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sexta-feira, 13 de março de 2020

OS INTERESDADUAIS DE 1906 A 1916 - 6º e 7º jogos

6º E 7º JOGOS


6º JOGO — Botafogo x Paulistano. Data; 18 de Julho de 1909. Local: Rio. Resultado: Paulistano 3x1. 

Esse encontro, o primeiro interestadual realizado em nossa gloriosa cancha de Voluntários da Patria, foi assim descrito pelo "Jornal do Comercio": — "Perante numerosa concorrencia, em que predominava o elemento feminino a enfeitar as arquibancadas com suas "toilletes" claras e belas, e animando com seus aplausos os jogadores em luta, realizou-se ontem, no gramado da rua Voluntários da Patria, o emocionante encontro adrede anunciado entre os primeiros teams das duas sociedades cujos nomes encimam estas linhas. Eram 3,30 horas em ponto quando chegaram ao campo do Botafogo os jogadores paulistas, que foram recebidos pela numerosa assistência sob uma salva de palmas. Daí a menos de 10 minutos o referee, apitando, chama às suas posiçães, os teams contendores, assim constituídos:

Paulistano — Armando, Tommy e Cyro; Gulo, Tutú e Rubens; Dacio, Hermes, Bibi, Pelayo e J. Prado. 

Botafogo — Coggin, O. Werneck e Raul; Rolando, L. Rocha e Gullen; Miliar, Flavio, Abelardo, Mimi e E. Sodré. 

Coube o place-kick aos paulistanos, que tentam desde logo avançar, mas vêm-se impossibilitados de fazê-lo, pois os do Botafogo embargam-lhes o passo, tomando-lhes a bola e põem em demanda do goal adversario sendo obrigados a deterem-se em frente defesa de Tommy. Volta a bola ao centro do campo e dela se apoderam os botafoguenses, que, avançando em bôa combinação vencem e transpõem a linha de full-backs do Paulistano, e Flavio, inside right do team alvi-ne-gro, em certeiro e bem dirigido shoot, vasou o goal sob a guarda de Pederneiras, marcando o primeiro e unico ponto para seu clube. Este feito foi delirantemente aplaudido pela enorme assistência que enchia por completo as arquibancadas. 

Eram apenas passados seis minutos que começára o jogo. Recomeçada a pugna, parecia que os jogadores paulistas, se achavam em inferioridade e seriam derrotados pelos nossos. Tudo concorria para confirmar essa previsão, pois até um penalty em que o juiz puniu uma falta de jogador do Botafogo, foi tirado sem resultado. Corria o jogo animadamente e cheio de belos Iances, quando o referee, fazendo trilhar o apito, deu por terminado o primeiro half-time com o seguinte resultado: Botafogo 1 — Paulistano 0. 

Depois de cinco minutos de descanso, recomeça a luta sob a grande chuva que então caia. O place-kick foi desta vez dado pelo Botafogo, que imediatamente perde a bola, do qual se apossam os velozes forwards do Paulistano, que para logo deixam à mostra a sua superioridade sobre os seus emulos marcando em fileira cerrada em demanda do goal botafoguense e conseguindo passar pelo valente back Werneck, quasi invencivel, o out-side left J. Prado centra então, e Bibi, center-forward, recebendo a bola, fala aninhar-se na rêde do goal, marcando, assim, o primeiro ponto para a sua equipe, sob estrondosa salva de palmas. 

Volta a bola ao centro e começa novamente a pugna, que ainda desta vez termina com a vitoria dos paulistas, marcando o mesmo jogador acima mencionado o segundo ponto para seu clube, assegurando-lhe, desde este momento, sua certeza de vencer os valorosos foot-ballers do Botafogo. 

Dera-se começo ao jogo havia apenas seis minutos. O prelio continua sempre crescendo em intensidade e em prodígios de valor de ambos os teams, querendo o Botafogo reconquistar o terreno perdido e os Paulistanos acentuar ainda mais a vantagem que já levavam sobre seu adversaria. Torna-se, então, interessantissimo, sob todos os aspectos, o belo match, que parecia terminar sem mais um ponto para nenhuma das valentes sociedades, quando — havia apenas um minuto de jogo! — o team paulista consegue vazar pela terceira e ultima vez o goal confiado à defesa de Coggin. É autor deste feito, Dacio, out-side right do Paulistano. Daí a pouco o juiz apitava, pondo termo ao encontro, com a vitoria do Club Atletico Paulistano por um score de 3 a 1. A linha de forwards paulista salientou-se toda, maximé Pelayo, J. Prado e Bibi. Salientaram-se tambem, Rubens, Tommy e Pederneiras, bom goal-keeper. Mencionaremos em primeiro lugar do team local, O. Werneck, otimo full-back, Mimi, Flavio, Millar e Rolando. Atuou como refere o Snr. Brooking, que foi imparcial. 

7º JOGO — Botafogo x Internacional --- Data: 7 de Setembro de 190: Local: Rio — Resultado: Empate 3x3

Tambem do "Jornal do Comercio": "Conforme anunciamos deu-se ontem o encontro entre os primeiros teams dos clubes cujos nomes estão acima inscritos. A concorrência foi numerosa, correndo o jogo animadíssimo e cheio de belos lances de parte a parte. Ar 3,50 minutos deram entrada em campo os teams que tinham a seguinte organização:

Internacional — Ozorio, J. Voz Porte , Mario Prado; F. Vaz Porto, Aquino e J. C: valho; Raul, Léo, Facchini, Leite e Hugc. 

Botafogo — A. Werneck, O. Werneck  Pullen; Viveiros, L. Rocha e Rolando; Mimi, Flavio, Abelardo, G. Rime e Emanuel. 

Coube o kick-off ao Internacional avançando desde logo a sua linha de forwards contra o goal adversario, mas nada consegue, pois os backs do Botafogo, colocados devolvem a bola a seus companheiros de clube, que tentam avançar; nada obtêm e dentro em pouco, é ela arrebatada pela linha de halfes do team vermelho e preto, que de novo a enviam a seus forwards. Nesta ocasião, Rolando cometeu um hands, logo punido pelo juiz com um free-kick, que foi batido por Aquino, sem entretanto haver resultado algum. 

Organiza-se, então, a linha de ataque do Internacional e avança admiravelmente bem combinada contra o goal confiado à guarda de Alvaro Werneck. Facchini recebe um bom centro finge driblings contra seus adversários e, com uma calma extraordinaria, dá shoot e" faz a bola aninhar-se na goal, sob os aplausos da assistência. Volta a bola ao centro e o Botafogo tenta avançar, afim de ver se consegue anular a vantagem levada pelo seu competidor, mas nada consegue, por isso que a defesa contrária lhe embarga o passo, toma-lhe a bola aos companheiros de team. Os do Internacional não desanimam; voltam à carga e Léo vence pela segunda vez A. Werneck marcando mais um goal para seu club. Recomeçado o jogo, cabe ao Botafogo o ataque os seus forwards o fazem muito bem combinados, pondo em perigo o goal adversário e tal é o perigo, que um jogador do team vermelho e preto para evitá-lo, ocasiona um corner que foi muito bem batido por Emanual mas nenhum resultado produziu. Os do Botafogo voltam novamente ao ataque e Mario Prado, como defesa, é obrigado a ocosionar novo corner, mal batido pelo jogador que o primeiro. O Botafogo, porém, longe de desanimar com isso, pelo contrario, de ardor e entusiasmo e avança celeremente  em busca do goal confiado à pericia de Ozorio. Millar, que vai com a bola, passa-a para o extrema esquerda; este faz belo centro, admiravelmente aproveitado por Abelardo que, com forte shoot, vaza pela primeira vez o goal adverso, sob uma tempestade de aplausos. Continua ainda o jogo bastante animado, quando o referee apitando por terminado o primeiro half-time, este resultado: Internacional, 2 goals — Botafogo, 1 goal. 

Findos os dez minutos de descanso, reentram em campo os jogadores, recomeçando-se mediatamente a luta. Ao team alvi-negro cabe encetá-la. Os seus forwards vêm dispostos a desfazer a superioridade já acentuada do clube vermelho e preto; e este parece mante-la a todo tranze, pois ataca violentamente e obriga a defesa contraria a cometer três corners em seguida, todos tirados sem resultado. O Botafogo arremete celeremente em demanda do goal adverso. Abelardo shoota fortemenre e o goal-keper faz bôa defesa; Lulú shoota novamente, passando a bola por cima da trave superior. Novo ataque do Botafogo e perde este clube mais uma vez, ocasião de marcar mais um ponto. Emanuel dá um bom centro, Millar quer vazar o goa! de Ozorio, mas não consegue, visto a má direção de seu shoot. O Internacional sacode de sobre si, então, o cansaço que já parece dominá-lo e avança em carga cerrada. Ha enorme confusão em frente ao goal do Botafogo e Alvaro Werneck fazendo uma bôa defesa, salva-o de perigo iminente. Os jogadores do clube preto e branco mais uma vez organizam-se e põem-se em bôa avançada em demanda do goa! adversario. Mario Prado ocasiona outro comer que Hime tira mal. É neste reencontro que os jogadores do Internacional, num ultimo e bem sucedido esforço, avançam rapidamente, dispostos a levar tudo de vencido; passam pelos backs contrarios e Facchini recebendo a bola, fala aninhar-se na rêde do goal, marcando, assim, o terceiro ponto para seu team. O Botafogo, em vista de uma derrota quasi certa, cria alma nova; os seus jogadores incendiam-se então; enchem-se de entusiasmo e marcham em carga cerrada contra o internacional, e Flavio, numa escapada, marca novo ponto para seu clube. Recomeçado a jogo, em vista do resultado obtido, o Botafogo entra de novo a atacar furiosamente; Lulú recebe um centro de Miliar e shoota, mas a bola passa pela trave superior do retangulo. Este insucesso, longe de arrefecer o ataque por parte do team alvi-negro, falo aumentar extraordinariamente; os seus forwards mantêm-se constantemente em frente ao goal do Internacional, atacando-o sempre. Um dado momeno, Gilbert Hime recebe a bola, vai com ela até proximo ao goal defendido por Ozorio e vence este novamente, marcando mais um ponto para seu team. Estavam os contendores em igualdades de condições e o tempo a terminar. Dentro em pouco o refere apita e dá por findo o belo macth sem haver vencidos nem vencedores. Salientaram-se do Internacional: M. Prado, Aquino, J. Carvalho, Leite, Léo e Facchini, otimo center-forward. Mencionaremos do Botafogo: Rolando, Lulú, O. Werneck, Pu!len e todos os forwards. Atuou como refere o Sr. Neoble". 

NOTAS: Foi em 1909 que em substituição ás camisas tipo bluzão, e Botafogo esttreou as de malha que usa até hoje, com a interessante exceção de 1947, quando voltou as primitivas. 

— O extraordinorio Abelardo Delamare, como Mimi Sodré, quando disputou os jogos supra, ainda pertencia ao nosso segundo quadro e era muito criança. 

-- No Internacional brilhavam dois maiores cracks de então: Aquino e Léo Belegarde. Jacomo Facchini que em 1913 comandou o nosso ataque, entre Abelardo e Mimi, iniciava sua brilhante carreira. 

                                              Alceu Mendes de Oliveira Castro 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungsted

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 78 de março de 1949


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