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quinta-feira, 12 de março de 2020

GALERIA DE HONRA LETRA V

 Galeria de Honra Botafogo FR

Vargas Neto


O meio desportivo carioca acha-se em festas, jubiloso e entusiasmado, com a conquista pela equipe da Federação Metropolitana de Footaball do honroso titulo de campeão do Brasil  confirmando assim a brilhante campanha de 1943.

O alcance dessa vitória não é preciso encarecer, pois todos os desportistas sentem o quanto lucrarão os clubes com essa conquista, que prestigiará a sua entidade dirigente, que aumentará o interesse do seu campeonato, permitindo-lhes arrecadarem maiores rendas, com as quais poderão cumprir os seus compromissos e os programas de realização com que sonham os seus associados e adeptos.
O Rio recupera a posição privilegiada que por todos motivos lhe cabe no cenário desportivo brasileiro e o Botafogo considera importante, insuperável mesmo a sua participação em tal fato, pois o maior fator dessa brilhante reação é um botafoguense, grande botafoguense, Vargas Neto, escolhido em ocasião tão apropriada para figurar na galeria do nosso apreço e da nossa gratidão.

Vargas Neto é um botafoguense sincero e entusiasmado, cujo interesse pelo nosso clube manifesta-se pela sua presença constante em todas as nossas comemorações festivas, em todas as nossas assembleias e em todas as reuniões em que se tratam dos nossos assuntos, das nossas iniciativas e necessidades.

Deixou a Diretoria do Botafogo para ser dirigente da Federação de Futebol e o que tem sido a sua administração, melhor do que as nossas palavras diz a iniciativa dos clubes, em sua totalidade, pedindo-lhe continuasse em seu cargo, antes mesmo de expirado o período legal.

Inteligente e culto, disciplinador mas pacificador e conciliador, Vargas Neto representa para os clubes uma garantia de justiça para todos, de responsabilidade administrativa e de iniciativas proveitosas para a coletividade.

O Botafogo sabe, com absoluta certeza, que, si algum dia os clubes consentirem no seu afastamento das entidades que tão bem administra, Vargas Neto não hesitara então em prestar ao seu clube mais novos e importantes serviços.

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungstedt
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 43 de janeiro de 1945
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ULTIMO JOGO DE VALTENCIR 
O lance fatal na carreira de Valtencir ocorreu quase no final do primeiro tempo, no jogo realizado no dia 17 de agosto ultimo,  tarde, no Estádio Willie Davids, em Maringá. A jogada aconteceu no meio de campo: a bola veio toda pela defesa do Maringá e Valtencir correu para disputá-la com Nivaldo, valentemente. Houve o choque entre ambos, Valtencir perdeu o equilíbrio, projetou-se ao ar e caiu com o queixo no gramado, onde ficou estático. 
Atendido imediatamente pelos demais companheiros, foi removido em seguida para o Hospital Maringá, onde faleceu em conseqüência de um deslocamento cervical e lesão cerebral, provocado pela pancada no chão, de acordo com o diagnóstico dos médicos que o atenderam no hospital. O jogo foi suspenso no intervalo pelo árbitro Eraldo Palmerini, pela falta total de condições psicológicas dos jogadores de ambos os times.
Assim que foi confirmada a morte do jogador, através das emissoras de rádio, houve uma grande concentração de torcedores na porta do hospital. O corpo de Valtencir foi transladado de Maringá para Curitiba no final da tarde e foi velado durante toda à noite na sede do Colorado, cuja diretoria decretou luto oficial de três dias. O corpo de Valtencir veio para o Rio, onde o nosso antigo e dedicado jogador foi sepultado no Parque da Colina em Itaipu, Niterói. O Botafogo esteve presente pelo seu Presidente, Charles Borer, que ainda mandou uma coroa em nome do Clube. O nosso Presidente informou ainda que vai fazer um amistoso com o Colorado, em Juiz de Fora, onde Valtencir nasceu, sob o patrocínio da TV Industrial, com a renda exclusivamente em benefício de sua esposa e filhos. Valtencir Pereira Senra completaria 32 anos daqui a dois, meses. Foi lá mesmo em Juiz de Fora que ele iniciou a sua carreira, como juvenil do Esporte Clube Juiz de Fora. Cedo ainda transferiu-se para o Rio, onde chegou com muitos sonhos e esperanças para o juvenil do Botafogo. No mesmo ano Zagalo iniciava uma nova experiência profissional, como treinador do juvenil do Botafogo, após dirigir, em 65, a equipe infanto-juvenil. Juntos, Valtencir e Zagalo conquistaram o título juvenil de 66 para o Botafogo, um time com, muitos valores, que foram promovidos por Zagalo ao time titular no ano seguinte. Em 67 e 68, como titular da lateral esquerda, com a responsabilidade de vestir a mesma camisa número seis que um dia foi de Nilton Santos e Rildo, ambos jogadores da Seleção Brasileira, Valtencir ganhou praticamente todos os títulos que disputou pelo Botafogo. Foi campeão do Torneio Início, Torneio do México, da Taça Guanabara e do Campeonato Carioca, em 67. No ano seguinte, bisou as conquistas da Taça GB e do campeonato, onde atuou em 18 jogos. Na final de 68, o Botafogo goleou o Vasco, por 4 a O (gols de Roberto, Rogério, Jairzinho e Gerson) e Valtencir sagrou-se campeão ao lado de Cao, Moreira, Zé Carlos, Leónidas, Carlos Roberto, Gerson, Rogério, Jairzinho, Roberto e Paulo César. Depois que saiu do Botafogo, Valtencir jogou durante algum tempo na Venezuela e ao retornar ao Brasil foi para o Paraná, onde jogava pelo Colorado. 
SUA CONSAGRAÇÃO 
"O maior olé da história: 4 a 1". Esta foi a manchete do Jornal dos Sports, em 8 de agosto de 1968, e referia-se ao autêntico "show" de bola que os brasileiros aplicaram nos argentinos, no amistoso realizado na véspera, no Mário Filho, com uma vitória de 4 a 1. Naquela noite, Valtencir estreou na Seleção Brasileira, cujo time, dirigido por Zagalo, era formado apenas por jogadores dos clubes cariocas, com a base do Botafogo. "Uma vitória de lavar o peito", foi o titulo da crônica do JS, na última página. 0 primeiro gol do jogo aconteceu somente aos 41 minutos, num momento em que os argentinos pressionavam e o goleiro Félix já havia, evitado vários gols. Foi assim a descrição do gol, no comentário do JS: ... “Nado cobrou falta na lateral direita. Houve uma confusão à frente do gol argentino e a bola sobrou na outra lateral, Valtencir chutou de primeira, com o pé direito, e a bola, depois de passar no meio de um bolo de jogadores, entrou rasteiro no canto esquerdo de Sanches, aos 41 minutos. No segundo tempo, o domínio da Seleção Brasileira foi completo e com gols de Roberto, aos 4 e 31 min, e Jairzinho, aos 44 min, chegou à goleada de 4 a O. Antes do último gol, o time brasileiro trocou passes seguidos durante quatro minutos e meio, sem que os argentinos tocassem na bola, ao mesmo tempo em que os torcedores gritavam "olé", em coro, nas arquibancadas do maior estádio do mundo. Armando Marques foi o juiz, a renda de Cr$ 122.300,75, com 39.355 pagantes. Os times: Brasil — Félix; Moreira (Murilo), Brito, Leônidas e Va-tencir, Carlos Roberto e Gérson; Nado, Roberto (Nei), Jairzinho e Paulo César. Argentina — Sanchez; Ostua, Perfumo, Basile e Malbernat; Rendo, Aguirre e Solare (Savol); Yasalde, Veglio e Más. 

Acervo particular: Luiz Felipe Carneiro de Miranda
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 234 de julho/setembro de 1978
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