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quinta-feira, 12 de março de 2020

GALERIA DE HONRA LETRA Y

 UM EXEMPLO DE ATLETA 

Iniciando sua carreira no Atletismo, em outras agremiações esportivas do Rio de Janeiro, Yolanda Gomes Montezuma veio para o Botafogo em 1963, aqui encontrando ambiente propicio e o incentivo de que necessitava para mostrar suas qualidades de atleta exemplar. Depois de cumprir o período de estágio exigido pelo Regulamento da Federação Carioca de Atletismo, em 1964 Yolanda passou a integrar a equipe de atletismo feminino do nosso Clube, iniciando uma admirável carreira, como participante do notável conjunto de atletas botafoguenses que durante oito anos consecutivos manteve a supremacia absoluta de todos os campeonatos regionais do Rio de Janeiro. Na sua especialidade —arremesso de disco — fez parte da Seleção Carioca de Atletismo, sendo cinco vezes campeã brasileira. Em várias oportunidades a nossa atleta integrou a equipe do Botafogo, campeã de Atletismo detentora do Troféu Brasil. Em 1968, Yolanda Montezuma foi campeã sul-americana pelo Botafogo, no Torneio Inter-Clubes de Santiago do Chile, quando o nosso Clube levantou o titulo máximo da modalidade. Yolanda fez parte de um grupo de atletas femininas, que marcou época na história do Atletismo botafoguense, de 1964 a 1974, onde pontificavam os nomes de Aída dos Santos, Silvina das Graças, Neide dos Santos e outras. A brilhante atleta assinalou sua passagem no Botafogo, não somente pela eficiência revelada em todas as competições de que participou. Além das qualidades demonstradas durante as atividades esportivas, Yolanda sempre deixou à vista de todos um exemplar sentido de disciplina, uma seriedade ímpar em todos os momentos de sua permanência entre nós, fosse nos períodos dos treinamentos propriamente ditos, fosse no decorrer das competições ou, ainda, no próprio comportamento pessoal, jamais fazendo concessões à indisciplina, ou a qualquer deslise que pudesse macular, ao menos levemente, sua carreira de atleta no clube que escolheu para defender suas cores — o Botafogo. Todos os aspectos de sua carreira de atleta, toda a honestidade de propósitos evidenciada em seus atos, não foram esquecidos por nós. Mesmo aqueles que não viveram o dia a dia de sua vida esportiva dentro do nosso Clube, mais tarde vieram a saber de sua dedicação às tradições e ao nome do Glorioso. Todas as grandes qualidades e atributos positivos projetaram-se naturalmente, alcançando outras áreas, onde a nossa atleta agora presta o concurso de sua eficiência e de seu trabalho honesto e profícuo. Além de uma brilhante carreira no Serviço Público Federal, Yolanda continua dando sua colaboração ao esporte amador do Rio de Janeiro, desempenhando tarefas que lhe são confiadas pela Federação Carioca de Basquetebol ou em outros setores, sempre com a mesma seriedade e a mesma eficiência demonstradas em todas as suas atitudes. Por tudo isso e como um preito de gratidão pelo que fez por nossas cores. Yolanda Gomes Montezuma se tornou merecedora do titulo de Emérita.

 Na foto, quando recebia, com orgulho e satisfação, o seu diploma das mãos do nosso Vice-Presidente Nelson Cunha, em sessão solene do Clube.

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 238 de maio de 1980

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IVONE DE ARAUJO SANTOS

Yvone de Araújo Santos, ou melhor, a nossa querida e sempre eterna «Brotinho», carioca da gema, iniciou-se no volley-ball em 1946, no segundo quadro do Tijuca, transferindo-se para o Grêmio Tabajara em 1947, nele permanecendo até meados de 48, quando o mesmo se extinguiu. Yvone, que já estreara no atletismo botafoguense, transferiu-se no volley, também, para as nossas côres e logo conquistou dois títulos — as de campeã da 1ª e 2ª Divisão. 

Em 1949 foi campeã do Torneio e vice-campeã no brasileiro extra de São Paulo, em 1950, foi novamente campeã carioca e elemento decisivo, quando em dramático jogo o Fluminense, ela, levantadora pequenina, verdadeiro «pingo de gente», foi forçada a cortar, á última hora agigantando-se na quadra; em 1952 campeã brasileira em Porto Alegre, deixando nossa equipe em virtude de divergências no basketball e indo integrar ao do C. R. Icarai, para êste ano reingressar em nosso volley com a mesma fibra e mesma raça, tendo sido agora convocada para as treinos da seleção carioca. No basket-ball, talvez o seu esporte predileto e onde é apontada coma das maiores estrelas do Brasil, «Brôto» iniciou-se no Botafogo, em 1949, sendo vice-campeã carioca e vice campeã dos jogos da Primavera; em 1950 foi campeã carioca; campeã do torneio de apresentação e vice-campeã brasileira; em 1951 foi campeã do torneio do «Jornal dos Sports» e do torneio de apresentação da mesma competição, além de novamente vice-campeã brasileira e terceiro lugar nos Jogos da Primavera. Em 1952, em virtude de divergências surgidas em nossa seção de basket-ball, Yvone transferiu-se para o Grêmio  de Quintino, onde foi campeã carioca no mesmo ano e vice-campeã em 1953, ano em que foi campeã brasileira de lance livre e integrou a seleção brasileira ao mundial do Chile, não disputando nenhuma partida em virtude da má vontade do técnico. Em 1954 retornou ao Botafogo, o clube do qual conservou orgulhosamente o seu título de Emérita, nunca contra ele competindo e como capitã dessa jovem e admirável equipe que tanta satisfação tem dado a todos os botafoguenses, venceu o Triangular do Cinquentenário e obteve terceiro lugar nos Jogos da Primavera e Campeonato Carioca. Este ano, com uma série de triunfos impressionantes, logrou, ainda uma vez, o título de vice-campeã brasileira, também obtido em 52 e 53, e venceu magistralmente, com oito dias de intervalo, os Torneios Armando Albano e jogos de Inverno de Santos, marchando invictamente à frente do Campeonato Carioca. Yvone é a atleta que por maior número de vezes defendeu o Botafogo, em basket-ball, tendo até o final da temporada de 1954 marcado 299 pontos, record até aquele ano. 

No atletismo, Yvone também é cria da casa, tendo surgido em 1948, como campeã de estreantes, record de classe no salto em distância e no revezamento de 4 por 100; vice-campeã carioca; segundo lugar nos 100 metros rasos no Troféu Mário Marcio e no revezamento de 4 por 100, o que repetiu no campeonato carioca e ainda no ano passado, depois de largo afastamento do atletismo, Yvone obteve o 3º lugar em 100 metros rasos, na competição contra o Vasco; o 4º em disco, contra o Fluminense e o 2º, no revezamento de 4x100, contra êsse clube; nos Jogos da Primavera e contra o Flamengo, quando também lorou o 4º em peso. 

Nos Jogos da Primavera de 1951, Yvone defendeu galhardamente nossas cores em remo e em motonautica, quando na prova de motores até 10 H.P. obteve um bom quarto lugar. «Miss Botafogo» em 1948, em concurso dos Diários Associados, sempre linda e alegre, Yvone ostentou o mesmo título em 49, nos jogos da Primavera, quando obteve a honrosa terceira colocarão entre inúmeras candidatas. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 118 de outubro de 1955

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Ivette Mariz 
A grande ausente agora presente

Ao elaborarmos este Boletim, tivemos a grata noticia de que havia embarcado com destino de retorno a nossa Pátria, a bordo do Santa Maria, a nossa querida "GRANDE AUSENTE, SEMPRE PRESENTE" a nossa estimada atleta padrão, Yvette Mariz. 
Como uma homenagem a esta nossa grande Campeã, reproduzimos agora artigo publicado no Boletim N.° 95, de Agôsto de 1952, por ocasião da partida de nossa queridíssima Yvette, que foi o seguinte: — 
Yvette — Romacild — Margarida nomes que representam a glória do Botafogo nos esportes feminos nacionais! Yvette Mariz — o Atleta Padrão – o maior atleta botafoguense de todos os tempos — e expressamo-nos propositadamente no masculino, porque nenhum homem o excede em pontos dados ao Glorioso, encontra-se em Paris, permanecerá perto de dois anos fazendo um curso especializado de esportes da Escola de Educação Física de Joinville Le Pont. 
Foi a 25 de janeiro último que, a bordo do "Provence", Yvette zarpou da Guanabara, deixando uma imensa saudade aos corações botafoguenses.
Dias antes, a 21, a Diretoria do Clube ofereceu-lhe no restaurante da séde um jantar de despedida, que decorreu na cordialidade, tendo sido ofertada a Yvette por iniciativa de suas companheiras de lutas, uma linda máquina de escrever, para a redação de  tão apreciadas crônicas desportivas.
Oferecendo o banquete, falou o Vice-Presidente Dr. Sérgio Darcy, pronunciando, em seguida, o Dr. Alceu de Oliveira Castro as seguintes palavras: Yvette. Não se assuste: não vou fazer um longo discurso. Apenas algumas palavras, oferecendo em nome das duas Diretorias do Botafogo de Futebol e Regatas, a passada e a atual, das quais sou o traço de união, e de suas fiéis companheiras de   lutas esta, singela homenagem, desejando-lhe as maiores felicidades na Europa e um breve, brevíssimo regresso. 
Também não vou relembrar sua longa e gloriosa carreira esportiva, pois que todos a conhecem. Seu nome é uma bandeira desfraldada um símbolo. Você é multi-campea de atletismo, basket-ball e volley-ball, recordista sul-americana e brasileira de disco e dardo. Você é uma das maiores glórias do Botafogo, um orgulho do Brasil. 
Terminarei parodiando velhos versos esportivos de "pé quebrado": 
Esta é a Yvette, a capitel do Botafogo — E quando altiva em campo ela aparece, — Comandando o seu quadro glorioso, — A assistência delirando de gôzo, - Sauda-a tanto quanto ela o merece. — Ninguém a vence, no balão de couro, — É a cortadora mais linda e mais [perfeita, - Dêste Rio de Janeiro! 
Yvette querida, pedindo a Romacild, sua mais antiga e dedicada companheira de glórias, que lhe entregue nossa lembrança, ergo minha taça pela sua felicidade". 
Quando Yvette e Romacild se abraçaram, a emoção foi geral, pois que era a despedida da dupla inigualável, representando anos e anos de glórias. 
Dominando a emoção geral, falou Yvette com todo o seu sentimento, com tôda a sua alma. Disse que abandonava o esporte para dedicar-se exclusivamente ao jornalismo. Que agradecia comovida o presente que recebera e que era o que mais desejava: uma máquina portátil, de cujo teclado, jamais sairia uma linha contra o Botafogo. E anunciou outra despedida, para uma maior finalidade: a de Romacild, que vai constituir família, noiva como está de nosso querido diretor José Carneiro Felippe. Ergueu-se, aí, Carlito Rocha e, com palavras perpassadas de emoção, disse que não se conformaria jamais com despedidas de grandes botafoguenses e que tinha certeza que um dia veria novamente Yvette e Romacild envergando a gloriosa camiseta alvi-negra. Terminou com os seus grande e tradicionais "Hips", a Yvette e ao Botafogo, enquanto, sob alegria geral, espoucavam os "flashes" de Margarida, a grande "fotógrafa"... O Botafogo não esquece um minuto que seja — Yvette Mariz — a Grande Ausente, Sempre Presente — sua inigualável campeã carioca de volley-ball em 1940, 46, 47, 48 e 50, campeã brasileira de volley em 1948 e 50, campeã carioca de basket em 1950 e vice-campeã brasileira, campeã sul-americana de atletismo em 1945, 46 e 49, tri-campeã carioca de arremêsso de pêso em 1948, 50, tri-campeã carioca de arremêsso pêso em 1948, 49 e 50, recordista sul-americana de disco em 1945 e recordista brasileira de dardo em 1949. 
Por seu lado, de Paris, da Cidade Luz, Yvette mantém longa e permanente correspondência com os seus amigos de todos os tempos, estando ao par de tudo o que se passa no Botafogo, pelo qual se interessa com o mesmo ardor e o mesmo entusiasmo com que o defendeu em tôda as quadras e em tôdas as pistas do Brasil e da América do Sul.
E aprova integralmente a orientação, de ordem e disciplina, bem como o renovação de valores, que a sua aluna querida Margarida Tereza Nunes — a Joana D'Arc do Botafogo — há dez anos defende com o mesmo entusiasmo o nosso inigualável pendão —vem impondo com ânimo certo e justo à gloriosa secção feminina botafoguense.

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 112 de fevereiro e março de 1956
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O Regresso de Yvette Mariz 
A 28 de janeiro, às 6 horas da manhã, aportou à Guanabara, o «Cabo da Boa Esperança», trazendo, de regresso à Pátria, após quatro anos de estada na Europa, onde cursou os mais adiantados centros de educação física, a extraordinária atleta brasileira Yvette Mariz, orgulho máximo da secção feminina botafoguense. Sempre moça, alegre e bem disposta, Yvette desembarcou lépidamente, atirando-se aos braços das pessoas queridas de sua prezada família e dos representantes do Clube — o casal José Romacild Carneiro Felipe e a veterana campeã Acyr Falcão, já que, sendo sábado e verão, tão feliz regresso encontrou ausentes desta capital, quasi todos os nossos dirigentes que tanto desejavam acolhe-la. 
Na viagem para casa, Yvette levou um susto tremendo: procurou com os olhos, saudosamente, o seu querido Mourisco, sôbre o qual dizia sempre — «É  velho, em pedaços, “fedorento” mas é nosso —tem muito sangue, suor e lágrimas nossos» - e não o viu, custando a acreditar que no mesmo local breve surgirá o monumento do esporte amadorista botafoguense. 
Para matar as saudades e cumprir fielmente o que lhe determinára o Conselho Deliberativo, em sessão de 16-8-54, por proposta do conselheiro Oswaldo Vieira de Andrade, outorgando a «Grande Ausente. Sempre Presente», a medalha de prata Cinquentenário do Clube, a diretoria Glorioso ofereceu à querida Yvette jantar íntimo, que realizou-se a 8 de fevereiro, no restaurante do Clube. 
O Sr. Dr. Sergio Darcy, no exercido da presidência, recebeu nossa grande campeã e não podendo permanecer no Clube, por imperiosas contingências, transmitiu a direção ao Dr. Alceu de Oliveira Castro que teve, assim, a grata ventura de, depois de tantos anos, sentar-se novamente entre Yvette e Romacild, a dupla inegualavel — a sua dupla, — presentes mais as seguintes pessoas: Dr. Rubem Pereira Braga e senhora, Dr. Manuel Cavalcanti, Oswaldo Vieira de Andrade, Dr Henrique Diniz, José Maria Cavalcanti de Albuquerque, Tasso Moreira, Cidio da Silveira Carneiro, Heitor e Ludy de Lima Silva, Romilda e Alvaro Roma Filho, Jose Carneiro Felipe, Margarida Tereza Nunes Leite e Acyr Teillon Falcão. 
Na maior alegria decorreu o ágape tendo usado da palavra, o Dr. Alceu Oliveira Castro, que, explicando o motivo da reunião, solicitou ao sr. Oswaldo Vieira de Andrade, como representante do Conselho Deliberativo, fizesse entrega da medalha à Atleta-Padrão. 
O prezado conselheiro, falando com espírito, disse que era considerado no Conselho como homem de brigas e protestos não tendo muito jeito para homenagens e que devotando há longos anos grande admiração a Yvette, quando formulára sua proposta, pela primeira vez na vida, tivera a satisfação de ve-la incontinente aprovada por aclamações delirantes. 
Emocionadissima, olhos marejados de lágrimas, Yvette agradeceu com palavras brotadas do coração, ressaltando que a maior alegria de sua longa carreira esportiva fôra quando, tendo pertencido a vários clubes, dissera no Fluminense: «Você sabe, Roma, vou voltar para o Botafogo», seu clube, a sua casa. 
Por último, Léo Corrêa bateu as clássicas fotos para a posteridade e a nossa «francesinha», ao ser convidada para posar ao lado de Romacild, Margot, Acyr, Ludy e Romilda, suas companheiras de jornadas gloriosas, exclamou com sua “verve” e o seu espírito habituais: «O que significa isso ? «Vinte anos depois» ou «O Visconde de Bragelonne»? 
Nada disso, Yvette. Você e suas heroicas companheiras, para o Botafogo, são hoje, como foram ontem e serão sempre, as mesmas meninas, que por êle se mataram em todas as quadras e em todas as pistas do Brasil! 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 113 de abril de 1956
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