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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

BOTAFOGO F.R. DÉCADA DE 40

 




O Só os 6x0 puderam lembrar ao Clube de Regatas do Flamengo que ostentava um título de bi-campeao... Mas já era tarde para cortar uma vitória espetaculosa na estréia dos botafoguenses.
Comentário de CEZAR AUGUSTO
Hernandes, Oswaldo, Luzitano, Zarcy, Negrinhão, Afonsinho, Otavio, Heleno, Limoeirinho e Reginaldo

A verdadeira atração da segunda rodada éra e foi a apresentação da esquadrão botafoguense. Era indisfarçavel a anciedade dos seus fans e a curiósidade geral. Na equipe alvinegra tudo deveria ser novo. A começar pelo técnico Martin Oliveira. E a circunstancia de não ter o Botafogo realizado um unico amistoso, e tao somente treinos, contribuía para essa expectativa. O C. R. Flamengo, bi-campeao da cidade, adversário da estreia deveria ser, pois, uma legitima estreia. O campo de S. Januário pegou, assim, uma enchente. Lá se ajuntaram botafoguenses, rubro-negros,  também tricolores e americanos, já que a outra peleja reuniria esses contendores, proporcionando uma renda que foi além dos 100.000 cruzeiros. A praça de desportos vascaina apresentava um belo aspecto; bem lotada, o gramado de um verde uniforme e agradável,  e uma noite tépida e estrelada.
E tudo isso serviu para dar tons mais fortes ao estupendo triunfo botafoguense. Os comandados de Martin, como que desconhecendo a fibra dos adversarios, e revelando o maior destemor ao honroso título que ostentavam, atiraram-se, desde o primeiro momento a um ataque incessante, do que resultou logo no primeiro tempo um algarismo gigante no marcador: 6-0. Os flamengos, como que assaltados de surpreza, entregaram-se  completamente, facilitando ao Botafogo o domínio territorial e técnico. No período final, então, os rubro-negros resolveram impedir  que a vitória assumisse vulto ainda maior e opuseram uma resistencia chegando a conquista de 2 tentos. Deste modo, caminhando a testa do lote, sem ponto perdido, o Botafogo apresentou-se como um dos candidatos  mais poderosos. 

PANORAMA TECNICO

E aqui temos um flagrante notável: É deJurandyr pagando a Gritta uma das muitas apostas que perdeu durante o jogo C.R. Flamengo x Botafogo F.R.. É que Jurandyr não "acreditava" na pontaria dos alvinegros, e vae daí... Galdino achou tudo muito engraçado.
A vitória alvinegra foi brilhante, sem duvida, embora o aspeto técnico não fosse brilhante. O triunfo foi mais psicológico que técnico. Era natural que o esquadrão flamengo não se sentisse confiante e sim prudente. Faltariam, dos titulares, Jurandyr, Bigua, Pirillo e Perácio. Os seus substitutos, sem desfrutarem de categoria elevada, deveriam deante de qualquer debilidade do Botafogo, usar e abusar da torça moral que o título de bi-campeão deveria incutir em cada um, por certo. De modo que a única arma seria a surpreza. E'ra necessário que os jogadores fossem transformar a prudência em confiança. Era indispensavel abalar-lhes o animo, o que traria dupla conseqüência! queda dos flamengos e porta aberta a vitoria botafoguense. 
Se esse plano existiu, teve sucesso 100%. Logo aos 3 minutos de gogo Afonsinho e Reginaldo haviam levado 2 tentos a credito do Botafogo. Daí em diante não houve dos rubro negros senão resistência passiva, enquanto o marcador subia assustadoramente. A retaguarda dos calções pretos sem preocupar com o ataque do Flamengo, onde apenas Zizinho tentava articular algo, assim mesmo em auxilio da defesa e não com proposito imediatamente ofensivo. Enquanto isso, a vanguarda estabelecia nada menos de cinco cabeças de ponte no territorio inimigo e bombardeava incessantemente as posições flamengas. Quirino, na aza media direita, deixava cámpo aberto a ação do estreante Reinaldo, permitindo-lhe um verdadeiro "carnaval", como se diz em gíria futebolística. Jayme, preocupado um auxiliar Bria e Newton, incumbidos da marcação  de Limoeirinho e Afonsinho, facilitava o desenvolvimento de Otávio, este, alias, um titular impressionante como elemento de amparo do ataque e auxiliador da retaguarda. Para completar o quadro desolador da equipe  bicampeã, os atacantes ou não desciam para ajuda aos companheiros da defesa ou se o faziam, era sem a menor noção de oportunidade ou colocação. Parecia, mesmo, que havia desinteresse, indiferença pela contenda. Veio o período final Os alvinegros, como conseqüência lógica de um primeiro tempo movimentadissimo, cheio de fintas, costuras e infiltrações   rapidas, diminuíram o ritmo. Do outro, Flávio Costa naturalmente zeloso do amor proprio do esquadrão, fizera as modificações imperiosas e permissiveis em face do material humano disponivel: Jaci deslocado para o médio direito afim de vigiar Reginaldo, vindo Tião para seu posto e Gulter substituindo Newton.
A palestra no vestiário deveria ter sido, também, algo séria, pois os jogadores voltaram ao campo demonstrando, então, que desejavam jogar... As alterações surtiram efeito, e maiores apareceram até porque, já o dissemos, os do "glorioso" diminuiram a movimentação com que vinham forçando o prelio. Zizinho foi, neste período, verdadeiramente dinâmico. Não havia instruções especiais ou plano de "campanha" a cumprir. Por isso desdobrou-se em todos os setores do campo. Mas não houve resultado que satisfizesse. O Flamengo marcou dois tentos, mas nem sequer empatou o jogo e isto foi o que objetivavam os botafoguenses, que sustentaram o tempo derradeiro sem grandes esforços, garantindo uma vitoria espetáculosa. Deve-se uma referencia aos valores individuais novos apresentados pelo Botafogo, dentre os quais tiveram desempenho apreciável Oswaldo, Negrinhão e Reginaldo, Otávio, Limoeirinho e Afonsinho, bem como Heleno foram excelentes, mas já são nossos conhecidos, só Luzitano não convenceu. DETALHE: As equipes disputaram o jogo com esta constituição: CR. Flamengo — Luiz (depois Dolly), Artigas e Newton (Guntter no 2º tempo); Quirino (Jacy no 2º tempo), Bria e Jayme; Nilo, Zizinho, Djalma, Jacy (Tião no 2º tempo) e Vévé. Botafogo F.R. — OswaIdo Hernandez e Luzitano; Zarcy Santamaria e Negrinhão, Atonsinho, Otávio Tovar( no 2º tempo), Heleno, Limoeirinho e Reginaldo.

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 310 de 16 de março de 1944
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1º de Julho de 1894

 A data acima, a mais antiga data desportiva do Brasil, marca o início das gloriosas atividades, do nosso querido Botafogo, esse clube que é um dos monumentos dos desportos pátrios e um lutador incansável pelo aperfeiçoamento moral e físico da nossa mocidade e que constitui para nós, botafoguenses, um motivo de orgulho, de admiração e de incondicional amizade. 

Tem sido fiel o Botafogo em sua longa trajetória aos princípios e ás normas desportividade daqueles que o fundaram em um momento de inspiração patriótica e saberá sem dúvida continuar digno de seus altos e imperecíveis destinos a que o levaram a fé, a dedicação o entusiasmo dos que têm a honra e a felicidade de servirem o pavilhão alvinegro aureolado pela gloria. 

O antigo Clube de Regatas Botafogo, ex-Grupo de Regatas Botafogo, é oriundo do antigo Clube de Regatas Guanabara, este fundado o 9 de Agosto de 1874 e, após muitos e muitos anos de lutas, sacrificios, vitorias empolgantes e triunfos memoraveis, pela fibra e dedicação dos seus componentes, tornou-se um dos mais importantes e poderosos clubes do Brasil, cuja fusão com o seu co-irmão, o antigo Botafogo Foot-Ball Club, clube de identicas lutas e sacrifícios semelhantes, veio constituir essa instituição dos nossos entusiasmos comuns e dos nossos cuidados constantes, o Botafogo de Futebol e Regatas, vitorioso e eterno. As 13 horas do dia 1º de julho de 1894, presentes 22 (vinte e dois sócios), foi iniciada a sessão de instalação do nucleo primeiro do Botafogo de Futebol e Regatas e a homenagem dos botafoguenses de hoje aos botafoguenses de ontem constitui na promessa que fazemos e que cumpriremos de que entregaremos o Botafogo aos botafoguenses de amanhã tal como o recebemos, forte, poderoso, leal, exemplo de fibra e de desportividade.

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungstedt

Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 48 de julho de 1945

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12 de Agôsto de 1904 


Walter Fazzoni
Fernandes dos Reis (Mato Grosso )
Henrique Fernandes
Torquato (Dunga)
Ephigênio de Freitas Bahiense (Geninho)
Renato Goulart Pereira
Marcos

Há quarenta e um anos, num vetusto solar bem  no estilo brasileiro, residência de familia ilustre e tradicional, em meio a incredulidade austéra dos mais velhos e o entusiasmo juvenil de seus fundadores, nasceu o BOTAFOGO FUTEBOL CLUBE. Talvez por isto mesmo, conservou pela vida  em fóra esta maneira de ser, fraternal e hospitaleira, na palavra de seus homens ha solidariedade estreita entre os consócios e até na arquitetura da séde social que nos lembra uma ampla casa de fazenda, de avarandado acolhedor e aberto onde nas datas maiores e nas festas comemorativas, várias gerações se reunem para  evocações enternecidas, onde se traçam planos, se estruturam projétos e se debatem problemas, que se acaloram em discussões e divergências, pára terminar em amistosa confraternização. 
Assim é o BOTAFOGO! Desta maneira de ser personalissima e singular, nasceu por certo tua maior força e o obstinado entusiasmo adolescente que te fez resistir aos tropeços iniciais dos passos incertos e indecisos, forjou tua estrutura e definiu tua linha de ação que se traduz numa existência fecunda e gloriosa, bandeira de luta, de ideal e de fé! 
Aqui, nas gerações que se sucedem os exemplos se repetem. Esta adolescência bronzeada que em liças ardorosas e leais, na forja olímpica dos esportes, num cenário de sol e de luz enrijecem a tempera de magnificos caracteres, nos recorda nossos vultos maiores, que também aqui chegaram em uniformes escolares, sobraçando livros acadêmicos e olharam, depois, a vida de frente, enfrentando-a com os olhos abertos para os horizontes do futuro, e notáveis e ilustres, vestem hoje uma tóga, enobrecem uma catedra, comandam multidões. 
Lampejam em teus brazões, glórias imortais e abrigas em teu listrado pavilhão, tatalando feliz e festivo, exemplares personalidades e elites dirigentes que orientam os destinos de várias entidades esportivas da pátria. 
É de hontem o exemplo de atlétas alvi-negros que trocaram a jaqueta pelo uniforme de campanha, e os campos de esportes pelos de batalha, integrando a FAB e a FEB e que estão de regresso agora, cobertos de glórias e de explendidos lauréis para o culto da pátria e exemplo das gerações Botafoguenses. 
Ao teu patrimônio um outro se juntou-o do Clube de Regatas Botafogo - e pugnando por um só ideal, alentado por um só propósito, visando um objetivo unico o bem da pátria, o amor da pátria, e a grandesa da pátria, caminha o Botafogo de Futebol e Regatas para a frente, olhos fitos no heroico pendão alvi-negro, ao brilho da Estrela Solitária, que bem simboliza o céu, altura de nosso último objetivo e derradeiro ideal.

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungstedt
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 49 de agosto de 1945
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O Botafogo aos seus atletas expedicionarios 

Partiram os nossos expedicionários. Si A saudade amargurava-lhes a alma, nos que ficaram ela também angustiava o coração. 
E lá se foram todos, levando no pensamento a imágem da Pátria e a certeza dos dias tenebrosos, tonitroantes e enlouquecedores que os esperavam em terras estranhas, onde nos campos, nas quebradas de montanhas, em todas a parte, palmilhando asperas estradas, iam sem saber si elas os conduziriam á morte ou á gloria, dar combate ao inimigo feroz e cruel. 
Com êsse pugilo de bravos da nossa brava  gente, ia também um pedaço do nosso Botafogo, dêste nosso Botafogo que não poupa esforços, nem mede sacrificio nas grandes horas e que sempre vibra, dando exemplos dignificantes, nos grandes momentos historicos da nossa nacionalidade. 
Sete de nossos atlétas, dos mais valorosos, integravam aquela expedição que demandava destino ignorado. Não os teriamos tão cedo, ou jamais, pelejando ardorosamente pelas nossas vitórias, sob o calor dos nossos aplausos, ao dos seus "fans" e dos da multidão entuziasmada, porém, ao mesmo tempo que isso nos amargurava, sentiamo-nos orgulhosos, vendo-os também eleitos da Pátria, nos uniformes do nosso glorioso Exercito, disciplinados e decididos, ombro a ombro com os heroicos soldados das Nações Unidas, esmagar os tiranos que ameaçavam estrangular, asfixiar a liberdade dos povos. 
E de que seriam bravos na luta, não nos padecia duvida, pois, valentes como todos os outros, eles tinham ainda em seus peitos a chama vivificadora do nosso lema: — PELO BRASIL COM O BOTAFOGO! 
Dias, longos mêses de angustia decorreram para todos nós da hora da partida dêsses queridos rapazes. 
Sofriamos as mesmas agruras dos seus entes queridos, que a todos procuravamos assistir, como se formamos uma só familia, transmitindo-lhes as noticias que nos chegavam e dando-lhes, sempre que necessario, conforto moral. Surgiu, afinal, a Vitoria e com ela, logo em seguida, veio o regresso da nossa gloriosa F.E.B. e dos nossos rapazes, os nosso atlétas oficiais e pracinhas, que prouvéra a Deus restituir-nos todos. 

Preparamo-nos, então, para recebe-los carinhosamente como mereciam, organisando um programa de festas e homenagens, que tendo inicio no abraço que lhes levámos ainda estavam barra á fóra, seguiu-se mais tarde, da recepção em a nossa séde, a qual compareceram acompanhados de suas familias e onde assistiram a uno magnifico "show", ocasião em que, recebidos delirantemente pelo nosso seleto quadro social, foram saudados por Paula e Silva, esse extraordinário botafoguense que, com tanto carinho e dedicação exerce as funções de Diretor Social; de um jantar na Urca, oferecido pelos Diretores do Botafogo, tendo a grande assistencia que ali se encontrava participado das nossas justas alegrias, ao ter conhecimento de suas presenças naquele Grill, onde foram delirantemente aplaudidos; de um almoço realisado em nossa séde e oferecido pelos nossos consocios e fans, sendo, então, enaltecidos os seus feitos e carinhosamente saudados pelos benemeritos botafoguenses Drs. João Lyra e Augusto Frederico Schmitd, cujas palavras cheias de fé e orgulho patriotico, fizeram vibrar de eletrisante entusiasmo os convivas que ai se reuniram.
Prosseguindo, ainda, nessas manifestações de regosijo, não olvidamos também de render graças a Deus pelo regresso desses nossos atlétas, pois, com essa intenção foi celebrado um oficio religioso na Matriz de Santa Terezinha de Jesus. tendo o Monsenhor Dr. Henrique de Magalhães produzido brilhante oração gratulatoria. E por ultimo, marcando o encerramento das justas e merecidas homenagens esses nossos atlétas, realisamos, com soberbo e grandioso encantamento, o de BAILE DA VITORIA DAS NAÇÕS UNIDAS, do qual compartilharam, especialmente convidados, os Comandantes Oficiais da nossa gloriosa Força Expedicionaria Brasileira. 
Goulart, Marcos, Geninho, Walter, Dunga, Maato Grosso e Milton são esses os amigos do nosso Botafogo, os nossos e atlétas-pracinhas, que, retornando dos campos da Italia, dê novo, encontram-se no nosso convivio como bons e ardorosos, botafoguenses e dignos brasileiros. 

Acervo particular Alceu Oliveira Castro Jungstedt
Fonte: Boletim Oficial do BFR nº 51 de outubro de 1945
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