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quinta-feira, 12 de março de 2020

GALERIA DE HONRA LETRA P

 PAULO AZEREDO



Paulo Azeredo
PRESIDENTE DE OURO 
Geralmente é o drama vivido no momento, é o fato do dia ou a personalidade corrente que constituem o motivo determinante do engrandecimento ou da queda de uma pessoa. 
No ano de 1923, era levado a presidência do Botafogo um jovem e ardoroso botafoguense, Dr. Paulo António Azeredo. Ocupando pela primeira vez a direção máxima de um clube esportivo, recebeu logo de início o seu batismo de fogo neste tumultuoso ano, em que andou periclitante a existência de nosso querido clube. 
A tormenta foi terrível, porém Paulo Azeredo, dando uma demonstração do que viria a ser futuramente para o Botafogo, vivendo dramas conseguiu sobrepujar todos os obstáculos, trazendo harmonia para o seio da familia botafoguense, impondo desde logo sua personalidade e seu nome na história do clube. 
Assim é que no dia 15 de julho, em assembleia geral, foi aprovada a reforma dos estatutos com a criação de um Conselho Deliberativo. Este foi talvez o maior benefício prestado aa clube, por Paulo Azeredo, no seu primeiro curto porém fecundo mandato. 
Pessôas ha que podem lutar durante, anos seguidos, diariamente por determinada causa e ficar identificada com a mesma apenas de um modo anónimo, enquanto outras impelidas talvez por um poder supremo que se revela em todos os atos da humanidade, manifestam-se no momento preciso em que a realisacão se torna um ato inadiavel e imperioso, identificando-se perante a história. 
Parece que o destino indicou Paulo Azeredo, como a pessôa que deveria se apresentar no Botafogo, sempre nos momentos marcantes. Ao nascer do ano de 1925, no dia 2 de Janeiro, o Presidente da República, Dr. Arthur Bernardes, sancionou decreto do Congresso Nacional, autorisando o Govêrno a ceder, por aforamento, ao Botafogo, o terreno do campo, sito a rua General Severiano. 
Encontrava-se nesta ocasião na presidência do Botafogo o grande batalhador Oldemar Murtinho, e com este decreto do Govêrno voltou novamente a ser encarada as possibilidades da construção da sede e do estádio. 
Paulo Azeredo estava escolhido pelo destino para deixar seu nome e sua personalidade ligados profundamente a vida do clube que sempre foi um dos grandes sonhos de sua existência. 

A 17 de Dezembro, o Benemérito Oldemar Murtinho renunciou a presidência, sugerindo para este cargo a abnegada figura do vice-presidente Paulo Azeredo. 
Em reunião do Conselho Deliberativo, realisado em 14 de Janeiro de 1926, foi eleito presidente a figura inconfundível deste grande botafoguense que é Paulo Azeredo, tendo tomado posse no dia 21 e nesta data dado início a extupenda administração que se prolongaria por mais de um decênio. 
Iniciou imediatamente, com seu espírito empreendedor, a tratar de resolver situações e criar planos para a construção da nova séde. 
A 20 de Março de 1927 com o lançamento da pedra fundamental, teve início a grande aspiração de Paulo Azeredo, que se propunha em dar ao Botafogo uma Séde de acôrdo com a grandeza e as glórias do clube e com o valôr de seus quadros social e esportivo.

 Em reunião de 6 de Fevereiro de 1928, reconhecendo os grandes trabalhos prestados por Paulo Azeredo ao Botafogo, o que havia feito e vinha fazenda em lutas diárias para a construção em praso o mais rápido possível de nossa encantadora séde, o Conselho Deliberativo resolveu, numa atitude das mais justa e das mais simpáticas, conceder o título de Grande Benemérito a este dedicadíssimo botafoguense.
 Dezembro de 1928. — Mês e ano inesquecíveis para Paulo Azeredo e para toda a fa-ilia botafoguense. Concretizando velha aspiração, a nossa Séde, este encantador e suntuoso palácio colonial, erigido graças a pertinácia e dedicação de Paulo Azeredo e de seus notáveis companheiros, recebia no dia 2 a benção católica e no dia 15 a sua inauguração oficial com um memorável baile, que ainda hoje vive na lembrança do quadro social daquela época. 

Passam-se os anos e encontramos Paulo Azeredo sempre interessado em primeiro plano pelo progresso do Botafogo. Jamais se afastou da menina dos seus olhos, daquela para êle verdadeira Deusa que ajudara, com tamanhos sacrifícios, a erigir, a séde do Botafogo, a sua séde, o seu segundo lar; adorando a tal ponto a sua obra que esta sempre pronto a tomar como afronta ou mesmo uma ofensa pessoal qualquer cousa, por menor que seja, que qualquer um faça contra o Palácio Colonial.
Após 10 longos anos de grandes lutas, estafantes trabalhos e dedicação sem par, Paulo Azeredo se afasta da presidência, no dia 28 de Novembro de 1935 entrando em licença por tempo indeterminado. 
Grandes presidentes se seguiram a Paulo Azeredo; Rivadávia Corrêa Meyer, Darke de Mattos, Sergio Darcy, João Lyra Filho, Benjamim Sodré, Eduardo Trindade, Adhemar Bebiano, Oswaldo Costa, Carlos Martins da Rocha, Ibsen de Rossi, todos êles botafoguenses dedicadíssimos e trabalhadores e que muitas inesquecíveis glórias deram ao nosso pavilhão. 
Estamos no ano de 1952, a Prefeitura do Distrito Federal resolve, para tornar mais fácil o acesso de veículos a Copacabana, abril um tunel no morro do Pasmado, trazendo como resultado deste ato da Municipalidade a destruição quase total de nosso Departamento do Mourisco. 
E Paulo Azeredo? Seria que os 10 anos de grandes lutas e trabalhos haviam exaurido tudo aquilo que êle poderia dar ao Botafogo na posição de Presidente? 
"... enquanto outros impelidos talvez por um poder supremo que se revela em todos os atos da humanidade, manifesta-se no momento exato em que a realisação se torna um ato inadiável e imperioso..." 
Em Janeiro de 1954, Paulo Azeredo, em assembleia do Conselho Deliberativo, é novamente eleito Presidente do Botafogo. 
Com nossa séde do Mourisco quase totalmente destruida, praticamente sem piscina e sem quadra de baskete de volley-ball, Paulo Azeredo se viu na mesma situação de a 2 anos passados, com um outro grande empreendimento em mãos. 
Como que pressentindo estar predestinado a engrandecer o patrimônio material do Botafogo Paulo Azeredo não titubeou, lançando-se resolutamente ao trabalho. 
Contando com o apoio integral de todos seus companheiros de Diretoria, e principalmente com a colaboração diária e dedicada de seu Diretor de Patrimônio, Dr. Henrique Carlos Meyer, encentou todos os planos a execução de grandes obras que o Botafogo necessitava. 
Não se conformando em que ficasse inacabada, a obra que seu queridíssimo amigo, Grande Presidente Sergio Darcy com tanto sacrifício, com tanta audácia e com tanta ousadia, levara a efeito em nosso Estádio, só não a terminando por motivos fortemente independentes de sua vontade. Paulo Azeredo encara de frente este problema, e aí temos o resultado: o nosso Estádio, se não enorme, porém grandioso e lindo em sua formosa concepção e belas linhas. 
Dificuldades bem maiores foram as encontradas para levar avante a reconquista de nosso património na Praia de Botafogo. 
Somente aqueles que acompanharam de perto os trabalhos, as canceiras, os esforços empregados por Paulo Azeredo, poderão avaliar o de sacrifício e de abnegação êle teve de empregar para fazer praticamente do nada um criação.
Paulo Azeredo lutou desesperadamente contra o tempo, pois pretendia ao terminar o seu mandato em Dezembro de 1955, entregar ao quadro social, o nosso enorme e inestimável patrimônio arquitetônico com todas as suas obras já realisadas. 
Porém os obstáculos foram inúmeros e por dificílimos de serem superados, o ano terminando, as nossas obras quase terminadas, contudo faltando ainda bastante coisa a ser feita para seu término. 
A todos nós porém resta uma grande esperança, é a de que em 1956, ao ser no Botafogo feita a chamada: PRESIDENTE PAULO AZEREDO. Ouçamos em resposta a sua voz: 
PRESENTE 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 110 de dezembro de 1955
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A história do Botafogo está marcada por grandes nomes que dedicaram quase que a vida toda ao clube e minha “figurinha carimbada” de hoje foi um sujeito assim. Falo de Paulo Azeredo, o mais importante presidente que o clube já teve e o mais vencedor também.
Paulo Azeredo esteve junto ao Botafogo quando o time ainda jogava entre as palmeiras centenárias do Largo dos Leões. Como ainda não tinha idade para atuar ao lado dos mais velhos, ficava observando de perto aquele novo e fascinante jogo. Bastava a bola ser chutada para longe que ele ia correndo buscá-la Não dava para correr o risco de deixar o bonde passar por cima dela e estragar a brincadeira.
Sim, o futebol nesse tempo ainda era coisa de garotos. Garotos aqueles que, ali em Botafogo, fundaram o Electro Club, que logo se transformaria no Botafogo Football Club. Paulo acompanhou todo esse processo.

Em 1910 foi campeão infantil e em 1916 já estava no time principal. Isso sem contar as participações em outras modalidades esportivas.
O primeiro de seus três mandatos teve início logo em 1923. Depois assumiria entre 1926-36, sendo responsável direto pelo tetracampeonato carioca, conquistado entre 32 e 35, feito que só o Botafogo conseguiu até hoje. Dois gringos foram contratados para a Comissão Técnica: o treinador inglês Charles Williams e o húngaro Nicolas Ladanyi, que atuaria como supervisor. Só que o britânico não foi muito com a cara de Nicolas que, aliás,  tinha muito mais prestígio entre os jogadores do que ele. Decidiu, então arrumar as malas e voltar para os braços de Sua Majestade. Ladanyi assumiu o comando e chamou o grande artilheiro Nilo Braga (190 gols em 201 jogos) para fazer dupla função: de goleador e de assistente.

A história de General Severiano também passa pelas mãos de Paulo Azeredo. Depois de deixar o estádio da rua Voluntários da Pátria, o clube tinha adotado aquele campo como seu, mas não havia nada sacramentado oficialmente. Como investir em melhorias? Pois foi Paulo que conseguiu, através de seu pai, convencer o presidente Arthur Bernardes a autorizar o aforamento do terreno para o Botafogo. Não bastasse, comandou a construção do palacete, em 1928. Dez anos depois, após o sucesso da “Campanha do cimento”, ficavam prontas as arquibancadas e era inaugurado o novo estádio, considerado, na época, como o mais bonito do Brasil.

Paulo Azeredo voltaria ao comando do Botafogo entre 1954/1963, para grandes e inesquecíveis conquistas, começando pelo título carioca de 57 com uma sonora goleada de 6×2 sobre o Fluminense. E depois montaria o time que encantou o mundo com Nilton Santos, Didi, Garrincha, Zagallo e cia. Craques que foram a base da Seleção e que garantiram os dois primeiros título mundiais para o Brasil.
No final dos anos 50, mais uma grande obra. Ficava pronta a sede do Mourisco, na praia de Botafogo que, quarenta anos depois garantiria nossa volta para General Severiano, numa permuta com a Companhia Vale do Rio Doce. Mas isso já é outra história…

Durante essa última administração, Azeredo ficou conhecido como o “Presidente de Ouro”. O Botafogo chegou a conquistar 120 títulos em um único ano em todas as modalidades que o clube disputava. Éramos campeões de terra (futebol, esportes coletivos e atletismo), mar (remo e natação) e ar (aeromodelismo).
 
Recentemente o clube instituiu o Prêmio Paulo Azeredo para homenagear botafoguenses históricos. E nada mais justo do que utilizar o nome de nosso Grande Benemérito.

Feliz do clube com tantas “figurinhas” e tantas histórias para contar.

Fonte: Rádio Botafogo publicado no ano de 2012
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Aclamação de - PAULO AZEREDO

Por imposição de todas as correntes botafoguenses, a incomparável figura de Paulo Azeredo, o Presidente Campeoníssimo, o construtor de nosso Patrimônio, Pacificador da família alvinegra, mais uma vez, teve de adiar o seu sincero desejo de deixar nosso posto maximo e foi aclamado Presidente para o biênio 62-63, na memorável sessão do Conselho Deliberativo, de 27 de dezembro próximo passado.

Com 116 membros presentes, o Conselho reuniu-se sob a presidência do Dr. Luiz Aranha, secretariado pelos Drs. Alceu de Oliveira Castro e Valed Perry, tendo o Dr. Manoel Cavalcanti, em formidável oração, proposto a aclamação de nosso grande Presidente, o que foi saudado por impressionante e unânime ovação.
A mesa, entretanto, baseada nos Estatutos, argumentou que tomava a aclamação como uma manifestação prévia, mas que procederia a eleição, o que efetivamente fez, sendo eleitos sob palmas delirantes, para a presidência, o Dr. Paulo Azeredo e para as vice-presidências, os Drs. Sergio Darcy, Ney Cidade Palmeiro e Manoel Maria de Paula Ramos.

Na mesma reunião o Conselho aprovou o orçamento para 1962, concedeu o título do Sócio Honorário aos srs. João Havelange, Antonio Laviola, Brigadeiro Helio Costa e Ivo Magalhães, pelo muito que têm auxiliado o Clube, no processamento das obras do Mourisco e a Emerência as bi-campeõts de Basketball, Lúcia Maria Borges, Waldéa Coutinho Mendes e Wilma Regina Gantert, tendo, ainda, o conselheiro Adherbal de Souza Bastos, ofertado ao Clube, uma linda Bíblia.

A 2 de janeiro, em sessão extraordinária especial, presidida pelo Dr. Luiz Aranha e secretariada pelos Drs. Alceu de Oliveira Castro e Oswaldo Palmeira, foram solenemente empossados os eleitos, tendo falado o Presidente Paulo Azeredo, profundamente comovido, agradecendo sua eleição,o Vice-Presidente Sérgio Darcy, em nome dos vice-presidentes e o Dr. João Havelange Presidente da CBD. que recebeu emocionado o seu titulo de Sócio Honorário.

Foi, também, aprovada a indicação feita pelo Presidente Paulo Azere-do, dos diretores dos sete departamentos, que vai publicada em outro local, na constituição da Diretoria.

Conselheiros presentes a reunião de 27-12-61: Álvaro de Oliveira e Silva, Eurico Carríon de Mattos, Iodo do Couto Ramos, Moysés Pinheiro, Claudio Pontual da Costa Ribeiro, Rodolpho Corrêa, Emilio Beaklini, Roberto Porto, lbsen De Rossi, Tasso Moreira, Alkindar Dutra de Castilho, Eurico Pedroso Filho, Annibal de Araujo Leite, Angelo Caseiro, Mario Luíz de Lima Lages, Alceu Mendes de Oliveira Castro, Octavio Pinto Guimarães, Antonio Farias de Araujo, Gilson Braga da Fonseca, Paulo Teixeira Soares, Raphael Galvão Tunior, Raymundo Muniz Cantanhede, Antonio Jose da Lima Camara, Rubem de Lima Carvalho, Henrique Diniz, Canôr Simões lho, Rivadavia Tavares Corrêa Meyer, Luiz Felipe Raposo, Henrique Sadok de Sa, Carlos Martins da Rocha, Almir Maciel, Dirceu Guimarães, Edmundo Falcão da Silva, Sergio Darcy, Miguel Couto Filho, Roberto Dreyfus, Joaquim Baltar Filho, Luiz Aranha, Pedro da Costa Couto, Hermann Guimarães Palmeira, Benedito Leite, Enio Carvalho de Oliveira e Francisco Silva Rosa.

Conselheiros presentes a reunião de 2-1-1962: Luiz Dias, Alceu Mendes de Oliveira Castro, José Elysio Condé, Leão Marques Pereira, Antonio Martins Garrido, Paulo A. Azeredo, Álvaro de Oliveira e Silva, Emmanuel Calheiros Sodré, Annibal de Araujo Leite, Rodolpho Corrêa, Jose Luiz Vianna, Adolpho G. Siqueira Junior, Tasso Moreira, Clovis Soares Dutra, lbsen De Rossi, Raymundo Moniz Cantanhede, Antonio Farias de Araujo, Simplicio Barbosa de Carvalho, Luiz Aranha, Mario de Barros, Mario Ferreira, Orido Pinheiro, Frederico Murtinho Braga, Edgard Côrte Real, Fernando Dias, Raphael Galvão Junior, Paulo Rubens Monte, Helio Miranda Land, Anselmo Corrêa Mascarenhas, Francisco Silva Rosa, Ney Cidade Palmeira, Roberto Dreyius, Antônio Jose de Lima Camara, Sergio Darcy, Sebastião Mota Ribeiro de Vasconcelos, Manuel Maria de Paula Ramos, Henrique Carlos Meyer, Mario Pinto do Amaral, Manoel Baptista dos Santos, Mario
Lima Lages, Alaor Teixeira de Godoy, Gilson Braga da Fonseca, Manuel Cavalcanti, Oswaldo Guimarães Palmeira, Angelo Cascão, Rolando de Lamare, Paulo Carneiro da Cunha, Benedito Leite, Eduardo Simão, Publio Costa  Neto, Durval Thompson, Cídio Carneiro, Ary Fernandes Soares, Claudio Pontual da Costa Ribeiro, Danilo Barbosa Gomes Carneiro, Carlos Magalhães, Eli Bahia de Almeida. Luiz Felippe Raposo, Alkindar Dutra de Castilho, Francisco Antonio Coelho, Almir Maciel, Euclydes Corrêa Pinto, Leonel Jose Peixoto, Jose Carneiro Felippe Filho, Henrique Sadok de Sá, Adherbal de Souza Bastos, A. Paranhos Fontenelle, João Baptista de Alvarenga, Yotar Wright de Castro, Octavio Pinto Guimarães Jose Francisco Serrano, Sergio Ney Palmeiro.

Acervo particular Ângelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 183 fevereiro de 1962
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Paulo Antônio Azeredo, gandula na fundação e artífice de títulos

Paulo Antônio Azeredo foi um dos grandes presidentes que revolucionou a gestão do Botafogo Football Club. Paulo Azeredo foi presidente pela primeira vez em 1923, depois entre 1926-36 (solicitando dispensa em 1935 e dando lugar a Rivadávia Corrêa Meyer) e, finalmente, após a fusão, entre 1954-63.

Azeredo foi o primeiro ‘gandula’ do Botafogo, quando ainda existiam as palmeiras do Largo dos Leões como baliza, porque não tinha idade para jogar. Flávio Ramos, entrevistado anos mais tarde, refere-se a Paulo Azeredo como “menino também, desmontando de seu ‘poney’ e encostando-se a uma palmeira, para torcer, como nosso primeiro ‘gandula’” (Castro, 1951: 14-15). Mas o ‘gandula’ foi campeão infantil em 1910, tornou-se veterano em 1916, benemérito em 1925 e grande benemérito em 1939.

Nos primeiros anos, entre 1912 e 1924, o Botafogo precisava de uma garantia de campo que lhe permitisse expandir o seu património, de tal modo que fosse possível aumentar a arquibancada e construir a sede social, um ‘velho’ sonho botafoguense. Então, iniciou-se uma campanha para tornar perpétuo o aforamento do terreno. O dirigente desta campanha foi precisamente Paulo Azeredo, que influenciou o seu pai, que era político, a interceder pelo Botafogo. A 2 de Janeiro de 1925, o Presidente da República, Arthur Bernardes, sancionou o decreto do Congresso Nacional que autorizava o aforamento do imóvel ao Botafogo.


Entretanto, em 1926, com o seu entusiasmo e empreendedorismo, o novo presidente levou uma alma nova ao Botafogo. Alceu Castro refere-se assim ao presidente: “Foi eleito presidente o vulto inconfundível de Paulo Azeredo, que assim iniciou sua magnífica administração (…) que daria ao Botafogo as maiores glórias esportivas, morais e materiais” (Castro, 1951: 265).

Paulo Azeredo percebeu que era necessário voltar a conquistar títulos, pois o Botafogo ia fazer quase duas décadas sem ser campeão carioca. Então, o presidente montou uma nova comissão técnica, muito mais eficiente do que as anteriores.


A Comissão foi composta pelo médico Victor Guisar, pelo técnico inglês Charles Williams e por um superintendente, o húngaro Nicolas Ladanyi. O húngaro vinha com tal prestígio que levou o técnico Williams a solicitar a demissão e quem passou a auxiliar o novo técnico Ladanyi foi Nilo Braga, que se manteve a jogar e a marcar gols.

Esta estrutura, montada a partir da presidência, permitiu ao Botafogo tornar-se tetracampeão carioca e conquistar cinco títulos em apenas seis anos. As campanhas destes títulos assinalaram 75 vitórias, 22 empates e 16 derrotas, 320 gols a favor e 176 contra, e o goleador Carvalho Leite marcou gol em 79 ocasiões.


Foi por esta época que houve uma grave cisão no futebol carioca e levou à existência de duas ligas. O Botafogo, defendendo aquilo que na época se considerava as tradições do desporto carioca, repudiou o profissionalismo implantado em 1933 e ficou a disputar o torneio da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), então a entidade oficial filiada na Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

Na presidência de Paulo Azeredo foi construída a sede em 1928, e a Mourisco-Pasteur, em finais da década de 1950, também se realizou sob a sua presidência. Foi também durante a presidência de Paulo Azeredo que ficou aberto o caminho para a fusão do Botafogo das regatas com o Botafogo do futebol.

Quer os botafoguenses de terra, quer os de mar, desejavam a união entre os dois clubes e foi Paulo Azeredo, juntamente com Viveiros de Castro, que, em 1931, incumbiu Alceu Mendes de Oliveira Castro de sondar o seu primo, António de Oliveira e Castro, a maior figura do Club de Regatas Botafogo, legendário campeão de remo de 1902, sobre a fusão dos dois clubes. A decisão do 'Almirante' foi favorável, embora adiada devido à grande influência do Fluminense no CR Botafogo.

Paulo Azeredo esteve presente na fusão do Botafogo, tendo sido quem sugeriu a designação de Botafogo de Regatas e Futebol, acabando por se inverter as modalidades e vingar o ‘Futebol e Regatas’.

O grande dirigente foi, nessa qualidade, campeão carioca de futebol por oito vezes: 1930, 1932, 1933, 1934, 1935, 1957, 1961, 1962. Na última administração de Azeredo o Botafogo atingiu a famosa marca de 120 títulos num único ano em todas as modalidades praticadas, sagrando-se campeão de terra (futebol), mar (remo) e ar (aeromodelismo).

Fontes principais
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone
Pepe, Braz; Miranda, Luiz Felipe; Carvalho, Ney Óscar (1996), Botafogo – O Glorioso. Uma História em Preto e Branco. Rio de Janeiro: Ney Óscar Ribeiro de Carvalho
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Presidentes do Botafogo de Futebol e Regatas

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