Seguidores google+

quinta-feira, 12 de março de 2020

GALERIA DE HONRA LETRA S

 


Dr. Sergio Darcy

Realizou-se no dia 6 de junho último, no salão nobre do palacete colonial, o banquete que os amigos do Dr. Sérgio Darcy lhe ofereceram, em regosijo pela sua nomeação ao elevado cargo de Consultor Jurídico do Banco do Brasil. O ágape, que teve a presença de altas personalidades do mundo cultural, jurídico, social e desportivo, foi uma consagração ao ilustre brasileiro que o BOTAFOGO tem a felicidade de presidir seus destinos com serenidade, dedicação e elevado espirito desportivo de um Grande Benemérito que é, mercê de relevantíssimos serviços prestados. Foi uma festa de marcante distinção, dado o gabarito dos comensais e do nivel intelectual e social do homenageado. 
O banquete, que foi excelente, teve a promoção e organização de uma Comissão constituída dos Presidentes Paulo Paula Ramos, Antonio Azeredo e Luiz Aranha e Vice Presidentes  Ney Cidade Palmeiro e Manoel Maria de Paula Ramos. 
Ladearam o homenageado, à mesa, o Ministro Clemente Mariani e o doutor Arthur Santos, notando-se, ainda, presentes ministros, magistrados, homens de finanças, das Letras, da sociedade e dos desportos. 
Contando com um sem número de amigos em nossa melhor sociedade, o jantar teve o comparecimento de mais de 200 pessoas, dando um grandioso realce homenagem, no salão esplendidamente decorado, sem restrições ao estilo francês de sua construção. Foi um magnifico pretexto para que seus inúmeros amigos traduzissem ao Dr. Sérgio Darcy o carinho, a admiração e a amizade que sinceramente lhe devotam. 
Houve três excelentes discursos, proferidos pelo Dr. Luiz Aranha, que falou em nome de seus amigos, do Ministro João Lyra Filio que traduziu a alegria dos colegas de turma do Dr. Sérgio Darcy e do homenageado que disse da gratidão e da emoção que lhe causaram a carinhosa festa comemorativa de sua nomeação. Foram três discursos de escorreita feitura, felizes os oradores nos improvisos pronunciados. Ao BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS coube a honra de receber em sua sede altas personalidades, que deram ao banquete um cunho eminentemente cultural e social. Impossível evidentemente citar tida, as pessoas presentes que emprestaram à festa um aspecto de alegria, demonstrando ao homenageado o quanto é estimado. Homem de marcante personalidade, o homenageado, singularmente, conseguiu dilatar o tempo e dividi-lo de tal forma que seus múltiplos afazeres inerentes ao cargo de Consultor Jurídico do maior estabelecimento de crédito do país, não o impedem de presidir com raro brilho e eficiência, o seu BOTAFOGO, onde grangeou uma admiração sem par, que o elevou com muita justiça à Grande-Benemerência. O Dr. Sérgio Darcy, idealizador da arrojada construção do estádio em fase de mínimas possibilidades para o Clube, obra realizada em 1937 que já o celebrizara nos meios desportivos desta cidade, teve naquela noite memorável a consagração de seus amigos. 
Jurista de renomado conceito e homem público, afirmou-se como urna incontestável reserva moral de nossa Pátria. Merecida e justa, pois, sob todos os títulos, a homenagem que lhe foi  prestada na grande noite de 6 de junho do corrente ano. 

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 201 de agosto de 1963
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
Os homens do Botafogo   por Paula Ramos   
SERGIO DARCY 

Com o recorrer dos anos e o consequente desgaste, a memória obnubila-se e o esfôrço para relembrar certos fatos deixa-nos extenuados e sucumbidos — certos fatos de 1957, hoje enevoados pelo tempo, surgem em nossa lembrança, imprecisos e fora de foco. O esfôrço para não esquecer detalhes é sobrehumano e ingente. Com as pálpebras cerradas para não distrair a evocação, "vejo" 1937 quando, 2º secretário do BOTAFOGO e, posteriormente, 1º secretário geral de nosso querido Clube, ano em que o nosso Grande-Benemérito Sergio Darcy derrubou a velha arquibancada do Clube e iniciou conosco e mais um grupo de "loucos", sem um ceitil em caixa, a construção do "Estádio mais bonito do Brasil", arrecadando de cada botafoguense, 10$000, hoje Cr$ 10,00 (!!), importância que equivalia à aquisição de um saco de cimento. (!!). A planta foi feita e aprovada por nós, entre outras, de autoria do Benemérito Rafael Galvão, o engenheiro que, em feliz concepcão, projetou o nôvo estádio do BOTAFOGO, dotando a cidade de mais uma bela praça de desportos. Havia o problema da construção, prontamente solucionada cem o nosso Conselheiro Alberto Cavalcanti, da conceituada firma Cavalcanti, Junqueira & Cia., que em nós confiou. Si outros relevantes serviços não fossem invocados, prestou o grande Presidente Sergio Darcy, botafoguense da velha guarda, o relevantíssimo da construção do estádio do BOTAFOGO as velhas e obsoletas arquibancadas de madeira, tendo sido até invertido o sentido do campo, cujos goals passaram a ser do lado do Hospital Rocha Maia e Avenida Lauro Sodré. Com a inauguração do estádio em memorável partida de futebol com o nosso querido co-irmão o Fluminense F. Clube em que felizmente fomos vencedores, o Botafogo encetou nova vida e daí por diante tudo melhorou, inclusive a polítiica sábia de encarar o profissionalismo como de fato deve ser compreendido resultando nas esplendidas administrações que tem tido o nosso Botafogo. Sergio Darcy, o consultor jurídico do Banco do Brasil em substituição ao saudoso Jurista João Neves da Fontoura, o doutor Sergi Darcy, o nosso ex-presidente e grande ex-presidente, o Grande Benemérito, o Comendador do Desporto Nacional, portador que é da Cruz de Mérito Desportivo é a nosso retratado de hoje e na oportunidade julgamos de bom alvitre que transcrevamos as razões apresentadas ao Govêrno quando da concessão da referida Comenda, pois que a justificação diz bem quem é o Grande Benemérito do Botafogo de Futebol e Regatas e o excelente amigo de tôdas as horas que é Sergio Darcy, senão o maior, um dos maiores botafoguenses que temos conhecido. Justificação: "Adolescente, iniciou seus primeiros passos no único desporto que então se difundia — o Futebol — no extinto Sport Club Brasil, onde Celio Negreiros de Barros era dirigente. Juntamente com outros estudantes residentes no bairro de Copacabana que em vertiginoso desenvolvimento atraia a população carioca, SÉRGIO DARCY integrou os times de futebol na areia, realçando-se pela sua combatividade e entusiasmo. Temperamento irrequieto, vontade firme e resoluta, herdeiro de uma valorosa estirpe de nobreza, caldeado nos sábios ensinamentos de seu pai, o jurista James Darcy, ilustre brasileiro, que na vida pública honrou as tradições sulistas do Rio Grande, foi o nosso indicado, o condutor de um grupo de rapazes, incitando-os à prática dos desportos. Praticou mais tarde o remo, integrando guarnições do Club de Regatas Guanabara, disputando inúmeros páreos de regatas. Foi excelente nadador, exercitando-se em Copacabana, ao tempo em que não existiam piscinas para a prática da natação nem campeonatos déste salutar esporte. Extinto o Sport Club Brasil, refúgio predileto dos estudantes daquela época, Sérgio Darcy, sócio do então Botafogo Futebol Club passou a praticar futebol na associação da rua General Severiano, à qual mais tarde dedicou-se por inteiro. Ao tempo do puro amadorismo, formou ao lado de Rivadavia, Leite de Castro, e tantos outros desportistas que honraram o desporto que os ingleses nos ensinaram. Féz-se atleta de variados recursos, remador consagrado e campeão do ex-tinto Clube de Regatas Botafogo, e depois passou a dirigente, onde se revelou extraordinário. A êle deve o Club de sua paixão, o seu Botafogo, uma grande parcela do progresso e desenvolvimento. Sem medir sacrifícios de tôda ordem, adotando iniciativas reputadas audaciosas, ao tempo em que a tibieza e os naturais temores assaltavam os homens do desporto. SERGIO DARCY, Presidente do Botafogo Futebol Club, hoje Botafogo de Futebol e Regatas, lançou a pedra fundamental e fez construir um estádio que foi denominado "O mais bonito do Brasil". Foi um arrôjo que causou admiração e respeito. Sem o subsídio de favores públicos, o presidente SÉRGIO DARCY, superando tôdas as dificuldades que se lhe antepunham, sem meios materiais que o amparassem, lançou campanhas memoráveis e conseguiu afinal ser vitorioso no seu intento, dotando a cidade de mais uma bela praça de desportos. Dirigente do Botafogo Futebol e Regatas, há mais de 23 anos, respeitado e acatado nos meios desportivos pela bravura com que defende suas idéias e pela honradez com que pauta seus atos, o nosso indicado possui de obra, méritos para que lhe seja concedida a "CRUZ DO MÉRITO DES-PORTIVO". 
O Botafogo de Futebol e Regatas, cujo crescimento e alta projeção muito lhe deve, hoje um monumento dentro do desporto brasileiro, associação de elite onde seus associados praticam as mais variadas modalidades desportivas, não pôde prescindir da direção de SÉRGIO DARCY, que trabalha por êle em particular, e muito fêz incontestávelmente pelo desporto no país. "Grande Benemérito " da associação a que está vinculado é por igual benemérito do desporto brasileiro. 
Cidadão útil á pátria, as leis do atavismo não falharam, e James Darcy, o saudoso jurisconsulto se vivo fosse orgulhar-se-ia de seu filho que possuía uma inteligência sem par e uma cultura invulgar a serviço das letras jurídicas do país exatamente como foi seu pai. 
Desportista dos mais credenciados, e homem público de raras virtudes, estamos inteiramente a vontade para indicar o doutor SÉRGIO DARCY como merecedor da concessão da "CRUZ DO MÉRITO DESPORTIVO" que virá sem dúvida enriquecer o seu brilhante acêrvo de títulos e comendas. 

Acervo particular: Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletins Oficiais nºs 209 e 210 de abril e maio de 1964

SEBASTIÃO LOPES

Em 27 de abril de 1941 o BOFOGO FOOTBALL CLUB recebia como funcionário o jovem Sebastião Lopes, dando-lhe, inicialmente incumbência na rouparia como auxiliar.

Reportamo-nos a esse fato a fim de instruir o marco decisivo de uma jornada funcional, sempre de bons serviços prestados ao BOTAFOGO, em ritmo crescente, cuja dignificação ressalta como exemplos dos mais vivos em nossos meio.

"Seu Lopes" como todos os chamam já se tornou símbolo como outros funcionários, perfeitamente entrosados nos serviços e que são acolhidos sem delongas, mesmo quando seu fervor pela função não seja de todo agradável àqueles que se sentem tolhidos nas mais variadas pretensões.

Como demonstrasse segurança e tirocínio, foi na segunda etapa de sua carreira indicado para auxiliar da gerência, onde não poupou horas de sono e granjeou um conhecimento que fez alarde pela sua popularidade. Mais tarde tendo ampliado seu conhecimento sobre o clube normalmente passou a servir na Tesouraria, logo depois ao Departamento Social em trabalho de "pesquisa"  como dizem os técnicos pelo seu atilado espírito psicólogo e dos mais fisionômicos que temos vistos.

Com o advento de fusão e normal crescimento do BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS viu-se o nosso homem nas funções de gerente do Bar, sempre passo a passo com o movimento dos sócios e seus familiares, fazendo tudo para acertar, pois a sua ideia é de que o trabalho tem absoluta prioridade e nada é melhor do que sua exceção otimista. 

Em nossos dias já esta dilimado o caráter de um homem que sem alarde ofereceu valioso tempo ao seu querido clube, mesmo quando a marcha dos números não lhe era formal em face de inúmeras dificuldades administrativas que passamos.

Neste mês, a 27 completando 22 anos de assíduo e honestos serviços encontra-se "Seu Lopes" como funcionário da Tesouraria, porém dado o seu invulgar pendor executivo sempre é chamado a serviço ao Departamento Social nas constantes festa patrocinadas pelo clube.

Dois decênios são a rigor uma vida. “Seu Lopes" dedicou-os inteiramente no cumprimento das mais variadas funções no Glorioso, concretizando sempre as esperanças da administração no sentido de realizações melhores.

Assim, o Boletim presta uma justa homenagem àquele que durante longo tempo vem fazendo do trabalho um positivo exemplo.

"Parabéns "Seu Lopes”.

Do autor do Blog: Quando eu trabalhava no Departamento Social da extinta sede do Mourisco Pasteur Sebastião Lopes já tinha sido alçado a um dos cargos de gerente da referida sede. Sempre atuante, presente em todos os momentos em que sua presença o exigia.
Vou relatar um fato curioso e pitoresco. Num determinado dia houve necessidade de um plantão no Departamento Pessoal que varou a noite indo até a manhã seguinte. Mais ou menos umas 2 horas da manhã já bastante cansados eu e meus colegas de departamento, pois emendamos o expediente normal ao extraordinário e a temperatura ser bem elevada, decidimos utilizar a piscina social para podermos dar uma relaxada e nos manter acordados. O fato é que era proibido a utilização da mesma ao término do expediente do clube e quando estávamos bem quietos e relaxados dentro da piscina quem aparece para sua ronda noturna ? Exatamente o "seu Lopes"  pois naquele dia seu plantão  era o da madrugada. Começou então uma brincadeira de gato e rato. Quando ele vinha pelo lado dos arcos da sede nós nos "escondíamos" na borda dentro d'água. Quando ele passava para o lado das arquibancadas nós passávamos  silenciosamente para aquela borda e assim sucessivamente até que ele findou a ronda. Passado o susto saímos bem devagar da piscina e ficamos sentados nas cadeiras que ficavam na parte descoberta ao lado do bar por algum tempo e retornamos ao trabalho.

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 197 de abril de 1963
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

AS IRMÃS SAMAR E CAMÉLIA AMAM A ESTRELA SOLITÁRIA

 



Elas chegaram de sua terra natal, São Luís, Maranhão, há muitos anos.

Não tinham preferência por clube algum, sequer acompanhavam futebol.

Em, 1946 ao verem, pela primeira vez, aquela camisa listrada, preta e branca, iniciaram uma vida de renúncia, em favor do BOTAFOGO.

São elas, as queridas irmãs, Samar e Camélia Nahuz.

Após esse primeiro encontro, com a Estrela Solitária, passaram a acompanhar a nossa equipe, em todos os locais em que ela se apresentava, vibrando intensamente com a conquista do Campeonato de 1948, no futebol. Ao mesmo tempo, mantinham uma forte amizade com o grande, o inigualável Heleno de Freitas, desde o inicio, o maior ídolo de ambas. Camélia, também nutre enorme admirarão pelo grande craque, a "Enciclopédia do Futebol", Nilton Santos. Samar, sempre ficava fascinada com os terríveis dribles e gols de Mané Garrincha.

Em 1955, sempre muito unidas, começaram a acompanhar os jogos das equipes de basquetebol feminino, do Glorioso. Foram criando uma afinidade muito grande por aquela seção e davam toda a assistência aos seus integrantes.

Mas não acompanhavam somente esta equipe. Reuniam-se a um grupo de apaixonados pelas nossas cores e seguiam todas as competições em que participava o BFR. Fossem elas em Madureira, Bangu, Olaria ou quaisquer outras localidades. Saiam bem cedo para assistir o Infanto-Juvenil, logo após o Juvenil, etc.

Em 1960, o BOTAFOGO deu início a uma série de quatro campeonatos seguidos, no Basquete Feminino da 1ª Divisão. Samar e Camélia sempre acompanhando e dando a assistência devida.

Em março de 1962, após diversos apelos do grande Presidente Dr. Paulo Azeredo, as duas irmãs aceitaram assumir o cargo de Diretoras.

Sempre foram figuras conhecidíssimas no nosso Clube. Constantemente os atletas das diversas seções procuraram-nas para saber qual a decisão a tomar em um determinado assunto.

Guardam sempre uma palavra de carinho e de amizade para os amigos. Possuem um arquivo mental completo, sobre diversos Jogos do alvi-negro.

Defendem o BOTAFOGO em qualquer lugar e em qualquer circunstância. Não temem, sequer, briga, principalmente a Samar.

Fazem parte, atualmente, do Conselho Deliberativo do BOTAFOGO. Continuam incentivando as nossas equipes e dizendo presente, com sua ajuda valiosa, a todos os momentos do Clube.

Muito teríamos, ainda, para falar dessas figuras tão queridas mas, temos certeza de que seríamos incapazes de poder descrever fluentemente essa coisa tão bonita que por elas é seguida à risca: "amor à Estrela Solitária!"

A Samar, inclusive, foi agraciada, agora no seu aniversário, em dezembro, com a Medalha da Torcedora Número 1 do BFR, oferecida pelo Vice-Presidente de Desportos Terrestres, Jarbas Murta de Melo.

Acervo particular Marcelo Serafim

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 226 de dezembro de 1976

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário