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sábado, 7 de março de 2020

O RETORNO A GENERAL SEVERIANO

   Não é apenas o torcedor Wellington, mas o próprio governador eleito, Moreira Franco, quem promete se empenhar a fundo, usando de sua futura autoridade, para ajudar o Botafogo a recuperar a sede de General Severiano — uma obsessão dos torcedores botafoguenses que, por superstição, saudosismo, aversão ao subúrbio ou sabe-se lá o que, não divisam um futuro promissor para o time de futebol enquanto este continuar no distante Marechal Hermes. 
— Todo botafoguense tem não um projeto, mas um sentimento. De uns anos para cá ele tem sido doloroso. Acrescentarei meu esforço, como governador, de, pelo menos, usar a autoridade para reforçar o movimento que tenta recuperar a sede do "Glorioso". E um interesse não apenas do Botafogo, mas do próprio Rio de Janeiro. Não tem cabimento um patrimônio daqueles assim, sem servir a ninguém — declara Moreira. 
Bastou a derrota na estreia do Campeonato Estadual para o Goitacaz para que engrossasse o coro dos que não acreditam mais no reerguimento do time de futebol. O clube, este fica em segundo plano, uma vez que o botafoguense, há 19 anos sem título, não dá muita bola ao fato de que o departamento de atletismo está sendo reativado. E o time? 
O time, reconhecem todos, vai mal, muito mal. E nenhuma receita surge na cabeça de qualquer torcedor do Botafogo que não inclua a volta às origens, ou seja, a General Severiano. Muito menos para o presidente Alternar Dutra de Castilho. Sorridente, ele tira da gaveta uma pasta bem cuidada, com o projeto de construção do novo estádio, para 15 mil pessoas, de autoria da firma Maurício Roberto Arquitetos. 
— Acho fundamental para o Botafogo se reabilitar totalmente a recuperação de General Severiano. Ao contrário do que muita gente pensa, não seria uma medida apenas psicológica. Há o lado prático também. Marechal Hermes está a 59 quilômetros de nossa sede e a torcida de lá é bastante heterogénea. Como o jogador vai se sentir estimulado se a sua torcida está distante, se os aficionados que gostam dos treinos e os diretores não podem prestigiá-los como deveriam? 
Em síntese, a torcida do Botafogo continua concentrada em sua maioria na Zona Sul e o time não conseguiu mobilizar a região de Marechal Hermes em torno de si. E pensando nesse problema que o presidente se empenha em conseguir de volta a antiga sede. Mas faz questão de destacar que isso não quer dizer que Marechal seria abandonado. O plano é manter ali somente as categorias amadoras. E as negociações com a Vale do Rio Doce continuam se arrastando lentamente.  
— Estou otimista quanto a isso e não me passa pela cabeça a hipótese de não conseguirmos recuperar General Severiano. Existe boa vontade por parte das autoridades municipais, mas a quantia que a Vale do Rio Doce está exigindo é, a nosso ver, muito vultosa. Mas confiamos num entendimento favorável. Possuímos salas no centro da cidade e elas devem entrar no negócio. Infelizmente, é um processo moroso. 
Mas bastaria a recuperação de General Severiano para o Botafogo sair da crônica má fase e, enfim, mostrar um time de futebol que, ao menos, dispute em condições os títulos? O próprio Alternar Dutra de Castilho reconhece que não. Mas tem uma explicação para isso: 
— São várias as etapas. E a primeira acredito que já tenha sido cumprida. Saneamos as finanças e talvez sejamos o clube em melhor situação financeira no Rio, quem sabe o único em dia. Durante os últimos dois anos, o Botafogo pagou, em questões trabalhistas com funcionários e jogadores, perto de Cz$ 5 milhões. Recuperou todo o Ginásio do Mourisco, que estava em precárias condições, impossibilitando qualquer reunião no local quando chovia. Falta o futebol, que é a última etapa. Para o presidente do Botafogo, que revela ser a folha do Departamento de Futebol o equivalente a Cz$ 700 mil (sem encargos sociais), este ano o clube está em condições de recuperar o investimento no time. Para tanto, contratou o técnico Jair Pereira e o antigo supervisor do Fluminense , José Dias,  para funcionar como gerente de futebolcontratou o técnico Jair Pereira e o antigo supervisor do Fluminense, José Dias, para funcionar como gerente de futebol. Era preciso, segundo o presidente, armar uma estrutura que permita ao jogador desenvolver melhor seu futebol. Mesmo reconhecendo não ser este time de hoje o ideal, ele acredita que possa render acima do que tem rendido. 
— O torcedor precisa compreender que não estamos parados. Possuímos alguns jogadores excelentes e estamos contratando outros. Que culpa temos se muitas dessas contratações não correspondem? Veja o caso de Renato. Passou um ano péssimo aqui e voltou a jogar seu futebol lá no Atlético Mineiro. Mesmo assim, estamos analisando por que eles não rendem o esperado. E estamos implantando uma estrutura mais profissional. O gerente de futebol, ou supervisor, será um elo de ligação entre o time e a diretoria. 
Alternar Dutra de Castilho chega a afirmar que o elenco do Botafogo se equipara à maioria dos principais times do Brasil, necessitando apenas de mais consistência e apoio. Cita as contratações de Maurício e Fernando Macaé e a renovação de contrato de Alemão como bons reforços. Observa que o uruguaio De Lima foi o centroavante do Barcelona de Guaiaquil, que, com seus gols, eliminou Bangu e Coritiba da última Libertadores. O dirigente avisa que pode haver mais surpresas nos próximos dias, garantindo que há meios para se contratar os reforços que forem pedidos por Jair Pereira e que, ao contrário de dois anos atrás, existe crédito na praça. Chega a prometer que o time será outro no Campeonato Estadual, com outra motivação. 
— O investimento que temos feito no futebol não tem tido retorno. Mas este ano começaremos a recuperá-lo. Estamos providenciando uma equipe competitiva, capaz de estimular a, torcida a comparecer ao campo. A reformulação do Departamento de Futebol visa exatamente dar à equipe a estrutura de que ela se ressente, com a retaguarda necessária. Uma coisa garantimos: o Botafogo está em dia e em condições de investir. Nossa grande torcida, maior patrimônio do clube, pode ficar tranquila. 
De acordo com o projeto da Maurício Roberto Arquitetos, o campo seria suspenso e, em lugar da antiga sede, seria construída uma nova, com lojas, cinema, teatro, escritórios etc. Alternar Dutra de Castilho não possui um custo exato de tal projeto, diz apenas que "supõe-se ser autofinanciável". Talvez vendendo-se cotas para novos sócios. — Se não for para jogar, que pelo menos tenhamos um campo para treinar. Com o time retomando à Zona Sul, nossos treinos voltariam a ser prestigiados como na década de 60 e até mesmo no início da de 70. Há 25 anos, o Botafogo tinha a uma verdadeira seleção em sua equipe. Se o jogador não era o primeiro de sua posição no Brasil, pelo menos era o segundo.
Acredito que possamos voltar a esses dias, mas aí já é um projeto mais longo, com o trabalho nas divisões inferiores. Naquela época havia o clima de General Severiano, a proximidade de nossos torcedores. No momento em que foram vendidas as instalações de General Severiano, o clube perdeu substância. Mas manteve, felizmente, seu maior patrimônio, que é a torcida, capaz de encher estádios ainda hoje. Com uma torcida dessas, quem é que não pode considerar o Botafogo viável? A torcida, entretanto, vive dias de incerteza. Pelos resultados em campo, o futuro é sombrio. Não se sabe como a equipe reagirá aos métodos de trabalho de Jair Pereira. Trata-se quase da mesma equipe que fracassou completamente nas mãos do prestigiado Zagalo. Mas o presidente lembra que não havia ainda a estrutura que está sendo montada. Para quem pensa que o problema do Botafogo é dinheiro, o presidente assegura que já não é mais. O problema, para ele, é um só: os resultados do time de futebol. E é esse o setor que o clube atacará com prioridade. Afinal, a torcida não quer saber se o departamento de atletismo foi reativado. Ela quer é gols, vitórias e títulos. E a diretoria do Botafogo limita-se a pedir paciência, como tem feito nos últimos 19 anos.

Time sem confiança
 Ilustres torcedores, grandes sofredores 
Quando você passa em General Severiano e vê aquele  abandono, o coração aperta. Isso leva a um baixo astral. A torcida do Botafogo é a mais ávida e presente do Rio de Janeiro. O time é não só viável como autofinanciável. O Botafogo precisa formar um grande time a partir da defesa. Contratem o Luisinho, do Atlético Mineiro. Ele arrumaria as coisas ali atrás. Escalem Alemão e Edson no meio de campo. O que não pode é jogar com Mimi, Isaac e Derval. O Brasil não ganha nada desde 1970. Não é simples coincidência o fato de o Botafogo também não vir ganhando nada esse tempo todo. É um reflexo. O Botafogo precisa de um lugar para dormir, um lugar onde os torcedores freqüentem e participem da vida e da rotina da equipe, como no Flamengo e no Fluminense. Em meu próximo disco, incluirei uma música sobre o Botafogo, cujo nome ainda não sei. Ela diz assim numa parte: "se é dinheiro a gente ajuda/se é força a gente empurra/ tua estrela me seduz/ volta com arte e com luzi brilha de novo pra mim.  
(Vinícius Cantuária, cantor e compositor) 
O Botafogo é mais do que viável. É um santuário, onde aprendi a rezar toda minha ladainha do futebol brasileiro. Não posso imaginar isso se destruindo, se escondendo. Ele pena por uma coisa grave que cometeu no passado, assim como o próprio Brasil. O Brasil é tão bonito, com futebol, praia, samba, muita força. Eu perguntava: é viável? Claro que é. Quando eu tinha 15 anos, estampei uma faixa no Estádio das Laranjeiras, num jogo do Botafogo: "Com o Brasil onde estiver o Botafogo". Com toda alegria no coração, digo que o Botafogo é tão viável quanto o Brasil. Ambos devem muito e precisam pagar. O Brasil já começa a dar um jeito, falta o Botafogo. Confio nos atuais homens que dirigem o clube e na força divina, que também precisa dar uma força. Quando houve a mudança para Marechal Hermes, sentimos como quando nos mudamos da zona sul para a zona norte. Não me parece fundamental o retorno. A própria comunidade do futebol precisa do Botafogo, e uma torcida colossal como a nossa não o deixa morrer nunca''
 (Osvaldo Sargentellí, empresário da noite) 
Todo time é viável. Estar no ostracismo hoje não quer  dizer que não se poderá brilhar amanhã. Um bom time, com técnico bom é essencial. Falar que pode morrer é bobagem. Um ator, por exemplo, rode sumir e cair no ostracismo, depois voltar bem. E necessário um pouco de cabeça para levar o Botafogo para frente, investir em bons jogadores. Psicologicamente, voltar para General Severiano é importante. Seria um retorno aos tempos antigos. Querer fazer supermercado ali não tem nada a ver. Que se faça teatro, cinema, mas supermercado ali não " 
(Rosamaria Murtinho, atriz) 
Muitos não vão gostar do que vou dizer. A saída que vejo para o Botafogo é pedir uma licença, sair temporariamente da Federação de Futebol e parar para pensar. Investir nas escolinhas e começar tudo de novo. Ficar contratando a esmo e rolando divida só aumenta a bola de neve. Sair para Marechal Hermes foi um mal. E preciso sair de lá. O garoto que quer procurar um clube geralmente procurará a zona sul. Sou muito realista e acho que essa saída é a médio prazo. Longo prazo é ficar contratando, ainda que craques, e aumentando a dívida e piorando a situação para não se ganhar nada. E seria formada uma nova torcida, mantendo-se a antiga. Pois quem é Botafogo, morre botafoguense 
(Beth Carvalho, cantora)
O Botafogo é espelho do mundo, é vitrine do mundo. Que acabe a hipocrisia e saia a velharia que está lá atrapalhando os jogadores. Torço muito para ele voltar a ser o que era. É preciso primeiro voltar a Botafogo, às suas raízes e à sua tradição. Técnico não tem culpa de nada. Outra coisa: façam uma missa na Candelária, transmitida para todo o Brasil, que precisa rezar, em homenagem a Garrincha. Aí o Botafogo será campeão carioca e o Brasil tetracampeão do mundo. Pois o Botafogo, estou dizendo, é tricampeão mundial de futebol "  
(Roberto Ribeiro, sambista) 
O Botafogo precisa voltar à vida de clube, às suas raízes. Pode ser que assim ressuscite. A curto prazo, não creio. Pode começar desde agora a reativar as escolinhas, a formar uma nova geração. Poderia utilizar para esse trabalho alguém que tenha amor ao clube, como Paulo Amaral. O problema não é nem pelas qualidades dele, mas pelo amor ao Botafogo. Daqui a quatro ou cinco anos, aí sim, teríamos um grande time. Outra coisa: em Marechal Hermes, o Botafogo é um estranho no ninho. Precisa voltar à sua alma, sua raiz, sua substância. O Botafogo foi um clube fechado, no qual uns cinco homens mandavam. Hoje, o departamento de futebol está arrendado aos três As (Alcides, Aurito e Antônio), que procuram cartaz e se preocupam mais consigo que com o time. Ainda bem que essa imensa torcida não deixa o Botafogo morrer." 
(Sandra Moreyra, jornalista) 
Sempre fui um otimista. E sei que a situação do Botafogo é bem difícil. Mas é um clube viável. O Botafogo sempre foi time de grandes craques. Sua torcida, por isso, é exigente. Um trabalho novo não viria de uma hora para outra. E preciso união, pensar nas pessoas que possam ajudar. Conheço muita gente que gostaria de ajudar. A volta a General Severiano é fundamental. Todo botafoguense é supersticioso e a mística seria devolvida com a volta às origens. A alma do Botafogo está em General Severiano e não em Marechal Hermes. O time não pode acabar. O Botafogo está para o futebol brasileiro assim como está o tricampeonato. Essa torcida é maravilhosa, fico comovido com as manifestações dela, como na vitória sobre o Santa Cruz que nos classificou para a segunda fase do Campeonato Brasileiro. Uma vez o time perdia de 3 a 0 para o Vasco e diminuiu para 3 a 2 no fim. O time saiu aplaudido do campo e eu fiquei emocionado. Como é que, com uma farsa dessas, um patrimônio desses, o Botafogo poderia acabar?"
(Bebeto de Freitas, ex-jogador de vôlei do Botafogo e técnico de vôlei)

Acervo Particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Jornal do Brasil de 01 de março de 1987
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 Foram 18 anos em que a Estrela Solitária se viu sem seu referencial maior. Sua Sede histórica poderia ser demolida, quando tudo foi interrompido em virtude de um Decreto que tombou o prédio. O impasse se tornou claro. A estatal possuia o terreno, mas nada poderia fazer no local. O BOTAFOGO perdera a Sede, mas ganhara ânimo na luta pela volta.
  Depois de muitas negociações entre a C.V.R.D., a Prefeitura do Rio de Janeiro e os representantes do Clube, a sede foi devolvida aos seus verdadeiros donos de fato e, agora, de direito. Mas o tempo é um inimigo que não perdoa. As estruturas da Sede de General Severiano estavam comprometidas e muitos dos detalhes arquitetônicos quase perdidos, diante dos desgastes. Azulejos, lajes, paredes, pintura, telhas, enfim, um mundo de material teria que ser recuperado para que a Sede tomasse a forma e o conteúdo de outrora.
   A reforma tornou-se uma restauração que exigiu dos profissionais de arquitetura e
engenharia um grande equilíbrio nas decisões. Segundo a arquiteta da Companhia Vale do Rio Doce, Ivone Ribeiro, o trabalho de restauração só foi possível graças ao processo de recuperação feito com os materiais encontrados no próprio lugar.
  "Foram 14 meses de trabalhos minuciosos. Muitos materiais que encontramos não
tinham condições de restauração, pois haviam adquirido excesso de umidade e a
deteriorização já se encontrava em estágio avançado”, revela a arquiteta.
   O processo utilizado foi o de fotografar todo material encontrado. Assim, pode-se
aproximar com a máxima fidelidade possível.do original. As fotografias de época e o depoimento das pessoas que viram a Sede de General Severiano ajudaram neste processo. O trabalho de computação auxiliou na escolha das cores e na composição da textura dos materiais.
  Mas os problemas não pararam nestes detalhes. Segundo a arquiteta, um lago se formou no subsolo do palacete, o que comprometia as lajes. "O alicerce estava quase inutilizado, sendo que uma parte foi demolido para evitar um acidente de sérias proporções", diz Ivone.
   O bombeamento de toda água acumulada foi a primeira providência tomada, bem como o escoramento das estruturas. Com o material definido, iniciou-se o trabalho de troca de peças comprometidas por outras de qualidade superior.
   Tudo era rigorosamente conferido pelo Conselho Municipal de Cultura, pois o tombamento da Sede exigia que as formas originais fossem mantidas.
    A arquiteta também informou que algumas coisas não seguiram o projeto original. As esquadrias, por exemplo, são novas. "Devido ao espaço de tempo em que tudo ficou exposto ao relento e o material fora do catálogo, o que não tinha uma corresdpondência direta com o que foi inicialmente planejado, teve que ser liberado pelo Conselho", disse Ivone. Esse trabalho foi o que mais prolongou as realizações neste Campo, pois exigia novos estudos de viabilidade.
    "Foi um processo que exigiu muita negociação, pois a viabilidade de tudo que estruturamos estava comprometido pela falta de material. Um correspondente que não interferisse na estética do projeto original exigia um estudo aprofundado e uma diplomacia constante”, conta Ivone.
   Outra mudança foi feita com relação ao piso. No projeto arquitetônico original, o piso era feito de mosaico. "Devido a dificuldade, sugerimos marmorite preto e branco, com destaque para o escudo do Clube", revela a arquiteta.
    Com tudo isso, no dia i9 de maio de 1994, o Glorioso deu a volta por cima e reinaugurou a sua Sede histórica. Neste momento, muitos botafoguenses se reuniram para certificar que o sonho de General Severiano era uma realidade incontestável. Com e emoção à flor da pele, definiram sua paixão pelo Clube da Estrela Solitária como sendo um dos mais importantes sentimentos de suas vidas.

A  EMOÇÃO DA VOLTA

   A emoção teve seu dia especial para toda torcida botafoguense, em 19 de maio de 1994. Conhecida por sua dedicação ao time, a nação alvi-negra agora se orgulha de possuir uma Sede histórica. A concretização de um sonho que demorou 18 anos para acontecer, cercou-se de toda pompa e circunstância para se realizar, pois o momento assim exigia.
  Reunidos na nova sede de General Severiano, o BOTAFOGO mostrava naquele momento a sua história, o seu passado e as suas glórias, numa forte demonstração de calor humano e sentimento de confraternização

DEPOIMENTOS

    No interior de seus salões, representantes da própria história do Botafogo exerceram o direito de expressarem livremente o seu amor pelo Clube.
   Era o momento do encontro com a própria emoção maior de um ser humano: a paixão.

ZEZÉ MOREIRA (jogador)

"É uma sensação incomum. Aqui foi, praticamente, o início da minha carreira no futebol, atividade a que me liguei em mais de cinqüenta anos de dedicação ao esporte. O BOTAFOGO é um marco no futebol. Aqui é o local onde se sabe respeitar o valor de uma camisa gloriosa, como a da Estrela Solitária.
Estou emocionado..."

FERNANDO MESQUITA (Presidente da Junta de Julgamentoe Recursos)

"A volta à sede é o retorno à minha infância. Foi aqui que cresci, sem re lutando pelo BOTAFOGO. Estou emocionado.É como voltar no tempo e ver tantas pessoas queridas que freqüentavam a Sede. É um grande momento para o BOTAFOGO e estamos todos muito satisfeitos. Este é um marco para o Clube que voltará a ser glorioso. Temos a oportunidade de reconstruir algo totalmente novo, uma entidade com estrutura e sucesso. A volta à Sede por si  só não leva aos  titulos. Precisamos que os botafoguenses de peso se unam para que o Clube dê a grande virada do século. Estaé uma nova convocação, porque sem ela, nada funcionará."

JOSÉ Luiz ROLIM (Vice-Presidente do Conselho Deliberativo)

"Eu considero a volta à Sede do BOTAFOGO uma libertação. É como se tivéssemos o território invadido e agora rechaçássemos o inimigo. Isso é o término da diáspora. Os botafoguensesque se dispersaram agora vão voltar à sua casa, à sua Sede. Estamos, portanto, libertos. O BOTAFOGO que sempre esteve aqui, enraizado nesta casa, foi um dos maiores clubes do mundo. A retomada da seiva das raizes fará com que o BOTAFOGO volte a Conquistar as suas glórias que tanto caracterizaram o seu passado. Retiraram a árvore, mas não a raiz. A árvore alvi-negra voltou a crescer, está frondosa e brevemente colheremos aqui muitos frutos."

LUIZ OCTAVIO de F.B. VIEIRA (Vice-Presidente Administrativo do BOTAFOGO)

"É impossível tentar expressar a emoção que se sente neste momento. São i8 anos afastados de casa e voltar foi um sonho que nunca deixou de existir nos corações alvi-negros. Algumas vezes a esperança se afastava, mas manteve sempre a sua luz. A Estrela Solitária sempre esteve lá, brilhando, a nos guiar. Realmente não sei se estou vivendo uma realidade ou um sonho. Écomo se voltássemos para casa depois de 18 anos de exílio. A identidade com o Clube é a 
identidade da sociedade e da família. No seio da família, todos nós temos mais vontade; mais criatividade e inspiração para desenvolver o BOTAFOGO. O Clube é como se fosse a sua casa, a sua Sede, a sua família."

CARMÉLIA COELHO (Benemérita do Clube)

"Tenho 48 anos de Clube, sou torcedora de arquibancada e de todas as horas. Portanto, sei o que é viver grandes emoções e o meu coração está, neste exato momento, a mil. Desde que cheguei de São Luís, quando pequena, olhei para a camisa do BOTAFOGO e me apaixonei. Estou feliz, principalmente porque não tinha mais esperança de viver esta realidade. Tinha certeza absoluta que o meu time seria campeão, como realmente foi. Mas voltarà esta Sede maravilhosa, confesso, tinha perdido as esperanças. Você pode imaginar, então, a minha emoção."

ALTHEMAR DUTRA DE CASTILHO (Ex-Presidente do BOTAFOGO)

Este é o sonho de todos os botafoguenses e acaba de ser realizado. A Sede jamais deveria ter saído daqui. O Clube, com isso, perdeu a empatia e a identidade. A verdadeira emoção estava adormecida. Agora reconquistamos a nossa identidade e o BOTAFOGO, quejamaisdeixou de ser glorioso, será maior ainda. É uma belíssima Sede e o BOTAFOGO vai se constituir como um das agremiações mais importantes do País. Fico preocupado com o meu coração que está resistindo muito bem. Digo isso porque numa partida do BOTAFOGO, quando estava na Presidência, tive um infarto e coloquei nada menos que três pontes de safena. Felizmente, consegui sobreviver para viver este momento, este sonho realizado. om muita luta, as conquistas do BOTAFOGO nunca deixaram de acontecer, mas agora existe um centro que é aqui, em General Severiano. Tenho certeza que o BOTAFOGO será um dos maiores deste País."


CARLOS AUGUSTO MONTENEGRO (Presidente do BOTAFOGO)

"É como se a alma tivesse voltado ao corpo. A partir de hoje, o BOTAFOGO volta a ser um grande Clube. Já tem a tradição dos grandes times, agora tem a estrutura. O resto é conseqüência. Os títulos são conseqüência. Todas as conquistas serão comemoradas aqui, em General Severiano. Antigamente não havia lugar para comemorar, agora há."

OLDEMÁRIO TOGUINHÓ (Jornalista)

"Isso aqui, para mim, é uma Copa do Mundo! O Botafogo voltar à Sede é mais importante que o Brasil ganhar uma copa. como se fosse uma guerra. O BOTAFOGO foi invadido e agora expulsamos os invasores. Esta é uma vitória que não tem preço. Para mim, o BOTAFOGO será sempre BOTAFOGO. Eu aprendi a amar o Clube desde pequeno, desde que vim de Campos (RJ). Esta volta não tem preço. Clube não se vende. Nosso universo está preservado. O Clube é a família, é a união, é o sentido da vida do torcedor. O BOTAFOGO no momento que vendeu a sua casa, vendeu junto o seu país. Como nos sentiriamos se viessem aqui e tomassem o Brasil? O BOTAFOGO é o Brasil nosso. Retomamos, hoje, o nosso Clube."
OSVALDO SARGENTELI (Produtor artístico)

"Depois de 18 anos de tristeza, voltamos a ter a alegria em nossos corações. Passava sempre, como todo bom carioca, pela porta do BOTAFOGO e via com tristeza a Sede se deteriorando. Sempre do lado esquerdo e o coração é do lado esquerdo. Hoje, passei por ali e senti naquele momento, vendo a nova sede, o coração batendo no ritmo de ziriguidum. Todo torcedor do BOTAFOGO é um vendedor de alegria e quando o coração bate de alegria é sinal de vida. A nossa alegria com o Clube supera qualquer rara tristeza acidental que tivemos. Esta é a volta à nossa casa, esta é a voita ao lar."

DIDi (Ex-jogador e Bicampeão do Mundo em 58 e 62)

"Este é um dia que sempre estará na memória de torcedor botafoguense. Principalmente para nós, que jogamos pelo Clube. Tivemos muitas satisfações em General Severiano e a tristeza era muita com a saída da Sede. Agora temos afelicidade de reinaugura-la. Isso é uma satisfação muito grande. Esperamos que após a construção do campo de treinamento, o Clube possa reunir seus craques e partir para o Maracanã com o mesmo entusiasmo que tínhamos. Nós, veteranos, saíamos de General Severiano para enfrentar qualquer equipe sempre com muita alegria. O BOTAFOGO está voltando às suas origens e vamos ter a oportunidade de sempre verificar como está o nosso time. Basta vir para General Severiano."

NILTON SANTOS (EX-jogador e Bicampeão do Mundo em 58 e 62)

"É com muita alegria que venho até aqui. O BOTAFOGO não poderia ficar de fora de General Severiano porque aqui é a nossa casa. O BOTAFOGO é um bairro e nenhum outro Clube possui esta característica: estar localizado no bairro de mesmo nome do Clube. Voltando às suas origens, o time volta a ser o Clube de tantas conquistas."

MARIA MADALENA PINTO (52 anos como funcionária do BOTAFOGO)

"Minha emoção é muito grande, mas garanto que continuará a ser grande, pois voltarei para a mesma sala em que trabalhei na ocasião da antiga Sede. Encontrar os amigos que tantas histórias têm ligadas ao Clube não acontece todo dia. O BOTAFOGO, a partir de agora, vai mostrar a sua verdadeira pujança.

MARCELLO ALENCAR (Ex-Prefeito do Rio de Janeiro)

"Você não pode imaginar a emoção de voltar para um lugar onde vivi a minha infância. Este é um local onde se irradiava energia nas festas e chás dançantes. Aqui havia a possibilidade de você namorar, num ambiente sadio. Fiz grandes amizades que só deixaram felicidades. Voltando aqui e vendo tudo igual é como um verdadeiro renascer. A Sede será uma grande alavanca para levar o BOTAFOGO para a posição dos grandes clubes. Vamos festejar muitos campeonatos nesta Sede. Eu sinto isso."

MÁRCIO GUEDES (jornalista) 

Um dos dias mais emocionantes da minha vida. O BOTAFOGO passou por todo um processo de glória, paixão e amor. Depois veio a queda com uma certa decadência. A resistência ficou por conta da sua enorme torcida e somente a paixão e o amor para com o Clube como o BOTAFOGO poderia justificar uma volta. Houve muita luta de grandes botafoguenses. Houve o tombamento, mas acho que se não houvesse essa resistência profunda de amor da nação Alvi-negra, isso jamais teria acontecido. Acho importante que o BOTAFOGO possa viver a sua modernidade. Com isso, tenho certeza que nunca mais passaremos um susto como este.
Esse dia, para mim, é um marco, não só pelo aspecto superstição. Eu acho que tudo isso vai ser acompanhado por um trabalho empresarial, sério e profissional. O Clube deixará de ser uma tendência romântica para se configurar como um dos grandes times para disputar campeonatos e ter o seu lugar ao Sol no primeiro mundo do futebol brasileiro."

Luíz MENDES (radialista)

A emoção é muito grande, porque olhando para tudo isso eu testemunhei muitos fatos de botafoguenses que já estão nas mãos de Deus e que aqui vinham conversar todos os dias. Eles trabalharam pela grandeza e glória do BOTAFOGO. De maneira que é uma grande emoção ver toda a Sede reconstruída. Quantas horas agradáveis e títulos festejados foram aqui passados. O BOTAFOGO quando saiu daqui, perdeu a sua carteira de identidade. Hoje ele reencontrou o seu documento de identificação. E isso aqui é uma revivência de emoções e de sentimentos. E a volta a sua origem é um grande passo para as futuras conquistas. Não se conquista um campeonato de dentro de uma sede, mas sim no campo de futebol. A Sede é o ponto de união de todos os botafoguenses. Essa união faz com que as idéias surjam e, assim, também as grandes oportunidades.


BETH CARVALHO (cantora)

"A melhor sensação do mundo é voltar para casa. O BOTAFOGO é uma história dentro do futebol e uma história dentro deste País. Acredito agora que vamos conseguir grandes conquistas a partir da volta ao lar. Estou muito emocionada, porque aqui brinquei muitos carnavais e neste salão tinha o melhor carnaval do mundo."

JAIRZINHO (ex-jogador, Tricampeão do Mundo)

"Eu sinto a metade de meu corpo voltando à integração, porque poucas pessoas deram ao BOTAFOGO o que eu dei. E dei a minha vida ao Clube. Agora estou inteiro, não sou mais cortado. O BOTAFOGO voltou à sua raiz e agora o Clube tem que voltar a crescer. Se você planta uma boa semente, ela terá boa raiz e certamente dará bons frutos. E para isso tem que se trabalhar. A do que foi feito para reconquistar a Sede, gostaria que as pessoas seguissem com a mesma determinação e lutassem sempre assim, sempre em prol do BOTAFOGO."

PAULO GYNER (Diretor de Comunicação e Marketing do  BOTAFOGO)

“É a volta ao solo sagrado das grandes emoções. Principalmente quando estamos a um passo de comemorar o centenário do Clube. Estar de volta ao Palácio Colonial de Venceslau Brás, onde passaram dirigentes do mais alto gabarito, faz com que este momento seja inesquecível. É esta uma satisfação dupla, pois aqui conheci minha mulher e companheira e, neste local, comemorei títulos inesquecíveis. Todos os botafoguenses devem adotar a seguinte filosofia de vida: faça da vida um sonho e do sonho, uma realidade."

ARMANDO NOGUEIRA (jornalista)

"Este é um ponto de referência muito forte para qualquer botafoguense. Todas as coisas possuem um centro de gravidade e no caso do BOTAFOGO é a sua Sede histórica, onde circulavam os pensamentos de verdadeiros heróis da antologia que se chama BOTAFOGO. É um museu vivo e dinâmico, é o ponto de equilíbrio    que corrige qualquer tentativa de mudar o curso do sucesso. E muito importante recuperar a identidade histórica do BOTAFOGO."

RENATO DE AZEVEDO (Vice-Presidente de Comunicação e Marketing do BOTAFOGO)

"Depois de 18 anos de ausência, redescobrimos o valor de estar no local onde reconhecemos a nossa raíz, a raíz histórica. É um sentimento forte e intenso visitar a Sede e verificar que as paredes estão ali, repletas de histórias para nos contar. Presidentes da República já tiveram a honra de passar por ali. É o Clube que tem o Cristo Redentor de frente. Percebo agora uma nova motivação centralizada naquele complexo e não tenho a menor dúvida que o BOTAFOGO com a Sede na zona sul do Rio de Janeiro vai voltar a ser o Clube que se acostumou a conquistar titulos sempre."

Fonte: Revista Oficial do Botafogo no 245 de 1994
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