histórico dia 21 de junho, o inesquecível Nílton Santos, nervoso, dentro do vestiário alvinegro, faz a premonição: "Rezei bastante para o Garrincha. Tenho certeza que ele vai inspirar o Maurício (que também usava a camisa 7) e ajudá-lo a trazer o título de volta".
Dentro de campo, o time faz de tudo para tornar reais as palavras de Nilton Santos, mas uma coisa preocupava: o Botafogo não ganhava um clássico carioca há três anos. Do outro lado, também não estava um time qualquer. Era o "Flamengo de Zico", o grande campeão da década de 80.
Para barrar o camisa 10 rubro-negro, Valdir Espinosa ordena que Luisinho não descole do craque. Mesmo assim, além de Zico, o Flamengo também tinha Bebeto que, no começo da partida, em uma cabeçada no ângulo esquerdo, obriga Ricardo Cruz a fazer uma defesa milagrosa. Depois disso, o Botafogo percebe que esse era o dia.
Além da previsão de Nilton Santos, uma série de coincidências ocorrem para tornar real o sonho rubro-negro: no dia 21, com o placar eletrônico do Maracanã marcando 21º C, Mazolinha prepara-se para fazer o 21º cruzamento do jogo aos 12 minutos (contrário de 21) do segundo tempo. A bola está mais para o lateral Leonardo mas, em um lance malicioso, Maurício desloca-o com um leve toque de braço e emenda de primeira. No primeiro chute alvinegro ao gol, a bola estufa as redes.
Os torcedores não conseguem nem aguardar o final da partida para soltar o grito travado há 21 anos na garganta. Aos 43 minutos, começa a festa: "É campeão". Basta o juiz Válter Senra apitar o final da partida para vários jogadores botafoguenses se atirarem de joelhos no gramado. Parecia um sonho: além do campeonato, a conquista invicta, em cima do grande rival. O time: Ricardo Cruz; Josimar, Wilson Gottardo, Mauro Galvão e Marquinhos ; Carlos Alberto Santos , Luisinho e Vitor (Mazolinha); Maurício , Gustavo (Jefferson) e o artilheiro Paulinho Criciúma.
No ano seguinte, além do bi, o Botafogo conseguiria outro título invicto não fosse um gol de Pião, na derrota por 1 a 0 para o América de Três Rios. Mesmo assim, a história se repete na final: derrota o Vasco, como no ano anterior, pelo placar de 1 a 0, gol de Carlos Alberto Dias. No time, algumas mudanças: Joel Martins no comando técnico, em lugar de Valdir Espinosa; Paulo Roberto e Renato Martins nas laterais; Carlos Alberto Santos e Djair no meio-campo; e Donizetti, Valdeir e Carlos Alberto Dias no ataque.
 Depois disso, o time ainda consegue chegar à final do Campeonato Brasileiro de 1992, mas perde o título para o Flamengo.
Outro problema vem com a saída do presidente Emil Pinheiro que leva a maior parte dos jogadores do elenco para o América. A diretoria aperta o cinto e faz algumas contratações de menor expressão.
Mesmo assim, em 1993, o clube vence a Copa Conmebol, fato que nem o timaço das décadas de 50 e 60 conseguiu. E quem realizou a façanha foi uma equipe recheada de desconhecidos, que vinha realizando uma fraca campanha no Campeonato Brasileiro mas, "o que lhes faltava em talento, sobrava em vergonha na cara", segundo palavras do treinador alvinegro Carlos Alberto Torres.
Até chegar à decisão, o Botafogo passou por duras provas: venceu, na primeira fase o Bragantino; passou pelo Caracas da Venezuela a seguir; e, nas semifinais, derrotou o Atlético, até chegar à final contra o Peñarol.
Na partida final, depois de empatar em 1 a 1 no Uruguai, o Fogão penou até o último minuto para ficar com a taça. A galera já começava a fazer a festa quando, aos 45 minutos do segundo tempo, o ponta Otero faz o gol de empate: 2 a 2. Agora teria que ser nos pênaltis.
Enquanto os jogadores faziam uma corrente de pensamento positivo no meio-campo, o jovem  goleiro Wililam partiu seguro em direção ao gol. Nas suas mãos pararam os chutes de Ferreira, Gutierrez e Dos Santos, levando a inédita taça internacional  para General Severiano. Um time sem muitos destaques, mas com muita sede de vitória.
-   Em 1994, chega à presidência do clube Carlos Augusto Montenegro que, mesmo as sumindo o cargo com pedidos de paciência à torcida, traz os reforços Roberto Cavalo, Wilson Gottardo e o artilheiro Túlio.
Goleador nato, Túlio Humberto Pereira da Costa, ou Túlio Maravilha, como a torcida prefere, chegou ao clube após passagens pelo Goiás e Sion da Suíça. Promessa de gols. o craque não fez por menos:  de  bola  parada, de cabeça, com a perna direita, com a esquerda, ele os marca de qualquer maneira. Por pouco o craque não se transfere para o Japão no final do ano; mas ele tinha que  ficar, e ficou.
Com a garantia da permanência de Túlio, mais as contratações de Adriano e Guga, a nova diretoria fecha o ano com chave de ouro. Se chegou em 1994 pedindo paciência, Montenegro já entra em 1995 como um dos melhores presidentes da história do Glorioso. Agilizou o sonho antigo de  retornar  à  sede de General Severiano e ainda conseguiu benefícios com isso: uma parceria com uma empresa que construiu o Rio Off Price Shopping na área subterrânea de General Severiano que, em troca, cede parte dos lucros ao clube, além de agilizar a construção do clube no local que contará com quadras poli esportivas, piscinas, ginásio para 1.700 pessoas, alojamento e campo de treino para os jogadores profissionais. Além disso, foi fechado um contrato de patrocínio com a Pepsi e a primeira promessa do novo parceiro do clube já foi anunciada: a vinda de Bebeto para disputar o Brasileiro pelo Fogão.
Quando presidente da República, Juscelino Kubistschek prometeu que o País cresceria 50 anos em cinco; a nova diretoria botafoguense promete que o clube crescerá 60 anos em seis. E é com o amor que esses dirigentes têm ao clube que o Glorioso chegará novamente lá, ao topo do "Planeta Bola".

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Série futebol nº 120
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Dinorah, trágico campeão de 1910

Na manhã de domingo, 15 de agosto de 1909, o escritor Euclides da Cunha invade a casa dos irmãos Dilermando e Dinorah Cândido de Assis, na Piedade, disposto a matar ou morrer. Roído pelos ciúmes e convencido de que sua mulher, Anna da Cunha, e Dilermando eram amantes há pelo menos 3 anos, Euclides saca do Smith & Wesson, calibre 32, que arranjara emprestado, e acerta três tiros em Dilermando. Desorientado, Dinorah atraca-se com Euclides, não consegue desarmá-lo e corre então para pegar o seu revólver. Um novo tiro disparado pelo escritor, pelas costas, o atinge na nuca. Quem acompanha a minissérie "Desejo" na Globo, que termina hoje, conhece esta história. O que o programa não vai mostrar é o drama do jovem Dinorah, então com 20 anos, cadete da Escola Naval e zagueiro-direito do Botafogo Football Club, o antecessor do Botafogo de Futebol e Regatas de hoje. A princípio, a bala alojada junto à coluna cervical, não o impede de jogar, até mesmo em 1909. Um ano depois, sem qualquer problema, ele integra o time alvinegro que se sagrou campeão carioca, recebendo o título de Glorioso. Em poucos anos, porém, Dinorah está hemiplégico e tragicamente apela para o suicídio.
O nome do gaucho Dinorah Cândido de Assis (então com 20 anos) aparece pela primeira vez na história do Botafogo, embora que indiretamente, a 30 de agosto de 1908, quando o romance entre seu irmão, Dilermando de Assis, e Anna da Cunha, mulher do escritor Euclides da Cunha, já não era um segredo tão bem guardado assim. Vindo do Internacional de São Paulo e integrando o América, Dinorah, ao lado do legendário Belfort Duarte, ajuda seu clube a derrotar a equipe alvinegra por 3 a 2, favorecendo a caminhada do Fluminense em direção ao título da cidade. Durante o Campeonato Carioca, com dois jogadores emprestados (Dinorah, do América, e Hugh Edgar Pullen, do Paissandu), o Botafogo perde desastradamente para a Associação Atlética das Palmeiras (nada tem a ver com o Palmeiras de hoje) por 5 a 1, em um amistoso realizado no campo do Fluminense. Finalmente, uma aparição curiosa: a 25 de setembro, Dinorah Cândido de Assis é o juiz da partida Botafogo x Fluminense, a última do campeonato. O jogo termina empatado em 2 x 2 e, com ele, o ano termina sem que o Botafogo consiga superar seu mais tradicional adversário. 
Dinorah assinalado com um círculo vermelho
A partir de 1909, Dinorah liga-se definitivamente ao Botafogo. Não está provado, mas é possível que a mudança de Euclides da Cunha e Anna para uma casa, na Rua Humaitá, 67, tenha contribuído para isso. Confidente e “pombo-correio” entre o irmão Dilermando e Anna, Dinorah passa a frequentar o bairro, que é reduto e morada dos dirigentes do Botafogo, fundado 5 anos antes num casarão do Largo dos Leões. Assim, a 9 de maio, ele estreia oficialmente em seu novo time, enfrentando o Fluminense no campo da Rua Voluntários da Pátria. Depois de empatar com o tricolor por 2 a 2 e derrotar o Riachuelo por 6 a 0 (Dinorah não esteve em campo), a 30 de maio o Botafogo esmagou o Mangueira por 24 a 0, no campo de Voluntários da Pátria, registrando o maior escore até hoje em todos os campeonatos cariocas. Embora zagueiro, Dinorah contribui com um gol para um resultado que, para muitos, não passa de uma lenda dos tempos do amadorismo. No final do primeiro turno, a 11 de julho, improvisado como centroavante, Dinorah marca seis gols na goleada que o Botafogo impõe ao Hadock Lobo. Depois deste jogo, os jogadores ganham um curto período de férias.  
Dinorah assinalado pela seta

Agosto é mês de desgosto e, também, da "Tragédia da Piedade". Os dias correm celeremente a 12, uma quinta-feira, o ambiente está carregado na Rua Humaitá, 67, onde vivem Euclides da Cunha, Anna e seus filhos, e é de intensa expectativa no número 214 da Estrada Real de Santa Cruz, na Piedade, onde moram os irmãos Dilermando e Dinorah. Preocupado com a sequência dos acontecimentos, Dinorah não comparece à comemoração do quinto aniversário de fundação do Botafogo. Na sexta-feira, 13, Anna deixa a casa de Euclides da Cunha e refugia-se, com o filho Luiz, na Piedade. Na noite de sábado, 14, Euclides resolve colocar as coisas "em pratos limpos", o que acontece na manhã de domingo, 15. Dinorah, que tenta evitar o confronto entre o escritor e seu irmão Dilermando, acaba ferido na nuca com um tiro pelo Smith & Wesson, calibre 22 de Euclides. A bala se aloja próximo à coluna cervical, embora o ferimento não aparente gravidade. Os médicos, contudo, preferem não tentar uma cirurgia, temendo, provavelmente, tocar numa região delicada.
Talvez ignorando a repercussão do duelo mortal travado entre o famoso escritor Euclides da Cunha e seu irmão Dilermando, Dinorah, com um simples curativo no pescoço, reaparece no time do Botafogo, a 22 de agosto, para enfrentar o Fluminense, no campo do adversário, na Rua Guanabara (atual Pinheiro Machado). Fora de forma, é escalado de centroavante e não consegue impedir a derrota do seu clube (2 x 1). A morte de Euclides, porém, ganha as manchetes dos jornais e a presença de Dinorah em campo é censurada pelo delegado do 20º Distrito Policial (Copacabana): "Poucos dias após o evento, que abalou de surpresa, dó e piedade a cidade do Rio de Janeiro, Dinorah ousava, insensível e risonho, comparecer a uma partida pública de (foot-ball), de (maillot) e calção, jogando vivaz e alegremente com afronta aos sentimentos de piedade de uma sociedade inteira". Em outubro, a Liga Paulista de Futebol tenta impedir a inclusão de Dinorah na delegação alvi-negra que viajaria a São Paulo para uma série de amistosos. No dia 15, reunida extraordinariamente, a diretoria do clube decide: "Só iremos cumprir os amistosos se Dinorah for." Como a Liga Paulista não aceita, a excursão é cancelada. Por fim, alegando faltas consecutivas, a Escola Naval risca o nome de Dinorah Cândido de Assis de seus alunos, eliminando-o da carreira militar que escolhera. 
Na temporada de 1910, livre em parte das perseguições da imprensa e da polícia (foi impronunciado), Dinorah sagra-se campeão carioca pelo Botafogo, que ganha, na época, o apelido de "Glorioso" que ostenta até hoje. O time que entra para a história do futebol da cidade e que inspira Lamartine Babo a compor o hino do clube é formado por Ernst Coggin, Edgar Pullen e Dinorah de Assis; Rolando Delamare, Luís Martins da Rocha e Carlos Lefèvre; Emanoel Sodré, Abelardo Delamare, Décio Viccari, Benjamim (Mimi) Sodré e Lauro Sodré. Ao longo da temporada, Dinorah, elogiado pelos cronistas esportivos da época, marca dois gols, participando de nove das 10 partidas do campeonato. 
0 declínio da carreira de Dinorah Cândido de Assis começa na temporada de 1911. Aos 22 anos, provavelmente em razão de sua constante movimentação como jogador de futebol, ele começa a sentir os efeitos do chumbo que carrega encravado junto à coluna cervical. E, a rigor, toma parte em apenas três jogos: um amistoso, a 7 de maio, em São Paulo, no famoso Velódromo, diante do São Paulo Athletic (nada a ver com o atual tricolor do Morumbi); um jogo oficial contra o América, a 25 de junho, atuando como goleiro, e, finalmente, um novo amistoso, na Rua Voluntários, contra o Americano de São Paulo. Totalmente fora de forma e já apresentando sintomas da doença (dificuldade de movimentos), Dinorah é escalado no gol do segundo time, tomando quatro gols na derrota alvinegra por 4 a 3. Só em 1913, por iniciativa de Dilermando, Dinorah é operado em São João del Rei pelo médico Ribeiro da Silva, que extraiu-lhe a bala do pescoço. O seu estado de saúde, porém, não melhora. Ele volta ao Rio Grande do Sul, cada vez mais com os movimentos prejudicados, para se matar, atirando-se ao Rio Guaíba, em 1921, aos 32 anos. Seu corpo está sepultado em São Paulo no Cemitério Irmandade do Santíssimo Sacramento da Catedral de São Paulo no jazigo da família, ao lado dos pais e do irmão Dilermando.  

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Jornal Tribuna Bis de 15 de junho de 1990
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Team do Botafogo campeão do 1º Torneio Initium de futebol Profissional 
Fonte: Jornal Sport Illustrado de 19 de abril de 1938
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Time derrotado pelo Fluminense no estádio do Vasco por 5x3

Fonte: Jornal Sport Illustrado de 26 de abril de 1938
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Fonte: Jornal O Globo anno 1 nº 05 de 1938
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Cahiu o Fluminense por 3x1
O Botafogo fez jús ao triumpho espectacular sobre o ponteiro- Foi mais positivo no transcurso da primeira parte, ameaçando consecutivamente o arco de Nascimento, entretanto, o placard lhe foi adverso. Na phase final o alvi-negro aproveitou com facilidade as falhas da defeza tricolor e construiu o sua victoria por uma margem de pontos expressiva e merecida. A reacção desesperada do Fluminense nos minutos derradeiros serviu apenas para reaffirmar a segurança com que se houveram os defensores alvi-negros.

Fonte: Jornal Sport Illustrado de 29 de junho de 1938
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FESTA E VICTORIA
Todo o esforço congregado dos botafoguenses teve a sua recompensa no triunfo applaudida a inauguração do "stadium mais bonito da cidade"... Botafogo 3 x 2 Fluminense os alvi-negros tiveram em Patesko e Peracio os constructores da victoria e glorias para o sport carioca!
1 — Capitães, juiz e auxiliares. 2 De avião. Inédita para sport ilustrado 3 -  Hymno Nacional, tricolores e alvi-negros. 4 — Batataes, assignando a summula 5 – Aspecto do stadium que o Botafogo deu á cidade.. 

BOTAFOGO 3 x FLUMINENSE 2
Triumpho que o placard mostrou aos milhares de "fans" que foram assistir BOTAFOGO 3 x FLUMINENSE 2... Os tricolores foram corajosos e technicos
O juiz foi parcimonioso. . . A festa marcou uma aureola de uma visão do stadium botafoguense. . . 3 — Perfilados, ao som do hinno nacional 5 — Terra de todos os Estados do Brasil para solidificar a_obra e emprehendimento, deitando terra do Maranhão. . . 6 – Goal  7 – a vez de Bibi... 8 – Goal Fluminense

Fonte: Jornal Sport Illustrado de 31 de agosto de 1938
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Campeoníssimo Carlos Dobbert de Carvalho Leite

Fonte: Revista Sport Ilustrado de 19 de abril de 1938
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HILÁRIO SILVA RUA, ex-goleiro do Botafogo do Rio de Janeiro, meu tio
Foto - arquivo pessoal de Marcelo Dieguez.


Hilário da Silva Rua, nasceu no ano de 1919 na cidade do Rio de Janeiro.

Começou a jogar no juvenil do Botafogo na posição de goleiro.

Jogou depois no Primeiro Quadro do time do Botafogo e chegou a ser Tri-Campeão Carioca do Primeiro Quadro na categoria de amadores nos anos de 1942/43/44, pois tinham jogadores que eram resistentes ao Profissionalismo, e então os Clubes possuíam outra equipe para disputar o Primeiro Quadro.

Abaixo o Botafogo de 1939, onde vemos Hilário em pé, sendo o quarto da direita para a esquerda, ao lado de Perácio. Nesta foto ele não aparece com a camisa de goleiro, deve ter jogado na linha também.


Hilário da Silva Rua, nasceu no ano de 1919 na cidade do Rio de Janeiro.
Começou a jogar no juvenil do Botafogo na posição de goleiro.
Jogou depois no Primeiro Quadro do time do Botafogo e chegou a ser Tri-Campeão Carioca do Primeiro Quadro na categoria de amadores nos anos de 1942/43/44, pois tinham jogadores que eram resistentes ao Profissionalismo, e então os Clubes possuíam outra equipe para disputar o Primeiro Quadro.

Os Campeonatos eram organizados pela LFRJ - Liga de Futebol do Rio de Janeiro (1937 a 1940), e depois de 1941 foi organizado pela FMF - Federação Metropolitana de Futebol (a partir de 1941)
Jogava na mesma época de Heleno de Freitas e Tovar.
Hilário era filho de espanhóis, sendo que sua mãe era tia de Martin Dieguez, avô de Marcelo Dieguez.

Hilário era de uma família de 8 irmãos, sendo que suas irmãs Rosa e Elza conversaram por telefone com o primo Marcelo Dieguez onde contaram um pouco de sua história.

Além de Rosa e Elza, também lembramos do irmão Alfredo que também gostava de jogar futebol e em uma ocasião quebrou o braço e naquele tempo não se engessava o braço somente "encanava", e Alfredo acabou ficando com o braço um pouco torto, pois o avô de Marcelo Dieguez contava que Alfredo foi ao médico que disse "Não ficou bom vamos quebrar novamente", e deu um murro no braço dele para quebrar de novo para encanar novamente e nunca voltou ao normal.

Também tinha a irmã Bernardina e a Carmen.

Hilário faleceu vítima de uma úlcera que ele tinha operado com o médico do Botafogo, o ex-jogador Carvalho Leite, e estava quase bom quando houve uma infecção e ele não resistiu falecendo com apenas 33 anos no ano de 1952.

Hilário jogou no Botafogo de 1939 até 1949.

Ele deixou muitas saudades para a família: irmãos, sobrinhos e a esposa Laura, e os filhos Carlos Alberto e Heloísa.

Marcelo Dieguez conseguiu somente uma foto de Hilário através da prima Solange do Rio de Janeiro.

E o primo Ângelo filho da Rosa Rua (irmã de Hilário), também colaborou muito com a pesquisa de Marcelo Dieguez, que ainda está tentando através dos registros do Botafogo para que possamos resgatar fotos e dados da carreira do primo de Marcelo Dieguez, o Hilário.

Através de pesquisa no dia 28/04/2010 Marcelo Dieguez encontrou registros de Hilário no Botafogo em que foi Campeão de 1942/43/44, no blog: datafogo.blogspot.com, e os registros seguem abaixo:

Botafogo: Campeonatos Cariocas de Futebol de Primeiros Quadros Amadores 
CAMPEONATO CARIOCA DE AMADORES (*) – 1942
Campanha do campeão, o Botafogo

Turno
08 / 04 – Botafogo 6 x 2 River (Rua João Pinheiro).
Gols do Botafogo: Augustinho (3), Hélio Campos, Eurico Viveiros e Renê.
12 / 04 – Botafogo 5 x 3 Confiança (Rua General Silva Teles).
Gols do Botafogo: Augustinho (3), Renê e Zé Américo.
18 / 04 – Botafogo 11 x 0 América (Rua General Severiano).
Gols: Eurico Viveiros (4), Zé Américo (3), Hélio Campos, Augustinho, Tovar e Renê.
29 / 04 – Botafogo 6 x 0 Mavilis (Rua General Severiano).
Gols: Tovar (3), Armando, Eurico Viveiros e Renê.
02 / 05 – Botafogo 4 x 0 Canto do Rio (Caio Martins).
Gols: Zé Américo (2), Eurico Viveiros e Tovar.
09 / 05 – Botafogo 4 x 2 Vasco da Gama (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho, Armando, Tovar e Cid.
16 / 05 – Botafogo 12 x 5 Bangu (Rua Ferrer).
Gols do Botafogo: Tovar (3), Zé Américo (3), Otto (3), Renê (2) e Armando.
23 / 05 – Botafogo 8 x 1 Bonsucesso (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (4), Tovar (2), Zé Américo e Otto.
30 / 05 – Botafogo 7 x 1 Madureira (Rua Conselheiro Galvão).
Gols do Botafogo: Augustinho (5) e Tovar (2).
06 / 06 – Botafogo 11 x 2 Carioca (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Renê (4), Augustinho (4), Tovar, Zé Américo e Otto.
14 / 06 – Botafogo 9 x 1 Andarahy (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (5), Zé Américo (2), Renê e Otto.
20 / 06 – Botafogo 3 x 0 Fluminense (Rua General Severiano).
Gols: Zé Américo (2) e Tovar.
27 / 06 – Botafogo 2 x 1 Flamengo (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho e Tovar.
12 / 07 – Botafogo 4 x 0 Ideal (Parada de Lucas).
Gols: Renê (2), Otto e Augustinho.
26 / 07 – Botafogo 13 x 1 Ruy Barbosa (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (4), Zé Américo (3), Otto (2), Renê (2) e Tovar (2).
05 / 08 – Botafogo 3 x 4 São Cristóvão (Rua São Januário).
Gols do Botafogo: Renê (2) e Otto.
09 / 08 – Botafogo 3 x 3 Olaria (Rua Cândido Silva).
Gols do Botafogo: Augustinho, Tovar e Otto.
Obs.: O Botafogo ganhou os pontos, pois o Olaria atuou com Peres que estava irregular na Federação Metropolitana de Futebol. O jogador tinha contrato com o Barreto F.C., de Niterói.

Returno
15 / 08 – Botafogo 3 x 1 Mavilis (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Renê, Otto e Augustinho.
23 / 08 – Botafogo 15 x 2 River (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (8), Tovar (3), Renê (2), Otto e Hélio Campos.
29 / 08 – Botafogo 3 x 1 Confiança (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Renê (2) e Álvaro Costa.
05 / 09 – Botafogo 6 x 2 América (Rua Campos Salles).
Gols do Botafogo: Renê (3), Augustinho (2) e Otto.
12 / 09 – Botafogo 7 x 0 Canto do Rio (Rua General Severiano).
Gols: Armando (3), Tovar (2), Emmanuel Viveiros “Maninho” e Renê.
19 / 09 – Botafogo 0 x 0 Vasco da Gama (Rua São Januário).
26 / 09 – Botafogo 9 x 1 Bangu (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (5), Emmanuel Viveiros “Maninho” (2), Tovar e Renê.
04 / 10 – Botafogo 9 x 1 Bonsucesso (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (4), Tovar (2), Renê (2) e Zé Américo.
10 / 10 – Botafogo 8 x 1 Madureira (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (3), Renê (3) e Zé Américo (2).
18 / 10 – Botafogo 7 x 0 Carioca (Estrada Dona Castorina).
Gols: Renê (3), Augustinho (2), Tovar e Zé Américo.
25 / 10 – Botafogo 17 x 1 Andarahy (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (6), Tovar (4), Renê (4), Zé Américo (2) e Otto.
01 / 11 – Botafogo 4 x 2 Fluminense (Rua Álvaro Chaves).
Gols do Botafogo: Zé Américo (2), Augustinho e Renê.
08 / 11 – Botafogo 2 x 0 Flamengo (Gávea-Lagoa).
Gols: Aldo (contra) e Eurico Viveiros.
22 / 11 – Botafogo 15 x 1 Ideal (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho (7), Afonsinho (4), Renê (2), Álvaro Farias e Tovar.
06 / 12 – Botafogo 5 x 0 Ruy Barbosa (Rua General Silva Teles).
Gols: Emmanuel Viveiros “Maninho” (2), Renê, Afonsinho e Mílton (contra).
12 / 12 – Botafogo 3 x 2 São Cristóvão (Rua Figueira de Mello).
Gols do Botafogo: Augustinho (2) e Tovar.
27 / 12 – Botafogo 3 x 2 Olaria (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Augustinho, Álvaro Farias e Tovar.

Jogos: 34; Vitórias: 32; Empate: 1; Derrota: 1; Gols Pró: 227; Contra: 43.

Artilheiros:
Augustinho, 75 gols.
Renê, 43.
Tovar, 35.
Zé Américo, 26.
Otto, 15.
Eurico Viveiros, 8.
Emmanuel Viveiros “Maninho”, 5.
Armando, 6.
Afonsinho, 5.
Hélio Campos, 3.
Á lvaro Farias, 2.
Cid, 1.
Á lvaro Costa, 1.
Aldo (contra), 1.
Mílton (contra), 1.
Total: 227 gols.

Os campeões:

Luiz Paulo Neves Tovar, 34 jogos.
Hélio da Costa Campos, 33.
Renê Mendonça, 33.
Ruy Ramos Silva, 32.
Augusto Willemsens (Augustinho), 28.
Francisco Cid Esteves, 26.
Henrique Fernandes Torquato (Dunga), 25.
Emérito Fernandes dos Reis (Mato Grosso), 25.
José Américo de Almeida Filho (Zé Américo), 20.
Otto Willmann, 19.
Hilário da Silva Rua, 15.
Alfredo Matos Monteiro, 13.
Armando Lopes, 13.
Ney Arruda Sodré, 8.
Emmanuel Sodré Viveiros de Castro (Maninho), 7.
Pedro Teixeira Botelho (Pedrinho), 6.
Eurico Sodré Viveiros de Castro, 5.
Pedro Cataldo, 4.
Sylvio Cordeiro Hildebrandt, 4.
Antônio Gaspar (Antoninho), 4.
Affonso Alves de Faria (Afonsinho), 4.
Jayme Pimenta Valente, 3.
Danilo Maurmann, 3.
Álvaro de Farias, 3.
Álvaro Costa, 2.
Victor Corrêa Gonçalves, 1.
Carlos da Silva Fafiães (Carlinhos), 1.
Waldemar Ferreira, 1.
Ivan Espírito Santo, 1.
Nílson Nóbrega, 1.
Fontes: Boletins do Botafogo, Jornal dos Sports e O Futebol no Botafogo

Classificação do campeonato (PG):
1° Botafogo (campeão), 66
2° Flamengo (vice), 55
2° Vasco da Gama, 55
4° Fluminense, 51
5° Olaria, 50
6° São Cristóvão, 45
7° Confiança, 37
8° Ideal, 35
9° América, 31
10° Mavilis, 25
11° Ruy Barbosa, 24
12° Madureira, 23
13° Bangu, 21
13° River, 21
15° Bonsucesso, 20
15° Canto do Rio, 20
17° Andarahy, 18
18° Carioca, 15

(*) Primeira Divisão de Amadores (adulto), para jogadores que não queriam a profissionalização.

CAMPEONATO CARIOCA DE AMADORES (*) – 1943
Campanha do Bicampeão, o Botafogo

Turno
13 / 06 – Botafogo 1 x 0 Olaria (Rua Cândido Silva).
Gol: Octávio.
19 / 06 – Botafogo 2 x 4 Flamengo (Gávea-Lagoa).
Gols do Botafogo: Hélio Campos e Emmanuel Viveiros “Maninho”.
26 / 06 – Botafogo 4 x 1 América (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Álvaro Farias (2), Ruiz e Renê.
03 / 07 – Botafogo 3 x 1 Fluminense (Rua Álvaro Chaves).
Gols do Botafogo: Zé Américo, Álvaro Farias e Octávio.
10 / 07 – Botafogo 2 x 1 São Cristóvão (Rua Figueira de Mello).
Gols do Botafogo: Tovar e Zé Américo.
17 / 07 – Botafogo 3 x 1 Bonsucesso (Rua Teixeira de Castro).
Gols do Botafogo: Álvaro Farias, Zé Américo e Augustinho.
24 / 07 – Botafogo 2 x 1 Vasco da Gama (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Zé Américo e Augustinho.
01 / 08 – Botafogo 10 x 3 Bangu (Rua Ferrer).
Gols do Botafogo: Octávio (5), Renê (2), Ruiz, Edgard e Tovar.
08 / 08 – Botafogo 4 x 0 Madureira (Rua General Severiano).
Gols: Edgard (4).

Returno
15 / 08 – Botafogo 4 x 1 Olaria (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Octávio (2), Renê e Zé Américo.
22 / 08 – Botafogo 5 x 2 Flamengo (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Octávio (2), Augustinho, Zé Américo e Edgard.
28 / 08 – Botafogo 2 x 2 América (Rua Campos Salles).
Gols do Botafogo: Octávio (2).
04 / 09 – Botafogo 4 x 0 Fluminense (Rua General Severiano).
Gols: Augustinho, Hélio Campos, Zé Américo e Octávio.
11 / 09 – Botafogo 4 x 2 São Cristóvão (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Octávio (3) e Augustinho.
18 / 09 – Botafogo 1 x 0 Bonsucesso (Rua Teixeira de Castro).
Gol: Edgard.
25 / 09 – Botafogo 4 x 0 Vasco da Gama (Rua São Januário).
Gols: Renê (2), Augustinho e Tovar.
06 / 10 – Botafogo 3 x 0 Bangu (Rua General Severiano).
Gols: Tovar, Emmanuel Viveiros “Maninho” e Octávio.
10 / 10 – Botafogo 4 x 2 Madureira (Rua Conselheiro Galvão).
Gols do Botafogo: Ruiz (2), Edgard e Hélio Campos.

Jogos: 18; Vitórias: 16; Empate: 1; Derrota: 1; Gols Pró: 62; Contra: 21.

Artilheiros: Octávio, 18 gols; Edgard, 8; Zé Américo, 7; Augustinho, 6; Renê, 6; Tovar, 4; Ruiz, 4; Álvaro Farias, 4; Hélio Campos, 3; Maninho, 2. Total: 62 gols.

Os bicampeões:

Francisco Cid Esteves, 18 jogos.
Alfredo Mattos Monteiro, 17.
Ruy Ramos da Silva, 17.
Hélio da Costa Campos, 16.
Octávio Sérgio da Costa Moraes, 16.
Renê Mendonça, 16;
Stanislau Rosalinski Filho (Boliviano), 15.
José Américo de Almeida Filho (Zé Américo), 12.
Luiz Paulo Neves Tovar, 11.
Henrique Torquato (Dunga), 10.
Augusto Willemsens (Augustinho), 10.
Edgard Alves Moreira, 8.
Miguel Ruiz, 5.
Mílson Coelho Xisto, 4.
Álvaro de Farias, 4.
Hilário da Silva Rua, 3.
Antônio Vianna, 3.
Emmanuel Sodré Viveiros de Castro (Maninho), 3.
Jayme Pimenta Valente, 2.
Armando Lopes, 2.
Hézio Vieira Martins, 1.
Sylvio Cordeiro Hildebrandt, 1.
João Castro Peixoto, 1.
Antônio Gaspar (Antoninho), 1.
Gastão da Matta, 1.
Á lvaro Costa, 1.
Fontes: Boletins do Botafogo, Diário de Notícias e O Futebol no Botafogo

Classificação do campeonato (PG):
1° Botafogo (bicampeão), 33
2° Olaria (vice), 28
3° Vasco da Gama, 23
4° América, 22
5° Flamengo, 17
6° Fluminense, 16
7° Bonsucesso, 12
Madureira, 12
9° Bangu, 10
10° São Cristóvão, 7

(*) Primeira Divisão de Amadores (adulto), para jogadores que não queriam a profissionalização.

TORNEIO INÍCIO DE AMADORES (*) – 1944
Campanha do campeão, o Botafogo


19 / 03 (domingo), em Laranjeiras:
Botafogo 2 x 0 Madureira
Gols: Bororó e Zé Américo.
Botafogo 1 x 0 Bonsucesso
Gol: Hélio Campos.
Botafogo 6 x 0 Fluminense
Gols: Octávio (3), Zé Américo, Bororó e Ruy.

BOTAFOGO 6 x 0 FLUMINENSE
Data: 19 / 03 / 1944
Local: Laranjeiras, Rio de Janeiro
Á rbitro: José Mariano da Silva
Gols: Octávio (3), Zé Américo, Bororó e Ruy
Botafogo: Boliviano, Alfredo e Dunga; Ruy, Hélio Campos e Cid; Zé Américo, Álvaro Farias, Octávio, Tovar e Bororó
Fluminense: Gélson, Carlos Alberto e João; Albino, Apolinário e Álvaro; Macedo, Átila, Nélson, Zurah e Murilo
Obs.: 1) Nélson, Zé Américo e Murilo foram expulsos; 2) A decisão do Torneio Início era de dois tempos de 30 minutos.
Fonte: Jornal dos Sports

(*) Primeira Divisão de Amadores (adulto), para jogadores que não queriam a profissionalização.

CAMPEONATO CARIOCA DE AMADORES (*) – 1944
Campanha do tricampeão, o Botafogo

Turno
01 / 04 – Botafogo 9 x 0 Bonsucesso (Rua General Severiano).
Gols: Bororó (3), Edgard (3), Tovar (2), Hélio Campos.
08 / 04 – Botafogo 2 x 3 Flamengo (Rua Álvaro Chaves).
Gols do Botafogo: Octávio e Tovar.
15 / 04 – Botafogo 7 x 2 Bangu (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Zé Américo (4), Octávio (2) e Hélio Campos.
29 / 04 – Botafogo 6 x 1 Fluminense (Rua Álvaro Chaves).
Gols do Botafogo: Zé Américo (3), Tovar (2) e Bororó.
27 / 05 – Botafogo 6 x 2 Madureira (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Tovar (2), Afonsinho (2), Alfredo e Bororó.
06 / 06 – Botafogo 4 x 1 Olaria (Rua Álvaro Chaves).
Gols do Botafogo: Bororó (3) e Afonsinho.
10 / 06 – Botafogo 1 x 0 Vasco da Gama (Rua General Severiano).
Gol: Gute.
17 / 06 – Botafogo 8 x 1 São Cristóvão (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Bororó (3), Octávio (2), Gute (2) e Dunga.
24 / 06 – Botafogo 2 x 2 América (Rua Campos Salles).
Gols do Botafogo: Tovar e Hélio Campos.

Returno
02 / 07 – Botafogo 10 x 3 Bonsucesso (Rua Teixeira de Castro).
Gols do Botafogo: Bororó (4), Patesko (3), Octávio (2) e Afonsinho.
08 / 07 – Botafogo 4 x 0 Flamengo (Rua General Severiano).
Gols: Octávio, Afonsinho, Tovar e Patesko.
17 / 07 – Botafogo 9 x 1 Bangu (Rua Ferrer).
Gols do Botafogo: Renê (6), Octávio (2) e Tovar.
22 / 07 – Botafogo 8 x 0 Fluminense (Rua General Severiano).
Gols: Octávio (3), Gute (2), Tovar (2) e Renê.
29 / 07 – Botafogo 3 x 3 Madureira (Rua Conselheiro Galvão).
Gols do Botafogo: Afonsinho, Tovar e Octávio.
05 / 08 – Botafogo 8 x 1 Olaria (Rua General Severiano).
Gols do Botafogo: Octávio (4), Renê (2), Tovar e Gute.
12 e 16 / 08 – Botafogo 3 x 1 Vasco da Gama (Ruas São Januário e Álvaro Chaves).
Gols do Botafogo: Gute (2) e Afonsinho.
Obs.: Jogo disputado em duas partes, em virtude de interrupção.
19 / 08 – Botafogo 13 x 0 São Cristóvão (Rua General Severiano).
Gols: Gute (4), Renê (3), Octávio (2), Zé Américo (2), Tovar e Alfredo.
26 / 08 – Botafogo 6 x 0 América (Rua General Severiano).
Gols: Zé Américo (3), Octávio (2) e Renê.

Jogos: 18; Vitórias: 15; Empates: 2; Derrota: 1; Gols Pró: 109; Contra: 21.

Artilheiros: Octávio, 22 gols; Bororó, 15; Tovar, 15; Renê, 13; Zé Américo, 12; Gute, 12; Afonsinho, 7; Patesko, 4; Edgard, 3; Hélio Campos, 3; Alfredo, 2; Dunga, 1. Total: 109 gols.

Os tricampeões:
Alfredo Mattos Monteiro, 18 jogos.
Francisco Cid Esteves, 18.
Stanislau Rosalinski Filho (Boliviano), 17.
Henrique Fernandes Torquato (Dunga), 17.
Luiz Paulo Neves Tovar, 17.
Octávio Sérgio da Costa Moraes, 16.
Ruy Ramos da Silva, 14.
Hélio da Costa Campos, 14.
Affonso Alves de Faria (Afonsinho), 11.
João Guttemberg da Cruz (Gute), 11.
Josias Silvino de Lima (Bororó), 7.
Renê Mendonça, 7.
Edgard Alves Moreira, 6.
José Américo de Almeida Filho (Zé Américo), 4.
Rodolpho Barteczko (Patesko), 4.
Antônio Gaspar (Antoninho), 3.
Rodrigo Alberto Neves Tovar, 3.
Á lvaro de Farias, 3.
Mário Júlio de Moraes, 1.
Mílson Coelho Xisto, 1.
Sylvio Cordeiro Hildebrandt, 1.
Roberto Carvalho, 1.
Natalino Conceição, 1.
Carlos Fonseca Vasconcelos (Carlinhos), 1.
Mauro Dias Martins, 1.
Ruy Nunes Aguiar, 1.
Fontes: Boletins do Botafogo e O Futebol no Botafogo

Classificação do campeonato (PG):
1° Botafogo (tricampeão), 32
2° Vasco da Gama (vice), 29
3° Flamengo, 26
4° Madureira, 23
5° América, 21
6° Olaria, 19
7° Fluminense, 12
8° São Cristóvão, 11
9° Bonsucesso, 4
10° Bangu, 3

RETROSPECTO DO BOTAFOGO NOS CAMPEONATOS CARIOCAS DE
1° QUADRO DE AMADORES (ADULTO) DA 1ª DIVISÃO DA LFRJ E FMF:

1937: J - 11; V - 4; E - 3; D - 4; GP - 26; GC - 19.
1938: J - 16; V - 6; E - 3; D - 7; GP - 30; GC - 37.
1939: J - 16; V - 7; E - 3; D - 6; GP - 30; GC - 34.
1940: J - 24; V - 13; E - 4; D - 7; GP - 72; GC - 48.
1941: J - 18; V - 12; E - 3; D - 3; GP - 61; GC - 34.
1942: J - 34; V - 32; E - 1; D - 1; GP - 227; GC - 43.
1943: J - 18; V - 16; E - 1; D - 1; CP - 62; GC - 21.
1944: J - 18; V - 15; E - 2; D - 1; GP - 109; GC - 21.

TOTAL: J - 155; V - 105; E - 20; D - 30; GP - 617; GC - 257.

RETROSPECTO DO BOTAFOGO NOS CAMPEONATOS CARIOCAS DE 1° QUADRO DE AMADORES (ADULTO) DA 1ª DIVISÃO DA LFRJ E FMF:

1937: J - 11; V - 4; E - 3; D - 4; GP - 26; GC - 19.
1938: J - 16; V - 6; E - 3; D - 7; GP - 30; GC - 37.
1939: J - 16; V - 7; E - 3; D - 6; GP - 30; GC - 34.
1940: J - 24; V - 13; E - 4; D - 7; GP - 72; GC - 48.
1941: J - 18; V - 12; E - 3; D - 3; GP - 61; GC - 34.
1942: J - 34; V - 32; E - 1; D - 1; GP - 227; GC - 43.
1943: J - 18; V - 16; E - 1; D - 1; CP - 62; GC - 21.
1944: J - 18; V - 15; E - 2; D - 1; GP - 109; GC - 21.

TOTAL: J - 155; V - 105; E - 20; D - 30; GP - 617; GC - 257.

LFRJ = Liga de Futebol do Rio de Janeiro (1937 a 1940) 
FMF = Federação Metropolitana de Futebol (a partir de 1941)

CAMPEÕES CARIOCAS DE AMADORES (RESISTÊNCIA AO PROFISSIONALISMO):
1937 – Vasco da Gama
1938 – Fluminense
1939 – Madureira
1940 – América
1941 – Vasco da Gama
1942 – Botafogo
1943 – Botafogo
1944 – Botafogo
  
Publicado por: Murilo Dieguez

Fonte de Pesquisa:
acervo www.historiadordofutebol.com.br
Boletins do Botafogo,
Diário de Notícias,
Jornal dos Sports,
O Futebol no Botafogo,
datafogo.blogspot.com,
acervo do Historiador Freixo, do Freixo Botafoguense
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A queda do leader - Botafogo 3x0 Fluminense 





O Botafogo principiou retardando a entrada em campo. Não se sabe se a demora fazia parte do plano. A multidão demonstrou impaciência e Guilherme Gomes apitou sete vezes. Já ahi o arbitro não se mostrou enérgico. Chamava o team do Botafogo sem indagar a causa da demora e sem forçar a entrada dos jogadores em campo. O certo é que o Botafogo conseguiu o que quis. Abalou a autoridade do arbitro com a surdez aos apitos continuados e cada vez mais estridentes. Abalou, em seguida, a construção do onze do Fluminense. Acções bruscas, de início, para surpreender e irritar, marcação implacável para descontrolar. A táctica do terceiro back – com Martin como sentinela de Sandfro – e do segundo center-half – com Chemp para não conseguir a construção de Brant. 




Não importava que o Fluminense atacasse mais ou dominasse territorialmente. O objetivo do Botafogo era o placard – a reabilitação a todo custo. E conseguiu-a sem obstáculos sérios. O arbitro que não soubesse exigir o inicio do match a hora regulamentar já não tinha autoridade para mais nada. E o Fluminense só resistiu um tempo. A etapa final justificou a victoria do Botafogo, apesar das acções violentas do inicio. E o curiosos é que, quando teve o adversário a sua mercê, o Botafogo preferiu as jogadas interrompidas, as bolas fora para não permitir nenhuma surpresa. Foi a victoria de um plano, de uma táctica estabelecida. E, pela primeira vez, depois da saída de Carlomagno, o Fluminense sentiu falta de um technico...


















Os recursos continuam... Orlandinho com as shooteiras de Lino revida fazendo o back do Botafogo passar por momentos desagradáveis.
O juiz nada!...
O placard assignala 1x0 em favor do Botafogo e os players do club alvi-negro procuram ganhar tempo... Quando o barbante do calção do Nariz estava atrapalhando a sua actuação achára que o jogo devis ser paralysado.  Aymoré chegou a descobrir que se machucara no dedo, mas o juiz teve a energia necessária para mandar continuar a peleja.
Os tricolores começam a se descontrolar com a táctica dos alvi-negros e estes não perdem ocasião para irritar os contrários.
Fazia-se  necessária a reabilitação...
Chemp avança pelo centro e Moyses vem ao seu encontro, mas cae e o centro alvi-negro estende para Patesko que vence Nascimento e obtem o segundo goal do Botafogo. Moysés fica estendido no campo e o massagista socorre-o, enquanto a bola vae para o centro do campo.
Termina o primeiro tempo. Botafogo 2x0. Moyses é retirado de campo, carregado pelo massagista e por Carlos Nascimento, technico tricolor. A contusão do back direito do Fluminense é grave e ele quase não pode andar. Ernesto assigna a sumula para entrar na segunda phase e os adeptos do club das três cores veem seu club terminar o tempo com apenas nove jogadores em campo.

Fonte: Jornal O Globo anno 1 nº 07 de 22 de outubro 1938
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BOTAFOGO 1X1 AMÉRICA



Não se discute o lance do penalty. Og evitou, com a mão, que a bola áttingisse as redes. E a marcação de Virgílio Fredighi não originou duvidas. O caso surgiu com a allegação de que houvera uma infracção regulamentar.  Alcebiades collocara-se ao lado do goal noinstante de ser cobrado o penalty. O Botafogo, então, argumenta com a obrigatoriedade de um exame prévio. 




Antes de mandar bater a pena máxima, o juiz tem que verificar se todos os jogadores estão na distancia e posição regulamentares. Uma fotografia prova que não. Mas o arbitro acentua que fez o exame e não viu. O fato de “não ver” transforma a infracção regulamentar em um erro de fracto. O erro de direito só se caracterizaria por uma confissão. Virgilio Fredighi teria de consignar na summula que Alcebiades se colocara ao lado ao arco de Thadeu, que Alcebiades invadira a área após a defesa do keeper, que Alcebiades impedira ou dificultara o avanço de Perácio. 



Se a confissão fosse feita estaria claro o erro de direito. Como, pelo contrario, Virgilio Fredighi negou a existência da infração, a infração deixou de existir. O único olho que ve é o olho do juiz. Assim, para a lei, não há fotografia. Nem mesmo aquelle film que mostrou a bola fora antes do goal da victoria na decisão da “Copa Inglesa”, constituiu prova. Não há outra autoridade, além da autoridade do juiz. E o que foi feito está feito, inapelavelmente. Então se pôde dizer que o principio da autoridade do juiz repousa na inculdade  do erro. Admite-se, prevê-se o erro do arbitro. Não o erro technico e sim o erro de visão. O arbitro é competente e honesto. Assim, aceitando sem discussão a competência e honestidade do juiz, não se comprehenderá o erro de direito. E por isso a lei tornou o erro do direito verdadeiramente impossível em uma primeira divisão. O erro de direito é fruto da deshonestidade ou de incompetência. Uma coisa  e outra marcarão a necessidade de uma punição, mas nunca de uma annullação. Dentro da lei qualquer erro patenteado na descripção da summula constituo um erro de facto. Eis ahi marcada, a dlfferença quasi abysmal entre os dois erros: o erro de facto ou o erro de direito. Não se nega o prejuízo de um Botafogo. Mas as partida de football estão cheias de prejuízos, de injustiças perpetradas irremediavelmente. De outra forma, qualquer match poderia ser annullado. E bastaria que, legalmente, se aceitasse a confusão entre erro de facto e erro de direito. Ou por outra, que se impedisse o juiz de "não ver". Ahi, porém, cairia, como por encanto, o principio da autoridade do arbitro. E a distincção entre erro de facto e erro de direito constitue uma espécie do ultimo reducto. Embora se lamente, de vez em vez, uma injustiça. Um arbitro pode ser eliminado, mas a lei, não.

    Fonte: Jornal O Globo anno 1 nº 13 de 1938
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O BOTAFOGO VENCEU EM FLORETES POR EQUIPES


1— Equipe do Botafogo F. C. — José Felix da Cunha Menezes, Enio Daudt de Oliveira e Jayme Soares.
2 —Equipe do Fluminense F. C. — Murillo Del Vecchio, Õswaldo Niemeyer, Nelson Ettinne Douat e Thomaz Carrilho Teixeira Gemes.


3 — Equipe do C. R. Flamengo — Tietê Falcão, Joaquim do Couto Simões e Helladio Diniz Junqueira. Teixeira Gemes.



4 — Assalto entre o tricolor Niemeyer e o rubro negro Simões.


5 – Assalto entre o rubro negro Helladio Junqueira e o alvi-negro Jayme Soares

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 15 de 20 de julho de 1938
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BOTAFOGO X FLUMINENSE EM WENCESLAU BRAS

Patesko foi uma grande figura do jogo

O campeonato carioca de 1939 vem sendo uma caixa de surprezas.
O Flamengo foi leader invicto e tombou frente ao Bangú surprehendentemente, rehabilitando-se no domingo seguinte num empate com o Fluminense e acabou novamente subindo, graças a um fragoroso revez imposto pelo Botafogo ao leader invicto, que era, conforme ficou explicado, o Fluminense F. C.  Justamente o jogo de domingo 21, em Wenceslau Braz, vamos estender, focalizando o acontecimento imprevisto que a cidade sportiva commentou durante uma semana a fio. Um placard de 4X1 exige uni estudo demorado, principalmente para aquelles que não acreditavam nas possibilidades do Botafogo, no match cartaz em que o Fluminense mereceu as honras de favorito absoluto. Não acreditavam que o Botafogo soubesse construir um triumpho sem nodoas disciplinares e technicas, tão familiar ficou entre os afficcionados do foot-ball o systema agressivo do "glorioso", impondo-se pela força e pela violência, mesmo nos momentos em que o adversário se entregava pelo receio e por instincto de defeza pessoal. Mas para estes mesmos, que duvidavam do resurgimento completo do alvinegro, a visão real do jogo serviu para modificar inteiramente a idéia primitiva.
Ouadro de profissionaes do Botafogo que derrotando o leader invicto da tabela — o Fluminense, offereceu um optimo espectaculo sportivo agindo sempre com o mesmo cavalheirismo que o seu tradicional rival.

E assim, em synthese, podemos affirmar alviçareiramente que a consagração do Botafogo naquela tarde luminosa, não foi conseguida atravez a affirmativa maiúscula de um placard e sim pelo exemplo de cavalheirismo e disciplina imperado numa conducta á altura do valoroso e digno adversário. Para o observador que acompanha um jogo com o duplo sentido de julgar o placard procurando a sua causa verdadeira, o Botafogo encontrou, como caminho mais fácil para attingilo, o respeito ao antagonista e a rigorosa observância pelos bons costumes da disciplina.
Usou as mesmas armas do Fluminense para luctar no mesmo nível elevado, de comprehenção dos deveres profissionaes. Os algarismos da partida apenas definem a superioridade technica dos botafoguenses, sobre a qual nos ocuparemos mais adiante. Entretanto, feito maior do que quebrar a invencibilidade de um leader é impôr-se de forma valorosa sobre um authentico esquadrão (conseguiu o Botafogo) fazendo desapparecer completamente as alternativas de sua conducta durante um certo período, para vencer em toda a linha, tal club de elite e alto nivel social como o é na verdade.
Foi um heroe em todos os sentidos e oxalá que prosiga assim, porque aqui estamos para applaudi-lo sinceramente, certos de cumprir um dever assumido perante as contingências da nossa espinhosa missão.
Curiosa phase do jogo Botafogo x Fluminense

Ha quem acredite em milagre, até no foot-ball. Nós não vamos a este ponto para attestarmos a operação milagrosa feita por Juca no quadro do Botafogo. Não vamos assim dizer, porque sabemos muito bem que, integrando o onze botafoguense existem cracks authenticos, cuja prova de efficiencia se confirma, quando são chamados a intervir como defensores das cores da cidade ou do próprio paiz .Portanto, Jucá não operou milagre aigum, porque já encontrou material de alta classe para trabalhar. Apenas soube com habilidade prepara-lo para um combate de alta expressão. Sem inventar systemas ou traçar planos, se impôz pela força moral aos players, e exigindo a maior dose possível de serenidade para construir um triumpho, que será para os mesmos tão grande quanto para o club.
Profissionaes, precisavam dar uma satisfação publica de um valor próprio que se estava aniquilando por razões até certo ponto explicaveis, mas que não poderiam persistir por mais tempo. A opportunidade estava ao alcance de cada um. 
Era necessário portanto que se unissem conscientemente para não deixa-la fugir. Tudo foi observado a risca e na hora da batalha os jogadores armaram-se do melhor espirito de bôa vontade, para observar as determinações e as advertências do technico. Foi o bastante para que em dez minutos ficasse espelhada no placard uma possibilidade, que até então vivia as escondidas...
Carvalho Leite esteve dynamico ... mas Batates sempre alerta soube quebrar uma de suas perigosas entradas
Todo o onze alvi-negro se locomoveu com desenvoltura, jogou com intuição e exuberância de idéias, proporcionando um regalo para a numerosa família botafoguense.
Como acontece sempre com um quadro que pisa a cancha numa tarde feliz, se asenhoreando da situação, o Botafogo acabou fazendo espectaculo acadêmico, para regalo de sua torcida. Assim, recuando quando bem queria para não desperdiçar forças e avançando assustadoramente para dar uma demonstração de recursos inesgotaveis, acabou por conseguir uma victoria sem contestação, tal como um "onze" que viesse sendo preparado ha muito tempo para este fim.
Desde Aymoré até Patesko, o quadro se completou e rendeu o máximo. Deve-se, pois, fazer um elogio global a turma toda, pois se a ala Peracio e Patesko (este ultimo o flecha de ouro da partida) exibiu-se de forma extraordinaria, iniciando, confirmando e acabando por encerrar a contagem, Paschoal foi um centro avante fértil de iniciativas, apezar de ter a missão de acompanhar Brant em todos os sentidos, e finalmente Alvaro e Carvalho Leite aproveitaram o melhor possível o jogo pelo seu plano sempre desguarnecido. Nas linhas de rectaguarda, muito ajustadas, sem necessidade de despender grandes sacrifícios, sobresahiram os halfes de gala com bôa comprehenção de jogo, Engel dentro de sua modalidade, isto é, sentinella de Fogueira, e a zaga sem muito trabalho, graças á pouca produção do ataque contrario.
Irreconhecível o quadro do Fluminense. Individualmente houve peores e não melhores. Completa paralysia dos médios de ala, desorientação da zaga, com um arqueiro fazendo o possível para se desdobrar, evitando as falhas dos companheiros de frente que  bateram sem serenidade. Brant se conduziu como poude, com o ardor e a experiência que o caracteriza.
Phase sensacional em que se vê a actividade de um foward alvi-negro e o trabalho de Batataes, sob as vistas de um companheiro.

Trabalharam muito os dianteiros tricolores mas não produziram  nada... Salvaram-se Tim e Romeu pela bôa vontade. Fogueira deu a impressão de ter jogado para inutilisar as bolas que lhe serviram na "bocca" da meta, Hercules como está differente... Pedro Amorim continua bisonho, não tirou partido das situações commodadas que Nariz armou para o ponteiro se infiltrar e atirar com suecesso. Não arriscou uma só vez um dribble ou uma ameaça por baixo para desarmar o zagueiro, que jogou como gosta...
O primeiro tento coroando a melhor actuação do Botafogo surgiu aos 10 minutos de jogo. Trabalho belíssimo de Patesko que preparou a situação invadindo a área contraria, vencendo Moysés e passando rasteiro e habimente para traz, do que se aproveitou Paschoal para emendar com precisão e successo. 15 minutos depois Patesko recebeu optimamente de Peracio, correu velozmente para o centro, iludiu Brant e atirou certeiramente ao arco, sem que Batataes pudesse intervir. Não chegou a completar o terceiro minuto após a conquista deste tento, quando Álvaro, recebendo largo de Patesko, shootou na trave e aparou o golpe, para confirmar o triumpho que já estava escipto.
A hora do toss... Os capitães aguardam o resultado

Na segunda phase do jogo, aproveitando um recuo do Botafogo, feito premeditadamente com o objectivo de reservar energias, o Fluminense esboçou uma reacção, sem êxito todavia, porque os seus meias ficaram sempre para traz em auxilio permanente a defeza. Assim mesmo, neste periodo de esforço dos visitantes, Aymoré empregou-se duas vezes a fundo. Mas a partida não apresentava duvidas nem obrigava a maiores preoccupações.
Bastou uma avançada brilhante dos alvi-negros cuja fácil infiltração pelo flanco direito era notória, para que viesse o 4º goal de autoria de Carvalho Leite, aproveitando um centro magnífico de Patesko. Encerrada a historia dos tentos botafoguenses, verifica-se facilmente que do pé do seu extrema esquerda, o "flecha de ouro", partiu a victoria. Foi elle, de verdade, o constructor hábil da grande victoria.
Quando o match estaca no seu termino, Tim conseguiu o tento de honra com um tiro de esquerda que passou pela frente de muita gente para acabar encontrando as redes de Aymoré.
Phase do jogo Botafogo x Fluminense no stadium mais bonito do Brasil

Classificação dos jogadores em acção durante o sensacional embate:
Aymoré 8, Bibi 7; Nariz 7; Canalli 1; Engel 6; Zezé Moreira 7, Álvaro 7; Carvalho Leite 8; Paschoal 8; Peracio 8; Patesko 9; Batataes 8; Moysés 5; Guimarães 7; Bioró 2; Brant 6; Cláudionor 4; Milton 4; Pedro Amorim 5; Romeu 6; Fogueira 3; Tim 1, Hercules 5.
Mario Vianna dirigiu o embate com imparcialidade e precisão. O cavalheirismo e a disciplina que imperaram durante o prelio, auxíliaram grandemente a tarefa do arbitro.

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 60 de 31 de maio de 1939
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VASCO x BOTAFOGO

Canalli brilhou em várias intervenções
Coube finalmente ao Vasco da Gama a sua tarde triumphal no cetamen official que ora se desenrola cheio de imprevistos e peripécias.
Não foi uma victoria esmagadora nem milagrosa, é bem verdade, mas apenas a resultante de um melhor aproveitamento em jogada propicia.
A rigor, houve justa recompensa á nova orientação de Ramon Platero, que atravez de um trabalho estafante mas bem delineado, ao envez de technica e concepções, preferiu com a sua grande experiência, incutiruma grande dose de enthusiasmo e energia. O factor tempo, sob tal influxo, encaminhou os componentes do seu quadro para uma acção dynamica e por fim bem succedida. O preparador teria errado agindo de outra fôrma contra um quadro harmonioso e hábil, que acabara de arrebatar ao tricolor, de fôrma retumbante, o titulo de invicto.

Eis ahi Argemiro num espectacular intervenção
Platero reconfortou seus homens, exigindo-lhes o máximo de energias em busca de uma rehabilitação, mais significativa para elles próprios que mesmo para o club.
Era preciso vencer, afim de salvar da ruina o prestigio de cada um delles. E o resultado chegou, ainda que sob ingente trabalho. 
Vasco e Botafogo foram adversários eguaes e venceu quem, lutando, melhor se utilizou de uma phase propicia. O ímpeto e o enthusiasmo vascaino surprehendeu o quadro dirigido por Juca, razão talvez de haverem esses perdido a acção por vezes varias.

Aymore defende acossado por Villadonica
Ambos estiveram em condições idênticas para inaugurar o placard, mas o Ímpeto dos locaes deu-lhes, sem duvida, mais opportunidades para a abertura do score e disso se aproveitaram bem conseguindo o goal que lhes marcou a victoria.
Em conjunto, foi esse o panorama geral do prélio, egual em chance e possibilidades para ambos e só definido pelo que mais dextro se mostrou em determinado instante, tornando realidade o anseio de ambos os contendores.
Surgiu o feito quando Orlando soube utilizar-se de um passe magistral de Emeal.
Pequenos senões não tiraram o brilho da peleja e seu ambiente de sportividade.
Guilherme Gomes, como juiz, procurou acertar e as falhas que teve não lhe escureceram a acção de imparcialidade.

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 60 de 31 de maio de 1939
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BOTAFOGO 5 x 1 FLAMENGO
Esta pagina, com varias defezas do keeper Walter, é bem o attestado vivo da preza fácil que o Botafogo encontrou...
Effectivamente não teve a equipe alvi-négra um rival a altura do que licito fora augurar. Excepção dos primeiros dez minutos em que o Flamengo,, abrindo o score, pareceu a altura de um successo. Nesse período inicial apresentou um jogo acceitavel, emquanto a defeza alvi-negra agia desordenadamente, jogando bola para todos os lados.

Repentinamente porém, os locaes se organizam e os seus deanteiros, perfeitamente concatenados, começam a dominar as linhas de defeza rubro-negra, batendo-as inteiramente.
A proporção que o tempo corria, mais seguros se revelavam os atacantes botafoguenses, infiltrando-se com franca facilidade no campo adverso, até próximo as barras defendidas por Walter. E esse, desguarnecido de esteios, já que até Domingos não se mostrava capaz de cohibir ou ao menos diffícultar o perfeito entendimento; dos atacantes rivaes, acabou, depois de innumeras defezas difícceis  por se deixar vencer. Surgiu o empate. 

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 66 de 12 de julho de 1939
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QUANDO HA ANNOS um "crack" se contundia da fôrma como se contundiu Martin, a impressão geral era de que tão cedo não voltaria aos gramados, ou mesmo, que não mais retornaria definitivamente. E, quasi sempre, assim mesmo acontecia.


Isso, todavia, era ha annos. Agora porem com o progresso e desenvolvimento da medicina sportiva, isto é, da medicina especializada em accidentes aos sports um "crack" não se inutiliza com tanta facilidade. E o "caso" Martim ahi está como o mais recente exemplo. 

Foi ha pouco mais de um mez que Martim se contundiu, no jogo com o Flamengo. A gravidade da contusão no joelho, obrigou o "crack" botafoguense a recorrer a um medico especializado. E foi ao Dr. Mario Jorge que Martim confiou o seu restabelecimento. Na época da contusão, acreditou-se que antes de tres ou quatro mezes Martim não poderia pensar em voltar aos gramados. Mas a efficiencia positiva dos methodos modernos de tratamento, se fez sentir. E já hoje Martim encara com satisfação a proximidade do seu retorno á actividade. O grande center-half nacional encontra-se em franca phase de restabelecimento, pouco restando para ser declarado em condições de jogar.
Fonte: Jornal O Globo nº 40 de 1939
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O “scratch” da semana 

Pela primeira vez, para a formação do "scratch" da semana, o seleccionador não precisaria, propriamente, seleccíonar. Bastaria segurar todo o team do Botafogo e faze-lo vestir a Camisa do "scratch". E estaria certo* Isso porque a actuação do quadro alvi-negro contra o tri-campeao da cidade foi de tal forma Impressionante, quasi impeccavel, que não se poderia admittir a inclusão de elementos de outros clubs. Os quase além de, quando muito, se acharem apenas no mesmo nivel de producção individual dos cracks botafoguenses, poderiam ainda quebrar a harmonia do conjunto. Assim seria a medida mais acertada a inclusão de todo o team alvi-negro, vencedor do Fluminense no "scratch" da semana. Reservando-se uma supplencia, com referencia especial, para Roberto, Villegas e Affonsinho, que tiveram destacada actuação contra o America.

PATESKO, O "CRACK" 

Para o posto cie "crack" da semana um elemento destacou-se nitidamente: Patesko. O louro ponta esquerda botafoguense reviveu os seus áureos tempos do sul-americano de 37, exhibindo-se de forma explendida.

Fonte: Jornal O Globo nº 40 de 1939
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BANGU 3 x 3 BOTAFOGO


                 Batido o arco de Aymoré num arremate de Lula
O prelio disputado nos subúrbios foi acompanhado com vivo interesse e acabou empatado por 3x3, score que reflecte o seu desenrolar renhido. 
O Bangú nos seus domínios provou ser um adversário valoroso, não se deixando abater pelo alvi-negro. Carvalho Leite fez os três tentos do Botafogo, Ladislau 2 e Lula 1 para o Bangu. 

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 62 de 13 de junho de 1939
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CARTA DE PROTESTO DO BOTAFOGO F.C. A LIGA DE FOOT-BALL DO RIO DE JANEIRO
Alvaro, Carvalho Leite, Paschoial, Peracio e Patesko
                      Lula, Ladislau, Vadinho, Estanislau e Bituca

"lllmo. Sr. Presidente da Liga de Foot-ball do Rio de Janeiro. — O Botafogo F. C. entende que é de seu indeclinável dever Formular o protesto energico, vehemente e digno a que dá causa a actuação injust ificável do quadro do Bangú A. Club no encontro de hontem. Está perfeitamente á vontade para assumir uma attitude que outra coisa não representa senão os intuitos honestos e sportivos de que sempre, em todas as phases da sua vida, esteve possuido. Empenhado com alguns clubs irmãos em uma larga campanha de moralização, de alta tinalidade sportiva. o Botafogo F.Club vem tendo, no presente campeonato, uma actuação disciplinar que mereceu da imprensa os maiores e mais justos elogios. 
Muito embora os seus jogadores todos de physico admirável, pudessem desenvolver um padrão de jogo brusco e rude, á maneira européa, têm elles, recommendados pela directoria, evitado a creação de condições pesadas nas partidas em que, com lealdade e ordem, tomaram parte. O gesto do Botafogo F. Club foi comprehendido por todos aquelles que fazem do sport um conceito de superior e digna finalidade.
Hontem, porém, os componentes do quadro do Bangú A. Club, em sua quasi totalidade, excederam-se no desejo de transformar o campo da pugna sportiva em palco de luta livre. Propositadamente, alguns defensores do Bangú A. Club attingiram os corpos dos jogadores do Botafogo, com o intuito visivel de collocal-os fora de condições de jogo.O
O elemento conhecido pelo appellido de Pichim, esse excedeu-se em actos de violência e brutalidade innominayeis. Depois de haver attingido o joelho do atacante Patesco, alcançou o do centro-medio Zezé Moreira quando esses já se encontravam sem bola. em attitude desleal e covarde, indigna de quem pratica o sport. 
0 atacante Carvalho Leite, também visado, e violentamente no tornozelo, como o seu companheiro Zezé Moreira, deixou o campo em estado de merecer os mais sérios e urgentes cuidados. Do esquadrão do Botafogo F. C, só uns dois elementos, talvez, não apresentam marcas de contusões e escoriações, conseqüentes de ponta-pés. Mais cedo do que pensava, o Botafogo F. Club testemunhou o valor de seu voto no caso da lei das substituições, pois se esta já não vigorasse mais na partida de hontem, elle teria disputado o primeiro tempo com dez elementos e o segundo com nove apenas. O Botafogo F. Club extranha, por outro lado, a atitude do presidente do Bangú A. Club, que, antes de começar a partida, pedia e promettia toda a cordialidade, declarando punir, immediatamente, quem, de seu quadro, se conduzisse contra as boas regras da disciplina e da lealdade sportiva, e que, no entanto, durante o transcorrer do prelio, demonstrava a maior displicencia pela actuação incorrecta e violenta dos seus subordinados.
Ao contrario do que parece, este protesto, senhor presidente, não é innocuo, nem vasio, porque o Botafogo F. Club está certo de que elle terá a repercussão que merece não somente no seio de seu quadro social e entre os seus defensores abnegados, mas, e sobretudo, entre aquelles seus co-irmãos que conhecem, apreciam e praticam aquillo que se chama lealdade nos actos, bravura nas lutas e sinceridade nas attitudes. Aproveito a opportunidade para apresentar a V. Ex. os protestos de estima e consideração.
(a) Eduardo de Goes Trindade, 1º Vice-Presidente em exercício. 

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 63 de 21 de junho de 1939
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S.CHRISTOVAM 3 x 3 BOTAFOGO
Intervenção de Procópio

A attração simplesmente dramática que que o sport bretão exerce sobre o espirito publico,, mais uma vez ficou comprovada com a enorme assistência que lotou o campinho do S. Chrístovam, em Figueira de Mello. O grêmio local pode se ufanar de ter abrigado um numero considerável de fans, que levaram a semana inteira tecendo prognósticos em torno do macth entre alvos e botafosuenses.
 Ninguem mediu sacrificíos para disputar um jogar nas tribunas geraes, escassas em conforto e espaço para corresponder, hoje, ao interesse que o foot-ball desperta.
De forma que o aspecto antecedente ao macht Botafogo x S. Christovam correspondeu á importancia do mesmo - o que não sucçedeu com o seu desfecho. 
O padrão de jogo exibido pelas equipes não chegou a attingir o nivel previsto. Houve muita movimentação, espirito de luta, grande vontade por parte dos jogadores, mas o foot-ball propriamente dito não forneceu materia para uma critica integralmente favoravel, até a parte disciplinar teve deslizes ante a complacência do juiz que não soube se impor energicamente nos momentos das continuadas reclamações.
Quanto a esta parte, commentaremos mais adiante. Vamos, preliminarmente, conhecer o panorama geral que a peleja apresentou.
O S. Christovam foi alvo de muitas craticas sobre o seu receio no jogo com o Vasco da Gama, tactica que lhe trouxe o amargo de um empate após um placard de 2X0, que espelhava um triumpho liquido a seu favor. Destas columnas, além de criticas, fazemos uma advertência aos rapazes da camiseta alva, mostrando os desastres oriundos desse malfadado systema de jogo, e lembrando a necessidade futura de despresal-o, afim de que não se registrasse um novo insuccesso. Entretanto as nossas palavras perderam-se no ar, e oito dias depois voltam os defensores do S. Christovam a reproduzir a mesma cousa contra Botafogo. Mais um ponto perdido na tabela trouxe, como conseqüência, a sua descida em mais um degrau nesse authentico campeonato de "perde e ganha”.

       Aymoré faz questaão de presenciar o sorteio ao lado de Nariz

Agora, resta-nos apenas passar de relance sobre o assumpto já debatido em these, para olharmos outro aspecto curioso que o mesmo apresenta. Observemos a queda de energias physicas do quadro alvo, no momento justo em que score favorável lhe devia trazer uma redobrada vitalidade. O recuo tem sido uma conseqüência de um preparo convincente de forma para luctar. O gaz termina antes de fulminar totalmente o adversário e dahí perderem-se quaisquer condições para evitar uma reação natural, que nasce pelo próprio handicap de terreno fornecido pelo referido esquadrão alvo.

                      Algumas vezes Nariz interveio em falso

Procura-se assim justificar, em parte o erro da tactica empregada: ninguém dá ordem para o "onze cahir” completamente na defesa, depois de fixar uma vantagem no placard. Acontece que o mesmo não está trabalhado sufficientemente para perseguir o adversário numa regularidade de produção razoável. Não ha insttincto de conservação. O que de facto succede e que não é possível evitar a paralyzação de forças.
O problema passou a merecer estudo e a solução dos dotes technicos que não mantém um preparador physico capaz de dar alma a equipe durante oitenta minutos de combate.
O Botafogo, assim como o Vasco, aproveitou-se da queda brusca do onze inimigo para marcar o empate, como poderia vencer se o chronometro assim permitisse.
                                  Magdalena está na expectativa

Assim, os jogadores do S. Christovam não podem ser apontados como soldados que entrincheiraram-se medrosamente para garantir uma victoria apenas esboçada em numero. O que lhes falta não é vontade nem estratégia para atacar, e sim um factor que está aflecto aos "commandantes", isto é, regimem e preparo physico. Nada demais. Cuidem disso, srs. dirigentes do S. Christovam, que nenhum jogador se refugiará nos seus proprios domínios, levados pelo cansaço.
O Botafogo conseguiu um empate honroso. Empatou primeiramente, marcou 2x1  finalmente aproveitou-se magnificamente do terreno fornecido pelo adversário, para egualar a contagem nos derradeiros momentos da peleja.
Isso valeu quasi como uma victoria, pois não soffreram os seus defensores a influencia de um tento duvidoso maracado por Carreiro, o qual poderia ter tido consequências funestas para o quadro.
                                  Magdalena x Perácio

Agigantaram-se no momento oportuno e foram arrancar um placard egual, traductor fiel do equilibrio permanente que a peleja apresentou, favorável aos locaes no primeiro tempo e mais para o Botafogo no período final.
Já tivemos ensejo de formular o nosso ponto de vista technico sobre o valor do espectaculo. Incontestavelmente a exibição não correspondeu á espectativa, mau grado o esforço dos players. Houve em demasia jogo viril, o que sem duvida prejudicou a beleza do confronto. Com a enorme responsabilidade que o resultado da peleja encerrava para cada contendor, os defensores de um e de outro bando se excederam em algumas occasiões, procurando atordoar o arbitro, influindo de modo que o foot-ball que foi dado a apreciar não agradou totalmente.

                        Massa popular que presenciou ao jogo
As individualidades em campo não apresentaram elementos de grande destaque. No S. Christovam Magdalena houve-se bem, defendendo pelotaços difficies em algumas occasiões. Achamos todavia que o jovem guardião falhou no segundo tento  de autoria de Cezar. Foi um tiro desferido de regular distancia e que poderia
ser defendido com alguma facilidade. Magdalena deixou-se apanhar de surpreza, quando tudo ordenava a sua maior attençao ao lance iniciado de longe por Zezé Moreira.
Hernandez e Mundinho foram dois zagueiros batalhadores, especialmente o primeiro, que actúa com mais senso e coragem.
O trio médio regular, com Affonsinho em destaque, muito preoccupado com Patesko. Dodô movimentou-se bem no primeiro tempo, para na phase final declinar e ser o primeiro a recuar. Walter, razoável, encontrando um ponteiro fraco que não lhe deu trabalho.
Na dianteira apontamos Carreiro e Joaquim como os melhores. O commandante colored, atrapalhado com as mãos e ainda sem a devida exoeriencia, não aproveitou-se das falhas da zaga contraria para produzir mais. Entretanto foi o artilheiro da  jornada, apareccendo assim com mais a característica de arrematador. É necessário não se deixar influir pelos elogios. Ouvindo conselhos e procurando meIhorar sempre, Joaquim terá assegurado o seu futuro como foot-baller, ao contrario, era uma vez o center-foward de muitas mãos e muitas pernas.. . Carreiro malicioso e opportunista.

                                   Nariz não deu folga a Aymoré

O lance que deu origem ao terceiro goal do S. Christovam foi producto exclusivo de sua habilidade e intelligencia. Não se deixou influir pelos gestos de desespero de Bibi, Zezé, Procopio e Aymoré e lá se foi com a pelota nos pés até encaixal-a nas redes. Não soou nenhum apito ordenando falta para justificarem-se as reclamações dos botafoguenses, os maiores culpados do goal. Si tivessem corrido em frente para desarmar Carreiro, o goal não teria sido feito.
Roberto, Villegas e Nena no mesmo nivel; desta vez o ponteiro direito não foi aquelle que tão explendidamente se exibiu contra o Fluminense e o Vasco.

                                      Onde está a bola?
Foi esta a classificação dos players alvos, de accordo com a performance de cada um:
Magdalena (7); Hernandez (7); Mundinho (7); Affonso (7); Dodo (6)/; Walter (6); Roberto (7); VilIegas (6); Joaquim (7); Nena (6); Carreiro (7).
O quadro do Botafogo teve de um modo geral uma conducta homogênea. Aymoré muito bom. Apenas falhou retardando-se no momento de saír do arco para impedir Carreiro, no lance que originou terceiro tento dos locaes. De resto, fez defezas empolgantes. Bibi e Nariz os pontos fracos da equipe. Ambos commetteram uma serie de deslises, principalmente o segundo, que além de tudo atormentou Aymoré varias vezes, entrando sobre o aqueiro sem a menor necessidade.

Aymoré entre um defensor do Botafogo e um atacante do S.Christovam
O trio médio muito bom. Zezé Moreira o melhor. Conduziu-se com acerto, auxiliando com efficacia o ataque. Não usou de violencias e foi um dos elementos de relevo do seu quadro. Zezé Procopio melhor do que Canalli, menos technico do que no inicio de sua campanha nas nossas canchas.
Atirou muita bola para a frente, quando a sua principal característica é entregar sempre em boas condições os companheiros.
Canalli esforçado como sempre. Álvaro o peior da dianteira e Patesko o melhor. O "perigo louro" foi sempre um iniciador das jogadas da sua linha, centrando e arrematando muito bem. Peracio e Paschoal trabalhadores e Cezar um novato que agradou. 
Torcida alvinegra que presenciou o jogo

Verifica-se assim que Carvalho Leite não fez grande falta pois a sua condição de artilheiro não foi prejudicada, com a marcação de um bello tento por Cezar.
A classificação dos players: — Aymoré (7); Bibi (6); Nariz (6); Zezé Procopio (1); Zezé Moreira (8); Canalli (7); Álvaro (5); Paschoal (6); Cezar (6); Peracio (6); Patesko (7).
Patesko, Cesar e Paschoal foram os artilheiros do Botafogo. O goal mais belo foi conquistado pelo ponta esquerda , num rush formidável que mereceu aplausos geraes do publico.
Joaquim fez os dois primeiros tentos dos alvos em dois arremessos de peito, desferidos no canto de forma indefensavel. Carreiro marcou o discutido tercero goal do S. Christovam. Do logar onde nos achávamos nos pareceu duvidosa a posição do intelligente crack alvo, que aliás jogou sempre adiantado. Entretanto o seu impedimento se accentuou para muito em virtude dos erros lamentáveis de Bibi e Zezé Procopio, principalmente o zagueiro, ligeiramente a frente de Carreiro quando a pelota esticada por Roberto foi parar na esquerda. Bibi não correu no sentido do player alvo. Preferiu parar e gesticular para o juiz, o mesmo succedendo a Aymoré, que só resolveu adiantar-se quando não era mais possivel qualquer defeza. 
O arbitro estava um pouco atrazado e não divisou com fidelidade a posição falsa de Carreiro, dahi não ter assignalado o impedimento. Todavia, a sua falha não foi intencional. 
 Fioravante D’Angelo, um juiz que vem se esforçando para merecer a confiança dos clubs cariocas, não teve uma actuação totalmente feliz. Entretanto justiça se lhe deve fazer. Foi imparcial sobretudo. Procurou acertar o máximo, assignalando as faltas com precisão e evitando como poude o jogo violento. O seu erro, isto é, o seu possivel erro na marcação do terceiro goal do S. Christovam foi passível de perdão. O lance foi rápido. Bibi parou e Carreiro foi malicioso e intelligente na jogada. Não teve o mesmo a menor intenção de prejudicar A ou B. 
Faltou-lhe energia para controlar certos jogadores, inclusive Alvaro e Peracio, que o cercavam para manter discussões. Peracio então se excedeu, compromettendo a sua condição elogiavel de um dos players mais disciplinados de nossas canchas. 
Fioravante D'Angelo podia ter expulsado o grande meia esquerda. Não fez talvez para não reduzir as possibilidades dos alvi-negros ante um revez eminente. Peracio agiu mal quando o seu quadro perdia por 3x2. A sua sahida, que não causaria surpreza, iria prejudicar mais do que nunca o próprio Botafogo. 
É preciso evitar futuramente essas scenas, agora que a lei das substituições impede o recurso de antigamente. O juiz precisa tambem desprezar o sentimentalismo e agir com energia em momentos de indisciplina. 
Fioravante D'Angelo, que sabe apitar e acima de tudo é honesto e criterioso, ainda não aprendeu a se impor... ao publico e aos jogadores. Só lhe falta essa parte credencial para se completar como um dos melhores árbitros da L. F. R. J. 
Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 66 de 12 de julho de 1939
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BOTAFOGO VENCE O C.R. VASCO DA GAMA

 Mais uma barreira transposta, mais uma victoria maiúscula do Botafogo. Desta feita cahiu o Vasco da Gama, num match que teve as características de uma revanche. Não se pode dizer que o esquadrão "leader" encontrou uma presa fácil de dominar. Muito ao contrario. 

Os vascainos perseguiram tenazmente o placard, numa tentativa louvável de conseguir uma rehabilitação frente á sua torcida. Não foi possível, entretanto, porque o Botafogo soube impor a sua classe e com o enthusiasmo de quem se atira em busca de um campeonato, os seus defensores empregaram-se de principio a fim dentro do mesmo espirito de lucta, destruindo todas as pretensões vascainas e investindo sempre com extraordinária aggressividade. Os dois tentos representam uma superior conducta em campo, principalmente no que se refere á homogeneidade, característica que faltou ao Vasco, cujo desacerto de suas linhas obrigou a extenuante esforço alguns dos seus valores, dentre os quaes destacou-se o guardião Nascimento, uma verdadeira muralha, bem auxiliado por Florindo e Zarzur.

Chega-se, assim, a conclusão de que o grêmio alvi-negro defendeu mais uma vez com méritos a sua invejável posição de pioneiro do campeonato, não havendo nenhuma duvida quanto a justiça que cercou o seu magnífico triumpho. Reappareceu nos nossos gramados fazendo uma actuação apreciável, moldada, no intuito consciencioso da ser imparcial, o arbitro Minotti Cataldi. Contribuiu para isso o comportamento disciplinar dos vinte dois jogadores.
 
Fonte: Sport Illustrado nº 72 de 22 de agosto de 1939
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PATESKO

 A phràse de Kiueschne é simples mas testemunha uma verdade, a maior de todas as verdades sobre Patesko e os factores que influem no grão de producção do atacante paranaense. Há jogadores do Botafogo aptos a cumprir uma performance normal, mesmo passando uma noite de vigília. Excepto Patesko. O nosso ponta esquerda terá que dormir no mínimo oito horas por dia. Não cumprindo tal determinação fracassara inevitavelmente. E a prova está no que ora, produz e no que produziu antes de conhecer os primeiros afagos dessa gloria que o collocou entre os mais completos extremas do continente sul-americano

Jornal O Globo Esportivo de 22 de julho de 1939
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