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quarta-feira, 11 de março de 2020

ÍCONES DO BOTAFOGO F.R.

 A PEQUENA NOTÁVEL


Conheça mais sobre Neuci, ídola do basquete alvinegro

Tetracampeã de basquete (1960-1961-1962-1963) e uma das principais atletas da história do clube, Neuci Ramos da Silva faleceu no último de 9 de janeiro, uma morte muito sentida em virtude da sua importância para o Botafogo. Neuci fez parte das equipes de todos os títulos da saga do tetra. Por sua habilidade, aliada à baixa estatura, ficou conhecida como "Pequena Notável", além de carregar apelidos como "A Garrincha do Basquete" e os adjetivos "imarcável" e "incansável".

O historiador botafoguense Carlos Vilarinho, autor dos livros "O Futebol do Botafogo 1951-1960, 1961-1965, 1966-1970", em três volumes, gentilmente relacionou as menções que fez à Neuci em suas obras. No passo a passo abaixo dá para se ter uma ideia da importância da Benemérita Neuci.

Março de 1955 - Nos II Jogos Pan-Americanos, o Brasil conquistou a medalha de bronze no basquete feminino. O Botafogo esteve representado por três craques: Eugenia, Marlene e Neuci.

Outubro de 1957 - No II Campeonato Mundial de basquete feminino, o Brasil terminou em 4º lugar. Neuci e Marlene representaram o Botafogo.

Setembro de 1959 - Nos III Jogos Pan-Americanos, o Brasil conquistou a medalha de prata no basquete feminino. Marlene e Neuci fizeram sua parte.

Agosto de 1960 - Na terça-feira, 23, no Maracanãzinho, o Botafogo atropelou o Fluminense no primeiro jogo da melhor de três (50x33). Na quinta-feira, com a cesta decisiva de Marlene, em passe de Eugenia, o Botafogo (que igualara em 41x41) virou para 43x41, conquistou uma vitória sensacional, sagrando-se campeão carioca de basquete feminino. A campanha foi magnífica: 17 vitórias em 18 jogos, marcando 1086 pontos, contra 435 sofridos. As duas maiores cestinhas do Glorioso foram Marlene (402) e Neuci (229).

Outubro de 1961 - o Estádio de General Severiano foi palco da abertura da V Olimpíada do Botafogo. Neste ano, o magnífico evento idealizado por Alceu Mendes de Oliveira Castro e Margarida Tereza Nunes Leite contou com 675 participantes das seguintes modalidades: aeromodelismo, arco e flecha, atletismo, basquete, boliche, futebol, halterofilismo, judô, pólo aquático, tênis de mesa, voleibol e xadrez. A honra suprema de conduzir a Tocha Olímpica coube a Neuci Ramos da Silva, "A Garrincha do Basquete". A medalha “Honra à Fidelidade”, conferida aos atletas que defendessem a sua bandeira em 10 anos consecutivos ou 12 anos intercalados, foi entregue a Lucia Mendes de Oliveira Castro (filha de Oliveira Castro) e Epaminondas Filho.

Outubro de 1961 - No Maracanãzinho, encerrou-se a Semana da Asa, com a entrega da Medalha do Mérito Santos Dumont. Por decreto de João Goulart, foram condecorados Paulo Azeredo, João Lyra Filho (presidente no biênio 1940-1941) e Maurício de Andrade Bekenn (benemérito desde o CR Botafogo). Ao final da cerimônia, foi disputado um amistoso entre as equipes campeãs de basquete feminino, carioca e paulista. Liderado por Eugenia, Luci, Marlene e a pequena notável Neuci, o Botafogo, bicampeão (1960-1961), derrotou o XV de Piracicaba por 54x41.

Maio de 1963 - Nos IV Jogos Pan-Americanos, o Brasil perdeu para os EUA na decisão-extra do torneio de basquete feminino (43x59), ficando com a medalha de prata. Marli e Neuci representaram o Botafogo.

Setembro de 1963 - No Maracanãzinho, o Botafogo (dirigido por Charles Borer), com um show coletivo de raça e técnica, mas destacando-se a pivô alemã Renate (seriamente contundida no joelho esquerdo e lutando à base de injeções) e Neuci, derrotou o Flamengo na terceira partida da melhor de três (60x57), e se sagrou tetracampeão carioca de basquete feminino.

Em março de 1964 -  a Confederação Brasileira de Basquete entregou a Renate o prêmio de melhor jogadora da temporada de 1963.

Novembro de 1964 - No sábado (às 20h05), dia 14, estreou na TV Continental, o programa de auditório “Neuci, a Estrelinha Solitária”. Boa cantora, Neuci lança para o Natal um compacto com o mesmo título do programa.

Setembro de 1965 - no Maracanãzinho, o Brasil arrasou o Chile (83x24) e sagrou-se campeão do X Campeonato Sul-Americano de basquete feminino. Neuci e Marlene representaram o Botafogo.

Fonte: Site Oficial do BFR 13 de janeiro de 2015

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JOSÉ SILVIO FIOLO


Texto: Carlos Eduardo Dudorenko

No sul-americano de 1966, em Lima, surgiu uma nova esperança para a natação brasileira. Lá de Campinas, ainda com 15 anos de idade, apareceu José Sylvio Fiolo para se tornar o melhor peitista isolado do continente e um dos maiores nomes da natação brasileira de todos os tempos, fazendo jus a integrar o panteão do Hall da Fama da Natação Brasileira.




Segundo lugar no Campeonato Paulista de Natação – março de 1964. Em pé – Tonhão, Farid, Alvaro Pires, João Agostinho. De cócoras, Norio Ohata, Fiolo e Foca – foto postada por José Fiolo no Álbum das Gerações da Natação Brasileira

Em junho de 66, ele quebrou o recorde sul-americano dos 100m marcando 1m11s0. Nos doze meses seguintes ele esfacelou a marca, culminando com sua participação no Pan de 1967, em Winnipeg, quando nadou em 1m07s5 e levou um dos seus dois ouros individuais, os primeiros títulos brasileiros de Pan desde Tetsuo Okamoto, em 1951. No revezamento 4×100 4 estilos, que conquistou a medalha de bronze nesse Pan, Fiolo nadou para a incrível marca de 1m06s6, 1 décimo de segundo abaixo do recorde mundial do soviético Vladimir Kozinski.


Revezamento 4×100 4 estilos, medalha de bronze nos Jogos Panamericanos de Winnipeg em 1967 – Waldyr M. Ramos (costas), José Sylvio Fiolo (peito), João Reinaldo Costa Lima Neto (borboleta) e Ilson Asturiano (livre) – recorte de jornal postado por Sandra Novaes Asturiano no Álbum das Gerações da Natação Brasileira

O Recorde Mundial

Em outubro de 1967, a revista Swimming World publicou um longo artigo sobre o Fiolo e seu estilo inovador. Suas braçadas e pernadas fortes e mais longas contrastavam com a técnica predominante do estilo acelerado do americano Jastremski. Seu técnico no Botafogo, Roberto Pavel afirmou que o estilo de Fiolo misturava a braçada russa com a pernada americana, mesclando a técnica de nado das grandes escolas de natação da época. A lenda da época era que ele rasgava, com um só movimento das mãos, a lista telefônica inteira da cidade de São Paulo.

No Sul-Americano, em fevereiro de 68, no Fluminense, ele baixou seu recorde para 1m06s8, pondo uma frente impensável de quatro segundos no segundo colocado. Com o resultado, seu técnico Roberto Pavel acreditava que Fiolo poderia superar a melhor marca mundial dos 100m peito. Ao término da competição, solicitou aos juízes da FINA que ficassem mais alguns dias na cidade para que pudessem assistir e regulamentar uma tentativa de recorde de Fiolo.

Quatro dias depois, veio o recorde mundial, na piscina do Clube Guanabara. As arquibancadas ficaram lotadas para torcer por mais um recorde mundial naquela “mágica” piscina. O recorde anterior era do soviético Vladimir Kozinski, com 1m06s7, estabelecido no dia 8 de novembro de 1967 em Leningrado. Velocista nato, Fiolo tinha a tendência de nadar muito forte a primeira metade da prova. “Meu técnico então decidiu pela tática de passar os primeiros cinquenta metros mais lento para ter melhor final de prova.” Seguindo a estratégia com precisão, virou a primeira metade em 31s4 e teve forças para completar a prova em 1min06s4. Fiolo nadou sozinho no dia 19 de fevereiro de 1968 para a incrível marca de 1m06s4, para uma ruidosa comemoração da enorme torcida e para entrar na galeria dos recordistas mundiais dos 100 metros nado peito. Até então, os recordistas eram todos americanos ou soviéticos, apenas com a rápida exceção do alemão Gunter Tittes, que deteve o recorde por 23 dias em julho de 1961. O recorde de Fiolo durou 2 meses e foi quebrado por Nicolai Pankin, em abril de 1968, com o tempo de 1m06s2.

Equipe de natação do Botafogo, treinada por Roberto Pavel – foto postada por Vera Lucia Figueiredo no Álbum das Gerações da Natação Brasileira

México

Fiolo chegou ao México, em outubro de 68, como um dos favoritos, senão o favorito, para a prova dos 100m peito. Ele tinha também um dos melhores tempos dos 200m peito. Mas como no caso de seu contemporâneo, Mark Spitz, outra estrela de Winnipeg, a realidade ficou a desejar. Nos 100m, apesar de ter crescido das eliminatórias até as finais, passando pelas semis, no final veio um quarto lugar. Na frente dele, por um décimo, a dupla de russos Kosinsky e Pankin, que pegaram a prata e bronze respectivamente. Os três tinham detido, em meses diferentes, o recorde mundial da prova nos doze meses que antecederam aquela olimpíada. Fiolo, o mais forte velocista e talvez o de menor capacidade aeróbica, liderou a prova até os 75 metros.

Na prova dos 200m peito, assim como aconteceu com Spitz nos 200m borboleta, talvez sob o efeito da frustração da prova dos 100m, seu resultado foi catastrófico, com uma piora de mais de dez segundos e a não classificação para as finais. A prova foi vencida pelo mexicano Felipe Muñoz, “El Tíbio”, que trouxe as arquibancadas abaixo conquistando o primeiro ouro, em todos os esportes, para os anfitriões. Um ano antes, em Winnipeg, Fiolo tinha deixado Muñoz engolindo marola, quase 10 segundos atrás. No revezamento 4x100m medley, Fiolo teve a melhor parcial de todos os nadadores de peito, nadando um segundo abaixo de seu tempo na final da prova individual. Mesmo assim, não pegamos final nesta prova e, como de praxe, em nenhuma outra.

Entre 1968 e 1972, a natação brasileira cresceu em qualidade de base mas não em talento de ponta. Fiolo e Aranha, nosso melhor velocista no livre, foram morar e treinar nos Estados Unidos. Fiolo lutava contra a desmotivação, oriunda da falta de adversários no Brasil. Sua fama era de quem gostava de dar seus tiros de 25m na ensolarada piscina suspensa do Mourisco, mas escapava da rotina entediante dos treinos diários longos. O peito evoluiu bastante naqueles quatro anos intra-olímpicos, principalmente a capacidade aeróbica e os tempos de 200 metros, mais do que nossa estrela maior progrediu.


Troféu Brasil no Rio de Janeiro, com o Botafogo campeão em 1971 – Foto postada por Jiro Hashizume no Álbum das Gerações da Natação Brasileira

Munique

Para Munique, levamos nossa maior equipe de nadadores da história até então. Depois de vinte anos, o lado feminino voltou a fazer parte do escrete, representado pelas cariocas Lucy Burly e Cristina Bassani Teixeira, e pela mocoquense Isabel Guerra. Na última seletiva no Mourisco, o conselheiro técnico da CBD, Júlio Delamare, ajudou a formar nosso time de nadadoras. O garoto Rômulo Arantes, de 15 anos mal completados, surpreendeu nesta última competição, foi convocado, e começou seu reinado de maior costista do país pela década seguinte afora. Nossa seleção foi pra Salvador, para os preparativos finais e para fugir das águas não aquecidas das piscinas do sudeste no inverno.

Na Alemanha, apesar da equipe mais numerosa, voltamos a depender de Fiolo para resultados potenciais de destaque. José Aranha, nos 100m livre, e Sérgio Waissman, nos 100m borboleta, não fizeram feio, passando para, e crescendo nas semis. Mas final e chance de medalha era só com o peitista. Enquanto o mundo assistia o maior show natatório já visto, proporcionado por Mark Spitz, a outra estrela que despontou em Winnipeg, em 1967, Fiolo fez o que podia. Nas semis, com o tempo de 1m05s99, recorde sul-americano que durou até 1982, quando foi batido por Luiz Francisco de Carvalho no mundial de Guayaquil. Ele se classificou em quarto lugar no geral, alimentando nossas esperanças de uma medalha. Mas numa final apertada no dia seguinte, ele caiu duas posições e terminou em sexto lugar. A prova foi vencida, com recorde mundial, pelo japonês Nobutaka Taguchi, que tinha sido mais lento que Fiolo, e depois desclassificado, quatro anos antes no México.

Foto de Luiz Carvalho postada no Álbum das Gerações da Natação Brasileira. Luiz Carvalho está com algumas falhas no cabelo, pois era calouro nesses jogos panamericanos e teve o cabelo raspado. Em 1982 Luiz Carvalho superou o recorde sulamericano de Fiolo, estabelecido em 1972.

Na prova dos 200m, apesar de ter nadado perto do seu melhor, ele comprovou que já tinha ficado muito pra trás dos tempos líderes da prova. Winnipeg tinha sido cinco anos antes e, em Munique, Fiolo passou longe da final. Um dos melhores momentos da natação brasileira em Munique, aqueles que surpreenderam as expectativas, e só foram possíveis pelo crescimento do conjunto da natação brasileira, foi a prova de revezamento 4x100m medley, onde todas as parciais foram abaixo do recorde brasileiro da respectiva prova individual. Rominho entregou em oitavo, estabelecendo novo recorde sul-americano para os 100m costas. Fiolo e Waissman não conseguiram sair da lanterna, mas Aranha fechou com 52s09, quase um segundo e meio abaixo do recorde sul-americano dos 100m livre (53s40 do Ruy T. A. De Oliveira), e ultrapassou Japão, Inglaterra e Hungria, terminando na quinta colocação e melhorando em 5 segundos o recorde sul-americano da prova.

Com a brilhante carreira, um recorde mundial de longa, dois títulos panamericanos e ficando muito próximo da sonhada medalha olímpica, Fiolo se consagra como o quinto homenageado do HFNB.

Fonte: Hall da fama da natação Brasileira

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O nadador José Sylvio Fiolo foi homenageado nesta segunda-feira no Rio de Janeiro. Ele deixou sua marca no cimento do "Mãos da Fama", galeria que já conta com mãos de Gustavo Borges, Fernando Scherer, Ricardo Prado e nomes internacionais como Gary Hall e Jose Meolans.

"Fiquei surpreso e emocionado com esta homenagem. Vim ao Rio para rever amigos, visitar parentes e estou até me sentindo famoso novamente", brincou o nadador brasileiro, que mora há 17 anos na Austrália.

Ele bateu o recorde mundial dos 100 m peito em piscina longa em 1969, no próprio Rio de Janeiro. Além dele, somente Manoel dos Santos, Ricardo Prado e Maria Lenk cravaram recordes mundiais para o Brasil em piscinas longas.

Desde que se mudou para a Austrália, essa é a primeira vez que o ex-nadador vem ao Brasil, onde fica até sexta-feira.

Fonte: Site uol.com.br 09 de janeiro de 2006
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50 ANOS DO RECORDE MUNDIAL 100 METROS PEITO DE JOSÉ SYLVIO FIOLO

Há 50 anos, dia 19 de fevereiro de 1968, o jovem José Sylvio Fiolo, então com 17 anos de idade, quebrava o recorde mundial dos 100 metros nado peito com 1:06.4 em tentativa isolada realizada na piscina do Guanabara.

O feito ganhou bastante espaço na imprensa nacional e encheu as arquibancadas do Guanabara para apoiar aquele que era o mais destacado nadador brasileiro na época.

Revelado em Campinas, aos 15 anos de idade Fiolo já era integrante da Seleção Brasileira Absoluta. Aos 16, venceu o Sul-Americano e quebrou pela primeira vez o recorde continental dos 100 metros nado peito com 1:11.0. A mudança para o Rio de Janeiro, e os treinos no Botafogo com Roberto Pável fizeram a diferença para no ano seguinte, aos 17 anos, se sagrar campeão panamericano com impressionantes 1:07.5.

Fiolo impressionava. Seu técnico definia seu nado com as características da braçada russa com a pernada americana. Em outubro de 1967 a revista americana Swimming World já trazia um artigo especial sobre o brasileiro. Na época, se dizia que Fiolo seria capaz de rasgar uma lista telefônica de São Paulo com as fortes mãos apesar da juventude.

Um forte Campeonato Sul-Americano foi disputado na piscina do Fluminense em fevereiro de 1968. Foram 29 recordes quebrados, 11 sul-americanos, 12 de campeonato e seis brasileiros, Fiolo quebrou as marcas de 100 e 200 peito, sendo que nos 100 registrou impressionantes 1:06.8. O recorde era do soviético Vladimir Kosinsky feitos no ano anterior com 1:06.7 na disputa do campeonato nacional em Leningrado, na União Soviética.

Atendendo a pedidos do treinador Roberto Pável, a CONSANAT e os juízes da FINA aprovaram o pedido da realização da tentativa de recorde mundial para aquele 19 de fevereiro de 1968.

Fiolo acordou tarde aquele dia, 10 da manhã. Tomou café e foi a piscina junto com seu treinador. Enquanto Pável dava uma palestra sobre o nado peito para os treinadores da América do Sul, Fiolo soltava na piscina do Fluminense. O Sul-Americano de natação havia encerrado há quatro dias, agora eram as disputas das outras modalidades, mas nesta manhã, não havia quase ninguém.

Fiolo treinou e esperou por Pável. Os dois ainda tomaram um refrigerante antes de se despedirem para o intervalo do almoço. As 17 horas, a piscina do Fluminense assistia a disputa dos saltos ornamentais das mulheres quando Fiolo chegou e ficou por alguns minutos antes de ir junto com Pável para o Guanabara onde seria a tomada de tempo.

No caminho, Pável dizia que depois dos 100 peito, o objetivo era também lutar pelos 200 metros. Até 1964, apenas os 200 metros peito era prova olímpica. Naquele ano, os 100 metros peito estrearia na Olimpíada. Pável estava animado com o seu pupilo que faria sua estreia olímpica na Cidade do México meses depois.

Fiolo nadaria sozinho. Era uma tentativa isolada em busca de recorde mundial. Igual ao que Manoel dos Santos fez em 1961, na mesma piscina, no Guanabara, onde se tornou recordista mundial com 53.6. Para animar Fiolo, Pável brincou “pense numa menina bonita te esperando ao final da prova”. O jovem Fiolo apenas respondeu: “Aí, agora posso chegar mais rápido”.

Na entrada do clube, o porteiro do Guanabara pede a Fiolo, “passe pela roleta para dar sorte”, evitando a entrada livre disponível para ele. A arquibancada lotada, imprensa por todo lado. Fiolo só encontrou paz e isolamento no vestiário dos meninos, separado dos adultos, totalmente reservado para ele.

Lá, fez o aquecimento junto com Pável. Foram 10 minutos de flexibilidade, ativação de braços e pernas. Foi para a piscina, mais 30 minutos, nadou crawl, borboleta, peito e bateu perna com as pesadas pranchas de madeira. Fez dois tiros de 25 metros. O primeiro 14.2, Pável não gostou. No segundo, 14.0 ganhando elogios do treinador.

Para a tentativa de recorde mundial a meta era mudar a estratégia. Velocista por excelência, Fiolo tinha característica de passar forte e caía muito no final. Nas últimas provas sempre fez os primeiros parciais entre 30.3 a 30.6. Para aquele dia, o objetivo era passar mais fraco, mais controlado, administrar o parcial para 31.4 e poder fechar melhor.

Momentos antes da prova, Pável e Fiolo conversaram por vários minutos. O “31.4” foi repetido exaustivamente, era a chave para conseguir o resultado segundo a estratégia do treinador.

Na prova, Fiolo cumpriu as ordens de Pável. Saiu mal, a saída era uma de suas fraquezas. O técnico já havia antecipado, “não se preocupe com uma saída ruim”. E ela aconteceu.

Na passagem, saiu o esperado 31.4. Para a torcida um ar de desânimo. Não estavam acostumados com um parcial tão fraco, não sabiam do plano estabelecido para a prova. Na altura dos 75 metros, o tempo marcava 48 segundos, a torcida começou a se agitar e incentivou muito nos últimos 25 metros.

Ao tocar a parede, aqueles minutos de expectativa. Três árbitros da FINA e mais o sistema de cronometragem semi-automático da Omega. O árbitro brasileiro Ruben Dinard marcou 1:06.5. O árbitro argentino 1:06.3 e o uruguaio 1:06.4. Na cronometragem da Omega, 1:06.5 para o cronômetro de Dinard, 1:06.25 para o argentino e 1:06.35 para o uruguaio. Na média, 1:06.4. Antes do anúncio oficial, o árbitro argentino reclamou com Dinard como ele havia marcado o tempo acima. A resposta foi de que ele marcou a saída pela fumaça do tiro e não pelo som.

Foi o árbitro geral Julio de Lamare que fez o anúncio oficial do tempo e novo recorde mundial de 1:06.4. Antes disso, Roberto Pável não resistiu e foi o primeiro a gritar para o nadador: “Você bateu o recorde, você bateu o recorde” repetia o técnico.

A comemoração tomou conta da arquibancada. Pável não se controlou e foi para a água com roupa e tudo e junto de seu nadador agradecia o carinho da torcida.


Horas depois, os dois foram recebidos com festa na sede do Botafogo. Lá, Fiolo pode assistir sua prova na TV e ainda teve a honra de abrir a primeira champagne além de servir a primeira taça de seu técnico.

No dia seguinte, a façanha estava em todos os principais jornais do país. O Jornal do Brasil deu duas páginas e uma foto na capa para registrar o feito.

O recorde José Sylvio Fiolo durou dois meses. No dia 18 de abril de 1968, outro nadador soviético Nikolai Pankin no Campeonato Nacional marcou 1:06.2 e dois dias depois voltou a quebrar com 1:05.8.












José Sylvio Fiolo seguiu nadando até os 27 anos de idade. Começou a carreira como técnico de natação, mas em 1988 mudou-se para a Austrália onde vive até hoje. Seu filho, Pietro Figlioli, foi jogador de polo aquático da Seleção Australiana e depois naturalizou-se italiano.

Na carreira de Fiolo, duas participações olímpicas, 1968 e 1972 e três Jogos Pan Americanos. Tem sete medalhas em Jogos Pan Americanos, dois ouros e cinco bronzes.

Nos 100 metros peito, Fiolo baixou sua marca mais duas vezes na carreira. Ainda em 1968 fez 1:06.2 e nos Jogos de Munique em 1972 se tornou no primeiro brasileiro a nadar a prova abaixo dos 1:06 com 1:05.99.

Seu recorde brasileiro e sul-americano durou por 12 anos até Luiz Carvalho quebrar a marca nos Jogos de Los Angeles em 1984 com 1:05.96.

Fonte: Site www.bestswin.com.com de 19 02 2018

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BOTAFOGO, OBA! OBA!

SARGENTELLI E SUAS MEMÓRIAS

Carbone (que Sargentelli colaborou, em Porto Alegre, para a sua transferência), esteve com a esposa, assistindo ao "ziriguidum". Foi homenageado, contando com a presença do grande botafoguense Dr. Luiz Van Berg, médico particular do nosso entrevistado

Na "Pracinha do Lalá",  em  cima do OBA OBA, conversamos, uma noite, pouco antes do espetáculo, com o SARGENTELLI, só sobre o Botafogo.  Não foi fácil essa nossa conversa, atendendo os problemas, as dificuldades, o imprevisto, pois tudo no bastidor de uma casa de diversão é cansativo  e  preocupante. E ainda, principal:mente, no horário de chegada do elenco, o corre-corre dos camarins é tremendo. O trabalho da noite ia começar, com a casa cheia, aliás, como sempre. E agora, possivelmente, em São Paulo. Ele está com tudo e não está prosa...

Mas quando se fala ali, no OBA OBA, do alvinegro, tudo se modifica, tudo é possível. A hora era realmente meia ingrata, mas o SARGENTELLI , com toda aquela sua vivacidade, que Deus lhe deu, tem capacidade de sobra para atender e resolver todos os problemas  que  lhe  são apresentados à queima roupa. E, por isso mesmo, não se recusou nem adiou a corresponder a nossa  curiosidade,  respondendo   a tudo com a maior satisfação e alegria.

Em primeiro lugar, agradecemos a divulgação, a promoção que  ele  sempre faz em torno do nosso Clube , naquela e   procurada   Casa  de espetáculos.   E, em poucas  palavras, decidindo ao tempo, outros assuntos, SARGENTELLI, cercado  do   seu pessoal,  das lindas  e  estonteantes mulatas, vai   respondendo,   inteligentemente as nossas  indagações. E  ele,  prontamente, nos disse que não cabe nenhum agradecimento. Divulgar e promover o Clube do seu coração é uma questão de coerência . . .

AOS 11 ANOS ELE ERA VASCO

Consultado como e por que esse carinho tão especial pelo Botafogo, SARGENTELLI concluiu:

- "Aos 11 anos incompletos o Clube da minha predileção era o Vasco. Um tio (PORTUGUES), por afinidade, casado com uma tia, irmã de minha mãe,   Manoel   Paradella,  botafoguense roxo, levou-me a um dos treinos do time alvinegro, numa quinta feira, em General Severiano. Menino, encontrei-me com o uniforme preto e branco. Conheci Patesko, Perácio, Carvalho Leite, Aymoré, Zezé,  Procópio, vi de perto Nariz, vi Leônidas, Nilo, tanto craque junto, vibrei com os gols, conversei com vários deles. E passei a acompanhá-los através da imprensa.  E  pelo rádio. Quando dei por mim, estava na chuva no sol, gritando, pulando, acompanhando o MEU BOTAFOGO!"

- SARGENTELLI, quando você faz essa promoção toda do Botafogo no seu magnífico " show" , do OBA OBA,  qual tem sido a reação dos presentes?

- "Estou habituado. Via de regra, brincam com a minha condição de botafoguense. Tem sido uma constante acharem que eu deveria torcer, pelo Flamengo ( eu sei o porque!!!)

E acrescentou: •

- "Nos meus " shows" encontro SEMPRE, uma fórmula para se homenagear o nosso "Glorioso". Então, quando ELE está "na  ponta  dos cascos"... eu mando "brasa". Visto o uniforme, faço as que "não estão no mapa"  vestirem, também, e todos caímos no "ziriguidum", comemorando a vitória alvinegra.  Em   minha  boite, o nosso BOTAFOGO está em cena. PERMANENTEMENTE! ..

GARRINCHA FOI O MAIOR

Depois de informar que Mané Garrincha foi o maior jogador do Botafogo que conheceu, "SARGENTO" deu a sua opinião sobre o atual time:

- "Um montão de craques. Um timaço de bola. Que, lutando 50%; bota meia dúzia de pontos na frente do 2º colocado... "

Interrogado se, com essa promoção  que  ele  faz,  por  intermédio do  seu "show", das grandes mulatas, tem conseguido novos torcedores para o "Glorioso" , respondeu, cheio de ,convicção:

- " Acredito que sim! É, sem dúvida, uma "chantagem sentimental"!

SUAS ALEGRIAS E TRISTEZAS

A propósito de suas alegrias e tristezas, como torcedor do Botafogo, SARGENTELLI, assim se manifestou:

- "Em 1957, goleando o FLU de 6 x 2 no final do campeonato. Lavei minha alma com aquele "banho" no Maracanã!"

- E a sua maior tristeza?

- "Em 1971 , esse pobre coitado chamado José Marçal Filho , DANDO ao FLU  o  titulo,  quando mais de 100 mil pessoas assistiram o Marco Antônio derrubar o Ubirajara para dentro do gol, permitindo ao Lula jogar a bola dentro do arco, SEM GOLEIRO, no "foul' mais escandaloso já presenciado num campo de futebol. Ali, JUREI: Não mais entrar no Maracanã (até o dia em que o BOTA com um TIMAÇO não depender de arbitragens tipo Marçal... )"

E concluiu:

- "Tudo indica que, N E S T E ANO, Papai do Céu irá deixar que eu ... VOLTE!"

- SARGENTELLI, por fim, o que você mais deseja para o Botafogo?

- "O que desejo para a minha família: PAZ, um sucesso permanente, uma VIDA gloriosa de vitórias e alegrias. Um BOTAFOGO a nos honrar com a torcida que mais cresce no Brasil!".

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 228 abril e maio de 1977

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