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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

BOTAFOGO F.C. DÉCADA DE 30


TU ÉS O GLORIOSO - 4

Uma viagem à decada de 30: Fogão goleia Corinthians e é campeão dos campeões


Por muito tempo não existiu uma competição nacional de clubes no Brasil - o primeiro Campeonato Brasileiro era disputado por seleções estaduais e amplamente dominado por cariocas e paulistas, os principais centros de futebol do país na era amadora e em boa parte da era profissional. Nesse contexto, as disputas valendo taça entre os campeões dos dois estados - antecessoras do Torneio Rio-São Paulo - eram consideradas pelo público esportivo como um tira-teima para definir o campeão honorário do país.

Em 1931, Botafogo e Corinthians, campeões carioca e paulista do ano anterior, foram os disputantes. O clube paulista era o atual vencedor da Taça dos Campeões - feito eternizado em seu hino após duas vitórias sobre o Vasco da Gama ("Salve o Corinthians, o Campeão dos Campeões") - e venceu o primeiro jogo por 2 a 0 em São Paulo, contra um Botafogo levemente desfalcado.

A volta de Carvalho Leite, principal craque carioca, aumentava o favoritismo botafoguense no jogo de volta. Mas os corintianos, que só precisavam de um empate, tinham um time de respeito. O que aconteceria naquela noite surpreenderia o mais otimista dos torcedores.

O JOGO

O primeiro tempo cumpriu a expectativa de uma partida equilibrada. O Corinthians, ligeiramente melhor no começo do jogo, saiu na frente com Bertone aos 18 minutos depois de cobrança de escanteio perfeita de Filó: 1 a 0 para os paulistas. Após o gol o Botafogo cresceu, e aos 32 Carvalho Leite deu bom passe para Nilo, que cortou os zagueiros Grané e Del Debbio antes de concluir com força: 1 a 1. O resultado dava o título para o Timão, e o Botafogo precisava melhorar muito na etapa final.

Os dois times voltaram com o mesmo ímpeto no segundo tempo, mas logo aos cinco minutos a sorte sorriu para o Glorioso. O goleiro corintiano Colombo saiu mal em um cruzamento, a bola sobrou para Carvalho Leite e este tocou para Nilo, livre, marcar o gol da virada: 2 a 1. Aos 15 outra falha de Colombo, que espalmou uma cobrança de falta nos pés de Carvalho Leite, que não perdoou: 3 a 1. E em dois minutos o Glorioso aumentou a conta: Ariza cruzou e Nilo se antecipou ao goleiro, marcando o quarto de cabeça.

O técnico corintiano, irritado, trocou Colombo por Tuffy. Mas como a noite era mesmo do Botafogo, o reserva foi vazado em sua primeira chance de mostrar serviço - desta vez a culpa foi do zagueiro Del Debbio, que atrasou uma bola sem força para o goleiro. O botafoguense Paulinho venceu Tuffy na corrida, fazendo o quinto na saída do rival. Completamente desestabilizado, o Corinthians ainda sofreu mais dois belos gols: o sexto com Nilo, que driblou três rivais antes de concluir por cobertura, e o sétimo com Carvalho Leite, que driblou "apenas" dois antes do chute (que contou com um leve desvio de Grané em tentativa de corte). E ainda agradeceu ao árbitro, que deixou de marcar nada menos do que três pênaltis para os botafoguenses.

O placar absurdo de 7 a 1 não garantia o título - com uma vitória para cada lado, o saldo de gols dava apenas a vantagem do empate aos botafoguenses em uma terceira partida. Só que o Corinthians, já convencido da superioridade alvinegra, abriu mão do jogo extra, e as federações do Rio e de São Paulo oficializaram a entrega da taça daquele ano ao Glorioso, o Campeão dos Campeões.

==Ficha técnica==

Botafogo 7 x 1 Corinthians
Local: Campo da Rua General Severiano
Quarta-feira, 6 de maio de 1931
Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo – 2º Jogo

Botafogo: Pedrosa, Benedicto e Octacílio; Pamplona, Martim e Canalli; Ariza, Paulinho, Carvalho Leite, Nilo e Celso. Técnico: Nicolas Ladanyi.

Corinthians: Colombo (Tuffy), Grané e Del Debbio; Leone, Guimarães e Munhoz; Filó, Napoli, Bertone, Rato e De Maria. Técnico: Virgílio Montarini.

Árbitro: Vittorio Silvestre Teixeira, sócio do S.C. Internacional (SP).

Gols: Bertone aos 18/1ºT e Nilo aos 32/1ºT; Nilo aos 5/2ºT, Carvalho Leite aos 15/2ºT, Nilo aos 17/2ºT, Paulinho aos 20/2ºT, Nilo aos 36/2ºT e Carvalho Leite aos 43/2ºT.

Público: 4.000 (aproximadamente)

Fonte: Auriel de Almeida - Historiador
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CAMPEÃO 1º TORNEIO INITIUM DE 1938

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 02 de 19 de abril de 1938
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INAUGURAÇÃO ESTÁDIO DE GENERAL SEVERIANO EM 1938



Fonte: Site de fotos Pinerest
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INAUGURAÇÃO ESTÁDIO GAL. SEVERIANO

Foto aérea da inauguração do Estádio de General Severiano


Terra de todos os Estados do Brasil para solidificar a obra e emprehendimento, deitando terra do Maranhão. . .


Times do Fluminense e do Botafogo perfilados antes do início do jogo - Botafogo 3 x 2 Fluminense

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 19 de 17 de agosto de 1938
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TORNEIO MASCULINO DE VOLLEY-BALL  PROMOVIDO PELA ASSOCIÇÃO CHRISTÃ DE MOÇOS


Os times do Botafogo F.C. e do C. Internacional de Regatas

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 20 de 24 de agosto de 1938
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Inauguração Estádio Gal. Severiano

Jogo inaugural Botafogo F.C. x Fluminense F.C.

Aspecto numerosa platéia no dia da inauguração

Outros aspectos da inauguração do Estádio

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº22 de 07 de setembro de 1938
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Derrotado o America por 4x2
O Ameiica não resistiu á melhor constituição do quadro botafoguense que se conservou invicto no campeonato, deixando mais uma vez victorioso o seu Stadium. O placard foi 4x2.
Fioravante Dangelo um optimo juiz. Disciplina e enthusiasmo.



1 - Goal de Carvalho Leite!


2— Troca de gentilezas, sob as vistas do juiz
3 – Quase Aymoré! O tiro de Gallego passou raspando as traves

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 24 de 21 de setembro de 1938
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O PROFISSIONAL QUE NAO SABE BATER "CORNER"...


Uma phase do ultimo e recente jogo do campeonato official da cidade entre o Botafogo e o America, objecto da presente chronica.

Cumprindo a promessa feita aos vários leitores do interior, iniciámos, no numero passado, os commentarios sobre a rodada do campeonato de foot-ball, que aqui na capital se desenrola sob os auspícios da L. F. R. J. e com grande interesse publico. Começamos com um Fla X Flu, pobre de technica e para não fixarmos as falhas sensiveis que a peleja nos proporcionou, focalizámos os aspectos mais interessantes, sem esquecer, todavia, que o Fluminense foi, como heróe da cancha, nitidamente superior ao rubro-negro.
Esta semana, a nossa apreciaçâo recahiu sobre o jogo Botafogo o X America, o mais atingido pela publicidade.
Em se tratando de um cotejo entre velhos rivaes, as nossas attençoes voltaram-se para o stadium da Avenida Wencesláu Braz, na esperança de transportarmos para o papel os coloridos de uma porfia bonita, sem fracassos de ordem technica.
Tal não se verificou. Quando o juiz deu o ultimo apito, nós chronistas, olhámos uns para os outros e em cada physionomia havia desalento e pessimismo. . . Veremos no proseguir do campeonato um encontro que nos reserve melhor impressão e tanão seja tão medianamente dispulado como esses que vamos tragando á força?,.. 
Chi Io sá. .. 
Amigos caríssimos do interior do Brasil, que viveis assombrados com as proezas dos "cracks" sempre e sempre envolvidos em aureola de glorias, — o sacrificío do observador que caminha ate o campo para assistil-os em exibição, não é em nada recòmpensado. Uma hora de viagem num oníbus que se raspa furiosamente pelas avenidas, para ver foot-ball representado na cancha, por três ou quatro figuras...
Depois. . . sé diz que vamos assistir foot-ball, mas, o que memos se faz actualmente é – Foot-ball...
Aymoré, Zezé, Carola, Possato, Peracio e Patesko andaram acertadamente, salvando o aspecto de ruína que a peleja apresentou desde os minutos iniciaes. E para se fazer uma synthese criteriosa do panorama fraco apresentado aos olhos do publico, basta citar que o America fez mais excursões ao campo do Botafogo e este venceu por um "score” significativo: 4x2.
Foi mais combativo o America com um team em frangalhos; dahi, é fácil  deduzir o quanto de inútil produziu o Botafogo...
Os extremas rubros não são jogadores para serem apresentados em campo como integrantes de uma equipe de profissionaes. A direção sportiva e technica do America tem que responder pelas exibições desses esforçados rapazes quie, sem a reflexão devida, surgiram perante um publico págante. Sem majores commèntarios: o extrema direita do America tentoú bater corners e não conseguiu. No foot-ball dá "pelada" não se perdoa o garoto
que não sabe tirar corners. 
Carvalho Leite fez Ires tentos para o Botafogo, o ultimo sem querer.. . Nessa proeza documenta-se a sua presença em campo...
Agora, Aymoré salvou o seu arco varias vezes, produzindo intervenções de um arqueiro de classe. Emquanto isso, Thadeu, numa tarde sombria, deixou escapar duas bolas que atestam um estado de nervos compromettedor. . , O vento podia ter desviado a trájectoria da bola, , que Patesko cabeceou, mas a vivacidade obrigatória de um goal-keeper, não permitle a paralização da mesma no fundo das redes...
O America adoptou um systema de , marcação interessante. Cuidou a sua defeza dos meias, deixando os extremas e o centro completamente livres. Insistiu nessa tactica errada que podia redundar numa saraivada de tentos caso o Botafogo tivesse os seus artilheiros, . . num dia de chance...
O Botafogo, por sua vez, falhou muito também. Martin jogou mal, muito recuado, emquanto Zezé aproveitou-se para se fazer o
"motor" dos alvi-negros. Peracio e Patesko não comprometeram o renome. . . 
Agradou muito a actuação acertada de Fioravante D'Angelo, um arbitro sem fama. mas um contuctor activo e enérgico. 
A sua estréa em partidas de destaque, valeu para uma afirmativa das suas qualidades. É um nome que deve merecer o estimulo dos nossos clubs, sempre tão preocupados com o problema de juízes...

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 25 de 28 de setembro de 1938
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Team do Botafogo F.C. vencedor do Torneio da A.C.M. em jogo final, na melhor de 5 sets

A "Associação Christã de Moços, centro em que o sport é praticado com grande carinho, não podia resistir a fascinação que o volley exerce presentemente e assim, organizou um grande torneio masculino e cuja ordem final de jogos atirou sua representação a decidir com o Botafogo, ha pouco, em prova final, qual o campeão. Levou a melhor o Botafogo, ficando o quadro da "A.C. M.", como vice-campeão. Para maior brilho e sucesso dessa noitada de volley, a "A.C. M." convidou a fazer a prova preliminar os formidáveis conjuntos femininos de volley do Tiiuca T. C e do Icarahy Praia Club, ambos actuando com grande destaque no torneio da Taça SPORT ILLUSTRADO. O resultado final foi "duríssimo" terminando a favor das graciosas sportwomen do "I.P. C." e dessa expressiva competição de volley é a reportagem photographica que illustra este numero.

Fonte: Jornal Sport Illustrado nº 26 de 05 de outubro de 1938
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CAMPEONATO CARIOCA - 1930 

Jogos - América (3 a 3 e 5 a 2), Andaraí (3 a 0 e 5 a 1), Bangu (3 a 4 e 2 a 4), Bonsucesso (5 a 2 e 4 a 2), Brasil (5 a1 e 3 a 1), Flamengo (2 a 1 e 2 a 0), Fluminense (3 a 2 e 2 a 2), São Cristóvão (3 a 0 e 3 a 2), Sírio Libanês (4 a 0 e 1 a 0), Vasco da Gama (2 a 1 e 0 a 2). Total de jogos 20, vitórias 15, empates 2, derrotas 3. Gols pró 60, contra 30, saldo 30. Jogaram: Carvalho Leite (20), Germano Sobrinho (20), Carlos Burlamaqui (20), Celso Linhares (20), Martim Silveira (20), Benedito Meneses (19), Antônio Ariza Júnior (19), Paulo Goulart de Oliveira (17), Nilo Murtinho Braga (17), Otacílio Pinheiro Guerra (15), Estanislau Pamplona (15), Orlando Pessoa (10), José (Juca) Ferreira Lemos (6), Heitor Canali (4), Rogério Braga Filho (3), Otávio Póvoa (6), Alkindar Dutra de Castilho (2), Wlvaro Rocha (2), Afonso Carneiro (1), Edmundo Sousa Andrade (1), Murilo (Cotia) da Silva Barros (1). Total: 21 jogadores. Artilheiros: Carvalho Leite (14), 
Nilo (13), Celso (13), Paulinho (8), Ariza (7), Martim (3), Benedito (1), Juca (1). 

CAMPEONATO CARIOCA --1932  

Jogos - América (5 a 1 e 2 a 4), Andaraí (1 a 1 e 2 a 0), Bangu (4 a 1 e 1 a 1), Bonsucesso (1 a 1 e 5 a 4), Brasil (4 a1 e 2 a 1), Carioca (3 a 1 e 2 a 1), Flamengo (1 a 0 e 2 a 2), Fluminense (1 a 1 e 2 a 0), Olaria (5 a 1 e 7 a 0), São Cristóvão (5 a 1 e 3 a 2), Vasco da Gama (1 a 0 e 0 a 0). Total de jogos 22, vitórias 15, empates 6, derrota 1. Gols pró 59, contra 24, saldo 35. Jogaram: Heitor Canali (22), José Rodrigues (22), Martim Silveira (22), Nilo Murtinho Braga (22), Vítor Gonçalves (22), Afonso Carneiro (21), Álvaro Rocha (21), Carvalho Leite (21), Benedito Meneses (20), Paulo Goulart de Oliveira (19), Almir Amaral (18), Celso Linhares (13), Leandro Costa (10), Ariel Nogueira (5), Américo Padula (2), Rogério Braga Filho (2), Níiton Fiori Cartolano (1). Total 17 jogadores. Artilheiros: Carvalho Leite (20), Nilo (12), Paulo Goulart (8), Álvaro (7), M. Costa (5), Martim (3), Almir (2), Celso (1), adversário (1). 

CAMPEONATO CARIOCA - 1933 

Jogos - Andaraí (1 a 0 e 3 a 2), Brasil (2 a1 e 3 a 1), Cocotá (7 a 4 e 1 a 1), Confiança (2 a 2 e 1 a 1), Engenho de Dentro (5 a 1 e 2 a 4), Mavilis (4 a 1 e 3 a 0), Olaria (1 a 3 e 1 a 1), Portuguesa (9 a 2 e 1 a 0),River(2 a 1 e 3 a 2). Total de jogos 18, vitórias 12, empates 4, derrotas 2. Gols pró 51, contra 27, saldo 24. Jogaram: Carvalho Leite (18), Jaime Terra (18), Vítor Gonçalves (18), Ariel Nogueira (17), Alberto (Pinica) Piragibe (15), Estanislau Pamplona (14), Afonso Carneiro (13), Nílton Cartolano (13), Rogério Braga Filho (12), Nilo Murtínho Braga (10), Heitor Canali (9), Leandro Costa (9), Osvaldo (Badu) Lobo (9), Vicente Graça (8), Átila de Carvalho (7), Elói Esteves (7), Válter (Valdir) Guimarães (6), Altemar (Teté) Dutra de Castilho (5), Ludovico Santos (4), Américo Mosqueira (3), Hermes Borges (2), Válter (Corisco) Sirvas (2), Geraldo (Baiano) Hungerbuhler (1), Paulo Santos (1). Total: 24 jogadores. Artilheiros: Nilo (19), Carvalho Leite (13), Cartolano (7), Jaime (5), Atila (4), Elói (1), Pamplona (1), M. Costa (1). 

CAMPEONATO CARIOCA --1934  

Jogos - Andaraí (2 a 2 e 2 a 1), Mavilis (4 a2 e 0 a 2), Olaria (3 a 2 e 2 a 0), Portuguesa (6 a 0 e 2 a 1), Brasil (6 a 0), Engenho de Dentro (0 a 3), River (4 a 4). Total de jogos 11, vitórias 7, empates 2, derrotas 2. Gols pró 31, contra 17, saldo 14.. Jogaram: Albino Pinheiro (10), Nilo Murtinho Braga (10), Jaime Terra (9), Rogério Braga Filho (9), Franklin Padrão (8), Benjamim (Beijinho) Silva (8), Carlos de Almeida (8), Leandro Costa (7), Vicente Graça (7), John Charles Long Junior (6), Elói Esteves (6), Carvalho Leite (5), Ariel Nogueira (4), Atila de Carvalho (4), Carlos (Gaguinho) Costa (4), Eduardo (Chibata) Gaui (4), Gustavo de Carvalho (3), Nélson Magioto (3), Roberto Gomes Pedrosa (2), Estanislau Pamplona (2), Afonso Carneiro (2), Válter (Valdir) Guimarães (2), Alberto (Pirica) Piragibe (2), Vítor Gonçalves (2), Paulo (Dondón) Santos (2), Válter (Corisco) Simas (1), Germano Sobrinho (1), Celso Cardoso Linhares (1), Martim Silveira (1), Nílton Barbosa (1). Total: 30 jogadores. Artilheiros: Nilo (10), Beijinho (8), Franklin (5), Carvalho Leite (3), M. Costa (2), Átila (1), Celso (1), Jaime (1). 

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Revista Os grandes clubes brasileiros nº 13 
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CAMPEONATO CARIOCA: 1935 

Jogos - Andarai (3 a 0, 3 a 3 e 5 a 4), Bangu (3 a 3, 6 a 4 e 3 a 1), 'Carioca (4 a1, 6 a 4 e 5a 1), Madureira (2 a 0, 2 a 2 e 3 a 2, Olaria (5 a 2, 4 a 1 e 4 a 3), São Cristóvão (3 a 2, 2 a 2 e 6 a 4), Vasco da Gama (0 a 4, 1 a 0 e 0 a 1), Brasil (3 a 0). Total de jogos 22, vitórias 16, empates 4, derrotas 2. Gols pró 73, contra 42, saldo 31. 
Jogaram: Alberto dos Santos (22), Alvaro Rocha (22), Afonso Carneiro (22), Rodolfo (Patesko) Barteczko (22), Alvaro (Nariz) Lopes Cançado (21), Heitor Canali (20), Martim Silveira (18), Carvalho Leite (17), Leônidas da Silva (17), Moacir (Russinho) de Queirós (16), Albino Pinheiro (15), Luciano de Sousa (12), Otacílio 
Guerra (10), Nilo Murtinho Braga (8), Artur Nequessaurt (6), Rogério Braga Filho (5), Silvio Hoffmann (3), André Jensen Júnior (1), Fernando Andrade (1), Eurico Viveiros de Castro (1), Ademar (Pintado) Freire (1). Total: 21 jogadores. Artilheiros: Carvalho Leite (16), Russinho (14), Alvaro (9), Leônidas (9), Nilo (8), Patesko (6), Martim (6), Artur (3), Afonso (1), Canali (1). 

Acervo particular Angelo Antonio Seraphini
Fonte: Revista Os grandes clubes brasileiros nº 13
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Empolgante o duello Tim x Martin. Esperam-se surpresas na apuração desta tarde, a penúltima do concurso que apontará o "Crack Absoluto do Brasil". A 31 do corrente o encerramento do plebiscito.

O SENSACIONAL concurso do "Globo Sportivo", cuja finalidade é apontar por meio de um plebiscito popular, o "Crack Absoluto do Brasil", attinge sua phase decisiva. Dentro de seis dias será encerrado o original concurso, e, desse modo, os aspirantes ao honroso titulo e ao automóvel Hudison do ultimo modelo prêmio oferecido ao vencedor, jogam, no momento, suas cartadas decisivas. Tim, que desde o inicio do concurso vem se mantendo na  «leaderança», encontrou na etapa final um adversário a altura que está fazendo perigar sua posição privilegiada. Trata-se de Martim, o representante do Botafogo, cuja arrancada ,nas ultimas apuraçoes, tornou o plebiscito verdadeiramente empolgante. Praticamente o duello pela victoria se resume entre esses dois cracks , uma vez que a  diferença que os separa dos demais concorrentes é tão_acirrida que estes não reúnem mais qualquer possibilidade de triumpho. A despeito de faltarem poucos dias para o encerramento do concurso torna-se prematuro fazer qualquer prognostico, pois, apoiados por correntes fortes, que se eqüivalem, o Fluminense e o Botafogo, tanto Tim como Martim podem se sagrar victoriosos. 

A ULTIMA APURAÇÃO 

A ultima apuração será eflectuada a 31 do corrente. Os votos serão recebidos até ás 22 horas, procedendo-se logo após ao escruttnio que apontará o "Crack Absoluto". Desse modo os leitores do interior deverão enviar com urgência os coupons para os "cracks da sua predilecção. 

ESTA TARDE O PENÚLTIMO ESCRUTÍNIO

 O penúltimo escrutínio, a ser realizado às 14 horas de hoje, promette surpresas. Tim procurará se distanciar do seu adversário mais perigoso afastando assim qualquer possibilidade de surpresa no dia do encerramento, emquanto Martim tudo fará para desbancar Tim da "liderança", passo decisivo para a victoria final. 

A CLASSIFICAÇÃO ATÉ O 12º ESCRUTÍNIO 

Até a 12ª apuração, realizada sabbado próximo passado, a collocação dos aspirantes ao titulo de "Crack Absoluto" era a seguinte: 

Logar                                                           Votos

1º - Tim (Fluminense)                                  14.074

2º - Martim (Botafogo)                                 11.622

3º -Thadeu (America)                                    2.170 

4º - Guará (A. Mineiro)                                  1.860

5º - Jahu (Vasco)                                           1.825 

6º - Domingos (Flamengo)                            1.741

 7º - Marin (Flamengo)                                  1.410 

8º -  Villegas (São Christovão)                      1.395

9º - Leonidas (Flamengo)                              1.356

10º - Walter (Flamengo)          935

11º -  Junqueira (Palestra)          932

12º -  Peracio (Botafogo)                                 917

13º -  Florindo (Vasco)                                     842 

14º - Adilson (Madureira)                                 785

15º -  Armandinho (Vasco)                               505

16º -  Nariz (Botafogo)                                     403

17º -  Niginho (Vasco)                                      249

18º -  Hercules (Fluminense)                           205

19º - Vallido (Flamengo)                                  190

20º - Luizinho (Palestra)                                  182

21º - Patesko (Botafogo)                                 161

22º - Affonsinho (S. Christovao)                      126

23º - Romeu (Fluminense)                               124

24º - Aziz (Vasco)                                             108

25º - Waldemar (Flamengo)                             103

E outros menos votados.


Fonte: Jornal O Globo nº 30 de 18 de março de 1939

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Qual o crack  Absoluto do Brasil", Tim ou Martim ? 

Finalmente, ao ser encerrado o original concurso do "Globo Sportivo", terá uma resposta a pergunta que vem monopolizando as attenções dos círculos sportivos de todo o paiz.

Fadado ao mais completo exito desde o seu lançamento, não só por ser a preoccupaçâo maxima dos áficionados do football saber qual o crack numero um das nossas canchas, como pelo vulto do prêmio — uma "limousine" Hudson — esse plebiscito popular conseguiu alcançar successo sem precedentes. "Fans" de todo o Brasil tiveram opportunidade de se manifestar nesse concurso, como bem o attesta o avultado contingente de votos que temos recebido do interior, de modo que o "crack" que levantar o honroso titulo, pôde se vangloriar de reunir a preferencia do publico sportivo nacional. A prova mais evidente do interesse despertado pelo concurso reside no facto de até quasi na hora do seu encerramento não se poder ainda apontar qual o mais provável candidato á victoria. Tim e Martim, apoiados por correntes fortes e de valor equivalente, o Fluminense e o Botafogo, travam um renhido duello pela victoria, que, ao que tudo leva a crer, só se decidirá após a contagem dos últimos votos.

Fonte: Jornal O Globo nº 32 de 31 de março de 1939

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BOTAFOGO 5X3 S.CHRISTOVÃO

1 - O Botafogo fazia a sua primeira apresentação no campeonato. E por isso mesmo entrou em campo disposto a fazer uma exhibição convincente. E não resta duvida que conseguiu inicialmente o seu intento. Aproveitando-se da desarticulaçâo que trouxe á defesa do São Christovao a inclusão de um center-half; sem a experiência dos jogos principaes, o esquadrão alvi-negro conseguiu avantajar-se facilmente no "placard" com três gols em quinze minutos de jogo. Dahi então decresceu sensivelmente a produção do onze alvi-negro, como um reflexo lógico da sua tranquillidade quanto ao ”placard”.  Mas a primeira phase foi o bastante para reafirmar a actuação dos botafoguenses durante o campeonato.

2 - Para o São Christovao o match tinha um interesse especial. Representava a opportunidade para uma rehabilitação. Não pro- priamente, a rehabllitação de uma derrota, pois o "placard" de 1x0. ante o Vasco, não constituía motivo bastante  para desprestigiar o quadro sanchristovense. Mas, sim, a rehabilitação de uma performance fraca na technica e mais fraca ainda na disciplina cumprida sete dias antes. Não foi feliz, no entanto, o team alvo. A nova exhibição foi ainda mais fraca.

3 - O “toos” favoreceu ao Botafogo que escolheu o lado das "geraes". Coube assim ao são Christovao o primeiro impulso na pelota. Até então o ambiente era de expectativa. Considerava-se o Botafogo como o mais forte, mas admitia-se uma acção destacadado S. Christovão.

4 - Os primeiros minutos da peleja evidenciaram desde logo a superioridade dos alvi-negros. Com uma brecha no centro-medio, os defensores alvos viam-se impotentes para conter as investidas alvi-negras. Tanto mais que o trio central botafoguense apresentava-se Jogando em grande forma. E essa superioridade não tardou a se fazer sentir no "placard". Assim foi que, aos vinte minutos, Paschoal recebendo a bola de Patesko, na altura da linha média contraria, avançou sobre o arco de Walter e shootou violentamente na entrada da área. O "tiro" foi directo as redes, apesar do esforço que Walter fez para a defesa. Logo a seguir, dois minutos após foi Carvalho Leite que assignalou novo tento.

 5- O goal sensacional de Carvalho Leite veiu colocar o Botafogo com a vantagem de 2x0 em dez minutos de jogo. Walter devolveu o balão ao centro do campo para o reinicio do jogo, mas o panorama não se modificou. O Botafogo continuou atacando, sobresaindo-se a exhibição magnifica de Paschoal. O center-forward botafoguense repetiu contra os alvos as atuações desenvoltas que cumpriu no final do campeonato passado. Emquanto isso observa-se no São Christovao um descontrole accentuado. Floriano o center half estreante corria o campo sem tocar na bola. E a zaga Fernandes e Poroto não sustentava uma actuação regular. Ora faziam os zagueiros alvos boas jogadas ou cometiam pixotadas incríveis colocando-se mal e rebatendo sem direção. E no ataque apenas Nestor e Villegas trabalhavam.

6 – Poucas opportunidades tinham os sanchristovenses de chegar, até ao ultimo reducto botafoguense. E quando o conseguiam encontravam em Aymoré, um  guardião seguro e vigilante que desfazia as possibilidades de êxito dos alvos, com intervenções opportunas  e precisas.

7 - Aos quinze minutos mais uma vez funccionou o placard. Paschoal  passou por Floriano no melo do campo e com uma combinação de passes curtos com Peracio e Carvalho Leite. Dentro da área  â altura da marca penal foi Peracio quem da meia esquerda alvi-negra olhou o goal, tez a pontaria na pelota e desferiu um daqueles seus famosos "morteiros". Walter saltou para a defesa, mas antes que o corpo do arqueiro sanchristovense tocasse o solo, a pelota ja alcançara o fundo das redes. Só então comprehenderam os alvos que se fazia necessária uma alteração no team. E essa foi feita. Dodo que estava sem fazer nada no commando do ataque, recuou para a sua posição effectiva, de center-half. E Floriano avançou para ocupar o posto de center-forward.

8 - Essa alteração beneficiou sensivelmente o  quadro alvo. Isso porque Dodo no eixo da linha média se destacou logo como um elemento mais productivo do que Floriano. E fortalecido o centro médio, logicamente, a melhora se fez sentir nos demais homens da defesa, até então assoberbados pelo fracasso do "pivot". E Aymoré que ainda não tivera muito trabalho passou a intervir com mais frequência.

9 - Da melhora dos alvos alguma coisa de positivo tinha que resultar. E assim aos 23 minutos o São Christovão tirou o zero do placard. Numa confusão entre os zagueiros botafoguenses, provocada por Villenas e Floriano, Roberto consegui apossar-se da pelota, e com um shoot baixo no canto venceu Aymoré, assignalando-se o primeiro goal sanchristovense.

10 - Os botafoguenses voltaram a empregar a tactica da defesa cerrada. Trata-se, evidentemente, de um systema que repousa na performance individual. É preciso que cada jogador cumpra uma missão determinada e, por isso, não admitte falhas. Durante o maior período da luta o ataque dos alvos viu-se amarrado. E o curioso é que não se estabeleceu domínio. Apenas faltou "opportunidade" para o São Christovão. Em primeiro logar fracassava a deslocação de Dodo para o commando. É verdade que Floriano assumindo a direcção da offensiva não faz mais, dada a marcação implacável de Martim. O ataque do São Christovão marcaria um goal por efeito de uma reacção e só voltaria a transformar o placard quando se abrira uma distancia intransponível. Com uma differença de quatro goals deixou de existir, realmente, defesa cerrada ou a preoccupação de não permitir, em hypothese alguma, um tento adversário. Assim o scoore parece contradizer o êxito da tactica. Houve apenas opportunidade para que se exhibisse o perigo de uma confiança excessiva. O padrão elimina tal confiança. Não a admitte — tanto que se cerca de preoecupações extremas: a marcação de homem para homem, o recuo dos meias que se transformam em defensores-atacantes. O caso Botafogo exhibe um aspecto importante todo o segredo da tactica repousa em Martim. E o eixo transformou-se em um terceiro back ideal. O adversário tem de desprezar o trabalho do center-forward, modificando o systema de ataque. O São Christovão tentou, inutilmente, infiltrar-se pelo centro. Depois tentou a deslocação súbita. Como meia Roberto fez um goal de fora da área. Mas ahi o Botafogo já diminuíra de efficiência  por falta de preparo physico ou então pelo desinteresse provocado pela contagem esmagadora.

11 -  O prélio foi honrado com a presença de Mr. Rimet e sua filha. O presidente da  F. I. F. A. chegou ao stadium botafoguense pouco antes de terminar a primeira etapa e conservou-se atáofinal da pugna.Além do presidente Sérgio Darcy,  fizeram as honras d» casa ao illustre visitante o Srs. Luiz Aranha,  Castello Branco e Celio de Barros.E ao voltarem á campo para a disputa do segundo tempo, os dois teams reuniram-se defronte á bancada de honra, onde se encontrava o senhor Jules Rimet .

12 – Os teams iniciaram o segundo tempo com boa disposição. Os sanchristovenses principalmente se empregaram com mais enthusiasmo conseguindo equilibrar o jogo.

13 - Conseguiram mesmo os alvos manter durante um certo tempo uma freqüência de ataques, que collocou em embaraços a defesa alvi-negra. Nariz porem brilhou nesse período desfazendo de cabeça duas ou 3 situações perigosas surgidas. Os botafoguenses sustentaram, porém, a inalterabilidade do score, e numa reacção brusca aumentaram a diferença no placar com a conquista do quarto goal aos dezesete minutos.  Álvaro “fechando" da extrema para o centro, arremessou forte na corrida, burlando mais uma vez a vigilância de Walter. E emquanto Patesko loi buscar a pelota no fundo das redes, o extrema autor do feito era abraçado por Paschoal.

14 – Aymoré o mignon arqueiro botafoguense ainda algumas vezes foi chamado a intervir. E o fez com a segurança que o credenciou para occupar o arco da seJecção carioca na finalissima com S. Paulo. Durante todo o jogo Aymoire  apresentou uma só falha. Foi a do 2º goal dos sanchristovenses. 0 keeper atirou-se atrasado na bola que atravessou fracamente a linha de meta. No restante Aymoré foi um arqueiro á altura do seu renome.

15 – Mais quatro minutos decorreram após a conquista do 4º goal, e novamente os botafoguenses modificaram o placard. Carvalho Leite recebendo, avançado, um passe de Paschoal, marchou sobre o goal de Walter. A defesa sanchristovense inexplicavelmente quedou-se paralysada. E o meia direita botafoguense pôde então escolher calmamente o canto esquerdo para colocar a pelota. Esse tento serviu para que nova phase de descontrole atacasse o team da rua Figueira de Mello. E os botafoguenses voltaram a dominar nitidamente até desinteressar-se mais uma vez pela partida. Cinco a um já constituía um placar que não exigia mais esforço. E assim pensando os alvi-negros decahiram também do produção. Foi essa a phase mais monótona do prelio.

16 - Poucas foram as vezes em que as jogadas violentas se apresentaram no match E assim uma só vez, a partida foi interrompida por um minuto, para ser socorrido Aymore. O keeper alvi-negro ao fazer uma defesa alta na metade do segundo tempo, foi chargeado por Nestor, que o attingiu fortemente na perna direita.

17 - Um descuido da defesa  alvi-negra proporcionou a Roberto a conquista do segundo goal dos alvos. O ponta sanchristovense, que já fizera o primeiro tento do seu quadro, derivou rapidamente da extrema direita para o centro e de fora da área shoota inesperadamente com o pé esquerdo. Aymoré  surprehendido com o shoot “mergulhou” atrasado não podendo assim impedir a passagem da pelota, convertida no segundo goal do S. Christovão.

18 - E quando tres minutos faltavam para o final do prélio, a cidadella de Aymoré era vencida. Atacaram cerradamente os alvos e a bola centrada por Roberto veiu a área onde Nestor e Mena, assediaram os backs botafoguenses. Mena bem collocado para o shoot em goal, deixou, porém, que a pelota para a esquerda onde Costa, que vinha correndo, "encaixou” desferindo  o arremesso decisivo  a poucas jardas de Aymoré. O feito do ponteiro estreante deu sopro de animação aos seus companheiros que se lançaram á frente. Mas o tempo  era escasso e após  VilIegas ter perdido uma outra opportunidade shootando muito acima das traves, o prelio encerrou-se com a victoria dos alvi-negros por 5x3. Victoria justa, mal espelhada no placard, todavia, pelo desprendimento com que se conduziram os botafoguenses após terem assegurado  o triumpho.

19 - Convertida em números a acçâo de cada um dos litigantes, poder-se-ia attribuir aos mesmos os seguintes grãos: BOTAFOGO— Aymoré 9;  Bill 8 e Nariz 9; Zezé Moreira 8; Zarey 8;  Martim 8 e Canalli 8;  Álvaro 4; Carvalho Leite 9 ; Paschoal 10; Peracio 10 e  Patesko 6. S Christovão - Walter 8; Fernandes 7 e Poroto 6; Àrchimedes 8; Dodo 9 e Affonso 8; Roberto 8; Villegas 8; Floriano 4 (Mena 7); Nestor 9 e Costa 6.

Fonte: Jornal O Globo nº 34 de abril de 1939

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APARENTEMENTE, Nariz é apenas 0 jogador de football. O "fan” faz questão de não conhecer Alvaro Lopes Cançado; medico, com cônsultorio próprio e determinadas obrigações em uma conhecida casa de saude. Foi sempre assim. Ainda estudante e collocado dentre os primeiros de sua turma, o torcedor fazia quêstão de confundir as duas personalidades. Talvez por ser mais ruidoso o apelido. De inicio como uma satisfacão natural, o instinto de "machucar", que é dado a companheiros de um mesmo collegio. Também pela facílidade de expansão.

Assim, o Imperativo popular, começava a trocar, como por magia uma distinção entre o athleta e o homem da sociedade. Isso em 1925 e com escalas em varias épocas. No Granbery, sua primeira escola; jogador do Tupy em J. de Fora: no Athletico Mineiro e finalmente no Botafogo. Até quando? O Dr. Alvaro Lopes Cançado  affirma que não durará muito. Talvez encerrando sua carreira sportiva, o que está mais para próximo do que se supõe.

TAMBEM SE FALOU com insistencia no ingresso do grande zagueiro no “soccer" europeu. Havia de facto a possibiIidade. E a possibilidade era tanto mais interessante quando se sabia que Nariz pretendia realizar no Velho Mundo, sua maior aspiração: especializar-se em uma Faculdade de Vienna. O tempo, os compromissos familiares e um futuro assegurado aqui no Rio, desfizeram, porém, os planos do crack patrício. A Casa de Saúde Pedro Ernesto, poderia perfeitamente dotar-lhe dos ensinamentos práticos tão necessários á sua espinhosa profissão. E é ali, que passa a maior parte dos dias, observando, cuidando, aprendendo. Seu ultimo cliente é o Dr. Arnaldo de Medeiros, um grande cirurgião e chefe do Hospital Carlos Chagas. Agora, sente-se mais a vontade para affirmar categoricamente que em hypothese alguma deixará mais o Brasil. Pelo menos sob o pretexto de fazer as duas coisas: jogar football e estudar medicina.

NARIZ não conclue pela incompatibilidade do esporte com a medicina.  Acha porém, que deve haver um limite entre o util e o agradável. Atingiu o maximo da carreira sportiva, tornando-se immediata uma dedicação mais profunda á profissão abraçada. Tem seus planos mais ou menos delineados. Permanecerá alguns meses no Rio, o tempo bastante para uma pratica apurada na sua especialidade. Depois rumará para o Triangulo Mineiro. Em Uberaba, sua terra natal, pretende fixar residência, abrir uma casa de saúde. Viverá, assim  unica e exclusivamente da medicina e para a medicina.

Jornal O Globo Sportivo nº 43 de junho de 1939

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ADAMO BERTULLI, também faz questão de numero. O seu preferido é o 4. Desde quando deixou o segundo team do Flamengo para formar no primeiro do Botafogo de Regatos. Neste, no scratch carioca, no scratch brasileiro e finalmente, agora, no Botafogo de Football, Adamo quiz ser sempre o numero quatro. "Não é bem ume scisma — diz o consagrado "guarda" campeão sul-americano — mas é  por uma questão de simpatia que eu tenho procurado sempre manter o numero 4.

Jornal O Globo Sportivo nº 43 de junho de 1939

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CARVALHO LEITE voltou a figurar este anno entre os maiores fowards do paiz. Intelligente, impetuoso, dynamico e optimo arrematador o meia-direita petropolitano, voltando a sua melhor forma, demonstrou as mesmas qualidades que lhe deram grande fama quando do seu apparecimento no Rio. Classificou-se como o artilheiro-mór do primeiro turno consignando onze goals, ou seja quasi a metade dos tentos obtidos pelos botafoguenses. Conquistando os três goals que deram ao Botafogo o empate no "match" com o Bangu, o seu ultimo compromisso no campeonato, Carvalho Leite conseguiu desbancar Fogueira da "leaderança" dos artilheiros, posto em que o commandante dos tricolores vinha se mantendo desde o inicio do campeonato. Fogueira ficou em segundo logar, com nove goals, Caxambú e Roberto em terceiro com oito e Valldo em quarto com sete goals.

IGUAL A PRODUÇÃO DO BOTAFOGO NOS TURNOS DE 38 E 39

Idêntica foi a producção do Botafogo nos turnos de 38 e 39. Dez pontos ganhos e seis perdidos. Apesar disso, a collocação dos alvi-negros na tabella foi melhor este anno. Segundo logar, empatado com o Sao Christovao a um ponto dos "leaders", ao invés de terceiro, a três pontos do melhor collocado. Sua maior vitória no presente certamen foi a obtida sobre o Madureira (5 x 1), e a mais surprehendente a que alcançou sobre o Fluminense, por 4x1.

A maior derrota foi a que lhe infligiu o Flamengo,  4x1. Perdeu ainda para o Vasco por 1 x 0, empatou com o Bangú em 3 x 3 e com o Bomsucceso de 2 x 2. Vencendo os demais adversários.

Jornal O Globo Sportivo nº 44 de junho de 1939

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Um arqueiro magrinho, garoto quasi, mas felino, resoluto e seguro. A altura lhe ajuda muito, como prova a gravura. Waldir segura sem grande esforço, emquanto Carvalho Leite salta perigosamente, esboçando uma physionomia contrafeita.  2 — A historia do campeonato tem mostrado detalhes curiosos. Um delles é o arremedo do São Christovam, que se transforma quasi sempre em empate... O "onze" alvo atira-se a lucta, colhe vantagem no placard e depois se deixa embaraçar, até permittir que o adversário assuma o controle do jogo. O terceiro turno começou assim. Mas domingo o panorama foi differente. O São Christovam foi trahido por um 2X2 injusto mas, sem ceder terreno ao inimigo, acabou reagindo de forma a marcar um triumpho expressivo e merecido. Aqui vemos uma phase que marca exactamente o momento em que o Botafogo tenta desesperadamente manter o equilíbrio de acções. Vemos Paschoal numa investida, emquanto Mundinho alivia. Patesko está escoltado por Hernandez. 1 — No foot-ball os braços acompanham as iniciativas dos jogadores. ElIes trabalham indirectamente como auxiliares do cérebro e expressam palavras que não pod em ser proferidas. Vejamos aqui, Archimedes, Dodo e Affonsinho, dizendo, com os braços – “Muito bem Waldir”- Archimedes, por exemplo, chega a ser exagerado... Emquanto Perácio, Paschoal e Carvalho Leite estão a espera que Alvaro se saia bem da investida.

Bastou se annunciar que o São Christovam jogava, frente ao Botafogo, leader da tabela, a sua sorte no campeonato, para que o pessimismo voltasse a predominar em torno das suas reaes possibilidades. 80 por 20, o favoritismo do Botafogo. Um circulo muito pequeno confiava no quadro alvo. Apenas contava elle com um factor favorável, de momento. Era o estimulo da torcida rubro-negra. O Flamengo, depois do lamentável fracasso de oito dias antes, collocava nas shooteiras dos sanchristovenses a derradeira esperança de ser campeão. E a sua legião de admiradores foi convocada para se reunir em São Januário. Compareceu para o que desse e viesse. E sahiram engalanados. O Botafogo tombou e o São Christovam contrariou os prognósticos, para assumir uma posição definida no certamen. Os alvos deixaram de ser eternos ameaçadores para surgirem com capacidades maiores. Nós mesmos varias vezes interrogámos qual o segredo imprimido na marcha regular do S. Christovam, mostrando em chronicas seguidas que a serie de seis empates sommava uma certa dose de chance. Agora, entretanto, depois de tão bello feito, producto de uma actuação firme, superior e efficiente, temos que nos render á evidencia. O São Christovam é candidato ao titulo. O Botafogo sentiu domingo a pressão enthusiasta do adversario que não esmoreceu nunca. O "onze" se movimentou muito bem e soube ganhar. O claro que a direcção technica do alvi-negro abriu no seu team sendo habilmente aproveitado pelo São Christovam, dobrando assim a expressão da sua victoria, que poderia se alongar mais si não fosse o arbitro, cujos erros poderiam ter conseqüências fataes para os méritos do triumpho sanchristovense. Monteiro, si bem que honesto, não foi feliz. Soube finalmente o Botafogo supportar com a altivez a derrota, acceitando disciplinarmente a expressão verdadeira do placard. O gesto de puxar o cabello esboça uma contrariedade, um desastre, uma dor irremediável... Entretanto a gravura acima mostra o director do São Christovam, Luiz Gama Filho, momentos depois do triumpho. Num perfeito contraste o desportista apaixonado puxa os cabellos de satisfação, de júbilo incontido. Poderá elle guardar a photo no seu archivo, apenas com uma legenda suggestiva — Sao Chirstovam 3 X Botafogo 2. 

Revista Sport Illustrado nº 78 de 05 de outubro de 1939

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CAMPEÃO DE 1939

O COTEJO Botafogo X Flamengo foi, principalmente, um test de vitalidade. Em relação ao Botafogo constituiu uma prova dos nove. Talvez em relação ao Flamengo tenha sido, apenas, um collapso em pleno campeonato. Náo é a  primeira vez que o conjunto mais brilhante, do certamen experimenta uma queda vertical. O match dos "leaders" serviu, por isso, para continuar uma classificação exacta, unindo dois extremos em uma campanha. As circunstancias dramáticas de pelejas como que foram preparadas adrede. Pelo menos forçou a exibição de virtudes e defeitos — as virtudes e os defeitos do Botafogo e as virtudes e os defeitos do Flamengo.

Não surpreenderia a vantagem obtida, inicialmente pelo Flamengo, nem surpreenderia a reacção do Botafogo. Em outras opportunidades o Botafogo soube, pela fibra, pela decisão, pelo habito de lutar até o ultimo minuto, transformar uma derrota em victoria.

Não se viu, porém, ainda, o Botafogo cair em plena ascensão, perder ou empatar com a victoria nas mãos. Considerando a peleja com o America, no primeiro turno, como o inicio da reacção botafoguense, tem-se um exemplo de competitividade. Perdia o Botafogo pela differença de dois goals e iria vencer pela margem de três tentos. Logo a seguir teve o Botafogo de "empatar" com o Bangu, na cancha encantada da rua Ferrer, e empatar" com o São Christovão no alcapão de Figueira de Mello. Contra o Flamengo, no encontro do segundo turno os primeiros momentos foram adversos, sem impedir, com tudo, a arrancada que permitiria um placard esmagador, o Fluminense principiaria vencendo o Botafogo pela differença minima para perder pela minima deiferença. Assim a trajectoria do Botafogo significa um esforço que se nâo quebra, ininterrupto, e a única derrota, na phase do "leader", revestiu-se de circunstancias excepcionaes pela reacção que quasi conduziu á victoria  portanto, a peleja dos ponteiros não conseguiu trazer uma palavra nova. Sabia-se de tudo, esperando-se tudo, sem surpresa. O que espantou foi o fracasso no instante em que não se podia fracassar, foi a derrota com a victoria assegurada, foi o retroceder brusco em pleno avanço triumphante. Naturalmente não basta para explicar um revés as falhas individuaes. O Botafogo teve falhas e o que tornou essas falhas insigniicantes foi o impeto irresistível, a vontade ferrea de vencer. Os vencidos souberam transformar-se em vencedores e o match deixou vislumbrar traços do campeão no inicio da ultima jornada. Precisam os detentores de um titulo justifica- lo em uma refrega de caracter decisivo. O Botafogo pode, até não se tornar campeão. Mas se conquistar o campeonato não precisará justificar o êxito da campanha pois já a justificou com a victorio no duelo dos “leaders”.

A facilidade do primeiro goal relaxaria o ímpeto do FIamengo. Náo basta o vento para explicar tudo. O  vento foi um accidente que poderia ter exercido maior influencia. Pela lógica os primeiros momentos teriam de ser do Flamengo. Era o team mais leve, mais ágil, mais cheio de virtuosismo. Assim a predominância inicial do Flamengo não podia causar surpresa. A experiência rubro-negra contra o Botafogo aconselhava o ataque a fundo — a victoria no primeiro tempo. Naturalmente o Flamengo não se utilizou de tactica, mas entrou em campo para executar um plano de ofensiva fulminante. Havia a recordação de um revés esmagador. Tal revés fora experimentado na ausência de um Leonidas e de um Gonzalez. E Leonidas e Gonzalez surgiriam, por isso mesmo, os mais dynamicos construindo sem cessar. Assim o goal de Leonidas que sacudiu a multidão em um frêmito de enthusiasmo nem pôde ser considerado uma surpresa. Leonidas sabe fazer goals. E o shoot que bateu Aymoré teve malícia, rapidez, efeito. O arqueiro chegou a alcançar a bola. Alcançou-a duas vezes. Uma para ve-la desviar-se para o fundo das redes e outra para, em um esforço desesperado, tentar dete-la antes de transpor a linha de meta.

O tento foi um tento em câmara lenta. Partira o shoot de vinte e cinco metros. Aymoré percebera o perigo e atirara-se bem. O facto de ter largado a bola permittiu duas hypotheses: o dedo ainda machucado impedindo firmeza, e o desvio súbito da bola pelo vento. Talvez o couro tenha tocado forte no dedo contundido. De qualquer maneira, porem, o vento exerceu influencia não só aumentando a velocidade da bola como lhe imprimindo uma direcçào bizarra. Apenas tinham transcorrido quatro minutos de peleja e a modificação rápida do placard representava uma vantagem apreciável para o Flamengo. Tanto que o Botafogo procurou discutir uma these arriscada: como se podia garantir que a bola tinha transposto a linha de meta?  Aymoré puxara rapido a bola, enquanto Sanchez Diaz, apontava o centro do campo. Foi ahi que surgiu Caxambú para confirmar o tento já decretado e validado. Era um ponto final a discussão. E mais do que isso uma prova de capacidade do ataque rubro-negro.

Houve uma parada subíta. Tanto que Aymoré ficou desconsoladamente estendido na pequena área, enquanto a bola demorava no fundo das redes. Leonidas recebia os abraços enthuslasticos dos companheiros. Entre o momento do goal e o momento da nova saída se abriria o intervallo de quasi um minuto.

O Botafogo talvez sentisse a conveniência de ganhar tempo. Mas o Flamengo não podia encontrar nenhum beneficio na demora. Inconscientemente se o minuto de repouso tão comnum no basket para esfriar o ímpeto do que ataca.

Somente mais tarde se comprehenderia que  a paralização fora, sobretudo uma demonstração de excesso de confiança. A victoria não estava assegurada? Portanto não importava mais, um goal ou menos um goal . . . 

O reinicio do match não deu a Impressão de que sucedera algo de anormal. Nem o Botafogo cedera ao desanimo nem o Flamengo adquirira mais enthusiasmo. O goal de Leonidas marcara uma superioridade fictícia, justamerite porque tal superioridade não seria aproveitada como Incentivo. Teria o Botafogo de lutar com obstáculos, mas os que observaram bem os ataques alvi-negros admirariam a construcção simples das investidas e a summa facilidade do arremate. Uma defesa de Yustrich provocara manifestações ruidosas e uma bola na trave, deixaria a impressão de que o Botafogo não estava nem de longe vencido. Bastaria ao Flamengo que Yustrich tivesse defendido ou que a bola tivesse batido na trave. A prova está em que insistiu em proporcionar uma exhibição de virtuosismo. O um a zero não justificava o "passeio"' dado por Leonidas e Gonzalez e Zezé Moreira. Durante um minuto o center-half se assemelharia a um espectador de uma partida de tennis acompanhando a direcção da bola que nunca está no mesmo logar. Mas ahi se verificaria um detalhe importante: a capacidade de reacção de cada jogador do Botafogo. Zezé Moreira continuaria a perseguir Leonidas sem experimentar humilhação com o “dribbling" do malabarista. A combinação Gonzalez e Leonidas anesthesiaria a multidão que sempre admira o floreio. Mas poucos perceberiam que o Flamengo estava malgastando o tempo e, precisamente, o tempo mais precioso, o temido do vento a favor. Para emmoldurar a illusão surgia o labor infatigavel de Leonidas e Gonzalez — de um lado para o outro. Leonidas  tinha uma conta a ajustar com o Bota fogo. Em nenhuma opportunidade perdera para os alvinegros e Gonzalez queria mostrar a falta que fizera no 1º turno.

Raras vezes o Flamengo conduziria os ataques para o ponto vulnerável do Botafogo. Quasi sempre os ataques eram dirigidos pelo centro, devido ao jogo de meia para meia. O preciosismo do jogo de meia para meia facilitava a consolidação da defesa e a marcação successiva. Assim o Flamengo teria poucas opportunidas de infiltrações perigosas na área.

Já o Botafogo experimentaria todas as fôrmas pelas meias e pelas pontas. Buscava-se o emprego de máxima velocidade. 

Depois se apresentou o argumento da falha de linha, que o Botafogo soube envolver, crescendo aos poucos espectadores apercebidos do maior poder agressivo. Via-se um Peracio correr agressivo iminente a um Álvaro quase irreconhecível  pelo controle de ataques. Pela esquerda, pela direita, pelo centro vulnerável utlizando-se o systema dos passes laterais. O Flamengo não tinha pontos vulneráveis, média que valera para todo o campeonato. O certo quasi sem dar a perceber, experimentando forças. Os com maior rapidez, com maior simplicidade com essantemente, um Paschoal invadir a área perigosa. O placar de um a zero não assegurava nada. 

O segundo goal e a certeza da victoria

O segundo goal do Flamengo pareceu confirmar a facilidade de "victória antecipada". Era uma falha de Lino transformada em corner e o corner transformado em tento pela malícia de Leonidas. O equilíbrio das acções não fazia esperar um segundo goal em um instante commum. Justificava o lance a classe de Leonidas aproveitando a opportunidade com a visão Instantânea do goal. Ahi transcorria o momento decisivo da peleja. O Flamengo ainda não se lançara a fundo e se o fizesse teria garantido o triumpho. Por sua vez o Botafogo precisaria reagir sem demora, fulminantemente, pelo menos para tirar o zero do placard. O Botafogo percebeu o perigo. Chegou a exagera-lo, pois surgiriam protestos sobre a validade do tento. Nada houvera para criar duvidas. E Sanchez Diaz apontou energicamente para o centro do campo. A discussão serviria, outra vez para demorar o reinicio, para eliminar o mais possível a influencia do vento, para dar margem à construcção immediata de um plano. Para a absoluta maioria da multidão que enchia o stadium de S. Januario nada mais havia a fazer. Os dois a zero abririam caminho para os três a zero e os tres a zero terminariam por esmagar o Botafogo. Não era só a victoria. Era também a conquista do campeonato.

O desanimo experimentado pelo Botafogo foi de duração rápida. Chegaria apenas para surprehender Zezé Procopío de cabeça baixa, enquanto os jogadores do Flamengo conduziam Sanchez Diaz para o centro do campo. Isso não significava pressa e, sim, o cuidado para evitar a influencia de reclamações no animo do arbitro. Sanchez Diaz, aliás, procuraria ser hábil durante três minutos punindo mais severamente o vencedor do “match". O match soffria paralysações subitas e o Botafogo pôde controlar-se e investir com toda a energia de que era capaz para arrancar o zero do placard. Parecia desesperado o esforço e improductivo. Yustrich desviaria um tiro de Paschoal para corner em um instante de grande perigo. Significava a defesa que o Flamengo estava attento e que não se quebraria facilmednte a resistência rubro-negra. O "facto consumado" da victoria do Flamengo provocaria uma diminuição de aggressividade do victorioso. Novamente os cracks rubro-negros cederam á tentação de exhibir classe, escolhendo o caminho mais longo dos passes successivos em linhas horizontaes. Andava-se vagarosamente para a frente embora a bola corresse de um lado para o outro.

O Botafogo modificara-se. Ou por outra,  o Flamengo deixara-se neutralizar pela certeza da victoria emquanto o Botafogo continuava a ser o que era: um team que perde e que persegue o empate e a victoria. O systema de marcação do Flamengo facilitava a infiltração dos atacantes alvi-negros. Não sabiam os halves qual era a collocação ideal. Assim, não marcavam nem os pontas nem os meias. Por outro lado o systema de passes longos desarmava o half que entre a meia e a ponta  tomando conta de dois. Cada forward do Botafogo se deslocava constantemente, forçado pelo empregos dos largos passes para as pontas e para as meias. Perácio preferia servir a Álvaro, do que dar um passe certo para Patesko. Quando combinava com o ponta esquerda era para dar uma passe rápido para a frente, permitindo a vantagem do mais veloz.

Os ataques do Flamengo se faziam mais raros e era evidente que o team alvi-negro  considerava satisfactoria  diferença do placar. Mas de qualquer maneira o Botafogo resolvera impedir a amollação da differença de goals. Os meias, por isso mesmo, voltavam constantemente e Carvalho Leite e Peracio transformaram-se em traços de união entre a defesa e ataque. A marcação mais severa parecia resitencia e não reacção. Foi o momento escolhido pelo Botafogo para tirar o zero do placrd.

A influencia do goal de Peracio seria decisiva. Em primeiro logar porque a differença de um goal era um caminho aberto para o empate e uma passibilidade de victoria. O Flamengo comprehenderia depois, que não bastavam dois goals diminuídos depois para um para assegurar o triumpho. O final do primeiro tempo modificou o panorama do match ainda mais porque o vento, na etapa final do match, sopraria a favor do Botatogo.

E o que se viu depois foi isso: um adversário que crescia de momento em momento, um adversário que recuava surprehendido pela reviravolta. Tratava-se de pesar a vitalidade de cada team e o Botafogo se revelou mais enérgico.

Tanto que o empate não surprehendeu. E quando empatou o match o Botafogo não se entregou a demonstrações demoradas de enthusiasmo. Quem levou a bola que Paschoal enviara ao fundo das redes para o centro do campo foi Perácio. Não havia um momento a perder. 

Depois a victoria era uma consequência  inevitável. Se houve uma phase de domínio foi justamente aquella em que o Botafogo, com o empate, perseguiu tenazmente a victoria. Peracio esteve a pique de decretar, antes, o triumpho. Conduzira a bola transpondo todos os obstáculos até oito metros do arco de Yustrich.

Mas no instante em que ia desfechar o tiro fulminante Patesko atravessou-se em sua frente. A oportunidade perdida não o conduziu ao desespero.

Cingiu-o o novo esforço e foi Peracio que, de cabeça venceu definitivamente a Yustrich. O lance serviu para mostrar que o Flamengo se abatera. A prova está em que a bola de corner enviada por Álvaro passou pela cabeça de vários defensores do Flamengo. Nenhum teve a decisão de afastar o perigo e Peracio pôde desviar o curso da pelota para o fundo das redes. Ahi o Botafogo deixou escoar o tempo. Cada jogador alvi-negro teria de abraçar Peracio e o artilheiro gargalhava abraçado á bola ainda 

Um dos erros do Botafogo após a conquista do goal do triumpho foi o de recuar em massa. Assim o Flamengo organizou a ultima reacção em busca do empate. O match assumiu aspectos dramaticcos. Era o primeiro vencedor que aceitaria o  recurso da quasi decretaria um goal batendo um foul além da área.

Mas ahi não estaria o instante de maior emoção que surgiu quando a defesa do Botafogo foi praticamente batida após um ataque de mais de um minuto.

Nariz appareceria, milagrosamente para, de cabeça afastar o perigo. Em a consolidação do trigueiro ainda estendido no solo para eleva-lo á altura de um dos constructores da victoria.

O Botafogo merecera o triumpho até no esforço milagroso de Nariz. Aquelle episódio passaria á categoria de symbolo. Com a victoria nas mãos o Botafogo soube sustenta-la. encarniçadamente, até o ultimo instante. 

Qual a duração real de um match de football ? A pergunta pode parecer extemporanea, se considerarmos que há um tempo fixo para os jogos do sport bretão e que as interrupções são descontadas pelo chronometrista. No entanto, no decorrer de uma partida ha uma série de interrupções naturaes e que não merecem attenção do chronometrista: quando a bola transpõe as linhas lateraes e o jogador vae tirar off-side; uma bola fora pela linha de goal; o tempo que um jogador leva para tirar um corner ou bater qualquer penalidade; o intervallo de um goal para o reinicio da peleja e outros pequenos detalhes, interrupções de segundos apenas, mas que sommados nos surprehenderiam. Fizemos a experiência no jogo Botafogo x Flamengo e verificámos que se perdem nada menos de 27 minutos durante um prelio. Portanto, o tempo real de jogo orça em 53 minutos mais ou menos, e o restante representa os segundos perdidos em cada interrupção normal no primeiro e segundo tempos.

Na primeira phase o jogo foi paralysado quarenta vezes, para cobrança de off –sides, out-sides, hands, corners, goals, etc. A interrupção maior foi a para batida de um corner que desde o apito juiz punindo a falta e até a respectiva cobrança, durou 40 segundos.

E o menor foi para cobrança de um out-side, que levou apenas três segundos. O total alcançou a cifra de 297 segundos.

O segundo tempo foi intercortado de interrupções. Sessenta e duas vezes a bola esteve parada, tendo alcançado o máximo quando do incidente com Volante, que durou 74 segundos.

Para a cobrança de um off-side ja demorou mais do que no 1º tempo, pois o que mais depressa foi batido levou 5 segundos.

Fonte: Jornal O Globo Esportivo nº A00061 de 14 de outubro de 1939

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O INÍCIO DO CLÁSSICO VOVÔ

Numa época em que  o Fla-Flu ainda não attingira as proporções empolguantes que o viriam consagrar como o cotejo "numero um" do football carioca, as  pelejas Botafogo x Fluminense se apresentavam sempre cercadas do maior interesse popular, formando entre as grandes atuaeções dos campeonatos. Os duellos Monti x Welfare fizeram época em 1919 e 20. O zagueiro uruguaio do Botafogo e o center-forward inglez do Fluminense attraiam público quando se defrontavam. Mais tarde outros "cartazes", e entre eles Fortes, Palamorie, Nilo, Floriano, Pamplona etc, sustentaram o realce dos cotejos entre, alvi-negros e tricolores. Como conseqüência dírecta da sua importancia os "casos" têm acompanhado com freqüência os choques dos dois clubs. Um dos maiores verificou-se antes da decisão. Os dois rivaes batiam-se desesperadamente e o placard citava em igualdade de condições, quando em cima da hora o Botafogo fez um goal desempatando. O juiz no entanto, annullou o tento, e os quadros deixarem o gramado convictos de que a peleja havia terminado empatada Porem no vestiário, o juiz que era o Sr. Virgílio Fredighi reconsiderou a sua decisão e na summulla validou o goal do Botafogo. O "caso", como não podia deixar de acontecer, provocou uma "onda" de proporções gravíssimas. Mas quando os cotejos Botafogo x Fluminense vieram a ter maior expressão, foi, sem duvida, após a grande seisão. O  Comprehende-se, aliás que assim tenha acontecido pelas circunstancias especiaes que passaram a envolver os dois clubs.  O Botafogo fora o "leader" da sua facção onde conseguira um tri-campeonato. E o Fluminense, também fora "leader” na sua entidade e apresentava-se para a pacificação tambem com titulo de campeão. Assim quando os dois conjuntos se encontraram pela primeira vez, no campeonato da paz, havia entre elles.mais do que uma rivalidade sportíva. Uma atmosphcera de aggressividade envolvia-os como uma conseqüência de se acharem ainda latentes os resentimentos trazidos pelo dissídio. E assim, apesar das gentilezas que se trocaram as directorias, aguardava-se com reservas o primeiro choque.



Finalmente os dois quadros encontraram-se antes da disputa do campeonato Official de 37. O match teve logar no stadium do Vasco mas os tricolores não levaram vantagem. O Botafogo foi o vencedor do prelio por 2x1. Mas o encontro deixou uma impressão má, de desharmonia. Contudo esta peleja nada foi comparada com a segunda -- a primeira do campeonato. Durante toda a semana antes do embate, circularam os boatos mais desencontrados envolvendo o jogo. Assim quando os teams pisaram o campo de São Januário, o ambiente era tipicamente de prevenção, Na primeira arrancada do Botafogo. Moysés "suspendeu" Patesko. Depois veio o incidente Tim x Octacilio e o meia esquerda do Fluminense collocou knock-out o zagueiro do Botafogo. O Fluminense vencia por 1x0 e Paschoal entrando de sola em Batataes, mandou a pelota ás redes. O juiz porém. annullou o tento assignalando foul do player botafoguense. Os alvi-negros reclamaram, mas o juiz manteve a decisão, e os tricolores foram assim os vencedores da pugna. Em conseqüência, quarenta e oito horas depois, causando um escândalo sem precedentes um director e alguns jogadores do Botafogo agrediram impiedosamente o juiz, Sr. Carlos Gomes Potengy, em plena Avenida Rio Branco, e um dos cafés" de maior movimento daquela grande artéria. Os "casos” continuavam assim conspirando contra a tranquíllidade do cotejo que poderia vir a tornar-se um "clássico". O gesto do Botafogo, porém, convidando o Fluminense para a peleja innaugural do seu stadium em ,1938, veiu abrir novas possibilidades para a cordialidade entre ambos. 

Fonte: Jornal O Globo Esportivo nº 64 de 11 11 1939
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POUCOS são os arqueiros brasileiros que desfrutaram a popularidade de Amado Benigno. Há goal-keepers que surgem, ascendem ao cume da gloria e elle é reputado o numero 1 de sua época.

A maioria vê sua estrella empallidecer em muito menos tempo do que refulgiu no firmamento dos “cracks" (se é que existe um para os jogadores de football...). Amado surgiu e não desapareceu, apesar de ha muito ter abandonado o football.  Ainda hoje é considerado o maior guardião brasileiro de todos os tempos. 
O EXPRESSIVO flagrante acima, foi obtido em 1934, em pleno período do profisionalismo. Trata-se de um jogo amistoso para apresentação dos quadros do Flamengo e do America. Alem de Amado, que apparece numa de suas seguras intervenções vemos alguns players que ainda se mantêm em actividade e outros que desappareceram de nossas canchas.
Do America, vemos apenas Carolla (a direita do Flamengo), Flavio (á esquerda), Allemão (de costas), Carlos Alves e Aristeu.
AMADO — Helcio e Pennforte era o triângulo final desse conjunto rubro-negro. Vemos também outras figuras famosas do passado, como Nono, e o celebre extrema esquerda Moderato. Jogaram nesse dia (em 1926) no campo do Andarahy o Flamengo e o Vasco. Vencia o "onze" cruzimaltino pelo "score" de 2x1 quando o rubro-negro abandonou o campo.
Para Amado esse foi o dia em que ficou decidido pela primeira vez o seu ingresso no scratch carioca.
no scratch carioca.

Ei-lo enfim  no scratch. A segurança de suas intervenções, o arrojo com que se atirava aos pés dos artilheiros mais impetuosos, exhibindo inaudita coragem, á parte suas aptidões innatas para o football, tornaram Amado o maior guardião do paiz.
Os technicos reconheceram afinal os seuss méritos e ele é incluído no “scratch” carioca que levantou o campeonato brasileiro de 1926.
TODO desportista famoso quando se afasta do sport, encontra nas photographias uma fuga para a nostalgia que despertam as reminiscências de seu período de gloria. Não podemos afirmar, mas o "shake-hands" que vemos acima, que figura no album do famoso keeper deve merecer um logar de destaque nas suas recordações. Amado está sendo cumprimentado por Ministruha.
Amado não precisou fazer experiências para seguir o caminho da   celebridade.  Em 1919 ( pode-se constatar em seu álbum de fotografias) ainda de calças curtas vemol-o num grupo de footballers  collegiaes, adoptando a clássica posição de defesa.
Nas férias do campeonato carioca de 19289. Sendo sócio do Botafogo, Amado recebeu um apello da directoria para ocupar o arco em substituição ao goal-keeper Pessôa, que se encontrava em viagem. Na sua estréia envergando a camisa do “Glorioso”, Amado foi homenageado. Por isso será interessante reproduzir as impressões do guardião rubro-negro, através da legenda coocada no verso da fotografia acima: “Caso único. Tendo colado grau em medicina, recebi nesse anno, a maior das homenagens da parte do Botafogo, dando o cunho de alto alcance e distincção,: o anel de médico. Essa homenagem foi, sem dúvida, extensiva ao Flamengo. Amado”
Amado comprehendeu  que seu futura estaria longe das canchas de football. Estudara muito para se deixar iludir pelo profissionalismo. Poderia auferir lucros durante um período curto de ingrata profissão de crack da pelota. Mas não precisava  do popular sport para sua subsistência e provou-o sobejamente, mercê da sua intelligência e capacidade de trabalho. Seus méritos, fora dos gramados, também foram reconhecidos e hoje ocupa uma posição de destaque no Ministério do Trabalho. Photografia tirada durante a visita do grande industrial Henrique Lago ao Hospital Lloyd Industrial Sul Americano, hoje Hospital Central dos Acidentados. Nessa época Amado era estudante de medicina. 


Fonte: Jornal O Globo Esportivo nº 66 de 26 de novembro de 1939
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Poucas vezes o campeonato carioca de basketball se apresentou tão intricado como no annno que se finda. Intricado primeiramente na sua forma de disputa. Tres etapas verdadeiramente “puxadas" forçando os clubs a uma actividade de quase nove mezes ininterruptos. A primeira, de "classificação” na qual foram depurados oito dos vinte clubs concorrentes. A segunda, chamada "primeira phase da final", na qual toram alijados mais quatro concorrentes. E, por fim, a terceira e ultima, por isso mesmo denominada a "finalissima", na qual competiram os oito clubs que conseguiram passar pelas suas depurações. Dentre esses oito clubs, considerados por força da formula de disputa, os mais categorizados da cidade, é que surgiu o campeão. E ahi se pôde constatar o quão intricado foi a campeonato. Até a ultima rodada o titulo de campeão não estava decidido. Foi preciso que o campeonato se desenrolasse até o fim, até o ultimo dos seus jogos para que surgisse o vencedor do certamen. Signal evidente da renhidez com que foi disputado, pelo equilíbrio que se positivou entre os principaes classificados, alem de algumas outras surpresas verificadas, principalmente, no inicio da finalíssima. O Botafogo foi com justiça o campeão da cidade, seguido do Riachuelo e do Sampaio, empatados no segundo posto, do Botafogo de Regatas, do Grajahú, do Carioca, do Fluminense e do Olympico, que e stes foram os oito finalistas.
Desde o inicio da temporada que o Botafogo de Footbail se apresentara como um dos mais fortes concorrentes ao titulo máximo do bascket citadino. Arregimentando uma turma de basketballers de classe e renome, o alvi-negro, que em 38 fizera uma figura apagada, surgiu em 39 como o esquadrão de maior cartaz do ano. Do team antigo apenas um homem foi conservado: Teté, um guarda que vem defendendo as cores alvi-negras desde as tempos da extinta A.M.E.A. e que ficou formando a guarda com Adamo procedente do Botafogo de Regatas, a que vinha de integrar o scratch brasileiro campeão sul americano. No ataque o Botafogo contou principalmente com Oscar, Pavão e Aloysio, o primeiro já integrante da equipe desde  campeonato anterior, quando deixaro o Botafogo de Regatas e os dois também egressos, este anno, do club da estrela solitária. Mais tarde Albano, deixando o Fluminense, alistou-se no esquadrão, que conseguiu também o concurso de Pilla procedente do Carioca, Pacheco do America, Babá, do Botafogo de Regatas, Eboli, do Flamengo, Haroldo Lobo, o veterano campeão rubro-negro e alguns outros de menor cartaz. Com tantos cracks em suas fileiras, o Botafogo acabou embaraçado para formar o seu team e satisfazer justas vaidades. Assim Pavão foi deslocado, durante algum tempo para a guarda, afim de abrir um claro na linha de ataque. O que não impediu no fim de algum tempo uma deserção; o de 0scar Zelava. O veterano "az" carioca, afastou-se do team no maio do campeonato.
 Foi o Botafogo de Football o club que mais renda forneceu para a Liga Carioca de Basketball com o registo de transferência. Mais  de vinte jogadores novos conseguiu este anno o club de General Severiano comprehendidos entre os elementos de primeira e segunda categoria, e da classe de juvenis. Dessas transferencias todas a mais sensacional sem dúvida, foi a de Adamo Bertulli. O consagrado guarda campeão brasileiro e sul-americano, estava de tal fôrma radicado ao Botafogo de Regatas que se considerava quasi impossível a sua transferencia. E a duvida só cessou realmente quando Adamo firmou a primeira summula  estreando contra o Riachuelo. Também a passagem de Albano teve um cunho rumorosa pois o  veterano “az" bandeirante esteve  com um pé no Olympico, e foi_eliminado do Fluminense, em conseqüência da sua deserção das hostes tricolores. Albano e Adamo foram elementos dos mais valiosos com que contou o alvi-negro para a conquista do campeonato sem que todavia não se possa esquecer da colaboração de Aloysio, Pavão e Teté e do próprio Oscar Zelaya que ajudou o club a transpor os primeiros obstáculos.
Depois de passar folgadamente pela parte de classificação, e também, pela primeira phase da final o esquadrão alvi-negro passou a encontrar as suas maiores dificuldades na finalíssima. Comtudo, o Botafogo conseguiu ainda collocar-se numa posição privilegiada, destacando-se como o provável campeão. Mas a anulação do jogo em que os botafoguenses haviam vencido o Riachuelo, e a derrota sofrida ante o Sampaio, colocaram o alvi-negro novamente em situação perigosa, dependendo de cada jogo a disputar. Estava o Botafogo com dois pontos de vantagem sobre o Riachuelo e o Sampaio, quando teve jogar a realização do jogo annullado com os “azues”. E estes foram os vencedores da pugna. Reduziu-se assim para um ponto a vantagem do leader que ficou com o jogo do Carioca para decidir o certamen. O alvi-rubro da Gávea não correspondeu, porém, á expectativa e o Botafogo venceu facilmente por 58x26. Com essa victoria conseguiu o Botafogo o titulo de campeão da cidade de 1939. Titulo sem duvida, accentuadamante justo, pois que coube a um team que se destacou pela classe dos seus jogadores e pela correcçâo disciplinar com que se conduziram durante o certâmen.

A victoria sobre o Carioca marcou para o Botafogo de Futeball a conquista expressiva que foi a do campeonato da cidade. Mas não só na categoria principal brilhou este anno o basquete botafoguense. Tambem na segunda divisão o basquete alvi-negro  também foi campeão com o "team Luiz Aranha", em que figuraram Baba, Éboli, Mendonça, Haroldo Lobo, Pilla e o scrathman da Bahia Morgart. E ainda na classe Juvenil, o Botafogo foi até a final “melhor de três” quando perdeu na negra para o Villa Izabel.
Fonte: Jornal O Globo Esportivo nº 68 de 09 de dezembro de 1939 
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