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quinta-feira, 12 de março de 2020

GALERIA DE HONRA LETRA A


Antonio Mendes de Oliveira Castro 

Por proposta do Presidente do clube, foi proclamado Grande-Benemérito do Botafogo, o Dr. Antonio Mendes de Oliveira Castro. Sõbre a mesma, falou o conselheiro Miranda Faria que disse, em brilhantes palavras, da emoção de que se achava possuído, como veterano do antigo clube de regatas, de assistir à homenagem que se prestava ao velho "Almirante", uma das maiores glorias do desporto nautico brasileiro e um dos grandes baluartes do clube, terminando por propor que se fizesse a proclamação por aclamação, o que foi incontinente executado pelo Conselho Deliberativo, sob estrondosa salva de palmas. Melhor do que nossas modestas palavras, exprime a proposta abaixo transcrita, o que foram os extraordinários serviços do novo Grande-Benemérito: "Exmo. Sr. Presidente do Conselho Deliberativo do BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS: Temos o dever e a satisfação de apresentar a V. Ex. a presente proposta para o seu competente encaminhamento ao egrégio Conselho Deliberativo, na fôrma dos artigos 5º — III e 3º, paragrafo 4º do Estatuto: Considerando que todos os grandes beneméritos do Botafogo de Futebol e Regatas são originários do antigo Botafogo Futebol Clube; considerando que tal fato se verifica porque os Estatutos do antigo Clube de Regatas Botafogo não cogitavam da existência de tal classe, pois, da contrário, de há muito seria grande benemérito, um dos maiores vultos do desporto náutico nacional; considerando que, pela fusão dos dois antigos clubes, o Botafogo tornou-se um e indivisível, impondo-se, como de, toda a justiça, á proclamação à grande benemerência do Dr. Antonio Mendes de Oliveira Castro, figura impressionante de desportista, toda ela ligada ao glorioso pavilhão de nosso clube; considerando que o Dr. Antonio Mendes de Oliveira Castro entrou para o quadro social do então "GRUPO DE REGATAS BOTAFOGO", em outubro de 1894, sendo logo após eleito seu Secretário, tal a dedicação evidenciada; considerando que já no ano seguinte o referido consócio estreava no remo defendendo bravamente as cores do clube, para, em 1899, levantar o campeonato do Rio de Janeiro, como sota-prôa da invencível DIVA, canoe a 4 remadores. considerando que, em 1902, Antonio Mendes de Oliveira Castro realizou uma das maiores proezas do remo nacional, levantando na canoe, também denominada DIVA, o campeonato do remador do Rio de Janeiro, no fantástico e inegualado tempo de 3 minutos, 57 segundos e 2/5 em 1.000 metros, o que lhe valeu uma crônica consagradora de Olavo Bilac, constante de nossos anais; considerando que, logo depois dessa vitória célebre, deixou de competir, sendo proclamado sócio benemérito e eleito Diretor de Regatas; considerando que passou a prestar, como administrador e dirigente, os mais assinalados serviços ao Clube, como Diretor de Regatas que foi de 1902 a 1920, formando e orientando gerações e gerações de remadores, que deram ao Botafogo as maiores vitórias; considerando que, eleito Vice-Presidente na administração Alvaro Werneck, revelou-se notável administrador; considerando que, por três vezes seguidas eleito Presidente do Clube, em 1924, 25 e 26, realizou tão extraordinária administração que, mantendo em constante progresso o Clube, deixou em Caixa um saldo de aproximadamente 130.000 cruzeiros, quando tinha como única fonte de arrecadação as mensalidades dos associados; considerando que o Dr. Antonio Mendes de Oliveira Castro prestou, também, os mais assinalados serviços aos desportos nacionais, como fundador que foi da C.B.D. e seu segundo Presidente e como Secretário Geral do Comité Olimpico Nacional; considerando que representou o Clube, por mais de vinte anos na então Federação Brasileira das Sociedades do Remo, da qual foi, também, fundador e Vice-Presidente em 1915 e 1916 e da qual é membro e Presidente Honorário; considerando que, mesmo depois de afastado dos cargos administrativos, continuou a prestar ao Clube, expontanea e cotidianamente e até bem pouco tempo, o segredo de sua experiência e de sua constante assistência; considerando que todos êstes impressionantes e incomparáveis serviços foram prestados após á já referida concessão, em 1902, do título de Benemérito, pelo que se impõe, de toda a justiça, a concessão de um novo título a quem tanto honra o querido pavilhão alvi-negro da estrela solitária; considerando, além do mais, que tal concessão é uma especial homenagem à Secção Náutica do Clube, que se orgulha de ter tido como Presidente tão notável desportista: Propomos seja conferido ao Dr. Antonio Mendes de Oliveira Castro, na fórma do Estatuto em vigôr, o título de GRANDE BENEMÉRITO do Botafogo de Futebol e Regatas, transmitindo, assim, ao Egrégio Conselho Deliberativo, uma proposta unanime da Diretoria que presidimos e que também é a nossa . 
Carlos Martins da Rocha Presidente."

Acervo particular Alceu  Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 68 de maio de 1948
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ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO
Sessão de Diretoria

O presidente Carlos Rocha e os Drs. Alceu O. Castro e Cyro Aranha
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Proponho a concessão do titulo de benemérito a Alceu Mendes de Oliveira Castro. 
Figura singular, de projeção indiscutivel em todas as esferas da atividade botafoguense, a sua personalidade ganhou desde os verdes anos se sua existência êsse traço, que lhe vem do berço, de confundir no gentleman as qualidades de seu trato pessoal com o ser a guarda avançada das mais nobres tradições do BOTAFOGO. 
De longa data vem dedicando diariamente uma parte da sua atividade fecunda em escrever a história do BOTAFOGO. Os boletins mensais, desde muitos anos, consignam essa faceta valiosa de Alceu, e posso anunciar que, breve, sairá à lume  o livro de sua autoria e que perpetuará a nossa gloriosa história. 
O elegante escritor revela suas qualidades de ensaista e filosofo no volver das páginas despretensiosas do seu magnifico livro, que a critica elevada ha de lhe reconhecer. 
Mas revelarei ainda outros méritos que por igual  o tornam merecedor da benemerência. Botafoguense desde infantil, em 1915, sócio contribuinte em 1922 e proprietário em 1929, ano em que ingressou no Conselho Deliberativo onde se mantem até hoje.
Fez parte da administração do Clube, como 1º Secretário da presidência benemérita de Paulo Azeredo, da qual foi diretor 5 anos, em 1929-1930 e 1933-1935, êste último da agitada luta esportiva que, naquela época, cindiu esporte nacional. 
A folha de serviços os mais assinalados, não cessou com essa enumeração. Foi suplente do Conselho Consultivo e fiscal em 1943 e tem colaborado intensa e produtivamente em todas as campanhas do BOTAFOGO, como nas da construção da séde e do estádio. 
A sua projeção é marcante, também, nas entidades a que se vinculou o Clube, tendo exercido com brilho e devotamento os cargas de membro do Conselho de Julgamentos da A.M.E.A. em 1931 e Secretário Geral da Federação de Tenis, em 1933. Atualmente é o eficiente e provécto Diretor do Departamento de Comunicações, na actual administração, sendo excusado dizer do sua diária assistência pessoal a todos os setores de atividade do Clube. 
Incansável, sereno, competente, o seu "panache" é a grande modéstia, que, todavia, não —e impede de revelar a sua dedicação aos esportes amadores, encontrando sempre algum tempo para incentivar os atletas do Clube na defesa do brilho e da glória do nosso pavilhão alvi-negro. Todo o Clube tem o seu animador escondido que, dispondo, por assim dizer, do dom da ubiquidade, está ao mesmo tempo presente em todos os lugares onde quer se exercitem as nossas atividades. E, se me permitir a sua recatada modéstia, eu proclamo êsse animador varonil do nosso BOTAFOGO na pessôa de Alceu Mendes de Oliveira Castro. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 88 de janeiro de 1950
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 90 de março de 1950
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 95 de agosto de 1952
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Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 96 de setembro de 1952
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JUBILEU DE INESQUECÍVEL FAÇANHA . 
1902 - 1952



Comemora-se a 12 do corrente, o jubileu de uma das mais extraordinárias façanhas  náuticas do Botafogo: a conquista do primeiro campeonato do remador, proésa épica de ANTONIO MENDES OLIVEIRA CASTRO, no tempo até hoje inigualado, de três minutos, cinquenta e sete segundos e três décimos em mil metros. 
fetivamente, foi no memorável ano de 1902 que o nosso hoje Grande Benemérito logrou sua inacreditável vitória, sobrepujando, sob o delírio da multidão, renômados remadores estrangeiros: o alemão Max Binder, campeão europeu  do Natação e o inglês Eduardo May, do Icaraí.
E o maior galardão que recebeu Castro, foi á crônica imortal  de Olavo Bilac, o Poeta do Brasil: 
"Três horas da tarde, ontem, na, praia Botafogo. O céu, cinzento e feio, peneira urna chuva miuda. Mas, na praia, nas casas e nas arquibancadas,  e no mar, nas lanchas e nas baleeiras que oscilam á flôr d'água — ninguém sente frio cortante do vento, nem o borrifo impertinente da chuva. Uma ansiedade ofegante concentra os olhares, as atenções de todos, no fundo longínquo da baía, de onde partem, para disputar o campeonato do Remo, Diva, Memphis e Myth, os três canoés pequeninos e esguios, tão pequeninos que fazem apenas uma sombra quase imperceptível na face dágua cinzenta. 
Os primeiros segundos são de silêncio ancioso. Mas, logo, um primeiro grito parte do seio da multidão. 
Já mais perto, os três esquifes cortam a água... Memphis abandona a carreira... Diva Diva — bradam mil bôcas... E é entre aclamações delirantes que o canoé do Clube Botafogo chega à baliza do vencedor, — ainda trêmulo e arfando ao impulso dos remos vibrantes. As bandas de música tocam o Hino Nacional, silvam as lanchas, estrugem foguetes, e entre as baleeiras que levam remos ao alto, passa em triunfo o "Campeão do Remo". Ora, convém antes que esfrie êsse entusiasmo, e antes que se disperse extinto o éco dessas aclamações, registrar que não aplaudimos ontem unicamente uma vitória do esporte. Oliveira Castro, o amável e robusto rapagão que foi ontem aclamado Campeão do Remo, é brasileiro, filho de bra-ileiros e neto de brasileiros. 
O que me leva a pôr em realce essa circunstância, não é, está claro, um mesquinho interêsse de chauvinismo; será, sim, um interêsse de patriotismo. 
Eu aplaudiria, do mesmo modo, o "Campeão do Remo" se ele fôsse um estrangeiro, criado e educado no Brasil... Mas o fato de caber a vitória do campeonato a um brasileiro, descendente de brasileiros, tem para mim uma alta significação: vem destruir a balela, tão comunmente assoalhada, de que a nossa raça é uma raça depauperada e inútil. 
Quando eu era criança, a gente de minha idade era quase tôda, como eu, anêmica e enfezada: a nossa educação era de um sistema de carrancismo e de erros. Hoje, a educação é outra. 
Bastaram quinze anos para mudar a face das coisas. A mocidade de hoje é desempenada, e ágil, porque não vive como a do meu tempo, confinada dentro de casa, sujeita à disciplina de um estúpido regime que só podia preparar moleirões e neraustênicos. Antigamente, só os estrangeiros se davam, no Rio de Janeiro, à prática dos esportes: e sempre que um brasileiro entrava em jogos físicos, em competência com um estrangeiro, a vitória do estrangeiro era certa e segura. Hoje, no remo, na equitação,na ginástica, no futebol, no ciclismo, na esgrima, já, temos os nossos campeões  que não receiam medir fôrças com qualquer país. 
O que nós aplaudimos ontem, na pessoa do nosso querido Oliveira Castro, tão querido pela bravura e pela sua destreza, como pelas suas qualidades de perfeito gentleman, foi a regeneração da nossa raça, foi a glória do nosso sangue, foi o futuro da nossa pátria.
Ao nosso hoje velho e querido "Almirante", sempre ligado ao pavilhão da Estrela Solitária que tanto soube elevar quer nas lides desportivas, quer nos altos postos de direção, os votos de felicidades do Boletim, no transcurso de tão gloriosa data. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 97 de outubro de 1952
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DR. ANTONIO MENDES DE OLIVEIRA CASTRO 

Aos 74 anos de idade, faleceu, a 27 de Outubro, enchendo de tristeza a família alvi-negra, o Grande Benemérito Dr. Antonio Mendes de Oliveira Castro que, de 1924 a 26 ocupou com raro brilho a presidência do C. R. Botafogo, tendo sido a figura mais notável, por muitos anos, do esporte náutico carioca, o que lhe valeu o cognome de "Almirante". Oliveira Castro foi o segundo presidente da C.B.D. e ocupou, também, a Presidência da F.M.R., tendo deixado ainda, o seu nome de atleta militante, ligado a extraordinária façanha que relembramos em nosso n. 97; a conquista inegualável do primeiro campeonato brasileiro do remador, em tempo até hoje record, cincoenta anos passados. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 99 de dezembro de 1952
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Jogos da Primavera

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Junhgsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 99 de dezembro de 1952
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DR. ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO - Diretor do Departamento de Comunicações Botafoguense nato; infantil, em 1915; contribuinte em 1922; proprietário, em 1929 e benemérito em 1949. Por duas vezes, como 1º secretário, fez parte da notável administração Paulo Azeredo, em 1929-30 e, depois, em 1933-35. Membro do Conselho de Julgamentos da A.M.E.A. em 1931; secretário geral da Federação de Tenis em 1933; suplente do Conselho Consultivo do clube em 1943 e, por último, Diretor do Departamento de Comunicações de 1948 até hoje, sendo os quatro primeiros anos, na gloriosa administração Carlito Rocha e os dois unimos, na presidência Ibsen De Rossi. Dedicado apoiador do volley-ball e autor do histórico "O Futebol no Botafogo - 1904-50", tendo em elaboração, para o sessentenário, com a colaboração decisiva de Carneiro Felippe, a história dos esportes amadoristas no Botafogo, de 1894 até hoje. Advogado militante.

Arquivo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR n 100 de fevereiro e março de 1954
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RUMO A CAMBUQUIRA 
A 17 do corrente seguirá para Cambuquira, afim de participar dos tradicionais jogos Abertos daquela famosa e linda estância de águas, a delegação botafoguense de volley-ball feminino, que será chefiada pelos nossos diretores Alceu Mendes de Oliveira Castro e Margarida Tereza Nunes Leite.
Participarão da excursão as seguintes atletas: Marise Macedo Ribeiro, Terezinha Leite da Silva, Idalina Menezes Peralva, Roma Zanzoni, Gilda Boettcher Sales, Yara Rodrigues Fernandes, Ivany e Yvone Rivera, Suzana Bokor, Guiomar Gomes de Sá, Mirene Campos Furtado, Ana Maria Cerqueira Leite, Lébia de Melo lacovo, Lucia Mendes de Oliveira Castro, Ilse e Vera Doerzapff. 
A delegação terá, ainda, a companhia dos consócios Andor Bokor e Exma. Senhora Elza Bokor, Claudio Pontual da Costa Ribeiro e Exma. Senhora Dora Pinto da Costa Ribeiro, José Brito Freire, Francisco Brito, Raul Fioralti Filho, Antonio Anibal Gomes e Erasmo Casal. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 102 de maio de 1954
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Jogos Abertos de Cambuquira
Do relatório do Dr. Alceu de 0liveira Castro, extraímos o seguinte: "Senhor Presidente : Sob nossa chefia, na manhã de sábado 17 do corrente mês, seguiu a delegação volley-ball feminino para os XIV JOGOS ABERTTOS DE CAMBUQUIRA, deixando Mourisco às 7 horas da manhã, em camionete alugada por intermédio do Sr. Andor Bokor e no carro de propriedade dêste prezado consócio. A delegação ficou assim constitui Chefe, Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro; atlétas: Margarida Tereza Nunes Leite (diretora de voleibol feminino), Marise Macedo Ribeiro, Terezinha Leite da Silva; Idalina Menezes Peralva, Roma Zanzoni; Gilda Boettcher Sales, Ivany Benita Rivera, Yara Rodrigues, Myrene Campos Furtado, Ana Maria S. W. Cerqueira Leite; Suzana Bokor; Yvone Amelia Rivera, Lucia Mendes de Oliveira Castro; Ilse Kostanze Doerzapff e Vera Doerzapff; acompanhantes, sr. Andar Bokor e exma. senhora, Sr. Claudio Pontual da Costa Ribeiro, Raul Fiorati Filho, Antonio Anibal Gomes, José Brito Filho e a filhinha e progenitora da atléta Yara Rodrigues. Almoçámos às 11,30 em Rezende, lanchamos às 16,30 em Caxambú e chegamos estafados a Cambuquira, pois a estrada está pésima, às 19,15, sendo hospeda como no ano anterior, no Hotel Elite cujo proprietário, Sr. Jary, grande amigo dos botafoguenses, fizera questão de hospedá-los, não deixando submeter-nos sorteio que distribue as delegações vários clubes pelos diversos hoteis cidade. Na manhã seguinte, em companhia Margarida Leite, comparecemos ao congresso dos clubes, que teve a assistência do Fluminense e Tijuca, do Rio; Atlético Mineiro, Minas T. C. e Velocino, de Belo ante; Santos e Jaraguá, de São Paulo, Muriaé, da cidade de igual nome e Santo Antonio, de Três Corações, tendo normalmente organizadas as tabelas. 

Na mesma ocasião recebemos veemente apelo do distinto desportista Mupyr Monteiro, um dos tradicionais e principais organizadores dos JOGOS ABERTOS, para que cedessemos quatro jogadoras, para, com do S. C. Pinheiros, de São Paulo, constituirem o quadro do Jaraguá, pois, ao contrário, êste não poderia participar dos jogos. 
Considerando as grandes gentilezas que desde vários anos o Botafogo vem recebendo de Mupyr Monteiro e não havendo inconveniente algum, cedemos quatro de nossas atlétas novatas, Lucia de Oliveira Castro, Yvone Rivera, Ilse e Vera Doerzapff, que, com grande desportividade, compreenderam perfeitamente que cooperavam para uma retribuição de delicadezas, tendo ainda a vantagem de poder jogar e ganhar cancha e experiência. 
A tarde de domingo fizemos um set de apresentação contra o Velocino e perdemos por 15 x 12, apresentando um quadro improvisado, pois tal jogo não contava pontos. 
Segunda-feira, 19, pela manhã, realizou-se o grande desfile pelas ruas da cidade, tendo sido aplaudidíssima a nossa delegação, que desfilou garbosamente, conduzindo o pavilhão alvi-negro a valorosa atléta Ivany Benita Rivera. 
À tarde do mesmo dia, estreámos nos jogos abertos e vencemos nossa filial — o Jaraguá,  por 15 x 14 e 15 x 9, atuando 
nessa as quatro atlétas cedidas e, à noite, Margarida serviu de árbitro no jôgo Atlético x Muriaé, tendo recebido expressivas manifestações como primeiro juiz feminino que atuou nos JOGOS ABERTOS e, quiçá, no Brasil. 
A 20, o Jaraguá, sempre com Lucia, Yvone, Ilse e Vera, foi desclassificado pelo Santo Antonio, perdendo por 2 x 0 (15 x 12 e 15 x 2), e, a 21, o Botafogo, em tarde bastante infeliz, foi vencido pelo forte quadro do Velocino por 15 x 12 e 15 x 3.
Na manhã seguinte, 22, porém, a equipe reabilitou-se, vencendo brilhantemente o Atlético Mineiro por 2 x 1, em magnífica luta.
Após o almôço, nesse dia, homenageamos com uma flâmula e uma fotografia da equipe, o Sr. Jary, proprietário do Hotel, e, à noite, acompanhámos nossa querida atléta Marise Macedo Ribeiro, Princesa do Botafogo, ao concurso da Rainha dos Jogos, o qual foi vencido pela atléta Celma, do Minas Tenis Clube. 
A 23, pela manhã, nossa equipe enfrentou bravamente o esquadrão do Fluminense, campeão carioca, e, lutando de igual para igual, não teve chance e foi derrotada por 15 x 11 — 15 x 13, encerrando, assim, em 4º lugar, os seus compromissos, ocupadas as três primeiras colocações pelo Minas T. C., Fluminense e Velocino, respectivamente. 
No sábado, 24, pela manhã, realizou-se a Gincana Automobilística, dela participando Marise, que obteve a segunda colocação, Margarida e Myrene. A 25, às 8 horas cia manhã, na mesma condução, seguimos de volta ao Rio, onde chegámos às 19 horas, após nova estafante viagem, que teve como fato digno de realce, o gesto de Margarida Leite, dirigindo, com grande perícia, em largo trecho da Estrada Presidente Dutra, a camionete. 
DADOS TÉCNICOS 
Jôgo de apresentação, contra o Velocino, em 18/4, à tarde. Resultado: Velocino, 15 x 12 (set único). Equipe: Idalina, Terezinha, Ivany, Marise, Suzana (Gilda) e Ana. 
TORNEIO ABERTO jôgo contra o Jaraguá, em 19/4, à tarde. Resultado: Botafogo, 2 x 0 (15 x 4 - 15 x 9).
Equipe : Gilda, Roma, Vara (Ivany), Marise (Margarida), Idalina (Suzana) e Terezinha (Ana). 
2º jôgo — contra o Velocino, em 21/4, à tarde. Resultado: Velocino, 2 x 0 (15 x 12 - 15 x 13). Equipe: Idalina, Terezinha (Margarida), Gilda (Ivany), Roma, (Aana), Yara e Marise. 
3º jôgo — contra o Atlético Mineiro, em 22/4, pela manhã. Resultado: Botafogo, 2 x 1 (13 x 15 - 15 x 8 - 15 x 11) . Equipe: Idalina, Roma (Terezinha), Gilda (Yara), Margarida, Ivany e Marise. 
4º jôgo - contra o Fluminense, em 23/4, pela manhã. Resultado : Fluminense, 2 x 0 (15 x 11 — 15 x 13) 
Equipe: Idalina, Terezinha (Roma), Gilda, Margarida, Ivany e Marise. 
RESUMO
JOGOS, 5. VITÓRIAS, 2. DERROTAS, 3. Jogaram: Idalina, Terezinha, IvanY, Marise e Gilda, 5 vezes; Margarida e Roma Zanzoni, 4; Yara e Ana, 3; Suzana, 2.
Encerrando, Sr. Presidente, queremos ressaltar que, se não foram grandes os resultados técnicos alcançados, de qualquer maneira, pela sua desportividade, lisura e correção, nossas valorosas atletas, tendo à frente a figura ímpar de nossa consagrada campeã Margarida Leite, souberam elevar bem alto o nome e o conceito do Botafogo de Futebol e Regatas merecendo nossos sinceros aplausos". 
GRANDE EXIBIÇÃO CONTRA O SELECIONADO 
Nossas valorosas atletas de volley-ball, ensaiando contra o selecionado carioca. ao Campeonato Brasileiro, na noite de 4 de Maio, no ginásio do Tijuca, exibiram-se magnificamente, em combinado com Enid, Euridice e Aleth, do Tijuca e contando com Margarida, Marise, Gilda, Idalina, Terezinha Leite, Roma e Ivany enfrentaram bravamente o selecionado feminino, perdendo por 2 x 1 (15 x 13 - 13 x 15 — 15 x 10).

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 103 de junho de 1954
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Fundação do Botafogo Football Club 
Era êsse o quadro que apresentava o incipiente futebol carioca no ano de 1904, quando dois rapazinhos cêrca de quinze unos — Flávio da Ramos e Emanuel de Almeida Sodré - cursavam as aulas do 4º do Colégio Alfredo Gomes, onde, pelos colegas que já frequentavam o Fluminense, ouviam falar vagamente no novo esporte. 
Flávio Ramos morava no Largo dos Leões, ao fim da rua São Clemente e os Sodré, na rua Conde de Irajá. E tôda a tarde reuniam-se no largo, com os Werneck (Alvaro e Octavio), Jaques Raymundo, Tutu, (Arthur Cesar de Andrade), Vicente Cardoso e outros, para soltar «papagaio» ou andar de bicicleta e ninguem pensava em futebol. 

Mas Flávio assistiu a um jôgo entre inglêses e brasileiros, no campo do Paysandu, entusiasmou-se e, em plena aula do colégio, propoz a fundação de um clube a Emanuel Sodré, a quem cedemos a palavra: — «Estavamos em aula de álgebra, no tradicional colégio Alfredo Gomes, quando Flávio me passou um bilhete, mais ou menos nos seguintes termos: «O Itamar tem um clube de futebol que joga na rua Martins Ferreira» (o melhor calçamento daqueles tempos), «vamos fundar outro no Largo dos Leões? Podemos falar aos Werneck, ao Arthur Cesar, ao Vicente, ao Jaques». 

Êsse bilhete foi interceptado pelo notável professor de matemática, General Julio Noronha, que nos advertiu não ser aquele momento propício a conversas, embora aplaudisse, de coração, as atividades esportivas. Esse foi o primeiro passo na vida do Glorioso e Flávio Ramos é, sem dúvida, a figura máxima daquele início». (Entrevista publicada no Boletim do Clube de Abril de 1948). 

Na mesma noite, Flávio Ramos encontrou-se com Octavio Werneck, na rua Voluntários da Pátria e disse-lhe:  «Seu Werneck, vamos fundar um clube de futebol; contamos contigo e com o Alvaro». - «Comigo vocês podem contar na certa, disse Octavio, mas com o Alvaro, não sei; parece-me que êle está formando um outro clube com o Itamar Tavares, o Viveiros de Castro e outros; o campo é na rua Honorina e o nome é Ideal». — «Isso não é sério, Seu Octavio; você tem que «cavar» o Alvaro». — «Pois sim, eu «cavo». E «cavou» mesmo. (Trecho do histórico publicado em «O Paiz», de 12-8-23). 

E, finalmente, na tarde de 12 de agôsto de 1904, foi fundado o BOTAFOGO, por um grupo de colegiais com uma média de 14 anos de idade e no chalet do velho casarão em ruinas do Conselheiro Gonzaga, que fazia a esquina da rua Humaitá com o Largo dos Leões, bem em frente à estação de bondes, chalet cedido aos jovens desportistas por D. Chiquitota, avó de Flávio, grande amiga e verdadeira mãe do clube nascente.

Por entre os cartazes da montanha russa do tio Bolonha, reuniram-se sete ou oito garotos, segundo Jacques Raymundo, êle, Flávio, Vicente Cardoso, Arthur Cesar de Andrade, Emanuel Sodré, Alvaro e Octavio Werneck, segundo o histórico de «O Paiz», já citado, os mesmos e mais Antonio Barroso e fundaram o novo Clube aclamando sua primeira diretoria, ficou assim composta: Presidente, Flavio Ramos; Vice-Presidente, Octávio Werneck; Secretário, Jacques, Raimundo Ferreira da Silva; Tesoureiro, Alvaro Werneck. 

A mensalidade proposta foi de 2$000, tirando-se os primeiros recibos a título precário, em um talão de clube extinto, presente de Alfredo Chaves, o Electro Club, sociedade se dedicara ao pedestrianismo, na direção dos irmãos Vianna (Paulo e Basilio), e dos irmãos Couto (Alfredo e Juca). 

Jacques Raymundo esclarece - «Decidiram-se logo as côres, seria o preto e o branco; pensou-se no uniforme, a camisa seria em listas verticais e o escudo concertou-se que seria de prata com as iniciais laçadas, tal qual é ainda hoje. 

Dias depois de fundado, ao grupo de fundadores, somaram-se outros elementos e, se não me trai a memoria, posso citar Lourival Camargo Costa, Miguel Rafael de Pino, Mario de Figueiredo, Waldemar Bandeira, Mario Marques Lisboa, Itamar Tavares, Antonio Barroso, Alfredo Chaves etc.». (Trecho de entrevista publica em «O Imparcial» de 12-8-1.

Como não existe ata da fundação  do BOTAFOGO, há uma certa dúvida sôbre os nomes de todos os seus fundadores, tendo sido considerados como taes, em inquérito procedido pela diretoria e aprovado pelo Conselho Deliberativo, em 1929, mais Eurico Viveiros de Castro, Basilio Vianna Junior, Augusto Paranhos Fontenelle,  Carlos Bastos Neto, cujos nomes figuravam no livro de sócios de 1905, com matrículas inferiores às de alguns fundadores. 

Nêsse inquérito, Itamar Tavares sustentou que o BOTAFOGO é o resultado da fusão do Ideal (clube que fundara) e do Eletro Club - e que a data de fundação é 18 de setembro de 1904, quando foi escolhido o nome do BOTAFOGO. Narra, ainda, que a diretoria foi eleita dias após, a 23 e que cujas côres êle, Itamar, defendera.

O primeiro campo do BOTAFOGO a via pública, aquele mesmo Largo dos Leões, com suas magestosas palmeiras imperiais servindo de balisas. E foi-se o socêgo de seus pobres moradores, com as janelas partidas pelas porfiadas pelejas, janelas que, com os bondes de burro, eram os maiores inimigos do Clube, pois que consumiam tôda a sua magra renda em indenizações de estragos e em aquisições de novas bolas na Casa Clarck, para substituir as-esmagadas pelos bondes.

Flávio Ramos relembra sempre fatos pitorescos dêsse inesquecível tempo, como por exemplo, Mimi Sodré querendo ingressar no Clube e sendo recusado por ser criança de calças curtas; Antonio Barroso, nas mesmas condições, com 12 anos, mas admitido porque emprestava sempre bolas de pneu que a governanta confiscava quando julgava que era hora de voltar para casa; Paulo Azeredo, menino também, desmontando de seu «po-ney» e encostando-se a uma palmeira, para torcer, como nosso primeiro gandula. 

Decorrera um mês e o clube não progredia, quando Flávio Ramos convidou o abnegado e saudoso Alfredo Chaves para nêle ingressar, bem como Alfredo Guedes de Mello. 

E, a 18 de setembro de 1904, realizou-se uma nova assembléia, na qual foi aprovado o nome lembrado por D. Chiquitóta - BOTAFOGO FOOT-BALL CLUB e eleita a seguinte diretoria: Presidente, Alfredo Guedes de Mello; Vice-Presidente, Itamar Tavares; Secretário, Mario Figueiredo; Tesoureiro, Alfredo Chaves. 
A assembléia realizou-se no mesmo puxado da casa em ruinas e segundo Flávio Ramos, Basilio Vianna desenhou em nankin o primeiro escudo do BOTAFOGO. 
Dias depois, por iniciativa de Octavio Werneck e estimulados por Victor Faria, um parente de Itamar Tavares, que, como êle, jogara na Italia, os botafoguenses empregaram-se de corpo e alma em preparativos para o seu primeiro jôgo, tendo Flávio Ramos convidado para integrar nosso quadro, Normann Hime, que também jogara em colégio na Inglaterra e que, informado que o jôgo seria disputado em campo de verdade, acedeu prontamente. 

E no domingo, dia 2 de outubro de 1904, o BOTAFOGO disputou o seu primeiro jôgo regular enfrentando o Football and Athletic Club, no campo dêste, rua Haddock Lobo, esquina de Campos Sales, onde existia o Vélo Club. 

O BOTAFOGO, vencido por 3x0, vestia camisas de malha branca e calções brancos e o Athletic camisa de pano vermelho, tendo sido êste o nosso conjunto: Flávio Ramos, Victor Faria e João Leal, Basilio Vianna Junior, Octavio Werneck e Ademaro Delamare, Normann Hime, Itamar Tavares, Alvaro Soares, Ricardo Rêgo e Carlos Bitencourt.
 
Dêsse prélio, no pitoresco das recordações, permanecem as meias côr de abóbora de Flávio Ramos e a atitude do Barão de Werneck, pai de Otavio e Alvaro, assistindo o jôgo de guarda-sol aberto. 

Seguiram-se dias tristes, com uma cisão. Sairam vários sócios, entre os quais Emanuel (que voltou logo após), para fundar o Internacional, que foi o primeiro clube que teve êste ne na cidade. 

Falando sôbre essa fase, disse Flavio Ramos: «O BOTAFOGO foi dado por um grupo de moços de 14 anos (em média) e precisava dirigir os seus primeiros passos, uma cabeça pensante. Arranjamos para isso uma boa alma: Alfredo Chaves. Número 1 do quadro de beneméritos foi um grande baluarte do nosso glorioso clube. 

Pode-se mesmo dizer que a êle deve o BOTAFOGO sua existência hoje.

Foi o braço do nosso saudoso Alfredo, que nos defendeu do golpe de morte que um grupo de sócios dissidentes procurou dar com a fundação de um outro grêmio — o Internacional - ---, que poucos dias de existência teve. 

Chefiavam o grupo dissidente, Alfredo Guedes de Mello, então presidente do BOTAFOGO e Itamar Tavares, vice-presidente. («O Sport», 13 de agôsto de 1927). 

Segundo Itamar Tavares, a cisão originou-se de uma briga entre Flavio Ramos e Victor Faria, que era o ”captain”. 

Em 1905, o clube, com uma nova diretoria, composta de Waldemar Pereira da Cunha (presidente), Ismael Maia, Alfredo Chaves, Octavio, Alvaro e Júlio Werneck, passa a ter o seu campo em um terreno da rua Conde de Irajá, graciosamente cedido pelo Barão de Werneck, a instâncias de seus filhos Alvaro e Octavio, terreno êste situado ao lado da residência do ilustre General Lauro Sodré, pai de Emanuel e Benjamin. 

Conta a tradição, que precipitou a mudança do Largo dos Leões, um “shoot” maluco de Raul Maranhão, que destroçara, com incrível estrondo, a claraboia da casa dos Figueiredo. 

Foi no inesquecível campinho de Conde de Irajá, onde hasteou sua primeira bandeira, presente do velho Edwin E. Hime, bordada pelas mãos de suas gentis filhas, que o BOTAFOGO disputou e venceu inúmeros amistosos contra o Internacional, Petropolitana (um clube de veranistas dos Pederneiras), Afftitar, Colégio Militar e Athletic. 

Nessa ocasião, por iniciativa do Athletic e precisamente a 21 de maio, deu-se um fato notável na vida do futebol carioca: reuniram-se na séde do clube de Natação e Regatas, no Passeio Público, os representantes dos clubes Athletic, Bangu, Fluminense, S.C. Petrópolis, America F.C. (fundado a 18 de setembro de 1904) e BOTAFOGO, êste representado pelos consócios Ismael Maia e Miguel Galvão Junior e concertaram a fundação da Liga Metropolitana de Football, marcando a assembléia da fundação para o dia 8 de julho. 

Quasi concomitantemente, uma pequena dessidência havida no Club de Regatas Botafogo, trouxe para o Botafogo Football Club um grupo de abnegados desportistas, que havia sido derrotado em eleições, pela chapa chefiada pelo «Almirante» (Antonio de Oliveira Castro), e, nesse pequeno fato, longínquo e remoto, encontra-se certamente o germen da fusão de 1942, pois que os dois clubes, que já tinham o mesmo nome, as mesmas côres e o mesmo bairro, passaram a ter os mesmos homens e as mesmas famílias.

O fato e que, com a entrada deste vulto extraordinário de desportista, que é certamente a impoluta figura de Joaquim Antonio de Souza Ribeiro e a de seus abnegados companheiros Antonio Pinto, Anselmo Mascarenhas e outros, o BOTAFOGO toma nova alento e miraculosa e fulminantemente transforma-se em um clube de verdade. 

Pereira da Cunha, de viagem marcada para a Europa, renuncia a presidência e Souza Ribeiro, convidado por Alfredo Chaves e Flávio Ramos, concorda em substitui-lo e trata de organizar definitivamente o clube.

É de julho de 1905 que datam os primeiros livros de atas existentes nosso arquivo, precisamente desse momento, sendo que o livro de assembleias tem o seu termo de abertura assinado por Souza Ribeiro, em 25 de junho de 1905. 
Com a maior precisão podemos pois relatar que a 12 de julho, presentes catorze sócios na residência do consócio Manuel dos Santos Jacintho no Flamengo, realizou-se a assembleia gerał para a posse da seguinte Diretoria: Presidente, Joaquim Antonio de Souza; Vice-Presidente, Imael Maia; Secretário, Antonio Pinto; Tesoureiro, Alfredo Chaves; Captain Geral, Octavio Werneck.

Essa mesma assembléia aprova projeto apresentado por Morales de los Rios, depois notável arquiteto, da comissão de uniforme, criando a gloriosa camiseta alevi-negra, de verticais, que, dias após, Souza Ribeiro encomenda da Inglaterra e tambem os calçlões brancos, o lenço preto para a cintura e os casquetes alvi- negros. 

A 4 de julho, primeira sessão de diretoria e o dinâmico Souza Ribeiro comunica que esta procurando o ter um novo campo para substituir o tão acanhado de Conde de Irajá tendo em vista um terreno a rua Humaitá nº 52, pertencente a Associação N.S. Auxiliadora. Alfredo Chaves informa então, que o Clube possue quarenta sócos e que portanto, poderá pagar o aluguel de duzentos mil reis mensais. Lembram a fundação da Liga Metropolitana de Futebol e, a 8 de julho, representando o clube, comparecem, à mesma, Souza Ribeiro e Antonio Pinto. A primeira Liga é fundada pelos que haviam se reunido 21 de maio, com exceção do S. C. Petrópolis que não compareceu e Antonio Pinto é eleito seu Tesoureiro. 
Mais treis reuniões realiza a diretoria de 1905, a 25 de julho, 7 de agosto e 5 de outubro, todas elas em casa de Antonio Pinto. Da segunda dessas sessões verifica-se que o clube progredia, pois que Souza Ribeiro comunica que alugara, finalmente, o campo de Humaitá e a Diretoria resolve nele promover, no domingo, 13 de agosło, urna «modesta festa» de 1º aniversário de fundação. Comenta-se, ainda, uma vitória obtida a 30 de julho contra o Clube Petropolitano e aceita-se um convite do Rio Cricket para a sua festa de esportes atleticos, a 15, festa esta na qual Flávio Ramos obteria uma das maiores alegrias de sua vida esportiva, integrando, a ultima hora, a meia-direita do quadro de brasileiros, que venceu por 2x1, o quadra de ingleses, na partida que desde 1901 disputava-se regularmente. Flavio recebeu os cumprimentos de Cox e de Emilio Etchegaray e nunca mais olvidou o fato. (Entrevistado no Boletim do Clube, de maro de 1948). Estudou-se, finalmente, um projeto de estatutos, estabelecendo para os sócios contribuintes a mensalidade de 5$000  e a jóia de 10$000 e fixou-se em 16 anos a idade mínima para a admissão. 

Já na sessão de 5 de outubro, verifica-se que as coisas não corriam bem, pois que concedia-se a demissão do próprio quadro social ao vice-presidente Ismael Maia e desistia-se do terreno da rua Humaitá, em virtude da incorreção das proprietárias que, segundo conta-nos Souza Ribeiro, ao mesmo tempo que elas haviam alugado o terreno ao Botafogo, arrendaram o grande capinzal nele existente a um português, proprietário de dezenas de burros, que ninguém conseguiu afastar do local. 

E, para a alegria do General Lauro Sodré, o BOTAFOGO continuou em Conde de Irajá, com os seus jogadores mudando de roupa bem próximo, na rua Visconde Silva, no quarto do «Duduca», um pintor de paredes, e desfilando uniformizados pelas ruas próximas, aos ale-goacks, nos dias alegres de vitória. 

Relembrando Conde de Irajá, diz Flavio Ramos: «Data dessa época a entrada do nosso grande Oldemar Murtinho para o quadro social e para o da torcida renitente e «calma». A primeira troca de «gentilezas», verificou-se em um match amistoso com o Athletic Club. Murtinho, não concordando com um tranco dado pelo Raul Maranhão em um dos nossos jogadores, correu para ele e pespegou-lhe um... beijo. 

Nesse tempo, havia uma figurinha miuda, viva, correndo sempre de um de  lado para o outro shootando rindo: era o Benjamin Sodre — O Mimi —como era conhecido. 

Fundou também o seu Clube, com Mário Fontenelle, Mario Finto e outros: o Carioca, que foi, como diziam, uma fábrica de jogadores do BOTAFOGO. Dele sairam Lauro e Mimi Sodré, Rolando e Abelardo Delamare, Mario Pinto e muitos outros que figuraram no primeiro quadro do BOTAFOGO. («O Sport», de 13-8-27). 

Encerrando este capitulo, um preito de imorredoura saudade aos que mais existem: Octavio Werneck (falecido a 9-9-1917), Alfredo Chaves, Antonio Barroso (1930), Basilio Viana (1948), Lourival Costa, Vicente Cardoso, Itamar Tavares, Adhemar Delamare, João Leal, Ricardo Rego, Julio Werneck, Mario Pinto Guimarães (1938) e possivelmente outros cujo destino ignoramos.

Terminando, queremos ainda recordar o Carioca F. C., o grêmio infantil de nossos garotos, que, organizado em 1905, passou a substituir o BOTAFOGO no famoso campo de Conde de Irajá, ao lado da casa senador Lauro Sodré e onde atuavam, segundo o inesquecível Mário Pinto, além dele, Edgard Dutra, Oswaldo e Abelardo Delamare, Corte, Oswaldo Cintra, Mimi e Lauro Sodre, Octavio e Flávio Gouvêa Freire, Mario Fontenelle, Jose Cerqueira de Carvalho e Mario Sardinha (Boletim do Clube, de agosto de 1945).

O Carioca usava camisa branca com uma estrela azul ao peito e casquete azul com estrela branca, tendo mesmo formado com outros grêmios infantis, entre os quais o Rio F.C. «filhote» do Fluminense, uma Liga infantil, que, em 1907, tinha como Presidente o Dr. Costa Carvalho, hoje nosso associado. E o Carioca, digno «filhote» do BOTAFOGO, tinha por sua vez, Emanuel Sodré, como presidente, Raul Gomes de Matos, como secretćrio, Luiz de Paula e Silva, como tesoureiro, Rolando Delamare, como diretor de esportes e Antonio Dutra, como captain. 

O Carioca foi a escola do BOTAFOGO e merece ser recordado saudade. 
ALCEU MENDES DE DLIVE CASTRO, "O Futebol no Botafogo: 1904-1950".
 
Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 105 de agosto de 1954
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Amanhecera um dia alegre e cheio de sol; e alegres e lindas as noticias amanheceram também . 
O dia 8 de Dezembro de 1955. Logo pela manhã, para ser mais precisa 10 horas da manhã, na Igreja de Santa Terezinha, tivemos a satisfação de abraçar grandes amigos botafoguenses por ocasião da Missa rezada em ação de Graça, em comemoração a passagem do 13º aniversário da Fusão do Club de Regatas Botafogo com o Botafogo Foot-Ball Club, de onde surgiu o nosso Glorioso BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS. 
Lá se encontravam, como sempre, o Presidente Paulo Azeredo em companhia de sua dignissima esposa, a nossa querida amiga D. Lili, a abnegada botafoguense que se priva da agradavel companhia de seu esposo muitas vezes, para que ele se dedique da maneira como o faz a causa do Botafogo. 
Solenidade singéla, porém linda e abrilhantada pelas palavras vibrantes pronunciadas por Monsenhor França. 
Por falar em Monsenhor França. Sai da Igreja bastante desconfiada de que esse nosso amigo é um botafoguense doente! 
A noite, linda festa de gala, fisionomias alegres e satisfeitas eram percebidas por todo o salão. 
De extraordinário exito, foi o original e inédito desfile de penteados em technicolor, apresentado pelos cabelereiros Jorge Jovet e Siqueira Mota, com a colaboração alegre e feliz de gentis senhoritas de nossa sociedade, que mais lindas ainda ficaram (desculpem o pleonasma) depois que passaram pelas mãos de fadas das técnicas da Coty. 
A apresentação do desfile foi feita ao microfone pelo nosso amigo Jean Pouchard, o jovem porem brilhante cronista social do Diário Carioca, que tem a seu favôr para aumentar anda mais o seu valôr, o fato ser um grande e prestimoso botafoguense.
Bastante preocupada com a estréa de Pouchard como loucutor. 
Confesso que senti bastante aliviada ao terminar o desfile, vendo que o mesmo saira vitorioso da luta que travara com o microfone... 
Entre os inumeros socios e convidados presentes pude anotar: Snr. Snra. Rodrigo Paraguassú; Snr. e Snra. Carlos Bronze; Dr. Gilson Braga da Fonseca e Snra. Dr Adhemar Alvim em companhia Snrta. Eunice radiante em seu vestido claro; Snrta. Denize Leyraud (Miss Elegante Clube Militar), com seu lindo vestido rosa bordado em flores prateadas em companhia de sua irmã a graciosa e Iinda Snrta. Gilda. Em uma das mesas vimos Snr. Sérvulo Araujo orgulhoso da companhia de sua filha a Srta. Maria Soares de Araujo a encantadora representante da elegancia e da beleza do Fluminense F. C. Em outra mesa, de volta de longa permanencia na Suiça, vimos o Henrique Eberle na agradavel companhia das Snras. Helena Deitberger e Ruth lena Tavares da Cunha. 
Divertindo-se grandentente e despedindo-se da vida de solteiros lá estava o jovem par de atletas Snr. Reuel de Souza Costa e Snrta. Lélia Mello de Iacovo (Miss Botatafogo), com nupcias marcadas para dia 17. 
Claro que existiam muitos outros presentes, porem as preocupações do momento me impediram de tomar maiores anotações.
Um grande abraço a todos os atletas amadores do Botafogo. Justa, justissima foi a homenagem prestada pela Diretoria do Botafogo a seus dedicadissimos atletas amadores, no dia 10 de Dezembro.
As 13 horas, inicio das solenidades com grande almoço de confraternisação, sob a presidencia do Presidente Dr. Paulo Azeredo com a presença de quasi todos os Diretores que foram levar as suas felicitaçõesnesta merecida homenagem, aos abnegados atletas. 
Notei a presença do Deputado Dr. Geraldo F. Starling, Presidente da F. M. F. ; Osmar Cunha, digno Prefeito de Florianopolis; os jornalistas Snr. Pilar Drumond da A Noite e Snr. Sandro Moreyra do Diário da Noite; o pae do Botafogo, Dr. Flavio Ramos; e inumeros outros grandes botafoguenses que na certa serão citados nominalmente em alguma das cronicas do Dr. Alceu. 
Cordial almoço, solene entrega de medalhas aos atletas campeões e um alegre arrasta-pés, constituíram uma tarde inesquecível para os nossos atletas. 
Todos muito felizes e satisfeitos. O nosso bondoso amigo Dr. Alceu era a imagem viva do prazer, ria por tudo ou mesmo sem motivo. As informações que me deram era de que sua satisfação era devida as homenagens prestadas as meninas. As meninas do Alceu. Talvez seja verdade, eu porem achei o nosso amigo Dr. Alceu com muito geito de milionario, e depois... ultimamente eu só ouço dizer... "que rico ri atôa..." 
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A reeleição do grande Presidente PAULO AZEREDO 

Em sessão de 15 de Dezembro, pelo Dr. Luiz Aranha e secretariada pelos Drs. Alceu Mendes de Oliveira Castro e Manoel Cavalcanti, o Conselho Deliberativo do Botafogo procedeu a eleição para o bienio 1956-57, reelegendo Presidente o Dr. Paulo Azeredo e vive-presidentes, os seus abnegados companheiros de administração, Adhemar Alves Bebiano, Sergio Darcy e Ibsen De Rossi. 
É preciso realçar que o grande Presidente e o Dr. Adhemar Alves Bebiano foram reeleitos por expressiva unanimidade, já que tiveram contra apenas os próprios votos, recebendo os 124 dos demais conselheiros presentes à memorável reunião, tendo os vice-presintes Sergio Darcy e Ibsen De Rossi obtido 94 votos, sendo, assim, reeleitos por esmagadora maioria. 
Outra coisa não se poderia esperar de nosso culto e esclarecido Conselho, reconduzindo aos supremos postos de sacrificio do clube, homens totalmente devotados ao engrandecimento do Botafogo. 
Luiz Aranha, com a sua vibrante palavra, saudou os eleitos, agradecendo o Presidente Paulo Azeredo, comovido e emocionado, transmitindo ainda, ao Colendo Conselho, a grande e alviçareira notícia de que foi sancionado o orçamento da Prefeitura para 1956 incluindo uma verba de Cr$ 15.000.000,00 destinada ao Botafogo, para o término das obras do Mourisco que portanto, dentro em breve serão uma grandiosa realidade. 
Figuras das mais expressivas estiveram presentes à reunião que decorreu em um clima de compreensão e cordialidade, podendo assinalar-se a presença de nosso querido benemérito Dr. Miguel Couto Filho, Governador do Estado do Rio de Janeiro e a de deputado federal Dr. Geraldo Starling Soares, digno Presidente da F.M.F., que foram levar os seus abraços sinceros e amigos ao nosso devotado Presidente. 
Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 111 de janeiro de 1956
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Nelson Fernandes Coelho Cintra
                                        Por Alceu Mendes de Oliveira Castro 

Cessou de pulsar, na triste noite de 23 de fevereiro, um nobre e generoso coração — o de Nelson Fernandes Coelho Cintra, nosso amigo querido, nosso abnegado diretor de futebol.
 Botafoguense da mais pura raça, desde o berço revelado, Nelson Cintra viveu, lutou, sofreu e morreu pelo BOTAFOGO, do qual sentia um verdadeiro orgulho em ser adepto. 
Esta convicção absoluta, ressaltava de todos os seus pensamentos, de seus mínimos gestos e atitudes, como claramente transluz, dêste admiráveis versos de sua lavra: «Dizem que somos vinte — vinte loucos! — As elites se Formam de bem poucos, -- Que glória o sermos poucos: Somos bons! 
Muito moço ingressou na administração botafoguense, em 1945, como sub-diretor do Departamento Técnico, passando, mêses após, a Diretor, cargo que exerceu dedicada e eficientemente até 31 de dezembro de 1949, servindo, assim, às presidências de Adhemar Bebiano, Oswaldo Costa e Carlito Rocha, esta última, com menos efetividade, pois já fraquejava o seu magnânimo coração, bom demais para as misérias desta terra. 
Operado em 1951, restabeleceu-se Nelson, para a grande alegria de seus incontáveis amigos e companheiros e assim, a 2 de janeiro de 1954, na presidência Paulo Azeredo, voltou a servir o seu Glorioso, futebol profissional, como colaborador direto e indispensável de seu sincero e dileto amigo, o vice-presidente e grande-benemérito Adhemar Alves Bebianno, a quem fõra, confiado o setõr. 
E, nêsse cargo, veia colhê-lo brutal e inesperadamente a morte, após a malfadada campanha de 1955, suportada por Nelson Cintra com admirável estoicismo, com absoluto espírito de sacrifício, enfrentando ataques e ondas, não fugindo à responsabilidade, como desportista impar que sabia perder, o que poucos sabem, embora empregando os mais ingentes esforços para levantar a equipe do seu e do nosso BOTAFOGO — sua razão de ser na vida — perseguida por uma série de circunstâncias cruéis, independentes de sua vontade. 
Quantas e quantas vezes, em nossa função de Diretor do Departamento de Comunicações, entregamos-lhe pessoalmente, centenas de cartas, dirigidas à Diretoria e despachadas ao Departamento de Futebol, criticando acerbamente a atuação do team, umas com espírito real de colaboração, mas a maioria, ofensivas, insultuosas ou profundamente imbecis: Nelson, em nossa presença, li-as com atenção e, depois, sem um comentário, deixava aflorar aos lábios, apenas aquêle sorriso bom, compreensivo, como quem diz: êles pensam que é facil? Queria vê-los em meu lugar...
Não desertando o seu posto no momento da desdita, manténdo-se fiel aos seus companheiros, Nelson escreveu em seu inesquecível «Pelourinho» êste vaticínio impressionante, que tornou-se cruel realidade e de onde, mais uma vez, ressalta o seu orgulho de ser botafoguense, ainda que em fases amargas: «Mas não peço clemência nem socorro --- E com as «armas na mão», juro que morro - Eu sou - modéstia à parte — é BOTAFOGO!...
A 31 de dezembro, sentindo novamente fraquejar o coração, Nelson, na atual administração, pensou deixar o cargo, indicando para substituto o dedicado Renato Estelita: não lhe foi possível afastar-se totalmente, ficando então, como assistente técnico, encarregado dos contratos nessa função cumpriu-se sua trágica profecia, arrebatando-o dos braços de sua idolatrada esposa e de seus inconsoláveis amigos.
Atingido pelo enfarte que o levaria em pouco mais de 48 horas, Nelson não deixou de pensar um minuto no seu BOTAFOGO e, na tenda de oxigênio, ao receber a visita amiga de Renato Estelita e Zezé Moreira, embora proibido de falar, só queria os detalhes do último treino que naquela tarde se realizára! 
Na quinta-feira, 23, quando parecia dominada a crise e todos nós começavamos a nos regosijar, sobreveio uma mais violenta e fatal, levando sua alma tão imensamente, boa para o regaço do Creador!
O seu enterramento, acompanhado por milhares de desportistas de todos os clubes foi uma consagração impressionante e quando o esquife coberto pela bandeira alvi-negra que êle sempre idolatrou e defendeu, desceu ao sarcófago e Sergio Darcy dirigiu-lhe o último adeus do BOTAFOGO, todos choravam. 
Repouse em paz, Nelson Cintra: seus amigos e todos os botafoguenses, jamais esquecerão o grande e nobre coração, o sorriso compreensivo e bom, a alma generosa e magnânima, que tanto amou o BOTAFOGO! 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 113 de abril de 1956
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Jogos abertos de Cambuquira 

VOLLEYBALL FEMININO

Desde 1948, o nosso valoroso volleyball feminino toma parte nos interessantes Jogos Abertos de Cambuquira, sendo que, em 1950, nossa equipe compareceu sob a denominação de Shell. 
A título de reminiscência, reproduzimos aqui as delegações que tem excursionado a Cambuquira, ou melhor, a relação das atletas, com seus chefes, técnicos e princesas, sendo de ressaltar que a equipe de 1948 foi a campeã do certâmen.
1952 — Chefe: Alceu de Oliveira Castro; técnico: Heitor de Lima e Silva: Miss: Marise Macedo Ribeiro; atletas: Margarida, Ludy, Acyr, Suzete, Marize, Oswaldira, Sonha, Abigail, T. Moraes e Ana Maria G. Ferreira. 
1953 — Chefe: Alceu de Oliveira Castro; técnico: Afonso Caminha; Miss: Daisy Lena Barreira ;atletas: Margarida, Marise, T. Leite, Idalina, Alice Ivany, Gilda, Yvette Gevaerd, T. Moraes, Suzana, Carlinda, Guiomar, Eliana, Daisy Lena, Ruth e Yvone Rivera.
1954 — Chefe: Alceu de Oliveira Castro; técnico: Margarida Leite; Marise Macedo Ribeiro; atletas: Margarida, Marise, T. Leite, Idalina, Roma Zanzoni, Gilda, Ivany, Yara, Mirene, Anah, Suzana, Yvone Rivera, Lúcia, Ilse e Vera. 
1955 — Chefe: Alceu de Oliveira Castro; técnico — Nelson Sanctos; Alice Borel Gomes; Atletas: Margarida, Marise, Yvone Santos, Roma Zanzoni, Yara, T. Leite, Ivany, Idalina, Alice, Lucia e Suzana. 
RECORDISTAS: Margarida Leite, 7 excursões; Yvone Santos, Marise Mace Ribeiro e Oswaldira Nogueira Ponz 4 cada uma.
 
Acervo Particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 114 de maio de 1956
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Vice-campeã de Cambuquira, a nossa Equipe Suicida! 

Magnifica foi a atuação das meninas de volleyball nos XVI Jogos Abertos de Cambuquira, o quadro de quem diziam nas ruas «Não vale nada, mas... ganha!!!», ou então: «Nunca tão poucas bateram tantas!», como se depreende do circunstanciado relatório do Dr. Alceu de Oliveira Castro, chefe da delegação: 
Senhor Presidente: 
A excursão do BOTAFOGO — volley feminino — este ano, a Cambuquira, foi uma das mais brilhantes que tivemos a honra de chefiar, dadas as inúmeras dificuldades superadas e os altos resultados colhidos. 
De inicio, diremos que as nossas valorosas atletas — verdadeiras amadoras — encontraram óbices quasi insuperáveis para obter as necessárias licenças em seus centros de atividades e que na quarta-feira da semana em que embarcamos, só contávamos com quatro jogadoras. Na quinta-feira, a veterana Acyr, de há muito afastada das quadras, veio formar o quinto elemento e na sexta, véspera do embarque, Ivany e Marise conseguiram suas licenças!
Não pudemos contar com nossas consagradas campeãs Margarida e Yvone Santos e com as valorosas Yara e Terezinha Leite e formamos um esquadrão que em Cambuqvira ficaria conhecida como a Equipe Suicida — composto por duas jogadoras da equipe principal — Marise e Rema — quatro da segunda divisão — Ivany, Lélia, Anah e Lúcia — uma da velha guarda Aey e uma que está aprendendo a bater na bola — nossa esplendida nadadora Maria Lúcia, irmã de Anah que não poderia jogar senão em últimas circunstancias.
Não se abalaram nossas meninas e seguiram cheias de fé, em camioneta fretada pelo Clube, que deixou a séde de Wenceslau Braz ás seis horas e trinta minutos de sábado, 14 de abril, com a seguinte constituição: Chefe, Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro; Técnico: Nelson Sanctos; Assistente técnico; Raul Fioratti Filho; Atletas: Roma Zanzeni, Marise Macedo Ribeiro, Ivany Benita Rivera, Lélia de Iacovo Souza Costa, Lúcia Mendes de Oliveira Castro, Ana Maria e Maria Wendel Cargueira Leite e Acyr Teillon Falcão; acompanhantes, Senhora Lolita Fernandes dos Santos, Reuel de Souza Costa e Eduardo Castro. 
A viagem decorreu esplendidamente com café no Bar Belveder; almoço ás 11 horas em Rezende; lunch em Caxambu e chegada á Cambuquira ás 18 horas, onde nos hospedamos no querido Hotel Elite, cujo proprietário, o grande amigo Jary Sergio de Oliveira recebeu-nos com o maior carinho e fidalguia.
Na manhã seguinte, realizou-se o tradicional desfile pelas ruas da cidade, das delegações aos XVI Jogos Abertos de Cambuquira, portando a bandeira alvi-negra, a campeã e emérita Acyr e formando na guarda de honra ao Pavilhão Nacional, Lúcia. 
As 14 horas, comparecemos com o técnico Nelson Sanctos ao Hotel Silva, onde se realizou o congresso dos clubes, sendo sorteadas as tabelas, concorrendo ao volleyball feminino, nove clubes — Botafogo, América, Bangu, Flamengo e Tijuca, do Rio; Paulistano e Santos, de São Paulo; Minas T.C., de Bele Hori-zonte e C.R. Icaraí, de Niterói. 
Correndo, voltamos ao nosso hotel para às 15 horas, apresentar na quadra para o Torneio de Apresentação, com jogos de um único set de onze pontos com Ivany, Marise, Lélia, Anah, Acyr e Roma. Derrotamos o Icaraí por 11 x 9.
Na manhã seguinte, 16, ás 9 hora iniciámos a disputa dos jogos enfretanto o poderoso e completo quadro América, para o qual perdemos 2 x 0. Nosso team, com Ivany, Roma, Lélia, Acyr, Marise e Anah, quatro cortadoras e duas levantadoras, não se entrosou, sendo arrazado no 1º set, 15 x 4. 
Para o segundo set, Nelson voltou clássica formação de treis cortadoras treis levantadoras, substituindo Anah por Lúcia, que passou a levantar para Marise e a equipe fez excelente partida perdendo por 15 x 12, derrota para qual contribuiu a infeliz atuação do arbitro Benjamin Alves Martins Filho, técnico do Minas, que provocou veementes protestos de nossa valorosa capitã Roma e do público em geral. No final set, Anah entrou em lugar de Acyr.
Sendo o torneio em dupla eliminatória passamos para a chave dos perdedores e no dia seguinte, 17, ás 15 horas, fomos enfrentar o forte quadro do Icarai que contava com Pequenina, Adair, Dirce, Nety e Dayse Miguel. 
Formamos com Ivany, Roma, Lélia, Acyr, Anah e Marise e triunfamos sensacionalmente por 2x0 (15x8 - 18x16). 
No meio do segundo set, de um descontrole da equipe, o Icarai foi a 11x8, nêsse momento, tremendo tufão e ameaça de temporal, sendo a partida suspensa, para recomeçar quinze minutos após. O BOTAFOGO conquistou a vantagem e Marise foi para o saque  marcando seis pontos: 14x8. Novo descontrole e 14x14. Nelson substituiu Acyr  por Lúcia e o jôgo, um dos melhores da temporada, tornou-se dramático, arrancando o delirio da assistência, disputado ponto a ponto, até que Anah, com duas violentas cortadas de canhota, consignou os nossos 17º e 18º pontos, que garantiram-nos esta magnifica vitória, tendo Acyr voltado no final. 
Ainda vibravamos na quadra, quando recebemos ótima notícia: nossa excelente levantadora Yara Rodrigues Fernandes encontrava-se no hotel, vindo expontaneamente do Rio, em um jeep, em companhia de sua filhinha e de sua prezada progenitora.
Embora o BOTAFOGO não jogasse no dia seguinte, todas as suas atletas recolheram-se expontaneamente cedo, sendo que nenhuma pediu para ir a "boite", deixando-nos encantados com tanta união, camaradagem e vontade de vencer. 
Na manhã de 19 de abril, grande jôgo contra a equipe completa do Santos, com Cristina, Antonieta, Regina, Wilma, Lourdes. Nelson não quiz modificar a equipe que tanto brilhara, colocando na quadra Ivany, Roma, Lélia, Marise, Anah e Acyr que venceram o 1º set por 15x11, entrando Yara, no meio do 2º set, em lugar de Acyr, quando obtivemos a mesma contagem de 15x11 e a vitória por 2x0. 
Nessa altura, o nosso quadro passou a ser denominado de Equipe Suicida, pelos assistentes, que não tinham mais a menor dúvida sobre o seu valor, tornando-se o ídolo do local: suas fotografias, mal expostas a venda eram imediatamente exgotadas. 
No dia seguinte, sexta-feira, 20, chegamos ao máximo admissivel, com duas estrondosas vitórias, em seis sets, sôbre poderosas e completas equipes, causando sensação em Cambuquira e quasi terror aos adeptos do Minas, que passaram a torcer por nossos adversários... 
Começamos ás 8 horas, com Ivany, Roma, Lélia, Marise, Yara e Anah, frente ao Tijuca, de Enid, Celma, M. Helena, Ingeborg, Helga e Euridice. Logo de saida, nessa valorosa Lélia recebe, desprevenida, violenta bolada no ouvido, de um assistente que devolvia a bola á quadra, quasi perderido os sentidos de dor. Ainda assim, permanece na quadra e vencemos o set em ótima vi-rada por 15x13. Perdemos o 2.0 set por 15x7 e no terceiro, sofriamos a conta-gem contrária de 9x3, quando a equipe reage, se agiganta e vai a 14x13: re-petindo-se ai a sensação do jôgo contra o Icaral. Acyr entra em lugar de Lé-lia, na rêde, faz o team girar, com sua. inexgotável classe e Lélia volta mais tarde, atraz, para o BOTAFGO terminar com estupenda canhotada do broto Ans,h, autora do 18.0 ponto, após os mais emocionantes lances. Com o terceiro lugar assegurado, com as meninas exaustas, já nos considera-vamos satisfeitos e o almoço decorreu na maior alegria, mas nossas bravas defensoras não acharam suficiente. E, ás 17 horas, voltaram á quadra com férrea vontade de vencer, alinhando-se Ivany, Roma, Lélia, Marise, Yara e Anah contra Sonia, Géo, Mercês, Lenita, Norma e Eunice, que constituem a famosa primeira equipe completa do América. 
Perdemos o primeiro set por 15x13 e reagimos no segundo, quando perchamos por 9x3, para vencer por 15x11, sendo sensacional a "negra", quando o quadro se agiganta e atua assombrosamente, embora Ivany machuque seriamente o cotovelo esquerdo e Marise sofre uma torção no tornozelo: com sangue e coração, vencemos estupendamente por 15x9, provocando verdadeiro delirio. 
Nossa volta ao Elite foi a mais entusiástica possível, com as meninas cantando pelos corredores o velho hino botafeguense de Cambuquira ."Quem vem lá", rindo e chorando de alegria, pois que a Equipe Suicida, em quem nós mesmos não podiamos acreditar, já era Vice-Campeã! 
Mais tarde, quando ingressamos no salão de jantar, toda a delegação reunida como aliás andava sempre, fomos recebidos por estrondosa salva de palmas, que se prolongou por quasi dez minutos, ininterruptamente e ensurdecedoramente, promovida por todos os hospedes, de pé e quasi em delirio que nos comoveu imensamente. 
E qual não foi a nossa surpreza, quando a delegação improvisou antes da época, o nosso aniversário, idéia gaiata da valorosa Marise, apoiada por todas as suas companheiras, com bôlo de aniversário, velinhas e lembranças impagáveis, nos obrigando a receber os cumprimentos de todos aqueles bons veranistas, que em nossa pessoa homenageava mais o BOTAFOGO do que a nós mesmo. 
Nêsse dia memorável também tivemos a satisfação de ver chegar do Rio dedicado consócio Mario Miranda, surgiu na quadra entusiasmado na hora da vitória. 
Na manhã seguinte, sábado, 21, decisivo contra o formidável team Minas Tenis Clubge. 
Começamos com Ivany, Roma, Marise, Yara e Anah que fazendo de fraquezas forças, exaustas como se encontravam com os dois prélios da véspera, quasi surpreenderam e desnortearam o adversário, chegando a vantagem de 12x6.
Foi, entretanto, o derradeiro esforço, os músculos fraquejaram e perdemos  set por 15x12. No set final, as meninas mal se sustinham de pé, perdendo, então, por 15x3, tendo Lúcia entrado final, em lugar de Ivany. 
Não poderiamos exigir mais, pôr si por um esfôrço gigantesco o BOTAFOGO vencesse pela manhã, dado o sistema de dupla eliminatória, deveria, a tarde, enfrentar novamente o Minas aí seria humanamente impossível qualquer resistência física e a derrota seria fatal. O BOTAFOGO havia preliado sete  vezes em sete dias e o Minas, dada a sua condição de "by", assegurada pelo titulo do ano anterior, apenas quatro vezes, com dias de intervalo entre suas competições, ao passo que a nossa equipe vinha de seis sets duríssimos do dia anterior. 
De qualquer maneira, foi admirável a atuação de nossa equipe, com sete jogos, cinco vitórias e duas derretas, levantanto o vice-título e desclassificando quatro grandes adversários — Icarai, Santos, Tijuca e América. 
Com classe, alma e categoria dignas de seus passados, atuaram as nossas veteranas Marise, Roma, Yara, Ivany e Acyr, mas o que nos alegrou sobremodo, foram as surpreendentes atuações dos brotinhos — Lélia, Anah e Lúcia, que enfrentaram com fibra e coração, grandes adversários, não se impressíonando um minuto com o cartaz e a fama das meninas. 
Assim, vimos Anah cortando todas as bolas com violentas canhotadas, uma das quais derrubou na quadra a valorosa Sônia, do América; Lélia lutando como uma leôa, defendendo tudo e mergulhando sem medo no cimento e Lúcia levantando calmamente para Marise e defendendo impassivelmente violentas cortadas de Sônia e outras. 
Nossas atletas, em número de oito; disputaram o seguinte número de partidas: Ivany, Marise, Roma,Lélia e Anah, 7; Acyr 5; Yara, 4 e Lúcia 3. 
A tarde, acompanhamos Marise à rádio local, onde nossa querida atleta foi entrevistada, saindo-se otimamente ao microfone e á noite, comparecemos com quasi toda a delegacão, á festa de encerramento e entrega de prêmios, na "boite" do Hotel Silva. 
O D. João Silva Filho proclamou os vencedores, sendo o BOTAFOGO aplaudidíssimo quando foi anunciado como Vice-campeão, tendo o Dr. João Silva Filho solicitado a presença de uma de nossas atletas para receber as medalhas. 
Expontaneamente, com a nossa imediata aprovação, as atletas indicaram linda, valorosa e dedicada Marise, que retornou á nossa mesa com belíssimas medalhas de prata dedicadas ás vice-campeãs, lembranças inesqueciveis da esplendida proeza. 
No dia seguinte, domingo, 22, ás sete trinta da manhã, na mesma camionete, iniciamos a viagem de retorno com mais cinco pessoas além das 14 que haviam vindo: Yara e família, Mario Miranda e Helio de Sá Almeida.
As nove e meia, paramos em Caxambu; ás treze e meia, almoçamos na Fazenda Treis Pinheiros; ás dezesseis meia, no kilometro 73, tivemos ainda a infelicidade de dois pneus furados, o que nos atrazou sobremodo e as vinte e uma e meia, finalmente, chegamos á séde Clube, satisfeitos com o sucesso da excursão, quer sob o aspecto esportivo, já descrito; quer sob o aspecto disciplinar, que foi elevadíssimo e quer sob o social, que foi excelente. 
Não temos palavras para agradecer atuação de nosso esplendido técnico Nelson Sanctos, a de nossas valorosas jogadoras, e a dos acompanhantes, princiipalmente a da distinta Sra. Fernandes dos Santos (D. Lolita), que muito nos auxiliou no controle, aliás fácil, de nossas bravas atletas. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do NFR nº 115 de junho de 1956
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini]
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 116 de julho de 1956
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LEVANTAMOS A CLASSICA RIACHUELO

Mais uma vitória estrondosa o BOTAFOGO Vem de obter, levantando a 10 de junho, a Prova Clássica Riachuelo, disputada no percurso de perto de 2.500 metros, entre o Forte de São João e enseada de BOTAFOGO. 
Nosso valoroso oito de principiantes, tecnicamente dirigido por Antenor Soneghueti Gomes e treinado pelo dedicado Baltazar, embora não fosse o favorito, derrotou seus três adversários - Vasco da Gama, Boqueirão e Natação, de ponta a ponta, dominando a guarnição vascaína, segunda colocada, por um barco de luz de vantagem, interrompendo, assim a  série de vitórias que há seis anos o valoroso grêmio da Cruz de Malta vinha conseguindo na Riachuelo.
Parabéns, pois, aos nossos bravos atletas, ao grande diretor Clovis Soares Dutra e aos demais dirigentes técnicos, que souberam bem alto elevar o pavilhão da Estrela Solitária, em condigna e brilhante comemoração de seu sexagésimo segundo aniversário!!
Tripularam a yole-franche “PROCYON": Manoel Tereso Novo (patrão), Fernando Magalhães Motta, Carlos Frederico Carneiro de Campos, Nicodemus Marçal, Araken José Salgueiro, Hassem Sapha, Gilliat Rosas, Fernando Pinto Dias e Getulio de Souza Neiva.
UM BELO GESTO
Jorge Theodomiro Martins Moreira, nosso valoroso remador, acaba de ter belíssimo gesto, digno de um autentico Atleta Botafoguense, doando ao clube a linda taça que conquistou na regata de 29 de abril último.
Para tal fim, o querido "Pará" endereçou ao Presidente do Clube a seguinte missiva, que deixa patente a sua dedicação às cores alvinegras:

"Sr. Presidente:
Acabo de receber, por intermédio do nosso insigne Diretor de Remo, Sr. Clovis Soares Dutra, uma taça de prata que o Grupo de Regatas Gragoatá ofereceu ao Vencedor do 2º páreo (Honra), disputado em Skiffs Lisos para Principiantes, na 1ª Regata da Temporada, recém realizada no Saco de São Francisco, no dia 29 de abril de 1956.
Quiseram os fados e os bons amigos que os louros da vitória sorrissem para este vosso humilde servo. Frizo, entretanto, a V. Sa., que nada mais fiz, senão cumprir com o dever de remador botafoguense. Assim, para honrar as tradições náuticas deste nosso Clube disputei o páreo com denodo, pujança e valentia apanágios do atleta alvinegro. 
Outrossim, venho informar a V. Sa., que é de meu desejo sincero ofertar a referida taça ao nosso Glorioso Botafogo, fazendo votos que a mesma sirva de símbolo e exemplo à classe de remadores principiantes vindouros. Queira, pois, recebe-la e entrega-la ao nosso querido Clube, porque, só a ele cabem as honras da vitória.
Podem dizer que o Flamengo é o clube das multidões; podem dizer que o Vasco é o clube da riqueza; podem dizer que o Fluminense é o clube das elites; entretanto, o que todos não podem deixar de reconhecer é que o BOTAFOGO é o clube da família brasileira. Realmente, o nosso Glorioso representa a célula mater da sociedade, é o símbolo da "Família Brasileira". Onde quer que esteja um agrupamento de botafoguenses, ai estará, sem discrepância, o sentimentalismo familiar. Este característico psicológico é fundamental e inerente ao atleta botafoguense.
Desta forma, quero pedir a V. Sra., “data venia", que ao ser feita a respectiva gravação na taça ora ofertada, que seja, também, gravado o nome da Sra. Judith Dutra, esposa do nosso Diretor Clovis Soares Dutra, como homenagem especial deste remador àquela que tem sido toda incentivo, carinho, desvêlo e afetividade para com os remadores do nosso querido "Saccopan", mesmo, porque, uma vitória só e perfeita quando é sagrada e só se torna sagrada quando o coração dela participa.
Com minhas respeitosas saudações subscreva-me afetuosamente,
a) Jorge Theodomiro Martins Moreira"
Agradecendo o nobre gesto, assim se manifestou a Diretoria do BOTAFOGO: 
"Exmo. Sr. Jorge Theodomiro Martins Moreira:
O prêmio do esforço despendido nesta 1ª Regata da Temporada, realizada no Saco de São Francisco, no dia 29 de abril do corrente ano, foi a alegria de ver no mais alto posto a bandeira alvinegra, vencendo brilhantemente o 2º páreo (Honra), disputado em skiffs lisos para Principiantes.
A vitória botafoguense, todavia, foi a vitória do VOSSO esforço, da vossa fibra de atleta, do vosso ardor combativo e do vosso leal comportamento esportivo fazendo jus aos sinceros aplausos de quantos presenciaram a vossa conduta na representação do BOTAFOGO nessa memorável temporada.
O BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS vos felicita carinhosamente pela vitória que proporcionastes às suas cores, certo de que muitas outras vitórias se juntaram a esta de 1956, porque poderá sempre contar com o vosso apoio dedicado e valoroso em defesa do seu patrimônio de lutas e de glórias.
Outrossim, vos agradece, penhoradamente, a nímia gentileza da oferta da taça de prata que vos foi dada pelo Grupo de Regatas Gragoatá e que será conservada em nosso arquivo, como símbolo e exemplo à classe dos nossos futuros remadores principiantes".

SAUDAÇÕES
a) Alceu Mendes de Oliveira Castro
Diretor do Dep. de Comunicações

Acervo particular Ângelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial BFR nº 116 julho de 1956
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Grande - Benemérito Dr. Alceu Mendes 
Botafoguense nato. Sócio infantil em 1915, contribuinte em 1922, proprietário em 1929 e benemérito em 1949. Foi nomeado 1º Secretário duas vêzes, na Administração Paulo Azeredo em -1929-30 e, depois, em 1933-35. Suplente do Conselho Consultivo do Clube, em 1943. A partir de 1948, é o dedicadíssimo Diretor do Departamento de Comunicações, sendo os quatro primeiros anos, na Administração Carlito Rocha, os dois anos seguintes na presidência Ibsen de Rossi, e os últimos anos lutando pelo Clube, ao lado do sinatário da presente. 
Grande estudioso de tudo que se relacione com o BOTAFOGO, é o autor do histórico livro, "O FUTEBOL NO BOTAFOGO — 1904-50". Desdobrando-se, infatigávelmente, foi o grande auxiliar do Departamento de Propaganda; é a êle que há anos, práticamente, devemos a realização do nosso Boletim. No setor esportivo, própriamente dito, devemos lembrar que grande parte das glórias e vitórias conquistadas pelo volleyball feminino, tem por base ó seu dedicado e constante apoio, aliados à sua permanente assistência. Não se compreende uma Diretoria do nosso Clube sem a presença entre seus componentes desse extraordinário Diretor do Departamento de Comunicações, cargo que lhe pertence por indicação unânime do todos os botafoguenses.
Paulo A. Azeredo – Presidente

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 117 de agosto de 1956
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NOTAS A MARGEM 
Lucia, Margarida e Eliana, competiram sempre nas mesmas provas de 54 a 56, tendo disputado  seis páreos, com os seguintes significativos resultados: dois primeiros lugares; tres segundos e um terceiro.


 Na última vitória de “Antares”, devido à afobação no momento do embarque, não se achou o remo da vóga, que foi obrigado a utilizar-se de um remo de centro de “oito”, muito maior a mais pesado. 
ENCERRAMENTO A 17 de novembro, no ginásio do Anglo-Americano, encerraram-se os VIII Jogos da Primavera, tendo Margarida, Lúcia, Eliana e Anah recebido suas medalhas de campeãs do remo. 
A Senhora Zaidie de Oliveira Castro foi a madrinha de Lúcia e o Dr. Alceu de Oliveira Castro paraninfou as demais, sendo Anah, que não pôde comparecer, representada pela valorosa Guiomar. 

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 121 de dezembro de 1956
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 129 de agosto de 1957
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 133 de dezembro de 1957
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 150 de maio de 1959
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 151 de junho de 1959
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 156 de novembro de 1959
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 157 de dezembro de 1959
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A nova diretoria 

A 11 de janeiro último reuniu-se pela primeira vez, a nova Diretoria do BOTAFOGO F. R. que ficou assim constituida: Presidente Dr. Paulo Antonio Azeredo
 Vice-Presidentes Dr. Sergio Darcy. Brigadeiro Dirceu Paiva Guimarães e Dr. Ney Cidade Palmeiro 
Diretores de Departamentos: Comunicações — Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro 
Propaganda —Dr. Paulo Mendes Campos 
Finanças - Ary Fernandes Soares Patrimônio — Cídio da Silveira Carneiro 
Social — Henrique Pongetti 
Jurídico — Dr. Valed Perry 
Técnico-Administrativo General Henrique Sadock de Sá Porteriormente, a de fevereiro premido pelos seus afazeres particulares, renunciou o Dr. Paulo Mendes Campos, sendo nomeado em sua substituição, o Dr. Octavio Pinto Guimarães. O Presidente Paulo Azeredo saudou os novos diretores, dizendo que muito espera da cooperação dos mesmos e, usando de suas atribuições, delegou poderes aos vice-presidentes para auxilia-lo nos seguintes setores: 
futebol profissional. Dr. Sergio Darcy; 
esportes amadoristas, Brigadeiro Dirceu Guimarães;
 representação social, Dr. Ney Cidade Palmeira. Nomeou, ainda, o Dr. Henrique Barbosa, representante do Clube junto à P.M.E. e os seguintes subdiretores, por indicações dos diretores de departamentos: 
Comunicações — Dr. Henrique Carlos Meyer e Oswaldo Guimarães Palmeira. 
Finanças — José Maria Cavalcanti de Albuquerque, Anibal de Araújo Leite e Alberto Ribeiro dos Santos. 
Patrimônio — Dr. Carlos José Renault, José Carneiro Felippe Filho e Margarida Tereza Nunes Leite. 
Social — Octavio Fernandes dos Santos e Marcilio Neves. 
Jurídico — Dr. Luiz Murilo Fábrega e Dr. Sergio Ney Palmeiro.
Técnico Futebol-Profissional — Dr. José de Oliveira Brandão Filho
Futebol-Amador — Drs. Rivadavia Tavares Corrêa Meyer, Djalma Nogueira dos Santos e José Luiz Dale Ferraz. 
Atletismo --- Sylvio José Gomes 
Basketball — Luiz A. Scorzo Sias, Jose Perez Valeije, José Pessoa Machado (feminino) e Professor Sergio de Lamare ( infanto-juvenil).
Esgrima — Capitão Walter Pires Leite 
Halterofilismo Adolpho Maranhã Bucker de Aguiar 
Remo — Covis Soares Dutra e .Julio Azevedo. 
Vollevball — Cláudio Pontual da Costa Ribeiro e Wilcker Moreira Carneiro. 

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 159 de fevereiro de 1960
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 166 de setembro de 1960
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 168 de novembro de 1960
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 183 de fevereiro de 1962
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 187 de junho de 1962
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 189 de agosto de 1962.
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Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 190 de setembro de 1962
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                                           DR. ALCEU MENDES BE OLIVEIRA CASTRO 

TRAÇOS BIOGRÁFICOS 

Nascido a 13 de agôsto de 1906 na cidade do Rio de Janeiro. Faleceu a 5 de outubro de 1962. Sócio Infantil em 1915, contribuinte em 1922. Proprietário em 1929, Benemérito em 1949 e Grande Benemérito em 1956. Nos períodos 1929-30 e 1933-35, na Administração Paulo Azeredo, foi 1º Secretário; Diretor da Departamento de Comunicações, de 1948-62 nas Administrações Carlos Martins da Rocha, Ibsen De Rossi e novamente Paulo Azeredo, quando ainda na plenitude de seus desvêlos pelo Glorioso veio a morte colhê-lo. 

Primeiro grande historiador do BOTAFOGO, sendo autor do livro «O futebol no BOTAFOGO de 1904 a 1950». 

Seguiram-se outros trabalhos dentre os quais já editado, de co-autoria com José Carneiro Felipe Filho «Seleções Brasileiras através os tempos — 1914 a 1960». Ainda a ser editado de co-autoria com José Carneiro Felipe Filho e Adolpho Schermann. «História das Seleções Brasileiras de Basketball». Em andamento «A História do Futebol Carioca», estudo profundo sôbre o «Soccer» no Rio, desde seus primórdios até a fundação da A.M.E.A. — 1924». 

Há ainda, em preparo de co-autoria com José Carneiro Felipe Filho «História do Botafogo» que encerra a página mais brilhante de sua veneração pelo Glorioso. 

Desde 1948 mantinha vibrante a publicação do nosso Boletim Interno, agora uma realidade. Efetivamente o Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro, era um botafoguense nato em qualquer sentido que se queira analisar seus invejáveis méritos, durante longos anos a serviço do Glorioso. Era sem sombra de dúvida um. Homem Clube — cujos exemplos todos seguiremos a serviço da Estrêla Solitária. 

Um Homem insubstituível 

Muitos dias transcorreram já da morte de Alceu Mendes de Oliveira Castro, meu dileto amigo, colega e companheiro em dois dos setores principais em que distribuo a minha atividade — o Banco do Brasil e o Botafogo F. R.  No entanto, cada dia que passa mais e mais sinto-o presente. 

É a invisível presença dos grandes mortos, palpitante no exemplo que nos legaram. Ainda agora, ao tentar esboçar seu perfil moral para o Boletim do Botafogo F. R. — órgão por êle criado, animado e mantido com fé e perseverança — eu o vejo refletido em suas páginas de constante louvor ao passado, de entusiasmo pelo presente, de esperança no futuro do nosso Clube. 

Neste Boletim mensal, durante anos Alceu pôde expandir a flama ardente que aqueceu sua grande alma botafoguense: tôdas as vitórias das nossas representações, principalmente as amadoristas, foram ali, sonoramente cantadas em seu estilo pomposo. Era a válvula que encontrava (o severo e imparcial historiador do Botafogo F.R.) para fazer extravasar seu grande coração abrindo-lhe as comportas em líricos devaneios e comentários entusiásticos que enalteciam ao máximo os triunfos do seu Clube. 

O livro que escreveu sobre o Botafogo revela acima de tudo o admirável historiador que foi, investigador infatigável, critico sereno e imparcial, soube colocar fatos, episódios e pessoas em seus devidos lugares, na medida justa na sinceridade dos propósitos e atitudes que as animaram. 

É o mais seguro repositório da autêntica vida do nosso Botafogo. Em verdade, ninguém poderá substitui-lo na nobre missão, que se propusera, de elaborar um nôvo livro abarcando toda a vida esportiva do atual Botafogo F.R. e para o qual já reunira o material necessário. 

Somente a morte implacável conseguiria detê-lo na faina e no entusiasmo com que  trabalhava para êsse desideratum; mas será impotente para impedir que na saudade e na admiração cresça cada dia mais a sua lembrança e fecunde o seu exemplo. 

Não conheci antes ou depois de Alceu, ninguém que fosse tão simples, sincero, honesto, discreto, retraído, tímido; quase ingênuo e que houvesse reunido em torno de si uma unanimidade de simpatia, de aprêço e de admiração tão calorosa. 

Nunca foi um potentado, um distribuidor de graças ou favores. A fôrça que dele emanava não era a temporal, mas sim a que vem do espírito , o pão imaterial repartido generosa e  suavemente com os que tiveram o privilégio e o consôlo de com êle conviver. 

O impacto tremendo que sua morte causou ao Botafogo e aos seus colegas do Contencioso do Banco do Brasil eu tive a desgraça de sentí-lo por inteiro, desde o primeiro instante quando ao chegar ao Banco onde juntos há longos anos trabalhávamos como advogados, deparei com aquêle terrível quadro: Alceu acabava de falecer assistido pelo médico da Casa, cercado pela ansiedade e a desolação de seus colegas e amigos do Banco. Lembro-me bem que ao lado de seu corpo inanimado ficamos longo tempo paralisados pela dôr. 

Muitos dos que ali se encontravam eram também seus companheiros do Botafogo: Carlos Renault, Rivadávia Tavares Meyer, Cidio Carneiro, Luís Corrêa, Eliezer Magalhães, Ernani Teixeira Filho, João Balbi Filho; Waldo Lima, Remo Leainetti, Haroldo Braga. A estes logo vieram juntar-se Ney Cidade Palmeiro, Samuel Sabat, Carneiro Felippe e sua mulher Romacild. 

Ainda coube-me a mais dura das providências necessárias no momento: comunicar a Da. Zaidie, Lucia e Maurício o desenlace de Alceu, e pedir-lhes, em nome de Paulo Azeredo a quem a noticia causara a mais profunda emoção, que consentissem ao Botafogo prestar uma última homenagem: realizar os funerais do seu grande benemérito, e conduzir os seus despojos ilustres para a sede do Clube. 

A vigília se manteve por 24 horas; todo o Botafogo e seus fundadores, grandes beneméritos, beneméritos, Conselheiros, diretores, associados, atletas e funcionários desfilaram diante de seu esquife e o acompanharam a pé ao Cemitério de São João Batista. 

Quando nos aproximávamos do túmulo, ao têrmo da dolorosa peregrinação, Paulo Azeredo, que caminhava ao meu lado, desolado, arrasado pela perda do grande amigo e colaborador insubstituível, pediu-me que falasse em nome do Botafogo. 

Não sei o que disse, tamanha era a minha emoção. Só Deus poderia dar-me fôrças para vencer o desespero daquele instante e altear a voz repassada do mais vivo afeto, evocando no final da minha pobre oração o verso divino de Anthero do Quental: 

-Na mão de Deus, na sua mão direita, descansou afinal seu duração". 

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Crônica de Vargas Netto ALCEU DE OLIVEIRA CASTRO 

O BOTAFOGO, com a morte súbita de Alceu de Oliveira Castro, não perdeu apenas um operoso e eficiente diretor; perdeu muito mais, porque perdeu um sacerdote do seu culto!... Alceu amou e sofreu o Botafogo o dia inteiro, a vida inteira— Iluminava-se com as suas vitórias, ensombrecia-se com suas incertezas, anoitecia por um insucesso... Escreveu a história do seu clube com suor de trabalho e lágrimas de emoção. Bem se poderia ter aliviado dessa espécie de complexo de amor, pela confissão escrita de seus afetos, assim como quem expõe a alma a um psicanalista, pondo luz em todos os seus recantos... Mas ele tinha impregnado todo o seu pensamento e o seu coração com a vida do seu clube. Antes de escrevê-la, no papel, êle a tinha impressa na sua alma... Por isso a sua memória era um arquivo em permanente atividade, um fichário vivo; de onde, a qualquer hora, seria possível extrair com todos os dados, com os menores detalhes, sem o mínimo engano, tõda história de um fato quase esquecido pelos demais, a interpretação de um acontecimento passado, a conformação integral de uma biografia, como a fixação pictórica de uma paisagem. Tudo isso com a luz do tempo o decór da época, a psicologia específica do instante. 

Trabalhava sozinho na secretaria-geral do clube, dando conta, com prazer, do imenso trabalho. Sempre que lhe ofereciam auxilia res, êle delicadamente recusava, dizendo que não sentia necessidade de auxílio. Trabalhava alegremente, desportivamente, com o prazer de ser útil ao clube do seu coração. Tudo nêle era método, horário, disciplina de ação. Mas não era um homem frio. Muito ao contrário. Quem vibrava, como êle vibrava pelo Botafogo, quem amava como êle amou, sem ângulos mortes, sem restrições, sem tibiezas, não poderia ser um homem de cálculo, um frio. 

Se era delicado no trato, macio na conversa social ou rio trivial do seu trabalho, era impulsivo nas suas simpatias, veemente na sua torcida, ardoroso nas suas tarefas desportivas, arrebatado no seu amor. Ameno e prestativo companheiro na cooperação da diretoria ou nos bate-papos do clube, um homem francamente habitável, como se dizia antigamente, ou, como se diz agora, uma grande praça, êle realmente deixa saudades nos amigos e uma grande vaga na administração do seu Botafogo. Pude bem compreender o desespêro, a desolação de seus companheiros de diretoria, o compungimento de seus colegas de Banco. Ficaram de almas ao desabrigo da dôr, na intempérie da magna. A última coisa que êle fêz, minutos antes de morrer, foi assinar um ofício pelo seu clube, na ausência de outro diretor. Morreu sendo útil, em pleno trabalho e, talvez, pensando que nunca bem amara o seu amor... 

(Transcrito do Jornal dos Sports, de 7 de outubro de 1962) 

UMA AMIZADE 

Foi numa tarde, início da primavera, que êle partiu, sem uma palavra sem um adeus. Ainda sob o impacto de tão duro golpe, fico a pensar... e fico a cismar... O que é a vida? O que existe depois dela? Volvendo os olhos para o passado, permaneço a recordar. Formávamos uma turma, éramos "as meninas do Alceu", bem jovens ainda, risonhas e felizes. Quem de nós não se lembra com ternura das nossas reuniões, das nossas dificuldades vencidas pelos seus conselhos, pelas suas ponderações. Quando qualquer desarmonia surgia entre nós e o desânimo, a desconfiança vinha perturbar a nossa paz, corríamos, para o "PAPAI" como o chamávamos e êle, com a sua personalidade marcante, irradiando bondade, compreensão, em poucos segundos debelava a tempestade que já vinha a caminho. Viste pequeno grupo foi privilegiado pela vida por tê-lo como guia, por tê-lo como amigo. "PAPAI” partiu para a grande jornada muito cedo ainda, porém, as suas meninas não ficaram sós. A sua lembrança nos acompanhará sempre e em nossos corações a grande saudade ocupará o seu lugar permanentemente. 

                                           Romacild Maria Roma Carneiro Felippe 

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Um Grande Amigo que se foi e um dos Maiores Botafoguenses que conheci 

Conheci o Alceu no BOTAFOGO, pois antes de ingressar no Clube, só tinha referências dele como escritor desportivo, atividade a que tambem me dedico. 

Desde os primeiros dias, pude apreciar suas magnas qualidades de desportista e, sobretudo, distinguir nêle um dos maiores botafoguenses de todas as épocas. 

Várias vêzes, Alceu teve oportunidade de declarar-me que comungávamos das mesmas idéias dos mesmos princípios, no que se refere ao desporto e, em especial, ao amadorismo. 

Alceu diariamente vinha a minha sala, quando já havia despachado o seu expediente e então abordávamos os principais acontecimentos do Clube. Dizia êle que nossa conversa fazia parte de seus hábitos. 

Nêsse convívio de pouco mais de dois anos, é que me tornei mais um dos seus grandes admiradores. 

Alceu era um simples, modesto, delicado, educadíssimo, correto ao extremo e um excelente pai de família. 

Amava o BOTAFOGO com paixão, mas era um equilibrado em suas atitudes, quando estava em jôgo os interêsses do Clube. Orgulhava-se de conhecer a história do Clube mais do que ninguém e, sobretudo, de ser o guarda de um tesouro que colecionara e protegera durante longos anos: os arquivos históricos de todos os antigos atletas, fotografias, documentos, etc. Uma prova inconteste de seus conhecimentos é o seu livro "O FUTEBOL NO BOTAFOGO  de 1904 a 1950", cuja continuação preparava para ser editado e que esperamos algum dia concretizar, como mais um seu relevante serviço ao Glorioso. Alceu era o homem a quem todos recorriam para lembrar fatos e nomes da história do BOTAFOGO. Tinha uma estupenda memória. 

Levava a sério a tradição alvinegra e o calendário era religiosamente seguido sob sua orientação. 

Tinha sua simpatia paternal pelo volley-ball feminino e fazia mais absoluta questão do comparecimento desse desporto aos tradicionais e anuais Jogos de Cambuquira,  quando organizava, acompanhava e chefiava a delegação. 

A Olimpíada Botafoguense era obra sua e cuidava de seus detalhes com carinho, sobretudo a indicação dos atletas distinguidos para a "Honra à Fidelidade". Fiscalizava a confecção das medalhes, que êle mesmo fazia questão de separar para pôr em ordem de entrega. Lembro-me, ainda, que este ano esteve agitado e nervoso, porque a encomenda, inesperadamente atrasara-se e o AImôço dos Atletas (12 de agosto) ficara ameaçado. Felizmente, consegui enviá-las na vespera, às 17 horas, em sua casa e tudo ficou resolvido. 

A data de 8 de dezembro era outra que êle respeitava, para comemorações festivas do Clube. 

E as Assembléias e Reuniões do Conselho eram outras preocupações que lhe afetavam. Incumbia-se de tudo: convocação, arrumação, secretaria e confecção de atas. Nas sessões de Diretoria a leitura da ata era uma tradição. Havia um certo respeito, pois o Alceu ao lê-las não admitia conversa, nem desvio de atenção. Era um crente. Mas o que mais êle gostava, dentro de suas atribuições a menina de seus olhos era o Boletim do BOTAFOGO F. R. que, apesar de pertencer ao Departamento de Propaganda, era editado sob sua orientação. Era tal o seu interesse por êle que, como seu amigo, dava-lhe uma ajuda real em sua confecção, fazendo sua paginação e revisão. Na véspera de sua morte termináramos o número de outubro! Alceu, com referência ao Boletim, aborrecia-se quando lhe diziam que êle poderia ser de formato maior, ter mais isto, menos aquilo. Confesso que apenas ouvia ponderações e só admitia modificações quando por mim sugeridas, atendendo à maior prática que tenho do assunto. Tinha eu intenções de nova orientação, mas respeitava o ponto de vista do Alceu e não ousava propor-lhe. Reservo-me a voltar a falar dêste grande amigo que se foi, inesperadamente, rogando a Deus que sua alma descanse em paz e pedindo as novas gerações botafoguenses que o tomem como símbolo, de como se deve amar e respeitar o nosso Clube. Ele foi um sócio, um dirigente, um, desportista perfeito. Adeus Alceu, a tua figura não se apagará facilmente de minha mente. Que tuas visitas diárias à minha sala prossigam espiritualmente para que eu possa guiar-me pelos teus exemplos e dedicação ao nosso BOTAFOGO. 

ADOLPHO SHERMANN 

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FEDERAÇÃO METROPOLITANA DE VOLLEY-BALL 

NOTA OFICIAL N. 114 D/A 196/62 AM 

Resoluções da Presidência 

De ordem do Snr. Presidente, para conhecimento dos interessados e devida execução, publico o seguinte: 

FALECIMENTO: A Federação Metropolitana de VolleyBall, cumpre o doloroso dever de comunicar aos seus filiados o Falecimento do Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro, ocorrido no dia 5 do corrente mês. A Diretoria desta Federação se solidariza com a profunda dor da família do seu filiado Botafogo de Futebol e Regatas e dos desportistas em geral pelo falecimento do grande desportista que foi o Dr. ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO. 

II — TRANSFERÊNCIA DO TORNEIO DE APRESENTAÇÃO JUVENIL FEMININO — A F.M.V., avisa aos seus filiados e aos interessados em geral que dado o falecimento do Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro resolveu, suspender a realização, sábado último do Torneio em referência e comunica que a sua realização foi transferida para o dia 13 do corrente mês, no mesmo local e horário. 

Sec. da F.M.V. Avenida Rio Branco, 108 — 14º andar — Rio, 8-10-1962 

ALDINA MARTINS 

Superintendente 

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O IMORTAL 

O BOTAFOGO sofreu com o falecimento do Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro a sua maior perda de todos os tempos. 

Jamais alguém admitiu de muito tempo para cá, outra pessoa em seu posto. 

Nenhuma morte conseguiria abalar o BOTAFOGO, da forma que a sua abalou. 

Para mim era mais que um amigo. Era meu pai espiritual, como êle próprio dizia. Tive a honra indelével de ser seu filho espiritualmente. 

Lidando com êle, nestes últimos anos de sua vida, quase que diariamente, tive a satisfação de saber que havia alguém devidamente superior que transcendia os limites da perfeição. Essa nobre figura, numa época de libertinos, ensinou como é que se deve viver e empregar as forças, os motivos que devem despertar o entusiasmo e as ideias que se deve prosseguir. 

Era um espartano na perseverança de querer; mas não esqueçamos que esta alta têmpera de resistência moral em nada tolhia a espontaneidade de sua alegria e o alvoraçado calor do seu afeto pela família, pelos amigos e pelo seu BOTAFOGO. 

Calmo, simples, modesto, sincero, amigo exemplar e botafoguense sobretudo, mas altivo, forte, inteligente, trabalhador, persistente, e já em si, um valor da mais alta estima; a sua presença permanecerá imortalizada nos corações de todos os botafoguenses. 

Tinha também uma vontade firme, disciplinada e uma moral irrepreensível que o fazia respeitado em qualquer parte. Ura verdadeiro homem, com toda a seriedade, segurança de critério e fôrça de vontade. 

Suas virtudes raras, eram reflexos celestes da luz de seu belíssimo coração. Um esplendor de alma que transluzia no exterior. Homem no corpo, jovem na alma, conservou até a morte esse frescor de alma, essa espontaneidade interior que fazem o encanto da adolescência e da juventude. 

Bafejados pela sua lembrança, nossos atletas encontrarão o rumo certo da vitória. 

Todos nós nos redobraremos em esforços para amenisar a sua ausência irremediável. 

Foi-nos, mas deixou uma semente que perpetua, propaga e faz caminhar. 

Para mim êle não morreu. Permanece, mais do que qualquer outro, como um modêlo, como um guia e como um exemplo de uma fortíssima vontade e de um caráter granítico. O desaparecimento do nosso incomparável e inesquecível Dr. Alceu foi apenas corporal. Sua personalidade impoluta permanecerá imortal na mente de todos os que tiveram a ventura de o conhecer. 

                                                           Francisco Camões de Menezes 

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CONTRA ATAQUE 

João Saldanha 

ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO 

Debaixo da arquibancada social do Botafogo fica o departamento técnico do clube. Nas paredes das salas dêste departamento estão expostas as fotografias dos times do Glorioso que nas diferentes épocas conquistaram campeonatos ou lauréis de importância relevante. Trabalho paciente e perseverante de Alceu Mendes de Oliveira Castro muito ajudado por Cídio Carneiro e José Carneiro Felipe.


                Comparecimento ao cemitério S.J. Batista

Um dia, ao notar que faltava a fotografia do time campeão carioca de 1934 eu disse em voz alta que achava que sabia de alguém que tinha esta foto. Não demorou muito e o grupo de historiadores do Botafogo apareceu completo exigindo a pista da fotografia. E daquele dia em diante, até a vitória final, diariamente a voz simpática e afetiva de Alceu Mendes de Oliveira Castro me introava a localizar a raridade. Andei dando uns dribles mas não obtive sucesso. A marcação era cerradissima e intransponivei e o quadro de honra dos campeões de 34 lá está na parede do departamento técnico. 

Ainda ontem recebi uma carta contendo uma série de perguntas sobre história do futebol carioca, enviada por Mauro Pinheiro da Rádio Bandeirantes de São Paulo, que tem um excelente arquivo de história do futebol brasileiro, mas, embaraçado com perguntas cabeludas feitas ao seu programa, exigia que eu fosse intermediário junto ao Grande Benemérito do Botafogo a fim de obter resposta urgente para seus ouvintes. Recebi estarrecido um grande choque ao telefonar para o clube e ficar sabendo que o amigo de todos havia falecido a poucos instantes e que a diretoria do Botafogo havia decidido que as últimas homenagens ao eminente desportista, brilhante advogado, exemplar chefe de familia e leal amigo, não poderiam deixar de ser prestadas senão na própria sede do clube.

 Grande e inestimável perda para o desporto nacional, insubstituível para o Botafogo de Futebol e Regatas.

(Transcrito da Última Hora de 6/10/1962) 

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Troféu Dr. ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO 

A Diretoria do Botafogo, em sessão de 15 de outubro do corrente, instituiu um troféu denominado Dr. ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO, para ser conferido ao vencedor do Campeonato Oficial Feminino de Volibol do Rio de Janeiro, cuja regulamentação está sendo preparada para envio á entidade. 

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Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro e a Associação Beneficente dos Funcionários do Botafogo de Futebol e Regatas 

No desempenho simples de uma atribuição que me foi confiada há dois anos pela Diretoria do BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS, convivemos muito próximo com o Dr. ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO, dirigente dos mais completos que se tem notícia, sobretudo amigo declarado por atos, na solução dos múltiplos problemas atinentes ao nosso clube. 

Jamais qualquer solução foi por ele adiada. O trabalho perfeito era a sua maior preocupação, preservando sempre uma ética natural, peculiar somente aos homens que ultrapassaram a consciência da humanidade comum. Sua possibilidade em oferecer simultãneamente conselhos sábios e ação exemplar, se refletiu decisivamente nas diretrizes de ajuda coletiva aos funcionários do Glorioso. 

Isto realmente era comum na vida deste grande homem que se abstraindo dos seus interesses particulares, que se desprendendo totalmente de si mesmo, ofereceu-nos um exemplo permanente da melhor maneira de servir, dando tudo sem nada, exigir. 

Houve tempo, que aprendemos a conceber homens desse tipo, somente através a história, entretanto ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO veio reviver em nossa mente, com riqueza total de detalhes, a afirmação de que Deus de épocas em épocas bem diz um espirito altaneiro e o oferece a todos os seus semelhantes, para que, em se mirando nas seus frutíferos exemplos, construam sempre algo de mais positivo que possa ser útil ao conjunto humano. 

Se algum dia pudéssemos ter pensado que êsse vulto desapareceria tão prematuramente, não temos dúvidas em confessar que muito mais lhe teríamos perguntado, para que por todo e sempre tivéssemos a sua indelével presença nos mínimos atos, não só a serviço do Botafogo, porém, mesmo particularmente. Estamos falando assim, porque conhecemos o homem bem de perto, sentimos profundamente a influência direta a sua cultura, fomos todos beneficiados pela sua contagiante fraternidade. 

Agora, tentaremos continuar uma série de trabalhos que êle nos aconselhou. Nunca falava muito. Dotado de alto senso inquiridor, quase nada perguntava, porém seu olhar penetrante dizia sempre claro o que queria e ninguém se furtava a lhe falar claramente, porque até mesmo quando lhe era dado o direito de exigir, não só pelo seu conhecimento geral, sobretudo pela certeza dos fatos, mesmo assim, ele era humilde e se tornava extraordináriamente compreensivo, que era sempre o mais certo. 

A ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DOS FUNCIONÁRIOS DO BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS, foi, desde o seu nascimento, melhor dizendo, muito antes de sua fundação, motivo de apuradas sugestões do DR. ALCEU que valeram para atingir hoje ó plano em que se encontra. Ainda há uma série enorme de coisas por fazer; entretanto, a maneira de abordá-las já se delineia em nossa mente, graças os momentos que as expomos o DR. ALCEU, nos momentos que conseguimos tirá-lo de sua permanente atenção. São com os problemas do seu GLORIOSO. 

Por tudo isto, estamos arriscando traduzir nas letras o sentimento desta coletividade simples que se congrega neste grande Clube, para servi-Io com o mais fiel dos objetivos. Tempos atrãs, talvez não pudéssemos faze-lo desta maneira, simplesmente porque, em conjunto organizado nós não existiamos. Hoje, estamos reunidos sob uma nova condição, amparados, coesos e concientes de nosso trabalho a serviço do GLORIOSO, graças ao voto positivo do Dr. ALCEU, que se casando perfeitamente ao pensamento dos demais dirigentes do BOTAFOGO, nos proporcionou a nossa ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DOS FUNCIONÁRIOS DO BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS, cujo destino se delineia promissor. Meus amigos, propomos neste momento que nos urdimos em sentimento de definidos propósitos cristãos, para, elevando preces ao Senhor dos Mundos e das Coisas, pedir glória a satisfação intima para aquêle que, de modo insofismável, se constituiu em um alicerce moral para a nossa coletividade. 

                                                                         Walter José dos Santos 

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CADEIRA Nº 3 

Everardo Lopes 

ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO 



Embora à distância, visto que não existia uma ligação mais intima entre nós, Alceu Mendes de Oliveira Castro era uma das admirações deste cronista dentro do esporte - mais particularmente do football. Tudo decorria do contato com as páginas que Oliveira Castro, como historiador do desporto, elaborava com alma e devotamento, falando do Botafogo ,de sua vida, suas origens, sua obra. Uma delas, ''O football no Botafogo, de 1904 a 1950" é obra de botafoguense ao mesmo tempo apaixonado e orgulhoso de suas cõres. Divulgou-a em 1950. De tal modo está o Botafogo ligado aos fatos esportivos da Guanabara e do Brasil, que, falando do clube alvinegro, de seus feitos esportivos e os lances magistrais na marcha para a imortalidade, Oliveira Castro plasmava páginas preciosas da própria vida esportiva do Brasil. Meticuloso, amigo do detalhe, de honestidade sem par, o historiador dos botafoguenses reunia um arquivo por assim dizer colhido ao vivo. Isto porque desde menino — tinha então menos de dez anos de idade - Alceu Mendes de Oliveira Castro acostumou-se a anotar coisas do Botafogo que, por sua vez, contava dois ou três anos mais que sua existência de menino entusiasta do desporto. 

Tão grande era a atração de Oliveira Castro pelo Botafogo, que aos 16 anos já figurava como seu associado e aos 23 integrava o Conselho Deliberativo e concomitantemente a diretoria, no cargo de primeiro secretário. Existe aí um traço de marcante coincidência: era presidente do clube alvinegro o admirável vulto de botafoguense que neste exato momento ocupa o mesmo supremo pôsto o presidente Paulo Azeredo. Dali até esta era distam 33 anos, o que atesta a extraordinária vitalidade do presidente alvinegro, que nestas três décadas, em pouquíssimos períodos tem deixado de ocupar o elevado Pôsto. Quer deixar mas não permitem. Mas também Oliveira Castro, a despeito de ter em 35 dado como encerrada ,sua carreira na administração botafoguense, não pôde resistir mais que dez anos de desatualização com a intimidade botafoguense. Ei-lo pois, em 45, reintegrado ao ambiente doméstico do grêmio alvinegro, apesar de jamais se ter divorciado de sua marcha crescente, mas agora com uma incumbência especifica: o levantamento histórico do Botafogo. Eram as inclinações congênitas do historiador, seu amor à verdade pretérita, o valor de seu testemunho insuspeito durante anos sobre anos de atuação como membro inconfundível da família de General Severiano - mas, sobretudo, o material histórico admirável que dominava, a razão da escolha para missão de tanta transcedência. E hoje pode o Botafogo contar às gerações mais novas suas origens, suas glórias e os fundamentos de sua grandeza. E de figura de tamanho realce na vida botafoguense, cuja trajetória no seio do Clube alvinegro reúne tantos e tão marcantes vínculos de tradição e trabalho, que se deplora neste momento o súbito desaparecimento. Sem dúvida que Oliveira Castro deixa assinalada sua longa passagem, entre os botafoguenses, com a obra que eterniza o Botafogo entre as mais caras páginas da história esportiva do Brasil. Mas o claro que se abre entre os alvinegros é difícil de ser preenchido. Ficará para sempre a lembrança de um dos mais apaixonados botafoguenses de todos os tempos.  Dêsses que sabiam sopitar com resignação e silêncio as horas do revés; mas que, nos momentos culminantes do triunfo, iluminava a alma do clarão da bem aventurança e da felicidade. Perdem assim, não só o Botafogo, uma figura de singular expressão. O grêmio alvinegro, porque vê partir uma testemunha privilegiada de seus primeiros anos de vida, numa alvorada de incipiência e lutas. Mais tarde seria o autor do cântico cheio de entusiasmo e vibração das glórias e da evolução botafoguense. Ai deplora-se, com a mesma e sentida expressão, a figura e as virtudes do historiador do desporto.

(Transc. do Jornal dos Sports de 6/10/1962) 

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A Influencia do Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro na Vida Desportiva do Botafogo de F. R. 

Raramente se pode conceber a existência de pessoas que, atuando em diversos se, fores, tenham plena consciência e maturidade no exercício de suas atribuições, sob quaisquer aspectos. 

Nas coletividades, mesmo as mais evoluídas, tira-se uma percentagem muito reduzida de valores humanos cuja atividade possa ser apontada como exemplo às pessoas de todas as idades, isto porque é muito fácil ouvir êste ou aquele, apresentando sugestões e externando idéias, mas se lhes perguntamos, de tudo isto qual a sua real experiência? 

Não raro se deduz que apenas sabiam falar, mas de concreto pouco ou quase nada sabiam realizar. 

Este preâmbulo, simplório por si mesmo objetivo abrir alas em nossa mente para recordar uma das faces positivas das muitas que

era constituído êsse invulgar homem que passará a história do Glorioso, não apenas de modo simpático, sobretudo pelas suas reais qualidades sempre demonstradas nos mínimos detalhes de suas complexas atribuições. 

Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro muito embora assoberbado com os problemas superiores de sua vida profissional e privada, sempre encontrava tempo para acompanhar o desempenho técnico de todos os atletas botafoguenses, nutrindo pelos mesmos uma admiração impar, impessoal e humana, pois o importante — em suas inesquecíveis afirmações era a presença real do clube através a participação.

Muitas foram as realizações desportivas que contaram com a fecunda experiência do Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro. Sabemos que o seu espírito é altaneiro e revelou sempre um desprendimento total em todas as circunstâncias. Dia virá, em que poderemos enumerar todos os seus trabalhos de ajuda direta ao Departamento Técnico, quer ajudando na organização interna quer sugerindo, na montagem de qualquer operação desportiva, sua genialidade e perseverança criará raizes e a frondoza árvore da colaboração, através seus permanentes exemplos, vicejará em benefício do BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS. 

Assim meus amigos, principalmente a juventude que se congrega no alvinegro, do atletismo, da recreação, do futebol, do polo aquático, do remo, enfim de todos os setores que orgulhosamente procuram manter bem alta a estrêla solitária, formulemos votos de que todos os ensinamentos aqui deixados pelo Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro, sejam fados tanto quanto possível, para perpetuidade dos superiores princípios do "MEN SANA IN CORPORE SANO". 

                                                               Walter José dos Santos

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ÚLTIMA PROPOSTA APRESENTADA À DIRETORIA, PELO SR. DR. ALCEU M. OLIVEIRA CASTRO 

REGULAMENTO DO PRÊMIO HONRA A FIDELIDADE 

A Diretoria do BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS, considerando que o Prêmio Honra a Fidelidade foi insitituido em 1954 e regulamentado a 3 de junho de 1957, em benefício dos atletas amadores defensores do Clube desde a data da fusão - 8 de dezembro de 1942; CONSIDERANDO não ser justa a exclusão do Prêmio, dos amadores que defenderam valorosamente os antigos Club de Regatas Botafogo e Botafogo Football Club; CONSIDERANDO que, face a minuciosa "História do Botafogo", levantada pelas consócios Alceu Mendes de Oliveira Castro e José Carneiro Felippe Filho, é possível a apuração dos direitos dos referidos amadores; RESOLVE retroagir a contagem dos períodos necessários à conquista do Prêmio, às datas de fundação dos antigos clubes, 1894 e 1904, respectivamente, de acordo com o seguinte regulamento que revoga o anterior: 

1º — Aos amadores que, por dez, quinze e vinte temporadas, ou mais períodos de cinco temporadas, sucessiva ou intercaladamente, defenderem o Clube, com participação efetiva e real em suas representações, em quaisquer modalidades desportivas, contra representações de outras agremiações, em competições oficiais ou amistosas, serão conferidos os seguintes prêmios: 

a) dez temporadas — medalha de prata 

b) quinze temporadas — medalha de ouro 

c) vinte temporadas ou mais períodos de cinco temporadas e prémios a critério da Diretoria. 

§ 1º — Não se considera participação, o fato do amador ter assinado a súmula, sem entrar efetivamente em ação, ou de ter sido reserva sem intervir na competição. 

§ 2º — Serão consideradas as participações em seleções nacionais ou cariocas, quando o amador for convocado como atleta do Clube. 

§ 3º — Nas temporadas que uniformemente se iniciarem em um ano e terminarem no seguinte, como nas de natação e pelo aquático contar-se-á exclusivamente o primeiro ano. 

Art. 2º — Para que se computem as temporadas intercaladas, é indispensável que o amador, nos intervalos em que não defendeu o Clube, não se tenha transferido em federações de qualquer desporto a que estiver filiado o BOTAFOGO, pois, caso ser-lhe-ão canceladas as temporadas anteriores à data da transferência. 

§ único - Será admitida a transferência sem prejuízo dos direitos assegurados por este regulamento, em desporto que o Clube deixar oficialmente de disputar. 

Art. 3º — Os amadores que, antes de se iniciarem no Clube em qualquer desporto, defenderem outra agremiação em outra modalidade desportiva, nela poderão prosseguir, sem prejuizo de seus direitos ao Prêmio. 

Art. 4º — Serão organizados três Quadros Honra à Fidelidade relativos, respectivamente, ao clube atual e aos antigos Club de Regatas Botafogo e Botafogo Football Club.

§ 1º - Os amadores dos antigos clubes que tiveram seus períodos concluidos após a data da fusão, terão seus nomes incluidos no Quadro atual. 

§ 2º — Não serão incluidos no Prémio, os amadores dos antigos clubes que se tenham transferido em condições idênticas às previstas pelo Art. 2º. 

§ 3º — Ao amador que tenha defendido intercaladamente, ora o C.R.B., ora o B.F.C. será assegurado o Prêmio, com seu nome inscrito no Quadro relativo ao clube em que concluiu o período. 

Art. 5º — Anualmente, por ocasião da concessão do Prêmio, será publicado no Boletim do Clube e no Relatório da Diretoria, o Quadro Honra à Fidelidade, relativo aos amadores do BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS. 

Art. 6º — Terão seus nomes cancelados do Quadro Honra à Fidelidade, os amadores que, após a conquista do Prêmio, venham a se transferir em federações a que estiver filiado o BOTAFOGO, bem como os que praticarem atos contrários aos interêsses do Clube , a critério da Diretoria. 

Art. 7º -  Revogam-se as disposições em contrário. 

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Correspondência 

Em 15 de outubro de 1962 Eminente amigo Dr. Sérgio Darcy: Já lhe transmiti, pessoalmente, os meus pêsames sentidos e sinceros  pelo falecimento do meu querido amigo e colega, Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro, sem favor uma inconfundível expressão intelectual e moral do Contencioso do Banco do Brasil. Não sei como possa ser preenchido esse vácuo que ele deixou no corpo de advogados do Banco do Brasil. Por mais ilustre, doutos e atentos que sejam os sobreviventes, nenhum possui aquela doçura no trato, aquela profunda sensibilidade humana que tanto caracterizavam a personalidade do Alceu e tanto concorreram para o bom êxito das tarefas que lhe eram cometidas. 

Por iniciativa minha e de outros colegas que, no Banco do Brasil, tiveram a fortuna de com ele conviver, através de negócios de clientes, todas as Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça têm feito constar em Ata um voto de pesar pelo seu falecimento. E tem sido profundamente comovedor verificar-se como ele e ás suas peregrinas virtudes se referem os magistrados da Segunda Instância. Foi, sem dúvida, um profissional modelar, cujo desaparecimento encheu de luto o coração de todos nós. 

Peço lhe que transmita aos distintos colegas do Contencioso do Banco as minhas condolências por tão lamentável perda, e faço votos para que Deus o inspire na escolha daquele que venha a preencher a vaga deixada pelo querido morto. Com o meu afetuoso abraço, sou seu velho admirador e fiel amigo. 

a) Milton Barbosa

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Rio de Janeiro, 22 de outubro de 1962

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Senhor Presidente: 

1º - Tenho a honra de acusar o recebimento do oficio de Vossa Excelência, datado de 15 do corrente, em que se serve de me comunicar que, em sessão da 7ª Câmara Cível, realizada em 10 do corrente, a requerimento do Dr. Milton Barbosa, com adesão de seus Membros e do Ministério Público, foi consignado em ata um voto de pesar pelo passamento do Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro, ilustre membro dêste Contencioso. 

2º - Muito agradeço a Vossa Excelência Senhor Desembargador_Presidente, bem como aos demais Senhores Desembargadores Membros dessa Egrégia Câmara, ao Ministério Público e ao Doutor Milton Barbosa, em meu nome e no de todas os advogados dêste Departamento, a merecida homenagem, que a todos nós sensibilizou, prestada ao nosso saudoso companheiro que, pelas grandes qualidades de sua natureza, tão gratas recordações deixou em todos nós. 

3º -  Também levei ao conhecimento do Dr. Sérgio Darcy, Consultor-Jurídico do Banco de Brasil e amigo dileto de muitos anos do saudoso Dr. Alceu, a significativa manifestação. Êle e os advogados da Consultoria Jurídica agradecem a merecida homenagem. 

Apresento a Vossa Excelência protestos de estima e consideração.

 Arthur Martins Sampaio 

Chefe do Departamento 

Ao Exmo. Sr. Desembargador Doutor Martinho Garcez Neto - M. D. Presidente da 7ª Cãmara Cível da Justiça do Estado da Guanabara 

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Rio, 15 de outubro de 1962 

Dr. Paulo Azeredo 

Digníssimo Presidente do Botafogo de Futebol e Regatas 

Cordiais saudações: 

Ainda abalados pela súbita perda de nosso inesquecível esposo e pai sentimo-nos contudo impelidos a manifestar prontamente nossa profunda gratidão por tudo quanto fizeram a diretoria do glorioso Botafogo e todos os seus funcionários, sem distinção, por ocasião do inesperado passamento. Não nos causou propriamente estranheza a dedicação demonstrada em tão difícil transe, pois temos consciência do elevado espírito de nobreza do querido Botafogo, tão querido de nosso Alceu, e da admirável amizade que cimenta a vida da família botafoguense. Mas é nosso desejo deixar bem expresso o consolo que sentimos pelas providências imediatas, pelas atenções e carinho com que generosamente cercaram ao saudoso papai e aliviaram a dor dos seus entes queridos. Desta forma, apresentamos a V. S., Presidente e amigo a todos os diretores e amigos, e a todos os funcionários e amigos do sempre querido clube, nosso reconhecimento que eman do intimo de nossos corações.

a) Zaidie Frias de Oliveira Castro 

Mauricio Mendes de Oliveira Castro

Lucia Mendes de Oliveira Castro

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 192 de novembro de 1962

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O primeiro e maior historiador do Botafogo, Alceu Mendes de Oliveira Castro, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), mais precisamente na rua São Clemente, no bairro de Botafogo, em 13 de agosto de 1906.

Aos nove anos de idade abandonou a coleção de selos e interessou-se pelo futebol, passando a colecionar recortes de jornais e revistas referentes ao Botafogo, que, apesar da idade, passou a selecionar cuidadosamente.

Nasceu daí o formidável arquivo que manteve durante anos, enriquecido por suas notas pessoais, tomadas em todos os jogos que assistia. Aos poucos, seu arquivo foi crescendo e se aprimorando: cadernos, com as descrições de todos os jogos e fotos referentes ao Botafogo, álbuns de fotografias, coleção completa e encadernada da revista “Vida Sportiva” (1917-1922), além de suas anotações pessoais, completando organizações de quadros e marcadores de gols.

Em 1922 Alceu passou a sócio-contribuinte e em 1929 a membro do Conselho Deliberativo e a diretor do clube, sendo chamado a exercer o cargo de 1º Secretário, cargo que ocupou até 31 de dezembro de 1930.

Pouco antes, em 8 de setembro de 1930, casou-se com Zaidie Frias.

Em janeiro de 1933, no mesmo cargo de 1º Secretário, voltou a trabalhar com Paulo Azeredo, o “Presidente de Ouro” e conheceu dias terríveis da cisão esportiva, provocada pela implantação do profissionalismo.

Nos intervalos da luta, fez uma descoberta preciosa: seu amigo Horácio Machado arrecadara na sede velha, situada sob as arquibancadas, uns baús semi-inutilizados por uma inundação. Neles encontrou o que tanto procurava: dados referentes à vida do clube de 1904 a 1915.

Foi uma lástima o dano provocado pela enchente, pois Alceu verificou que era bem organizado o antigo arquivo do clube, com registros de jogos em pequenos livros apropriados, com organizações de quadros e artilheiros. Copiou o que se salvou e melhorou consideravelmente o seu arquivo, que, ainda assim, no referido período, ficou cheio de omissões.

Em agosto de 1935, cansado e também sucumbido com o advento do profissionalismo, pois que era um amadorista absolutamente sincero, deixou espontaneamente a diretoria do clube, renunciado em plena sessão.

Firmemente disposto a abandonar o esporte, Alceu passou a frequentar menos o clube e recusou vários convites para voltar à administração. Por força do velho hábito da infância, entretanto, manteve sempre em dia o seu arquivo botafoguense, embora empobrecido no que concerne aos jogos das divisões inferiores, tão pouco noticiados na imprensa.

No começo de 1945, quando menos esperava, recebeu um convite que não pôde recusar: Alfredo d’Escragnolle Taunay, então Diretor de Propaganda do clube e que, como tal dirigia o Boletim, sabendo da existência de seu arquivo, pediu-lhe para escrever crônicas na revista mensal botafoguense sobre o passado do Botafogo.

Com súbito entusiasmo, pôs mãos à obra.

Seus artigos agradaram a muitos dos veteranos, que reviveram suas façanhas de outrora e que descreveu com a maior fidelidade. Foi um grande estímulo a escrever a vida do Botafogo. Revendo seu arquivo, faltava muita coisa ainda do período entre 1904 e 1915.

A partir de maio de 1945, passou a frequentar a Biblioteca Nacional, folheando, em suas horas de folga, as coleções dos jornais “Correio da Manhã”, “Jornal do Commercio”, “O Paiz” e “O Imparcial”, dentre outros.

Com enorme satisfação colheu dados completos sobre os campeonatos cariocas de 1910 e 1911, mas, quantos aos outros anos, encontrou muitas falhas: a imprensa da época limitava-se a dar o resultado de um jogo quando este se realizava em um mesmo dia de uma grande partida.

Em abril de 1947, surgiu a indicação inestimável de que os arquivos da Liga Metropolitana de Sports Athleticos achava-se depositado na CBD – Confederação Brasileira de Desportos.

Não hesitou um minuto e pediu socorro ao seu amigo Rivadávia Corrêa Meyer, Presidente da CBD e botafoguense como ele, para que autorizasse a consulta ao precioso arquivo, no que foi prontamente atendido.

Compareceu por três dias à sede da CBD e, em seis horas, copiou todas as súmulas da velha Metropolitana. Aumentou extraordinariamente o seu material, confrontando os dados novos com os que já possuía e ficou apto a escrever a grande obra sobre o Botafogo.

Em janeiro de 1948, convidado por seu amigo de todos os tempos Carlos Martins da Rocha, assumiu o cargo de diretor do Departamento de Comunicações e, com o velho entusiasmo, dedicou-se de corpo e alma ao Botafogo.

Na Secretaria reexaminou todo o arquivo do clube, extraindo notas preciosas de seus livros de atas de sessões de diretorias, assembleia geral e conselho deliberativo, relendo os antigos.copiadores de ofícios e todos os relatórios, ficando, assim, senhor de impressionante material.

Num domingo em sua casa, 24 de abril de 1949, para ocupar o tempo, começou a redigir o primeiro capítulo da maior obra até hoje editada sobre o clube (O Futebol no Botafogo 1904-1950) e o entusiasmo apossou-se dele.

E, em seis meses, auxiliado pela boa memória que o conduzia diretamente às fontes, com relativa facilidade, frutificou o trabalho de trinta e quatro anos.

Foram perto de 1.400 páginas manuscritas em papel almaço, que três grandes amigos tiveram a espontaneidade e a paciência de datilografar em suas horas de folga: Horácio Machado, o veterano e exemplar chefe da Secretaria do Botafogo, sua dedicada e prestimosa auxiliar Maria Magdalena Pinto Rollo e a abnegada desportista Romacild Maria Roma, diretora do Departamento Feminino do clube.

No intervalo, decidiu diminuir as omissões relativas aos marcadores de gols e voltou à Biblioteca Nacional, sendo quase totalmente feliz, pois que examinou as coleções de “Gazeta de Notícias”, de 1906 a 1915, o melhor jornal desse período para descrição de jogos. Colheu dados impressionantes, que somente sua paciência fez pesquisar e que tudo indicava fossem inexistentes, como, por exemplo, os autores dos célebres 24 gols contra o Mangueira, em 1909, e referências apreciáveis ao caótico e quase esquecido campeonato de 1912, da Associação de Football do Rio de Janeiro, disputado pelo clube quando se achava separado da Metropolitana.

Alceu sempre deixou claro que redigiu “O FUTEBOL NO BOTAFOGO” na qualidade que mais prezava: na de simples torcedor do Botafogo e não na que ocupava na época, de seu diretor, nem na qualidade de sócio benemérito – título que lhe foi outorgado pelo Conselho Deliberativo, por proposta do Presidente Carlito Rocha, em sessão de 21 de novembro de 1949.

Era Diretor do Departamento de Comunicação do Botafogo quando faleceu, em 5 de outubro de 1962, no Rio de Janeiro.

O féretro saiu da sede do Botafogo de Futebol e Regatas, à avenida Wenceslau Braz, nº 72, para o cemitério de São João Batista.

No dia 7 de outubro de 1962, em General Severiano, o Botafogo venceu o Bonsucesso por 4x1. Os jogadores do Botafogo atuaram de luto, com braçadeiras negras pela morte de Alceu.

A Associação dos Cronistas Desportivas do Rio de Janeiro – ACD instituiu a Taça “Alceu Mendes de Oliveira Castro” para ser entregue a um dos finalistas do Torneio Início do Campeonato Carioca disputado em 23 de outubro de 1963. O Botafogo sagrou-se tricampeão do Torneio Início.


Alceu Mendes de Oliveira Castro também era advogado e em 1961 escreveu um outro livro: “Seleções Brasileiras Através dos Tempos de 1914 a 1960”, em parceria com José Carneiro Felipe Filho.

Fonte: http://botafogoacontece.blogspot.pt/2012/08/personalidades-alvinegras-alceu-mendes.html

Publicado 18th July 2016 por Ruy Moura

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Prof. Jose Carneiro Felippe Filho e Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro

Botafogo de Futebol e Regatas, ao contrário de outros clubes, não faz parte, apenas, da História da Cidade, pelo fato de ter sido fundado e ter sede e foro na Cidade Maravilhosa. 

Não! O Botafogo, mais que ninguém, é singular! 

Na realidade, o Botafogo é a própria história do Rio que muitos volumes não conseguiriam contar em todos os detalhes. 

Com efeito, Botafogo é o nome do instrumento militar, da família nobre, da terra que lhe herda o nome, e assim o clube. 

Pioneiro e atalaia da cidade, o Bairro serviu-lhe de berço, e as atividades de lazer, em particular as esportivas, de que ponto culminante o Botafogo de Futebol e Regatas. 

Nada mais natural, portanto, que a ansiedade com que os botafoguenses e esportistas em geral aguardam a edição da História do Botafogo. 

COMO $E APRESENTA A OBRA 

Iniciada pelo inolvidável Doutor Alceu Mendes de Oliveira Castro, teve continuação com o Professor José Carneiro Felippe Filho, aquele Grande Benemérito, este Benemérito do clube que nos anima o coração. Em fase de revisão e distribuição de páginas e ilustrações, o plano da obra compõe-se de uma trilogia central: 

a) Club de Regatas Botafogo; b) Botafogo Football-Club; c) Botafogo de Futebol e Regatas.

b) Dessa trilogia que compõe a "Coleção Alceu Mendes de Oliveira Castro", muitos temas servirão para obras isoladas, subprodutos na, linguagem do circulo de Historiadores do Botafogo, um dos quais o autor das presentes linhas intenta apresentar como dissertação de mestrado no campo de História Social, uma ligação do nome à terra e ao clube. Deve-se ressaltar, sem se temer exagero ou paixão que a trilogia em tela será a mais completa obra de qualquer agremiação ou federação esportiva, contendo documentadamente detalhes completos da História do Clube da Estrela Solitária, desde nomes de dirigentes, atletas, sedes, partidas, resultados, estatísticas, vultos importantes, fatos sociais e singulares, campeonatos, colocações, recordes, títulos regionais, nacionais, sul-americanos, pan-americanos, olímpicos, mundiais, em todos os esportes, quer como clube em si, quer como representante regional ou brasileiro, abordando-se ainda o invejável número de troféus e relíquias — isto tudo desde 1891 como Grupo de Regatas Botafogo, analisando-se ainda os indícios do Botafogo já existente ao tempo do Império do Brasil, quando menos como indiscutível descendente primogênito do Club de Regatas Guanabarense, fundado em 1874, sediado á Praia de Botafogo. 

c) OS HISTORIADORES DO BOTAFOGO 

d) Clube — Paixão, como é reconhecidamente por todos, o Botafogo sempre despertou em seus adeptos o carinho extremado por sua história, de que muitos se encarregam de compilar por este Brasil a fora, e mesmo exterior, chegando mesmo a imprimi-la, como Antonio Garcia (o "Monk", recentemente falecido, um dos expoentes da colônia Botafoguense de Teresópolis), e Oswaldo de Andrade Ferreira, de Belo Horizonte. 

e) No entanto, uma história ao nível científico, de pesquisas sistemáticas em Bibliotecas, arquivos de Federações, Confederações, do próprio clube e de co-irmãos, assim como de particulares foi iniciada no próprio clube. Assim Edwin Elkin Hime Jr. oferece álbum compreendendo os primórdios da história do Botafogo Football Club; Alberto Ruis datilografa sentimental história do Regatas. Mas é a gigantesca figura do Doutor Alceu Mendes de Oliveira Castro tido e havido justamente como a maior autoridade em História Desportiva, até sua prematura morte em 1962, quem desenvolve trabalho de fôlego no sentido de documentar toda a história do clube. Muito ajudado por José Carneiro Felipe. Filho, assim como Cídio da Silveira Carneiro, em trabalho ordenado e dividido, foram compondo a História Global, e podemos dizer que constitui para nós honra suprema estarmos, pela mão do próprio Doutor Alceu incluídos no fechado círculo de Historiadores do Botafogo — fechado, mas não hermético, pois geração nova vem chegando-se a ele, nesse renovar constante, a própria Tradição do Glorioso.

f) A HISTÓRIA DO BOTAFOGO ZELADA  POR SEUS PODERES 

Da ideia gerada pelo Doutor e Benemérito do Botafogo, Cídio da Silveira Carneiro em relatório de 1953, defendemos e logramos ver aproavada no Estatuto de 1968, consagrado ainda no atual, a Divisão do Patrimônio Histórico do Botafogo de Futebol e Regatas, de quem fomos até o momento o único diretor, tem sob nossa guarda, títulos e documentos de cunho histórico e todo o acervo das conquistas alvinegras nos campos desportivo e social, assim como Troféus e Relíquias. Em sua reunião extraordinária de 24-2-1976 o Egrégio Conselho Deliberativo, ainda por proposta nossa, resolveu instituir a Comissão Especial de História do Botafogo de Futebol e Regatas, para conjugar-se à Divisão respectiva da esfera do Conselho Diretor, para colimar suas finalidades. No momento, está sob a Presidência do seu próprio Presidente, Doutor Manuel Cavalcanti, sendo seu 1º Relator o 2º Vice-Presidente do CD, Dr. José Queiroz de Andrade; 2º Relator; 2º Secretário do CD: Mauro Marcello, Diretor da Divisão de Pesquisa Histórica: 1º Vice-Presidente do C. Deliberativo, Benemérito J. C. Fellipe Filho; Diretor da Divisão de Museus e Troféus: 1º Secretário Braz Francisco Winkler Pepe e Diretor da Divisão de Documentação: Conselheiro e Vice-Presidente Com. Social, Dr. José Ayrton Lopes. Ainda indicados para colaborar na Comissão o Conselheiro Flavio Werneck de Sá e consócio Luiz Felipe Carneiro de Miranda. 

DO BOTAFOGO O PRIMEIRO LIVRO DE HISTÓRIA! 

Homenageando os que nos precederam idos ou vivos, é nossa especial emoção lembrar que "O Futebol no Botafogo de 1904 a 1950" da lavra do Doutor Alceu Mendes de Oliveira Castro é o primeiro livro versando sobre história de um clube e muitos furos acima de congêneres após aparecidos.

Acervo particular: Angelo Antonio Seraphini

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 225 de novembro de 1976

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8 DE DEZEMBRO 

SOLENIDADE DO 35º ANIVERSARIO DA CRIAÇÃO DO BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS * INAUGURAÇÃO DA QUADRA "ALCEU M. DE OLIVEIRA CASTRO" 

                                                   Reportagem de LUIZ FELIPE 






No dia em que era comemorado o 35º aniversário da Fusão realizada entre o CLUBE DE REGATAS BOTAFOGO e o BOTAFOGO FOOTBALL CLUB e o consequente surgimento desta glória do esporte, nacional — o nosso BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS — diversas solenidades foram realizadas em nossa Sede do Mourisco-Pasteur. 

Logo pela manhã, os três Pavilhões, representantes que são de nossa gloriosa história subiram ao mastros e ali tremularam garbosamente durante todo o dia. As 18 hs. o Presidente Charles Borer convidou todos os presentes a agradecerem com o Padre Araújo, o transcorrer de mais um ano de existência do nosso BOTAFOGO. Encerrado o ato religioso da Missa, o Presidente Borer e Senhora, conduziram os convidados até a Quadra "Alceu M. de Oliveira Castro", que foi inaugurada pela filha do homenageado, Sra. Lúcia Oliveira Castro, inclusive ex-atleta, de Volibol do BFR, especialmente convidada. Na oportunidade, o Presidente Borer falou em nome do BOTAFOGO, exaltando a grande figura que foi o Dr. Alceu, justificando a escolha de seu nome, tendo em vista a sua grande dedicação ao GLORIOSO e em especial ao nosso Esporte Danador. D. Lúcia agradeceu sensibilizada a homenagem prestada ao seu saudoso e querido pai, destacando o enorme amor que o Dr. Alceu nutria pelo BOTAFOGO. "Esta belíssima quadra externa do Mourisco-Pasteur servirá temos certeza, para o engrandecimento ainda, maior do Esporte Amador do GLORIOSO". Disse ela. Logo após ser descerrada a placa com o nome do saudoso Grande-Benemérito, a Sra. Eugênia Borer, Primeira-Dama do clube — ex-atleta de Basquetebol e Atletismo do BFR, —executou o primeiro arremesso à cesta da nova quadra, revivendo os velhos tempos. Em seguida, foi servido um coquetel aos convidados, que mais adiante, assistiram a entrega das medalhas de Campeões Infantis, Infanto-Juvenis e Sul-americanos de 1977 aos nossos atletas masculinos, pelo Departamento de Desportos Terrestres, na pessoa de seu Vice-Presidente, Jarbas Mello. Foram convidadas as Senhoras Eugênia Borer, Samar Nahuz, Camélia Nahuz, Tereza, Cunha, e Maria Elisa, para a premiação aos atletas, responsáveis pelas equipes — Treinador Jorge Bettencourt e Preparador Raimundo José dos Santos. Enquanto eram entregues as medalhas, tivemos a agradável surpresa de constatar a chegada de nosso Benemérito e atual Presidente da Federação Carioca de Futebol, Octávio Pinto Guimarães, que veio trazer o seu abraço ao presidente Borer. Octavio fez a entrega de uma das medalhas conferidas ao seu ex-comandado, treinador Jorge Bettencourt. Encerrada esta cerimônia, assistimos duas partidas de Volibol e uma de Basquete,  entre os atletas das nossas diversas equipes. Estas equipes possuíam nossos Vice-Presidentes como Patronos. E, finalmente, foi promovida uma apresentação do Tae-kwon-Do, arte marcial, que prendeu a atenção de todos os presentes. No dia seguinte, o Departamento Social, apresentou o excelente show do grande Ivon Curi, que divertia e alegrou a platéia, presente à, festa do Mourisco Pasteur. 

GRANDE BENEMÉRIT0 ALCEU M. DE OLIVEIRA CASTRO 

Nascido a 13 de agosto de 1906, na Cidade do Rio de Janeiro. Faleceu a 5 de outubro de 1982. Sócio Proprietário em 1929, Benemérito em 1949 e Grande-Benemérito em 1956. Nos períodos 1929-30 e 1933-35, na Administração Paulo Azeredo, foi 1º Secretário; Diretor do Departamento de Comunicações, de 1948-62 nas Administrações Carlos  Martins da Rocha, Ibsen De Rossi e novamente Paulo Azeredo, quando, ainda na plenitude de seus desvêlos pelo GLORIOSO, veio a morte a colhê-lo. Primeiro grande historiador do BOTAFOGO, sendo autor do livro, "O Futebol no BOTAFOGO de 1904 a 1950. Desde 1948, participava, e dirigia a publicação da Revista do BOTAFOGO. 

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 232 janeiro e fevereiro de 1978

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ADHEMAR BEBIANO: 
UM EXEMPLO DE FIDELIDADE 

Todos os verdadeiros homens do Botafogo prestaram relevantes e relevantissimos serviços ao Clube. Por isso, todos eles são dignos da nossa maior admiração e respeito, em qualquer ocasião. 
Como exemplo desses homens, é sempre lembrada a figura de Adhemar Bebiano, pelo muito que já fez pela grandeza do Glorioso, merecendo, com justa razão, em 7 de dezembro de 1942, ou seja, há quase 35 anos, o título de Beemérito. Em nenhum momento da vida do Botafogo, porém, ele ficou indiferente. Daí porque, cinco anos depois, em 1947, Adhemar Bebiano recebia também o título maior, de Grande Benemérito, cujo título honorifico lhe foi concedido, na época, pelo Conselho Deliberativo, por todos de pé e por aclamação. Ele, podemos afirmar, é um legítimo Grande Benemérito do Clube. E não recebeu outros títulos porque não existem, no Clube. Aquele é o maior. A sua vida no Botafogo ficou marcada quando foi nosso Presidente nos anos 44, 45 e 1946, tendo sido Vice-Presidente nas administrações de Oswaldo Costa e Ibsen De Rossi, em 47, 52 e 1953, e ainda na presidência de outro Grande Benemérito, ilustre botafoguense, Paulo Azeredo, em 55, 56 e 1959. Todos queriam e querem ter a honra de possuir Bebiano a seu lado. 
Até hoje Adhemar Bebiano é um símbolo e um exemplo a seguir aqui no Clube. Continua sendo um botafoguense apaixonado, nunca negando a sua condição de grande torcedor, muito embora os seus afazeres maiores nos tenham privado de um maior convívio. Mas, em todo momento ou situação, o BFR não prescinde de uma consulta a ele, pela sua vivência e sinceridade, na solução de qualquer problema. Calmo, tranqüilo, está sempre pronto a participar dos nossos assuntos, demonstrando, em todos esses momentos, o seu grande coração botafoguense, de todos os tempos, sem mágoa ou rancor, contra quem quer que seja, agindo como um homem de bem, com amor ao seu clube. Está sempre solícito a nos apontar, quando convocado, o rumo a tornar, na sua opinião sincera e amiga, dentro da lealdade, firmeza, exatidão, probidade. São qualidades pessoais que todos têm que respeitar. É um fiel companheiro de todos os tempos. Tem o prazer de servir. Adhemar Bebiano na acepção da palavra, é, realmente, um Grande Benemérito do nosso querido e imortal Botafogo. "Exultemos é alegremo-nos nele". 

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 229 de junho e julho de 1977
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ADHEMAR BEBIANO

ADHEMAR ALVES BEBIANO


Morreu mais um grande homem do Botafogo. Faleceu no dia 26 de maio último aos 77 anos, o Grande Benemérito Adhemar Alves Bebiano. Sob este doloroso impacto registramos aqui o evento com o maior pesar. Poucos conhecem hoje detalhes do que representou o finado para aqueles da velha guarda.

Botafoguense de rígida têmpera, foi presidente de 1944 a 46, dando ao Clube uma situação de excepcional pujança na sua vida interna e as vitórias que as nossas brilhantes representações desportivas obtiveram constituíram páginas das mais gloriosas do Botafogo de Futebol e Regatas.
A superior visão administrativa de Adhemar Bebiano abrangeu todos os setores da nossa imensa organização, a todos beneficiando com planejamento eficiente e fiscalização segura.
Para as novas gerações temos a obrigação de relatar algumas realizações importantes da sua administração. O departamento de Copacabana, por exemplo, que tanto empolgou na época  foi uma delas. Sob a sua dinâmica administração foi contratado o serviço de iluminação para os jogos noturnos em General Severiano inaugurado posteriormente por Carlito Rocha.
No setor desportivo foi de excepcional relevo a campanha do Botafogo naqueles três anos de sua presidência, pois em todos os desportos de cujos campeonatos e torneios participamos, fomos campeões ou vice-campeões, retrospecto que fala muito alto do acerto de uma administração, da competência dos técnicos, da fibra e da eficiência dos antigos e valorosos defensores.
No futebol profissional o Botafogo foi vice-campeão nos três anos, sendo que os campeões variaram além de não terem participado como candidatos reais nas três temporadas, pois o Flamengo, campeão de 1944, não foi grande candidato em 1945, o Vasco, campeão de 1945 foi 5o  colocado em 1946 e o Fluminense, campeão de 1946.
Um verdadeiro padrão de eficiência foi a campanha do futebol profissional do Botafogo, tanto mais que o nosso quadro de reservas foi campeão de sua categoria em 1944 e 1945, além de vice-campeão em 1946. E mais um detalhe: Grande Benemérito e vice-presidente em 1947, teve as mais notáveis realizações, quando dotou o Clube de um plantel de jogadores profissionais muito bom, o que possibilitou a conquista, brilhante do campeonato de 1948.
E ainda tem mais. Em 1944 o nosso admirável quadro de amadores, obteve o título de tricampeão da cidade, não mais prosseguindo a sua carreira por ter sido extinta essa categoria.
Em basquete, campeão de 1944 e 1945, tetracampeão da cidade, e em 1946, vice-campeão, tendo sido considerado esse fato a maior surpresa do ano.
Em voleibol, vice-campeão em 1944, campeão em 1945 e 1946, bicampeão da cidade, além de vencedor dos torneios de 2a. divisão e feminino, 1a. e 2a. divisão.
Em natação, vice-campeão da cidade nos três anos, além de campeão em várias classes e vencedor de grande número de torneios.
Em pólo-aquático, bicampeão da cidade, alem de vários torneios e outras competições.
Em remo, 2o  colocado em todos as temporadas por vitória, além de vencedor de vários campeonatos de classe.

E assim foi em várias outras modalidades desportivas como no atletismo e na esgrima.

No setor das atividades sociais, Adhemar Bebiano também foi brilhante na, sua grande administração. Grandes festas foram efetuadas e várias iniciativas de interesse social foram tomadas com aprovação dos antigos associados. Consequência da orientação  imprimida pelo saudoso presidente às relações externas do Botafogo, nunca teve o nosso Clube tantas manifestações de estima e agrado por parte da imprensa e dos nossos co-irmãos, como no período da sua administração.
Por todos esses motivos, a decisão de Adhemar Bebiano em não continuar naquela época  na presidência do Botafogo, encontrou a mais decidida oposição em todo o quadro social, oposição essa que se manifestou de todas as formas e nas mais variadas oportunidades.
Adhemar Behiano, por ter motivos realmente sérios e obrigações imperativas, não pôde atender os apelos feitos, embora sempre afirmasse que estava disposto a cooperar com o novo presidente da melhor forma que lhe fosse possível; o Botafogo assim não ficou privado totalmente da colaboração de um dos maiores beneméritos, o presidente que uniu naquele tempo todos os botafoguenses, para.maior glória do Clube. Ele ainda foi vice-presidente nas administrações de Oswaldo Costa e Ibsen De Rossi, em 1947, 52 53 e ainda na presidência de outro grande botafoguense, P a u l o Azeredo, em 55, 57, 58 e 1959, também já. falecido. Na verdade, todos queriam ter a honra de possuir Bebiano a seu lado. E tinham reais motivos para isso.
Essa foi a grande figura que acaba de desaparecer para tristeza daqueles que tiveram a alegria de conhecer aqui no nosso Clube um exemplo de amor e compreensão a ser seguido, não diminuindo com isso as administrações de outros presidentes. Mesmo porque, confessamos, tivemos outros dirigentes, verdadeiros homens do Botafogo que prestaram também relevantes serviços ao Clube. Mas a vida de Adhemar Bebiano tem que ser ressaltada com os elogios que ela merece. Ele foi um legítimo Grande Benemérito do nosso Clube.
Infelizmente é mais um da velha guarda que morre e deixa o seu exemplo de fidelidade até o fim da sua existência aqui na terra. Foi até morrer um botafoguense apaixonado, nunca negando a sua condição de grande torcedor, muito embora os seus afazeres maiores nos tenham, ultimamente, privado de um maior convívio.
Adhemar Bebiano era um homem sem mágoa ou rancor, contra quem quer que fosse, agindo como um homem de bem como ele sempre foi. De opinião sincera e amigo, dentro da lealdade, pureza, exatidão, probidade e tudo mais de bom. Afastado 18 anos Bebiano visitou o Clube pela última vez, no dia 19 de agosto de 1977, indo ao campo de Marechal Hermes de onde saiu entusiasmado. Acompanhado de Marcelo Bebiano e do presidente Charles Borer, que foi busca-lo na Companhia de Tecidos Nova América - em Del Castilho, da qual era presidente, chegando às 8,45 quando os jogadores se preparavam para treinar. Visitou todas suas dependências, ainda em construção. Encontrou ali Zezé Moreira que foi jogador de um dos grandes times do Botafogo. Em Volta ainda o atual vice-presidente de futebol Rogério Correia, então exercendo as mesmas funções. Na ocasião, Bebiano perguntou por vários jogadores do passado e recordou, bem humorado, episódios do Perácio.
Antes de sair de Marechal Hermes, emocionado com as homenagens que lhe foram prestadas, Bebiano declarou à imprensa que ficara encantado com aquela visita. "Acho que foi um passo certo. Foi formidável para o local e para o Clube; Numa zona popular, o Clube ganhará contingentes novos de torcedores e, por outro lado, também traz grande progresso para este lugar. Cumprimento o presidente do Botafogo pelo passo que ele deu, pela coragem que demonstrou ao efetivar esta mudança "para cá”, disse ele na ocasião.
Em novembro de 1963, outro grande Botafoguense, Paula Ramos, assim, se referiu sobre Adhemar Behiano, em trabalho publicado nesta revista:
“Ainda me lembro bem quando Bebiano surgiu no Botafogo. Moço de fina educação e vasta cultura literária e histórica, ninguém diria de início o que representava para o Botafogo a magnífica aquisição de Adhemar Bebiano. Tendo vivido grande parte de sua mocidade em Londres, ali cursou vários colégios e aprendeu a gostar do desporto e a conhece-lo, principalmente o futebol em seus detalhes. Naquela ocasião e ainda hoje, sisudo meio caladão, seus olhos vivos, protegidos por um par de óculos de lentes fortes, escondiam, perfeitamente, que homem aparecia no Botafogo. Ninguém o conhecia bem, e Sérgio Darcy vislumbrou, que atrás daqueles óculos e daquela figura de moço calmo, tranquilo plácido, vibrava um grande coração botafoguense".
Seu corpo, como não podia deixar de ser foi velado na Sala de Troféus  do Clube no Mourisco-Pasteur e foi enterrado com grande acompanhamento no domingo, dia 27 de maio, às 15 horas, no Cemitério São Francisco Xavier, com o caixão coberto com a bandeira do Botafogo, sua grande paixão na vida e de toda sua família.
Clube está de luto.

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim do Botafogo no 243 de junho de 1984
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ADHERBAL TOLEDO


É MUITO IMPORTANTE A FUNÇÃO DE ENFERMEIRO

É muito importante a função de Enfermeiro  na vida de um grande Clube. Geralmente é um profissional de nível superior  ou médio, cuja função é cuidar do doente ou lesado, amenizando-Ihe os sofrimentos ou cura, e auxiliar o médico em seus trabalhos e pesquisa.  A enfermagem é uma profissão muito antiga  e para seu exercício há uma necessidade de uma  rigorosa seleção, considerando-se  prioritariamente as qualidades morais. Existe até um juramento nas Escolas de Enfermagem que diz assim:

"Solenemente, na presença de Deus e desta Assembléia, sobre os símbolos sagrados de minha fé e de minha pátria, prometo: praticar com fidelidade minha profissão, dedicar-me, com o maior zelo e a mais absoluta imparcialidade, à promoção do bem-estar dos doentes a mim confiados; abster-me de tudo quanto for pernicioso ou contrário ao meu dever; não tomar nem ministrar conscientemente drogas nocivas; guardar religiosamente o segredo profissional durante toda a minha vida; auxiliar com inteira lealdade os médicos em seus trabalhos ou pesquisas; fazer tudo que estiver em meu poder para manter e elevar os ideais de minha profissão".

O SERVIÇO DE ENFERMAGEM DO BOTAFOGO

Não podíamos, pois, deixar de abordar, também, aqui na Revista, esse importante setor do BFR, entregue a um profissional de grande gabarito e responsabilidade. 

Adherbal Toledo, filho de Manoel Januário Toledo Machado e de Adélia Maria da Conceição, nascido a 19 de outubro de 1919, na cidade de Capela, Estado de Alagoas, casado com Ariete Carreira Toledo, tendo como fruto desta união, o filho Jorge Carreira Toledo, atualmente com 28 anos.

Homem simples e caladão, não foi fácil a nossa reportagem conversar com ele, apesar de muito educado e atencioso. Aproveitamos, para isso, do seu entusiasmo pelos assuntos do BFR. Muita coisa ficou sem resposta, pela sua modéstia profissional, mas a sua capacidade já está, mais que comprovada durante os anos que aqui trabalha.

Desde 1o  de março de 1968, exerce a função de Enfermeiro, no BOTAFOGO de FUTEBOL E REGATAS, e como botafoguense, teve a felicidade - disse ele - de ter sido trazido para este fenomenal Clube, pelo seu sobrinho, Doutor Lídio Toledo, o qual, há bastante tempo, vem prestando os seus inestimáveis  serviços profissionais, como Chefe do Departamento Médico do Clube há bastante tempo, mas como dependia da publicação do meu desligamento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, no "Diário Oficial", e isto só aconteceu em 14 de agosto de 1967, somente desta data em diante, é que fiquei disponível, aguardando a liberação da vaga no Clube.”

- "Em 1946, na condição de militar, tive oportunidade de fazer o Curso de Enfermagem, tendo sido aprovado em primeiro lugar, numa turma de vinte candidatos, sendo que, a partir de 2 de janeiro de 1947 é que passei a exercer, positivamente, esta profissão, única especialidade ou vaga no Hospital da corporação. Fiz vários cursos de aperfeiçoamento, que me proporcionaram as várias promoções que tive na hierarquia militar, passando para a Reserva Remunerada, no posto de Oficial, com vinte e oito anos de serviço ativo."

"Se me perguntassem: "Estais sendo feliz como botafoguense, atuando profissionalmente no clube ao seu coração? Responderia que sim, porque a felicidade, nos a fazemos quando a queremos e onde podemos. A fim de demonstrar esta felicidade, transfira o meu pensamento para a seguinte frase:

"SÓ EXISTEM TRES LUGARES PARA SE VIVER NO MUNDO, O BRASIL COMO PÁTRIA - O RIO DE JANEIRO COMO ESTADO E O BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS COMO CLUBE"

- "Portanto, quem está no BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS tem a felicidade de estar nos três lugares ao mesmo tempo."

- "A minha maior alegria até o presente mormente, foi quando o BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS se consagrou BICAMPEÃO no ano em que ingressei no CLUBE e a maior tristeza, foi em 1971, quando da derrota para o Fluminense, no final da partida, aos 43 do segundo tempo, e, por clamoroso erro da arbitragem.” 

- "Outra tristeza muito grande, foi a perda da Sede Social, muito tradicional para os botafoguenses de longa data, situada a Avenida Venceslau Bras, em Botafogo, por motivos que não me cabem discutir."

- "A minha opinião quanto a parte disciplinar dos atletas profissionais do Clube, responderei por aqueles com os quais mantenho maior contato por força da minha profissão, e, logicamente, os que oriundos de outros clubes aqui chegam com a pecha de indisciplinados. Sinceramente, após certo período de observação, notei que todos esses atletas se apresentam como exemplos dignos da tradição e disciplina do BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS."

E prosseguiu:

- "A fim de positivar ainda mais esta minha opinião, totalmente pessoal, passo a relatar um fato acontecido no principio do corrente ano, por ocasião da revisão médica anual, feita juntamente com a auxiliar do Laboratório de Analises Médicas e Microbiologia. Após a coleta de sangue, declarava-me ela, que o conceito que fazia em relação aos atletas em geral, não era dos melhores, mas, de agora em diante, após  o contato que havia mantido com os mesmos reconhecia que até a presente data, vinha fazendo um julgamento errado, que não era, sinceramente, o verdadeiro, e que, a partir daquele instante, seria uma das maiores defensoras  dos mesmos perante a opinião pública".

- “O BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS tem um serviço de enfermagem que atende a todos os seus atletas, nas suas diversas categorias e modalidades nas quais se faz representar, cumprindo assim a todas as determinações  recebidas de todos os médicos do Departamento, que são os mais categorizados  dentro da medicina esportiva; com a saída de General Severiano, o serviço de atendimento ficou um pouco descentralizado sendo que os treinos  eram realizados em campos diversos  e distantes, até o presente momento, trazendo, naturalmente, pequenas  dificuldades. Porém, a Administração  providenciou para o Estádio de Marechal Hermes, instalações condignas."

O CONCEITO DO ATLETA BOTAFOGUENSE

"- O conceito dos atletas em geral, foi analisado anteriormente, mas quanto aos do  BOTAFOGO DE FUTEBOL  REGATAS, sem medo de errar, confesso ser o melhor possível."

E continuou Adherbal:

- "Cito como exemplo o seguinte: em todos os hotéis em que o plantel se concentrou desde o ano passado por este Brasil afora, incluindo lógica e principalmente o Rio de Janeiro, a direção só tem recebido elogios.”

- "Há bem pouco tempo, tive conhecimento  que é desejo da Administração do RIO-SHERATON-HOTEL, nossa concentração no corrente ano, enviar um ofício ao Presidente do BOTAFOGO, elogiando o comportamento exemplar  de todos os componentes da delegação botafoguense, principalmente, no que diz respeito ao seu quadro de atletas."

E concluiu Adherbal Toledo, homem inteli
gente e vivido:

-"Acho, no entanto, que isto não é suficiente, principalmente quando chegar ao conhecimento daqueles que sempre  têm por hábito, julgar mal os seus semelhantes."

- "O homem quando aprender a viver  sem fazer um pré-julgamento, sem duvida, terá uma vida muito melhor, porque passará a observar a si próprio."

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial BFR nº 229 jun jul 1977

Depoimento Pessoal: Trabalhei com o Sr. Adherbal Toledo na antiga e hoje extinta sede do Mourisco Pasteur. Educadíssimo, calmo, parecia que o mundo rodava em 33 rotações, não se exaltava por nada nesse mundo, respeitava e era respeitado por todos. Chegou a me atender em pequenas contusões, pois na época eu prativa voley e basquete e esporadicamente me acidentava. O Departamento Médico nessa época funcionava no sub-solo da sede do Mourisco Pasteur onde tambem funcionava a sauna do clube. Sempre tinha uma palavra de orientação para o tratamento que era exigido e orientava com muita e paciência. Mais um colega de quem sinto uma tremenda e doída saudade.
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AÍDA DOS SANTOS
Aída dos Santos (Rio de Janeiro, 1 de março de 1937) é uma atleta brasileira, especialista no salto em altura.
 
Competindo em 1965 pelo Botafogo FR
Nasceu prematura, caçula entre seis irmãos, filha de um pedreiro alcoólatra e uma lavadeira. Vivia com a família no Morro do Arroz, favela de Niterói. Durante o primário trabalhava de doméstica e estudava com fome. Descoberta pelo Fluminense, na primeira competição que ganhou levou uma surra do pai, que disse que medalha não enche barriga. Quando estava no Vasco, não ia aos treinos porque usava o dinheiro da passagem pra comprar comida.

Para cursar faculdade, ia às aulas de manhã, trabalhava à tarde e treinava à noite. Formou-se em geografia, educação física e pedagogia. De 1975 a 1987, foi professora de educação física na Universidade Federal Fluminense (UFF).


Participou de duas edições dos Jogos Olímpicos. Em Tóquio 1964, ficou em quarto lugar no salto em altura. Naquela edição dos Jogos, Aída foi a única mulher da delegação brasileira, e a única do atletismo. A ela nenhuma estrutura foi fornecida: viajou sem técnico e sem material para competir. Nem sequer tinha roupa para a Cerimônia de Abertura: usou um uniforme adaptado de outra competição. Mesmo assim, se transformou na primeira mulher do Brasil a disputar uma final olímpica.

Quatro anos depois, nos Jogos da Cidade do México, ficou em vigésimo no pentatlo.

É mãe da jogadora de voleibol Valeska Menezes, e tem um instituto para promover a inclusão social por meio do atletismo e do voleibol. Em 2006, Aída dos Santos recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva no Prêmio Brasil Olímpico, e em 2009 foi agraciada com o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional.

Fonte: WikiPédia
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Aída dos Santos, a leoa de Tóquio.

A Confederação Brasileira de Atletismo e a Caixa Econômica Federal, em 2012, no período dos Jogos Olímpicos de Londres, prestaram homenagem retratada no livro “Mulheres no Pódio – A empolgante histórica das atletas brasileiras”. O principal destaque foi Aída dos Santos e sua luta para chegar aos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, sendo a única mulher da delegação brasileira que viajou sem técnico, sem material e sem roupa para a cerimônia de abertura. Na capital japonesa, Aída superou todas as dificuldades e tornou-se a primeira mulher do país a disputar uma final no salto em altura, conquistando o quarto lugar com 1m74.

A obra a contém a biografia de Aída dos Santos, chamada de “A leoa de Tóquio”, e de dezenas de outras atletas que levaram o Brasil ao pódio em competições internacionais, entre elas: Maurren Maggi, medalha de ouro no salto em distância nos Jogos Olímpicos de Pequim, na China, e da campeã mundial do salto com vara, Fabiana Murer.

Nesse mesmo período, a CBAt – Confederação Brasileira de Atletismo, criou a medalha Aída dos Santos que é concedida no Grau Ouro aos atletas que sobem no pódio nos Jogos Olímpicos ou Campeonatos Mundiais de Atletismo.  Grau Prata, medalhistas em Mundiais Indoor ou Copa do Mundo de Atletismo e Grau Bronze, medalhistas em Mundiais de Juvenis ou de Menores.

Aída dos Santos, aos 79 anos, conduziu a Tocha Olímpica no Rio. Junto com sua filha Valeska Menezes, jogadora da seleção brasileira de vôlei, tem um instituto para promover a inclusão social por meio do atletismo e do voleibol.

Fonte: Site wanderleioliveira.banduol.com.br
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Relação de algumas medalhas e títulos conquistados:
- Bronze medal blank.svg 2 Medalha de Bronze em Pentatlo nos Campeonatos Panamericanos por Aída dos Santos Menezes: 1967, 1971
- 1 Recorde Sul-Americano no Pentatlo Feminino (4.578 pontos) por Aída dos Santos Menezes - Jogos Olímpicos - Cidade do México: 1968
- Aída dos Santos Menezes: Campeã Luso-Brasileira, Campeã Íbero-Americana, Campeã Sul-Americana

Quarta nas Olimpíadas de Tóquio em 1964, Aida dos Santos ganha mural de 30 metros em Niterói
Única mulher brasileira a participar dos Jogos Olímpicos de 1964, ex-atleta do salto em altura é homenageada com pintura no Caminho Niemeyer, em Niterói, no Rio de Janeiro
Uma das maiores esportistas da história do país, Aida dos Santos, hoje com 83 anos, ganhou uma justa homenagem nesta quinta-feira. No dia que marca os 56 anos de sua participação nas Olimpíadas de Tóquio, em 1964, quando ficou na quarta posição do salto em altura, ela viu um mural de 30 metros pintado com o rosto dela. A obra foi feito pela artista plático Marcelo Lamarca, e fica no Caminho Niemeyer, em Niterói.

Em 1964, Aida dos Santos foi a única mulher na delegação brasileira que foi aos Jogos Olímpicos de Tóquio, e competiu sem sequer ter um técnico a acompanhando. A quarta posição no salto em altura foi a melhor posição de uma atleta brasileira em Olimpíadas, dentre todas as modalidades, até as primeiras medalhas conquistadas pelas mulheres brasileiras, nos Jogos de Atlanta 1996.

Ela competiu sem uniforme, sem sapatilhas, sem técnico, mas com a força para conseguir bater o recorde nacional na final, com um dos pés lesionados.

Fonte: Site G1 15 de outubro de 2018
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De Tóquio a Tóquio - 56 anos do legado de Aída dos Santos para o atletismo brasileiro

A história da participação das mulheres nos Jogos Olímpicos não se resume aos Jogos da Era Moderna. Nos Jogos da Antiguidade, a presença de mulheres se restringia às sacerdotisas para a entrega das coroas de oliveiras aos vencedores, ou seja, às mulheres comuns era vedada a participação competitiva.
Ex-jogadora seleção brasileira de voley femino Fabi e Aida dos Santos

Numa breve linha do tempo, destaca-se a atuação feminina a partir dos Jogos de Paris em 1900, mas não como competidoras e em esportes em que não havia contato físico. Tampouco havia premiação, apenas um certificado de participação.
Diante dos obstáculos colocados para que as mulheres não competissem, a francesa Alice Milliat, atleta do remo, natação e hóquei, fundou, em 1921, a FEFI – Fédération Sportive Féminine Internationale, que, diante do sucesso de público no Primeiro Jogos Olímpicos para Mulheres em 1922, pressionou o COI – Comitê Olímpico Internacional, a inserir programas femininos nos Jogos Olímpicos de forma gradual até que não fosse mais possível apartá-las dos eventos.
A evolução, ainda que lenta, se deu não só dentro de uma competição fechada como os Jogos Olímpicos como também nas competições próprias de cada modalidade.

Foram necessários 120 anos para que 42 modalidades fossem inseridas nos Jogos.
Em termos percentuais, em mais de um século de Jogos Olímpicos, o número de mulheres competindo tende a se igualar ao número de homens, mostra irrefutável de que ações de incentivo à prática esportiva são o caminho para o protagonismo feminino nos esportes.

Números reportados pelo COI mostram o caminho desta evolução:

Paris 1900 – 2,2%
Londres 1948 – 9,5%
Los Angeles 1984 – 23%
Tóquio 2020 – 48,8%

Tóquio se repete após 56 anos, mas a presença feminina brasileira em nada se iguala àquele ano em que a delegação do Brasil contou apenas com Aida dos Santos e sob condições extremamente difíceis para quem compete em alto rendimento.

Em se confirmando os resultados para a edição deste ano, o número de mulheres na delegação brasileira superará o número de homens pela primeira vez na história.

O que é digno de celebração vem acompanhado da necessidade de manter a luta por condições justas para as mulheres do esporte. Da estrutura à premiação, as batalhas travadas pelas mulheres no âmbito esportivo são recorrentes e convidam à reflexão e à ação, porquanto direitos conquistados não se traduzem em direitos mantidos em tempos em que discursos de submissão ganham aliados.

O projeto “Corpo Feminino – Das proibições ao protagonismo” em sua segunda edição traz debates, vivências e histórias de mulheres cuja luta pelo direito ao esporte se dá em vários níveis e que denotam a importância da abertura de espaços para que suas vozes sejam amplificadas.

Fonte: sesc.org.br de 05 03 2020
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Aída dos Santos será homenageada em evento sobre mulheres no esporte

Durante os dias 7 a 25 de março, o Sesc Pompeia promoverá a segunda edição do Corpo Feminino: das Proibições ao Protagonismo. O projeto tem o objetivo de abordar o protagonismo feminino nas práticas esportivas. E a grande homenageada do evento, que ocorrerá no mês em que se celebra o dia internacional da mulher (8 de março), será a atleta Aída dos Santos.

A carioca foi a única mulher entre os 68 integrantes da delegação do Brasil para as Olimpíadas de Tóquio 1964, sendo a representante verde-amarela nas provas de salto em altura, 100 metros rasos e lançamento de dardo. Mesmo sem estrutura fornecida para sua participação, ela foi a primeira brasileira a estar em uma final olímpica e conquistou o 4º lugar no salto em altura.

Além disso, ela também esteve presente nos Jogos Olímpicos da Cidade do México 1968. No evento promovido pelo Sesc Pompeia, a ex-atleta participará de um bate-papo no sábado (7), às 17h (de Brasília), para contar sobre sua trajetória no esporte e o aumento da participação feminina nas Olimpíadas de 2020, também realizadas em Tóquio.
Outros nomes de destaque confirmados são: Edinanci Silva, primeira brasileira a ganhar dois ouros consecutivos no judô dos Jogos Panamericanos; Sandra Pires, primeira mulher a conquistar o ouro olímpico ao lado de Jackie Silva, no debute do vôlei de praia em Atlanta, 1996; Andrea Lopes, primeira brasileira a competir no Circuito Mundial de Surf em 1991 e a primeira a conquistar uma etapa do Circuito em 1999; e Bruna Takahashi, medalhista de bronze no tênis de mesa por equipe nos Jogos Panamericanos de Lima, 2019.

A programação acontece em diferentes espaços da unidade, de terça a domingo, em diversos horários, com acesso livre e gratuito.

Fonte: www.gazetaesportiva.com de 05 03 2020
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Em Tóquio, chorei muito, mas fui à luta, diz Aída dos Santos, única brasileira nas Olimpíadas de 1964
No podcast Rumo ao Pódio em homenagem ao Dia das Mães, Aída dos Santos, única brasileira e quarta colocada no atletismo nas Olimpíadas de Tóquio 1964, e sua filha Valeskinha, campeã olímpica no vôlei em Pequim 2008, contam bastidores dos Jogos Olímpicos que participaram.
Mãe e filha ligadas pelas Olimpíadas. E por dois quarto lugares dolorosos. Aída dos Santos: quarta posição no salto em altura em Tóquio 1964. Valeskinha: quarta colocação no vôlei em Atenas 2004. Quarenta anos de diferença. Muitas semelhanças entre elas. A central conseguiu superar a dor nos Jogos seguintes, com o ouro em Pequim 2008. Aída ainda sente as dores, mesmo com o reconhecimento tardio da façanha de 1964, quando foi a única mulher da delegação brasileira, única representante do atletismo, sem uniforme, sem sapatilhas, sem técnico, mas com a força para conseguir bater o recorde nacional na final, com um dos pés lesionado. Essas e outras histórias inspiradores foram contadas por Aída, de 83 anos, e Valeskinha, 44, no podcast Rumo ao Pódio, do Globoesporte.com, nesta semana especial de Dia das Mães.
- Tenho lembranças boas por participar de uma Olimpíada, mas tristes porque estava sozinha na delegação em Tóquio, sem técnico, sem ninguém da minha modalidade, sem material para competir. Chorei muito, vivia chorando, chorando. Mas eu tinha que competir, representar meu país. Mas como representar sem técnico, como ia treinar, sem material para competir? Nessa hora batia uma tristeza, mas eu fui à luta - recorda Aída dos Santos que, entre os 68 integrantes da delegação brasileira nos Jogos de 1964, era a única mulher.

Valeskinha e Aída no podcast em Niterói

Em um bate papo emocionante e também descontraído, Aída e Valeskinha contam como está sendo a quarentena juntas em Niterói, inclusive com rotina de treinamento, brincam em relação à cobrança da mãe em relação à filha atleta, recordam momentos de dificuldade dentro e fora de quadra e das pistas, como o preconceito contra mulheres e negras no esporte. E ainda revelam que nenhuma das duas tinha sido convidada para ir à Tóquio durante a Olimpíada, mas que o adiamento em um ano dá uma nova esperança de poderem assistir aos Jogos na capital japonesa em 2021.

Fonte: Site G1 06 05 2020
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Parabéns, Aida dos Santos!

Nome: Aida dos Santos
Nascimento: 01.03.1937
Clube: Botafogo
Técnico: Ailton
Especialidade: Salto em altura
Profissão: Professora de Educação Física e Professora titular da cadeira de Educação Física na Universidade Federação Fluminense desde 1975.
Aida dos Santos foi campeã estadual, brasileira, sul-americana e pan-americana de salto em altura.

Aida foi a única representante do atletismo nacional e a única mulher da delegação do Brasil nos Jogos de Tóquio 1964. A atleta, que também disputava provas de 100 metros rasos e lançamento de dardo, participou sem uniforme, sem técnico, sem médico, sem sapatilhas de prego.

» 1964: Jogos Olímpicos (Tóquio), 4º lugar no salto em altura (1,74m)
» 1967: Jogos Pan-Americanos (Canadá), Bronze no pentatlo
» 1968: Jogos Olímpicos (México), 22ª posição no pentatlo
» 1971: Jogos Pan-Americanos (Colômbia), Bronze no pentatlo
Nota: melhor classificação olímpica do atletismo feminino de sempre.

Sócia emérita e membro do Conselho Deliberativo como benemérita do Botafogo. Foi homenageada em 1995 na inauguração da pista de atletismo da U.F.F., que tem o seu nome. Em 2006 foi homenageada com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, entregue anualmente a uma personalidade com importante vida atlética.

Em 22.09.2006 foi criado o Instituto Aida dos Santos, composto por duas sedes, a Vila Olímpica Fazenda Colubandê (em São Gonçalo) e a Concha Acústica (em Niterói), que atenderá 100 crianças em cada modalidade. As crianças devem estudar e ter boas notas para poderem praticar as duas modalidades oferecidas: voleibol e atletismo.

Parabéns por mais um aniversário!

Fonte: mundobotafogo.blogspot.com 01 de março de 2011
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Aida dos Santos e Valeska Menezes: tal mãe, tal filha

Aida dos Santos, a mais famosa botafoguense do atletismo, designada benemérita do clube desde 1995 e figura nacional de grande relevo, continua extraordinariamente ativa aos 73 anos de idade.

Aida dos Santos começou como jogadora de voleibol, mas rapidamente enveredou pelo atletismo, tendo sido a mais importante atleta brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964.

Sempre interveniente ao longo da sua vida, quer como dirigente e benemérita do Botafogo, quer como professora universitária, Aida regressou ao voleibol e faz parte da AABR-Rio, na categoria de 65+. Aida, capitã da equipa, participa no campeonato brasileiro de voleibol master, tendo vencido recentemente os seus dois primeiros jogos. Sempre otimista, Aida dos Santos declara que “o segredo do nosso time é a união, o conjunto. Vamos lutar para buscar o título”.

A outra grande alegria de Aida é a sua filha Valeska dos Santos Menezes, campeã olímpica com a seleção brasileira de vôlei em Pequim 2008, aos 32 anos de idade. A mítica atleta considera que “foi uma emoção muito grande ver a Valeska conquistar a medalha de ouro. Ela sempre adorou esportes. Sabia que ela se tornaria uma grande jogadora”.

Valeskinha é uma jogadora completa. Apesar da baixa estatura possui um dos melhores bloqueios do planeta, reconhecido na Copa do Mundo de 2003 quando obteve a premiação naquele fundamento, em representação da seleção brasileira.

Valeska faz parte do elenco do Novara (Itália) e antes passou pelo Osasco (campeã da superliga em 2003 e 2004), Flamengo (campeã em 2001) e Rexona (campeã em 1997 e 1999). Mas antes de ingressar no Rexona, Valeskinha pertenceu ao Botafogo de Futebol e Regatas, onde começou a carreira e se tornou uma grande revelação alvinegra. Valeska foi campeã sul-americana em 2003 e campeã olímpica em 2008.

Fonte: http://olimpiadas.uol.com.br
            http://www.cbv.com.br
            http://www.flamengo.com.br
            mundobotafogo.blogspot.com
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ALEXANDRE MADUREIRA

MADUREIRA, FIGURA CONHECIDA NO CLUBE

O BFR organizou o seu Departamento Técnico de Futebol, dentro do qual vem se processando todo seu trabalho nesse importante setor do clube. Antes dessa atual organização, o serviço funcionava quase que com um só homem, responsável pela sua administração, principalmente, no que dizia respeito a legalização de atletas e confecção dos expedientes interno e externo. Esse homem era Alexandre Madureira Freire, Chefe da Seção ele Serviços Gerais, daquele Departamento.
Ele se desdobrava para atender o trabalho que lhe estava afeto, mas sempre se desincumbindo satisfatoriamente das suas funções. De qualquer forma, o Departamento de Futebol, pelo natural crescimento, exigia uma nova estruturação, o que foi executada na atual Diretoria do clube.

E o Madureira lá continua, firme, prestando, com a sua grande vivência, o melhor serviço ao Botafogo. Ele, hoje com 61 anos, já tem 25 anos de clube, começou na Presidência de Ibsen Rossi, e tem 40 anos de profissão nos meios
esportivos da cidade.

Iniciou, por coincidência, as suas "peladas" no campo do E. C. União, em Marechal Hermes, pois foi aluno da "Escola Mauá", na época “Escola Profissional Visconde de Mauá”, onde fica, justamente, localizado o atual campo ao Botafogo. Começou como "amador" na Federação Atlética Suburbana, em 1937, como chefe do Depto. Técnico, tendo como diretor Álvaro do Nascimento, mais conhecido como "Cascadura" ou “Zé de S. Januário", o jornalista que assina a coluna "Pedrinho na Chuteira, no "Jornal dos Sports."

Com a regulamentação do esporte, ,através do Decreto-Lei 3.199, em 1941, foi transferido para a Federação Metropolitana de Futebol, tendo sido nomeado Escriturário do Departamento de Árbitros." Permaneceu ali, como funcionário, até 1951, quando ingressou no Botafogo, em 1º de julho de 1952, e onde continua até hoje no Departamento Técnico de Futebol.

MUITAS HISTÓRIAS PARA CONTAR

Madureira tem muitas histórias para contar, mas e homem sempre muito ocupado, cioso dos seus deveres. Primeiramente, com relação ao novo local de jogos ou seja o campo localizado em Marechal Hermes, ele é de opinião, como antigo morador da localidade, que o nosso Presidente lavrou um grande tento. Área magnífica, onde poderá ser construído um estádio com boa capacidade. A população da Zona Rural será beneficiada, pois assim, a torcida botafoguense estará com frequência assistindo bons espetáculos pertos de suas residências. Acha inclusive que, com, isso o aumento do quadro social será evidente.

Como antigo responsável, no Botafogo, pelo setor administrativo do futebol, Madureira "macaco velho” da F.C.F., teve ocasião, ao decorrer dos longos anos de trabalho, de fazer centenas de viagens com o time no Brasil, de Manaus a Uruguaiana (RS) todos os Estados e várias cidades do interior.
No exterior, São Jose da Costa Rica, Cuba. Guatemala, Honduras, Curaçao, México, na América Central e Espanha, Portugal na Europa e Venezuela, Peru.
Colômbia, Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai na América do Sul

Ele costuma dizer que a sua maior alegria no B.F.R. “foram os campeonatos de 1961, 1962, 1967 e 1968 e os campeonatos de juvenis - Tetra - E que a sua maior tristeza foi a perda dos campeonatos de 1971 e "Libertadores da América".

Casos interessantes ele tem vários. O sequestro, por exemplo,  do atleta Jair Bala, do C. R. Flamengo, hospedado no sitio "Maracangalha", de um flamenguista, "roxo", Dorival Caymmi e famoso compositor e Luiz Reis também rubro negro, foi um deles. A sua saída de madrugada da cidade de Ilhéus, na Bahia, em avião, por ter conseguido a assinatura do contrato do atleta Arlindo, pelo seu pai, foi outro "troço". Os torcedores, quando souberam da contratação, quiseram linchar o Madureira de qualquer maneira. Foi uma correria danada. E ele conseguiu fugir sem apanhar.

Na sua opinião, o maior jogador no período que ele exerce as suas funções no clube, foi Mané Garrincha. Quanto aos casos mais difíceis tratados na F.C.F., foram vários disse ele. Muitos com absoluto êxito, mas não pode cita-los, pois, alega, que “a alma do negócio é o segredo. Tá certo. Lembra que participou, ativamente para a contratação de Rildo, Afonsinho, Mura, e vários outros que não lhe veem na memória.

Madureira jaz questão de dizer que é Botafogo. Assim como a sua filha Suely, que integrou a equipe de aspirantes de basquetebol, sagrando-se campeã, sob a direção técnica do nosso Presidente, Charles Borer. Também seu filho Armandinho figurou na equipe de infanto-juvenil de futebol, sob a direção do técnico Neném Prancha, sendo campeão.

Madureira está sempre preocupado com os dados estatísticos referentes ao Botafogo, conhece a história de todos os nossos atletas, e, nas horas vagas, tem a mania de copiar desenhos, tornando-se, com isso, regular desenhista.

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 228 de abril/maio de 1977
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ABELARDO DELAMARE

OS IRMÃOS DE LAMARE: ROLANDO E ABELARDO 
Ainda, uma vez recorremos aos «Desportos em Todo o Mundo», para reproduzir aqui, magnífica crônica de Cidio Carneiro, sôbre os notáveis irmãos de Lamare e, aproveitando o ensejo, avisamos aos fans da esplêndida revista que a mesma sairá agora, duas vezes por ano, a 1º de junho e a 1º de dezembro: 
«Justamente quando o futebol começou, de fato, a entusiasmar sobremodo o povo carioca   de 1909 a 1916 — os nomes de Rolando e Abelardo de Lamare eram verdadeiros gritos de guerra para os torcedores do BOTAFOGO, para os cariocas e brasileiros quando os ecratches eram formados. 
Os adversários pronunciavam-nos com respeito; os companheiros com admiração; as torcidas contrárias com receio e as favoráveis com esperança. Foram oito os irmãos de Lamare que tanto contribuiram para a grandeza do alvi-negro, o clube das famílias abnegadas. Quatro dêles foram jogadores: Adhemaro, Rolando, Oswaldo e Abelardo, e um outro, Joaquim, exerceu com brilhantismo a Presidência do grêmio, justamente durante a maior crise por que passou o BOTAFOGO 1911 a 1912 quando se retirou da Liga Metropolitana após os incidentes durante o célebre jôgo contra o América em 25-6-1911. 
Dois, entretanto, foram os que mais se salientaram, por fôrça das qualidades excepcionais como jogadores: Rolando e Abelardo. 
ABELARDO DE LAMARE ingressou no DOTAFOGO em 1908, trazido também do Carioca por um irmão; Rolando. Fêz parte do 2º time Vice-Campeão naquela temporada, como center-forward e, às vêzes, como meia-direita. Foi campeão em 1909 pelo 2º quadro, embora tivesse jogado algumas partidas no primeiro. 
Campeão Carioca em 1910, tornou-se então, a grande revelação, como recordista de goals --- verdadeiro pesadêlo para as defesas contrárias, principalmente, para os keepers. Possuidor de grande contrôle de bola, com os dois pés, impetuoso e inteligente, não media distância para fazer os goals, dada a potência do seu chute e a malícia de seu jôgo. Sua carreira desportiva está ligada a do seu irmão Rolando, quer no BOTAFOGO quer nos Scratches: o alvi-negro sempre teve nos seus quadros, (1º e 2º), dois ou três irmãos e isso desde os primórdios de sua fundação. Tal fato se tornou, todavia, mais interessante em 1910, quando a linha de forwards era composta dos 3 irmãos Sodré (Emmnanuel, Mimi e Lauro) e dos irmãos de Lamare, half direito Rolando e meia-direita Abelardo. Juntamente com Gabriel de Carvalho (hoje seu grande amigo) foi Abelardo o protagonista do célebre incidente, já citado que redundou no pedido de desligamento da Metropolitana, por parte do BOTAFOGO: a Liga suspendera êste footbalIer por 1 ano, por ter sido o iniciador da briga (degenerada em dois grandes conflitos), ocasionando o levantamento do BOTAFOGO, como um só homem, em seu favôr, num admirável gesto de solidariedade. O BOTAFOGO estava até então invicto no Campeonato, e permanecia após aquêle jogo, porque empatara de 1 x 1 -- goals de Del Nero para os rubros e Abelardo para os alvi-negros. Em 1914, quando estava querendo afastar-se do futebol, em vista dos seus múltiplos afazeres como industrial, foi solicitado para enfrentar os célebres profissionais ingleses do Exceter City, que já haviam batido o scratch brasileiro, por 5 x 2 e o Britânico, do Rio, por 3 x 0. Tratava-se do scratch brasileiro, formado por jogadores desta capital e de São Paulo (foto em outra página), a se defrontarem com aquele quadro que tão sómente dois goals tinha até então cedido, ambos ao inglês Welfare, jogador do Fluminense. Era necessária procurar um elemento impetuoso e técnico para o nosso ataque... e que só poderia ser Abelardo. De fato, vencemos por 2 x 0, numa vitória que se pode considerar a mais categorizada até à época do futebol brasileiro, porque disputada contra um time de profissionais. Rolando de half-esquerdo e Abelardo na meia-direita foram fatores decisivos naquela gloriosa jornada. Fomos procurá-lo no seu gabinete de Presidente do Banco Delamare. Notamos, de imediato. a satisfação de recordar coisas do passado. Disse-nos, que time de 1910, não se revelava sõmente pelos jogadores, primando, ao invés, pelo conjunto. Todos, como se fossem uma só familia, se uniam para treinar, deitar cêdo nas vésperas e ante-vésperas dos jogos etc. As partidas que mais o emocionaram são os 7 x 2 contra o Palmeiras e os 2 x 0 sôbre o Exceter City. Harry Robison, Irineu Malta (SP), Dinorah de Assis, Belfort Duarte, Lulu Rocha, Mimi, Borgerth, Welfare, Nery, Rubens Sales (SP) Mutzembeker. Cruickshank e Urbano (SP), são considerados por êle os maiores jogadores do seu tempo. Mais tarde, admirou Menezes, Nilo, Domingos e hoje Zizinho e Nilton Santos. Abelardo Delamare estudou humanidades no Colégio Abílio e cursou Direito até o 3º ano. Abandonou porque foi convidado para gerente de uma grande fábrica de tecidos, tornou-se, em seguida, industrial. Hoje é um dos mais conceituados banqueiros do pais. Casado com D. Clarisse Gonçalves de Lamare tem dois filhos Lúcio e Célia e uma linda netinha — Monique. Rolando de Lamare tabém estudou no Colégio Abílio. Formou-se em medicina em 1912 e casou-se em 1916 com D. Helena Soares de Lamare, que lhes deu 5 filhos - - 3 rapazes (1 já falecido) e duas moças - todos casados. Tem 7 netos, 3 meninos e 4 meninas. É sócio Benemérito do Botafogo desde 1915. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 123 de fevereiro de 1957
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ADALGISA COLOMBO Miss Brasil 

Adalgisa Colombo, a lindissima Miss Botafogo, irá a Long Beach como representante do Brasil, mercê de suas estrondosas vitórias de graça, elegáncia e beleza, conquistadas no Maracanãzinho, nas noites inesquecíveis de 14 e 21 de junho último. 
Na primeira noite, Adalgisa consagrou-se Miss Distrito Federal. Carioca legítima, nascida no próprio bairro de Botafogo, a 11 de janeiro de 1940, é filha do distinto casal Eduardo-Percília Colombo. 
De tez clara, cabelos negros e olhos castanhos, Adalgisa tem as seguintes medidas: altura, 1,69; pêso. 56 quilos; cintura, 62 cm.; busto, 90 cm; quadris, 91 cm; coxa, 56 cm; tornozelo, 21,5 cm; sendo uma moça finamente educada, falando perfeitamente inglês e francês. 
Sôbre sua vitória espetacular, que arrazou o despeito de uma malta de cafagestes, assim se expressou "O Jornal", sobre a noite de 14: — "Muito linda no seu tipo de morena brasileira, voltou-se para uma senhora que estava perto e, chorando de alegria ao abraçá-la, disse: "Mamãe, nem acredito!" Ela acabava de ser a vitoriosa entre vinte e cinco outras jovens não menos belas, na festa que teve lugar às últimas horas de ontem, às primeiras de hoje, no Maracanãzinho, importante etapa do Concurso Miss Brasil - Miss Universo promovido pelos Diários Associados e sob o patrocínio exclusivo do "Leite de Rosas", em todo o país". 
Penteada pelo cabeleireiro Jovet, Adalgisa, nessa grande noite, usava um vestido azul claro para coquetel, com os seus lindos cabelos negros soltos. 
Mas, a suprema noite foi a de 21 quando Adalgisa, Miss Distrito Federal, entre 23 jovens representantes dos Estados e Territórios, impôs sua invulgar formosura e sua plástica notável, consagrando-se sob uma chuva da flores e ovações delirantes, Miss Brasil. 
Sobre a noite de 14, disse "O Cruzeiro": "As moças foram saindo, uma a uma, com seus embrulhos, vestidos, parentes, tristezas e alegrias. 
Lá fora, chovia fino. Adalgisa, que tem 18 anos e sempre quis ser "Miss" desde menina, reuniu também as suas coisas, deu o braço ao pai e a mãe, abriu caminho entre os que esperavam para vê-la, e foi para casa, com mais um campeonato para o seu time,  BOTAFOGO". 
O BOTAFOGO inteiro, sempre presente em todas as jornadas, com o Dr. Sergio Darcy, seu Presidente em exercício, à frente, vibrou intensamente com a consagração de sua excepcional representante como protótipo da beleza da Mulher Brasileira, torcendo calorosamente para o seu sucesso em Long Beach.

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 140 de julho de 1958
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Vice Miss Universo, Adalgisa Colombo, a lindíssima Miss Brasil e BOTAFOGO, foi a alviçareira notícia do grande concurso de Long Beach, decisão de 25 de julho. 
Colocando-se como a segunda mais linda do mundo, Adalgisa obteve, pois, colocação brilhantíssima, reproduzindo as inesquecíveis colocações de Marta Rocha e Terezinha Morango e demonstrando insofismavelmente a justiça da escolha, entre nós, de sua encantadora pessoa para representante do Brasil. 
Parabens, pois, à formosa Adalgisa. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 141 de agosto de 1958
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Adalgisa Colombo 

Vice-campeã Universal de beleza — Adalgisa Colombo regressou dos Estados Unidos na manhã de 20 de agôsto, tendo um desfile apoteótico do Galeão ao Serrador. 
Na noite seguinte 21, Adalgisa visitou o BOTAFOGO, engalanado para receber sua querida e formosíssima representante, tendo sido saudada, ao champagne, pelo Dr. Sergio Darcy, Presidente em exercício, que enalteceu a atuação de Adalgisa em Long Beach e o que ela representou para o BOTAFOGO, agradecendo Miss Brasil, com belas palavras. 
Entre os presentes ao cocktail oferecido à Miss Brasil, anotamos: Sr. e Senhora Paulo Azeredo, Sr. e Sra. Sergio Darcy, Sr. e Sra. lbsen De Rossi, Sr. e Sra. Oswaldo Palmeira, Senhora Heloisa Helena, Sr. e Sra. Luiz Dias, Professor Roberto Lobo, Dr. Henrique Meyer, José Carneiro Felippe, Neves Camargo, Tasso Moreira, Dr. Oscar Santa Maria, Renato Estelita, Eduardo Colombo, senhorita Eugenia Levy e o Sr. Nazi Filippi. 
No sábado, 23, o BOTAFOGO promoveu esplêndido show que alcançou o mais completo sucesso, em homenagem a Adalgisa Colombo, que recebeu da Diretoria do Glorioso pelas mãos do Dr. Sergio Darcy, linda jóia representando o escudo do Clube, tendo Adalgisa agradecido com sua habitual graça e segurança, encantando a todos os presentes com sua simpatia, beleza notavel e elegância e distinção impecáveis. Na mesma oportunidade, foi homenageada, também, a grande botafoguense Heloisa Helena, que, pela sua dedicação e pelo seu amor ao Clube, não pode ser olvidada um momento. 
O ministro da Agricultura conferiu ao general Saddock de Sá, a medalha D. João VI, pelos serviços relevantes prestados ao Jardim Botânico, por ocasião dos festejos comemorativos do seu sesquicentenário. 
Em seu gabinete, o Sr. Mário Meneghetti entregou ao general Saddock de Sá a medalha, pronunciando breves palavras de saudação.

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 14 de setembro de 1958 
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